23 de abril de 2012

E mais anjos voltam para o Céu




- Como começo? Dizer que estou arrasada seria pouco. Dizer que estou com raiva também. Dizer que estou com vontade de quebrar coisas e gritar com Deus parecia loucura. Mas é o que sinto. Parece que uma parte de mim também foi embora. 


Hoje é um dia que ficará marcado. Recebi a notícia de que duas pessoas que conheço faleceram. Foram embora. As duas pessoas não passavam de adolescentes. O menino eu conheço há anos. A menina eu também conheço há anos, mas nunca tinha falado com ela. Simplesmente sorria ao vê-la com o namorado e observava a mudança que aquela jovem tinha operado naquele rapaz. 


Ela tinha 16 anos. Ia fazer 17 anos no dia 05 de maio. Namorava com o filho de uns vizinhos meus. Namoravam há anos. Se não me engano, eles já estavam juntos há quase quatro anos. Tinham noivado e planejavam se casar em fevereiro do ano que vem. Eu conheço o rapaz que ela namorou. Às vezes observava a mãe dele parada do lado de fora de casa esperando o filho chegar. Ele chegava sempre tarde. Passava muito tempo com os amigos. Não queria saber de nada que não fosse seus amigos. Até ela aparecer. Eles começaram a namorar e quando eu o via, ele estava sempre com ela. Os amigos que o afastavam de tudo ficaram para trás. Eu cheguei a dizer para mim mesma que aquele romance acabaria em pouco tempo, pois só de olhar para ela dava para ver que era uma garota especial. E eu não acreditava que ele iria saber valorizá-la. Mas estava enganada. Ele mudou muito por causa dela. Namoraram durante anos e estavam fazendo planos para se casarem. Mas uns dias atrás ela ficou doente. Ontem se sentiu muito mal, foi para o hospital e não saiu de lá com vida. A última pessoa que ela viu foi o namorado. Eles conversaram e ele depois foi embora, mas antes que saísse do hospital foram atrás dele para dizer que ela tinha falecido. Logo depois dele sair do quarto. Logo depois de falar com ele. Minha mãe diz que ele está destruído. Chega está dando socos nas paredes. Nem sequer consigo imaginar a dor dele. Se eu que apenas a conhecia de vista estou sofrendo, não posso sequer imaginar a dor dele que estava organizando tudo para se casar com ela. Ela era a vida dele e Deus decidiu levá-la. Se eu dissesse tudo que desejo falar, desabafar, gritar, tenho certeza de que me arrependeria depois.


E como se não bastasse, recebo a notícia de que o filho do meu ex pastor também faleceu. Ontem. Hoje foi o enterro e eu nem sabia. Como não faço mais parte daquela Igreja não fui avisada. E a morte desse menino foi a mais dolorosa para mim. Quando o conheci ele era apenas um menino. Nasceu com uma deficiência física que o impedia de fazer qualquer coisa sem ajuda. Ele era totalmente dependente dos outros. Não falava, apenas fazia barulho com a boca. Mas ria. Sim. Isso ele conseguia fazer e eu adorava o sorriso dele. Nunca conheci ninguém que conhecesse melhor a Bíblia do que aquele menino. Ele vivia preso à uma cadeira de rodas, só conseguia balançar os braços, sorrir e fazer barulhos com a boca, mas conhecia a Bíblia melhor do que qualquer um. Num teste na Igreja, no qual ele concorreu com pessoas "normais", ele ganhou em primeiro lugar. Eu fiquei admirada. Eu o adorava. Sim. Mesmo quando decidi sair da Igreja por ter me aborrecido seriamente com o pai dele, guardei boas recordações daquele menino especial. Um menino que o Ben chamaria de anjo. E que eu também considerava um anjo. Alguém que nasceu somente para nos ensinar grandes lições. Alguém que foi condenado a ter aquela deficiência sem merecer. Um inocente castigado por não ter cometido crime algum. Mas agora Deus também decidiu levá-lo. Eu me pergunto por que Deus não decidiu levar um assassino, um estuprador de crianças, um psicopata. Sim. Eu acredito em Deus. Completamente. O amo muito, mas existem perguntas que me angustiam e das quais não encontro respostas. Eu queria que Deus tivesse usado o poder dEle para salvar esses dois adolescentes, mas Ele não fez isso e nunca irei entender seus motivos.


Estou furiosa. Já chorei tudo que tinha para chorar e acho que não terei lágrimas durante um bom tempo. A única coisa que ainda me "conforta" (se é que posso chamar disso, pois não me sinto lá muito consolada) é uma música. Uma música que coloquei aqui recentemente:



Eu estava lá


Emerson Pinheiro


Rejeições, frustrações, exclusões, lágrimas
Dores, marcas de ilusões,
São como pedras dentro da alma


Uma mãe que sente a dor de um filho que morreu e ninguém estava lá 
Deus, como isso aconteceu?
Um marido que se foi, a esposa abandonou
Um pastor que sofre a dor de
um ministério que ruiu


Mas eu sou teu Deus e Eu estava lá
No meio do teu vale, Eu estava lá
Colhendo as tuas lágrimas, estava lá
Em noites escuras, Eu estava lá


Já senti a dor do que é perder um filho
Já senti a dor do que é ser traído
Já senti a dor do que é sofrer sozinho
Fiz tudo por você
Faria de novo por você


Filho amado, hoje Eu te curo, hoje Eu te restauro
Tu és meu filho amado
Te pego em meus braços, vem com teu Pai




- Sinto uma espécie de "alívio" por saber que Deus estava lá. Que eles não sofreram sozinhos. Que Deus sentiu tudo que eles sentiram. Mas é uma tristeza saber que Deus não os curou quando tinha Todo o Poder para fazer isso. Quando era o único capaz de curá-los. 


- Vim aqui só para dividir com vocês a minha dor? (que sequer chega perto da dor que os familiares estão sentindo) Não. Vim aqui para avisar que não haverá novas resenhas, posts sobre qualquer assunto durante 14 dias (no mínimo). 14 dias ainda são poucos. Espero que vocês entendam. Eu não poderia deixar de fazer isso em memória deles. 


- Eu creio que eles agora estão descansando, mas gostaria que não tivesse sido tão cedo. Tinham toda uma vida pela frente. A menina estava planejando se casar! Era saudável e simplesmente vivia a vida dela. Estava amando e feliz. Não creio que algum dia conseguirei aceitar esse tipo de coisa. Não. Não aceitarei nunca. 


- Queridos, não sei quantos aqui acreditam em Deus, mas gostaria de pedir uma coisa para vocês. Existe um menino de poucos meses de vida que está muito doente no hospital. Não sei se o problema dele é nos rins ou no fígado. Aquela parte branca dos olhos dele está amarela. Segundo a minha tia, ele está com menos de dois quilos. Os pais não se importam com ele. Só o levaram para o hospital porque a pressão era grande. Porque o estado em que a criança está chocou quem os conhecia. Eu peguei esse menino nos meus braços uns dias atrás. Ele já estava muito mal. É visível o sofrimento dele e mesmo assim quando o peguei no colo ele sorriu para mim e segurou o meu dedo com força. Nunca irei esquecer aquele momento. O que quero pedir para vocês? Não vai custar nada. Tudo que lhes peço é que orem por ele. Peçam a Deus que permita que esse bebê se recupere, que Deus lhe permita viver. É só um bebê. Nunca fez mal para ninguém e não pediu para nascer. Está morrendo e tudo que podemos fazer é implorar ao nosso Criador. É só o que podemos fazer. Talvez ajude. Talvez convença Deus a lhe conceder a cura. Sei que Deus ama aquele bebê como amava os dois adolescentes que se foram. Mas quero acreditar que Ele não vai decidir levar esse bebê também. Ele já tem anjos demais no Céu. Que um dia Ele vá para o Céu, mas não agora. Que Deus lhe dê a oportunidade de realmente viver. Não deixem de orar, queridos! Por favor! Nunca lhes pedi nada com tanto desespero como peço agora. Orem! Peçam a Deus que o deixe viver e que o cure! Sei que todos nós somos pessoas ocupadas. Que temos muitas coisas para fazer todos os dias, mas separe um tempinho. Dois. Cinco minutos. Até menos. Para pedir por uma vida inocente. Faça a sua parte. Por favor! O nome dele é Fábio e tem cinco meses, embora pareça ter menos de um mês. É apenas um bebê. Desde já agradeço pela oração de vocês. 




Bem... Até logo! Espero que quando voltar eu lhes dê a notícia de que o pequeno Fábio está se recuperando muito bem e que não corre mais riscos de morrer. Que Deus lhe deu a cura. Tudo que posso é ter fé. Preciso ter fé. 

"Cura-me, sou Tua criança
Cura-me, cura-me, cura-me
Cura-me, Senhor Jesus"

(Trecho da música Cura-me - Fernanda Brum)



21 de abril de 2012

A Doçura da Chuva - Deborah Smith


(Título Original: A Gentle Rain
Editora: Porto Editora
Tradutora: Elsa T. S. Vieira)


Kara Whittenbrook tinha uma vida privilegiada. Filha de dois ambientalistas famosos, cresceu entre a selva amazónica e os melhores colégios da elite americana.Com a morte dos pais num acidente de aviação, torna-se herdeira, não só de uma enorme fortuna, mas também de um segredo que abalará por completo o seu mundo - o facto de ter sido adoptada. Decidida a encontrar os seus pais biológicos, Kara parte para a Flórida, onde conhecerá Ben Thocco, um rancheiro que vive rodeado de gente singular. Em pouco tempo, ela fará parte de um universo diferente, que lhe abrirá as portas de um amor inesperado e de amizades genuínas, e a ajudará a tomar as mais difíceis decisões...




Palavras de uma leitora...



"- Esta guerra não é tua.

Levantei-me.

- Claro que é. Eu vou-me embora. É melhor. Mudo-me para o motel...

- Partias o coração do Mac e da Lily se fizesses isso. E do Joey. E... de toda a gente. E eu... eu ia lá buscar-te e trazia-te de volta à força. - Esfregou as mãos com nervosismo. - À força não. Sabes o que quero dizer. Não vás."


- Existem livros bons. Ótimos. Maravilhosos. E existem aqueles que além de serem inesquecíveis, nos deixam sem palavras. Fazem com que não saibamos o que dizer. Ou como dizer. E A Doçura da Chuva é um desses livros. Este livro me deixou completamente sem palavras. Não faço ideia de como colocar em palavras o que sinto pela história. Por enquanto, tudo que posso dizer que este é um dos livros mais especiais que já tive o privilégio de ler. E que eu o recomendo muito. Se você tiver uma oportunidade, leia-o! Não irá se arrepender. Sabe aqueles livros que possuem magia sem serem sobrenaturais? Que são mágicos por serem profundos e humanos? Humano... Sim, este é um livro humano. Com personagens especiais, com defeitos e qualidades. Que erram e admitem seus erros. Que sentem medo, dor, angústia, esperança. Que acreditam em Deus. E que em outros momentos, momentos de desespero, se perguntam se Ele realmente existe. E se existe, por que permite que certas coisas aconteçam. Este livro possui personagens que lutam mais do que muitas pessoas deveriam lutar. Que sofrem mais do que muitos e que mesmo assim, estão sempre prontos a dar um sorriso. Prontos para ajudar. Personagens (que para mim são pessoas) que acreditam na humanidade mesmo que a humanidade os despreze. Que são capazes de ver numa égua violenta apenas uma pobre bebê que foi magoada e que precisa de ajuda. 

"Lily aproximou a cabeça das nossas.

- Sei o que aquela formiga está a pensar.

- O que é? - perguntei gentilmente.

- Que tudo o que é preciso é cada um chegar ao cimo da sua própria folha de erva. Se o conseguirmos, somos especiais, e não interessa a que altura as outras pessoas conseguem subir nas suas folhas de erva."


- Personagens com deficiências físicas ou/e mentais. Pessoas desprezadas, excluídas, condenadas injustamente. Que suportam as palavras cruéis e tentam não acreditar no que aquelas pessoas más dizem. Pessoas que encontraram num homem atormentado pelo passado e pela certeza de que está perdendo seu irmão, ajuda, esperança, socorro. Elas encontraram neste homem tão sozinho alguém que não as desprezava e estava disposto a permitir que elas vivessem como pessoas normais. Que estava disposto a mostrar que elas também eram preciosas, importantes. Que eram mais do que pessoas que tiveram o azar de serem deficientes mentais. 


"Pensei em Ben, grande e forte e enganadoramente sardónico, a cuidar pacientemente das intimidades do irmão no espaço confinado e anti séptico de uma casa de banho pública. Enquanto via Lily e Mac a comerem os seus gelados, perguntei-me se alguma vez trataria deles de forma tão altruísta."

- Kara Whittenbrook era uma mulher sortuda. Tinha os pais mais maravilhosos do mundo, era bem-sucedida financeiramente, herdeira de uma enorme fortuna e querida por todos que faziam parte da sua vida. Mas apesar da riqueza, não teve uma infância fácil. Quando menina era desprezada por ser gordinha e gaga. Rejeitada pelos outros colegas do internato, passou a ser uma menina muito tímida e sozinha. E durante anos lutou para emagrecer e superar a gaguez. Em momento algum ela desistiu. E essas experiências tão desagradáveis contribuíram para torná-la uma pessoa sensível, capaz de entender e ajudar aqueles que possuíam limitações. Que tivessem algum problema do qual se envergonhassem. A tornaram capaz de entender aqueles que não eram "perfeitos". 

Mas Kara nunca teve que lutar realmente por algo. O dinheiro podia comprar muitas coisas. Kara nunca teve que realmente enfrentar a vida real. Nunca teve que se arriscar. Até a morte dos seus pais...

Perder Charles e Elizabeth foi um golpe muito cruel para ela. Seus pais eram tudo que ela tinha de mais precioso na vida. Eram seu porto seguro. Aqueles que a levantariam se ela caísse. Aqueles que se arriscaram para lutar pela natureza, para proteger a natureza daqueles que só pensavam em explorá-la. Aqueles que tinham livrado uma menina inocente, uma pobre bebê, de ter uma vida muito infeliz. Aqueles que a haviam salvado. E que ela sequer sabia disso. Até a morte deles.

Logo após a morte dos seus pais, enquanto mexia nas coisas que tinham sido deles, mergulhando nas lembranças, Kara encontrou um documento que alterou toda sua vida. Que lhe tirou o chão. Ela não era filha biológica daquelas pessoas tão maravilhosas. Tinha sido adotada. E descobriu mais... Descobriu que seus pais biológicos eram deficientes mentais. Pessoas "imperfeitas" e que tinham aberto mão dela como se ela fosse um objeto que não lhes interessava mais. Foi aí que Kara decidiu fazer aquilo que seus pais tanto queriam que ela fizesse: enfrentar a vida real. 


"Quando Joey morrer, eu olharei para essas nuvens e fingirei que é ele que está a passar. Pensarei na música de harpa de Karen a fazer-lhe companhia. Canções de Elvis. E tentarei encontrar algum sentido para além da solidão. Será isso o que verei. Solidão, dor e fé, certo e errado.

E mais nada.

O médico pousou a mão no meu ombro.

- É um processo lento, Ben. Ele ainda tem meses pela frente. Podemos controlar o estado do seu coração com mais um ou dois medicamentos, que o manterão confortável. Leve-o para casa, aprecie a companhia dele e crie memórias."


- Ben era um sobrevivente. Sobreviveu às privações da infância, a rejeição por ter um irmão com Síndrome de Down. Sobreviveu à morte dos pais. Ao abuso daqueles que tinham poder. À dor causada pela certeza de que em pouco tempo perderia seu irmão. 

Aos dezesseis anos de idade, Ben perdeu seus pais. E teve que enfrentar o mundo sozinho. Teve que fazer escolhas difíceis para manter o irmão ao seu lado e impedi-lo de passar fome. Teve que fazer coisas das quais se envergonhava para dar um futuro seguro ao seu irmão. Mas se tivesse que fazer tudo de novo, ele faria. Faria qualquer coisa por aquele irmão que não tinha culpa por ser "especial". Faria qualquer coisa por aquele menino inocente e que era totalmente dependente dele. 

Durante anos ele lutou, colocou os princípios de lado e batalhou para conseguir juntar dinheiro suficiente para voltar para os Estados Unidos, para o interior da Flórida e realizar o sonho do seu pai. Ter um rancho que pudesse chamar de seu. Um lugar seguro onde poderia dar tudo que seu irmão precisasse. E ele conseguiu. 

E para surpresa de todos, não foi trabalhadores "normais" que ele contratou para ajudá-lo. Sem segundas intenções, ele assumiu a responsabilidade por pessoas que não teriam oportunidade de viver de forma digna em outro lugar. Ele estendeu as mãos àqueles que eram excluídos. Desprezados. 

E é esta ação, altruísta e humana, que vai colocar Kara em seu caminho.


" - Às vezes ainda parece que foi ontem. Estou a ver televisão e penso: "Eles haviam de ter gostado disto. Gostava de poder vê-los a assistir a este programa." Vejo pessoas da minha idade a jantar fora ou às compras com os pais e invejo-as terrivelmente. Vejo uma nova cor de azálea e quero comprá-la para a minha mãe, porque ela adorava azáleas. Quero falar-lhe nisso, só para ver os seus olhos iluminarem-se. Compro um cavalo novo e penso: "Será que o meu pai teria gostado deste?" Isso é o pior, sabe? Querer falar com eles, mas não saber sequer se eles ainda me ouvem."


"Ben engoliu em seco. Virou o rosto para a paisagem do pântano. 

- Olho para ali e daria tudo para que eles pudessem estar aqui e ver esta paisagem. Para que tivessem aquilo que sempre quiseram, um rancho como este. Terra. Um sítio a que pudessem chamar seu. Tento pensar neles no... Céu, ou como queiras chamar-lhe... a olharem para mim e para Joey com satisfação. Digo a mim próprio que eles não estão tristes por nunca terem tido um rancho como este.

Digo que eles estão para além de todas as necessidades e desejos terrenos. Mas... parte de mim detesta pensar no que eles perderam e naquilo que o Joey e eu perdemos por eles terem morrido novos, aquilo que só tive possibilidade de lhes dar depois de eles já cá não estarem. Daria tudo para os ouvir dizer que estão orgulhosos de mim. Não viveram o suficiente para eu poder estar à altura dos seus sonhos."


- Sabe o que é um rapaz, ainda adolescente, enfrentar sozinho o mundo e ainda ser responsável por uma criança? Uma criança com Síndrome de Down e problemas cardíacos sérios? Vocês não têm ideia do que o Ben teve que suportar, não sabem as escolhas difíceis que ele teve que fazer e eu não lhes direi quais foram. Existem coisas que não devemos contar. Não é justo eu contar tudo sobre o passado do Ben, pois são coisas que vocês devem conhecer aos poucos, da maneira da autora. Lendo o livro. Também não esperem que eu conte muitos segredos da história. Na verdade, não pretendo contar nada que seja importante. Não irei contar aquilo que vocês devem descobrir lendo o livro. Agora só irei falar dos personagens. 

- É difícil falar do Ben. Se não tenho palavras para dizer o que sinto pela história, pelo Ben muito menos. Sabe quando a emoção é tão forte que você fica sem fala? Eu terminei de ler este livro ontem, mas não consegui começar a fazer a resenha sobre ele. Até tentei, mas quando comecei a escrever fui tomada pelas lembranças... Lembrei de tantas cenas especiais do livro que senti vontade de chorar e não tive condições de continuar escrevendo sobre ele. Desisti e deitei na cama, ouvindo as músicas que me faziam lembrar do amor que existia entre o Ben e a Kara, pensando na Lily, no Mac, no Joey, na Estrela e em todos aqueles que tinham roubado o meu coração através desta história. Pensei naquela Flórida, no rancho e na floresta... desejei estar lá, no mundo do Ben. Naquele mundo mágico e único. Creio que nunca desejei tanto fazer parte de uma história, como desejei fazer parte desta. Queria presenciar tudo aquilo. Sei... Parece loucura e talvez realmente seja, mas esta história me envolveu tanto que eu queria fazer parte dela. Eu "senti" esta história, eu me apaixonei por diversos personagens, me emocionei e sofri com eles. Também dei muitas risadas com eles, com eles também ultrapassei os obstáculos e venci. Com eles fui feliz. Estas personagens simplesmente roubaram o meu coração. 

E eu quase não fiz esta resenha. Além de não saber o que falar, sentia medo de não conseguir passar para vocês tudo que senti e fazê-los desejar ler o livro. Sentia medo, pois esta história merece ser lida. Precisa ser conhecida. Cada vez mais. Por mais e mais pessoas. Então, eu pensei que se não conseguia colocar os meu sentimentos em palavras, o melhor seria não escrever nada, pois seria injusta com a história. Vocês pensariam que ela não é especial se eu não conseguisse passar sentimento nesta resenha. E por isso, cheguei a tomar a decisão de não escrever nada sobre o livro. Minha resenha não estaria à altura da história, então, o melhor era simplesmente guardar tudo que sinto para mim. Não falar nada. Mas eu não consegui. O Ben, a Kara, Mac, Lily, Joey, Estrela e os outros prometeram me ajudar a escrever esta resenha. Disseram que era só eu pensar neles que conseguiria escrever. Me perguntaram se eu não tinha aprendido nada com tudo que eles me contaram, se não aprendi nada com a história deles. Não era para eu acreditar que era incapaz de escrever uma resenha sensível sobre eles. Me disseram que o que vem de dentro é verdadeiro e que vocês sentiriam isso. E sabe? Eu acredito neles. Eu confio neles. E quando acordei tomei a decisão de vir aqui e colocar para fora tudo que sinto e consigo escrever. Sei que não é suficiente, pois só lendo o livro vocês conseguirão sentir tudo que sinto, mas é sincero, vem de dentro do meu coração. É parte do que sinto por esta história. E precisa ser compartilhado. 


"- Não tens namorada, nem mulher, nem vida social. Não tens filhos. De que andas tu a fugir?

- Nenhuma mulher no seu perfeito juízo aceitaria tomar conta do Joey, deste rancho, desta gente, de mim. Pelo menos nunca conheci nenhuma suficientemente louca para isso. Ou suficientemente forte.

- Ou talvez tenhas medo, apesar das garantias científicas de que o gene é aleatório, de que se casasses e tivesses filhos pudesses ter uma criança com Síndrome de Down, como o teu irmão.

Os ombros dele abateram-se.

- Sim, Deus me perdoe. Porque um anjo é suficiente para mim. Não sou nenhum santo. Por isso, digo-te: os anjos podem dar-nos um vislumbre do Paraíso, mas também nos partem o coração."


- Quem é o Ben para mim? Alguém que apanhou muito da vida, mas não a deixou derrubá-lo. Alguém com quem o destino foi cruel, mas, apesar dos próprios tormentos, do próprio sofrimento, quis ajudar aqueles que também tinham apanhado. Um homem que era pai e mãe de pessoas desprezadas pela sociedade, de pessoas especiais e que precisavam simplesmente de alguém que acreditasse nelas e lhes desse uma chance de provar que realmente eram especiais. Especiais no bom sentido. Alguém que, em alguns momentos, desejava não ter toda aquela responsabilidade que tinha, simplesmente por não ter condições de tê-la. Por ser demais para ele e que mesmo assim não desistia, não abandonava aqueles que precisavam dele. Um homem que chorava, sofria sozinho para não fazer sofrer aqueles que ele amava. Um homem especial que se sacrificou, abriu mão da sua inocência e juventude para dar o que comer ao irmão. Alguém que jamais irei esquecer. Falar do Ben enche meus olhos de lágrimas porque ele é simplesmente incrível. É especial e é real, sabe? Nós não sentimos, durante a leitura, que ele é alguém impossível de ser real. Ele não é perfeito, gente. Também erra. Também faz idiotices. Sente coisas que pessoas humanas sentem. Ele também está longe da perfeição, como todo ser humano, mas se torna perfeito por isso. Por ser humano. Ele conseguiu o privilégio de pertencer ao primeiro lugar da minha lista de preferidos, ao lado do meu Roger. Sei que o Roger não vai se importar de dividir este lugar com ele. Ambos ocupam este lugar por motivos, situações e escolhas diferentes, mas parecidas de certa forma. Dignas de me fazerem ter a certeza de que eles devem ocupar este lugar. O segundo lugar não é indigno. Royce Westmoreland ocupa o segundo lugar na minha lista de preferidos (sim. Comecei a passar a lista para o papel.rsrs...) e quem conhece a história dele sabe o quanto ele é especial. Tem lugar só dele no meu coração também. Mas eu precisava colocar o Ben em primeiro lugar junto do meu Roger. Porque ambos precisam ocupar este lugar. Porque eu preciso que eles ocupem este lugar. Não ficaria satisfeita com menos. Na hora que eu dividir a lista em preferidos de livros históricos e contemporâneos, ambos ocuparão o primeiro lugar. O Roger como preferido dos livros históricos e o Ben, dos contemporâneos.


"Uma pessoa pode pôr a preocupação de lado e seguir em frente. É como se trancássemos a tristeza numa jaula, sabendo que conseguirá escapar mais tarde, mas não agora."

- E o que posso falar sobre a Kara? Lembro com clareza do momento no qual ela socou a vaca chamada Tami, uma moça rica, mimada e cruel. E lembro dos motivos da Kara para socar aquela vaca. Lembro de tudo que ela fez por aquelas pessoas que se apaixonaram por ela assim que a conheceram e que também se tornaram dependentes dela. Lembro de como ela levou risos, música e alegria para a vida do Joey. Lembro dos sorvetes que ela fez com que fossem entregues para ele, quando ele estava no hospital. Lembro de como ela ajudou a defender uma égua violenta, que tinha sido maltratada no passado, carregava marcas físicas e emocionais daqueles maus-tratos e rejeitava todo ser humano. Desejava matar todo ser humano ou animal que se aproximasse dela. Ela entendeu os medos daquela égua e ofereceu sua ajuda, sua amizade. A ajudou a voltar a confiar nos seres humanos. Fez aquela égua, batizada por ela como Estrela, perceber que nem todos os seres humanos eram vermes, lixo. Lembro do amor da Kara pelo Mac e a Lily, pais biológicos dela. Lembro da forma como ela os aceitou e amou, mesmo acreditando que tinha sido rejeitada por eles quando era apenas um bebê. Mesmo acreditando que eles tinham aberto mão dela sem se importarem com seu destino. Lembro da forma como ela olhava para o Ben, da paixão que ela sentiu por ele quando era apenas uma adolescente e sequer tinha visto o seu rosto. Lembro de tudo que ela fez pelo Ben e por todos que a aceitaram sem saber nada sobre a sua vida, sem conhecê-la ou conhecer o seu passado. Pessoas que simplesmente a receberam de braços abertos e a amaram de forma natural, sincera. Lembro de tudo isso e digo, sem pensar duas vezes, que ela também é minha preferida. Que eu também a amo. Tanto como amo o Ben. A amo porque pessoas como ela merecem amor. A amo porque ela conseguiu me conquistar. Amo a Kara e o Ben não só por causa do amor que surgiu entre eles, não só pela forma como o amor que eles sentiam um pelo outro era contagiante, mágico e arrebatador, mas também porque eles realmente sabem o que é amar.


"Estendeu a mão. O meu medalhão de ouro cintilou sob os raios de sol.

- Recebi a mensagem - disse ele repentinamente - Vim aqui para to devolver em troca de algo.

- Em troca? - perguntei, com a voz embargada pelas lágrimas.

- Dou-te este coração de ouro se me deres o teu.

- Ben, é a coisa mais poética e profunda...

- Não quero ser poético. Quero que me dês um beijo."


- Mas por falar no amor que existia entre o Ben e a Kara, não posso deixar de mencionar o quanto adorei o fato da autora fazer tudo acontecer de forma natural e aos poucos. Com a convivência. Achei que foi mais verdadeiro. Cada olhar apaixonado e compreensivo, cada beijo, toque, palavra. Antes de se apaixonarem, Ben e Kara se tornaram amigos, cúmplices, companheiros. Achei esse amor doce e "real", sabe? Foi tudo natural e verdadeiro. E divertido em alguns momentos.rsrs... 

Existem duas músicas que me fizeram lembrar muito do casal. E também não poderia deixar de colocar um pequeno trecho (bem pequeno) das duas músicas.

A primeira é uma música de dois cantores dos quais sou muito fã (Servando e Florentino). Ela se chama Si Yo Fuera Tu:

Sé que es muy temprano para lo que digo
más de mi parte yo estoy convencido
que eres mi vida y la daría
toda entera por estar contigo


A segunda se chama Que Me Alcance La Vida e é do Sin Bandera. Também é belíssima!

Tantos momentos de felicidad
tanta claridad, tanta fantasía
tanta pasión, tanta imaginación
y tanto dar amor hasta llegar el día
tantas maneras de decir Te Amo
no parece humano lo que tu me das

Cada deseo que tu me adivinas
cada vez que ríes, rompes mi rutina
y la paciencia con la que me escuchas
y la convicción con la que siempre luchas
como me llenas como me liberas
quiero estar contigo si vuelvo a nacer


- A Kara falou sobre algo quase no final do livro. Algo que me fez lembrar de uma outra música também.rsrs... Não é uma música sobre o amor entre um homem e uma mulher. É uma música sobre o amor de Deus. Sim. Eu acredito em Deus e não tenho vergonha alguma de dizer isso. Já disse aqui e repito: só criei este blog, vocês só me conheceram porque Deus me deu uma nova chance. Porque Deus me devolveu a minha vida. Não. Na verdade, Ele me deu uma nova vida. Se estou viva é graças a Deus e a fé que minha mãe teve em Deus. Enquanto lia este livro lembrei de quando o cirurgião disse que minha vida corria sérios riscos. Eu lembrei do quanto eu sofri, de cada dor e do sofrimento da minha mãe. Do quanto ela sofreu por me amar e me ver morrendo na sua frente. Lembro com clareza do dia em que ela se jogou no chão do banheiro daquele quarto de hospital e pediu a Deus pela minha vida. Escondida de todos. Do meu pai e do meu padrasto que tinham ido me visitar. Escondida até de mim. Mas eu vi. Levantei daquela cama e fui atrás dela e a vi. A vi naquele chão orando por mim. É algo que não se esquece. E eu concordo com a Kara: Deus não está só nas Igrejas, só na Bíblia, só na vida daqueles que admitem serem crentes. Deus está em tudo. Deus está numa música, novela, filme, nos animais, na natureza. Deus está até num livro. E de uma coisa eu tenho absoluta certeza: Ele jamais, jamais mesmo, nos deixa sozinhos. 


Não irei colocar só um trecho dessa música. Irei colocá-la completa. Se chama "Eu Estava Lá" - Emerson Pinheiro.


Rejeições, frustrações, exclusões, lágrimas
Dores, marcas de ilusões,
São como pedras dentro da alma

Uma mãe que sente a dor de um filho que morreu e ninguém estava lá |
Deus, como isso aconteceu?
Um marido que se foi, a esposa abandonou
Um pastor que sofre a dor de
um ministério que ruiu

Mas eu sou teu Deus e Eu estava lá
No meio do teu vale, Eu estava lá
Colhendo as tuas lágrimas, estava lá
Em noites escuras, Eu estava lá

Já senti a dor do que é perder um filho
Já senti a dor do que é ser traído
Já senti a dor do que é sofrer sozinho
Fiz tudo por você
Faria de novo por você

Filho amado, hoje Eu te curo, hoje Eu te restauro
Tu és meu filho amado
Te pego em meus braços, vem com teu Pai




- Se você ler esta história, saberá por que comentei sobre minha própria vida naquele trechinho no qual falei sobre minha mãe, saberá por que falei de fé, por que disse que Deus está até mesmo em alguns livros, por que coloquei aqui a música "Eu Estava Lá". Duvido que você não se emocione com esta história. Com a história contada em "A Doçura da Chuva". É impossível os personagens especiais desta história não te conquistarem. Kara e Ben não são os únicos protagonistas. Mac, Lily, Estrela, Joey e as outras pessoas que trabalham no rancho do Ben também são. 

- Conseguiram perceber o quanto esta história é especial para mim? Gostaria de deixar uma coisa clara aqui: Boa parte dos personagens desta história é deficiente mental. São pessoas especiais, anjos como o próprio Ben disse. Então, se você despreza os deficientes físicos ou mentais, não leia o livro! Ele não serve para você. 

- Eu não poderia deixar de agradecer a minha querida amiga Carlita, por ter me indicado este livro. Carlita, nunca irei te agradecer o suficiente por me ter dado a oportunidade de ler este livro. É uma das histórias mais lindas, mais especiais que tive o privilégio de ler. Muito obrigada, minha amiga! 


- Já disse que RECOMENDO MUITO, MUITO, MUITO MESMO, ESTE LIVRO???!! :D Cinco estrelas ainda é muito pouco para ele. Nem mil seriam suficientes. 

- Ainda não acredito que terminei de ler esta história e que agora terei que me separar dela. Estou deprimida por causa disso. Vou sentir saudades do Ben, da Kara e dos meus outros anjos. Espero que eles me ajudem a ter paciência para terminar de ler um livro que está me tirando do sério e me fazendo desejar jogá-lo longe. rsrsrs... Não sou a pessoa mais paciente do mundo. Estou bem longe disso, mas creio que a Ever ainda não se deu conta. Enfim... Será que pensando em A Doçura da Chuva conseguirei terminar de ler o livro da idiota da Ever? Espero que sim. Preciso eliminar o tal livro da minha lista antes que perca a coragem de lê-lo.rsrs.. 





Bjs e até breve! :)

9 de abril de 2012

A Primeira Noite de Uma Mulher - Celeste Bradley

(Título Original: Surrender to a Wicked Spy
Editora: Nova Cultural
Tradutora: Susana Vidal)

2º Livro da Série Quarteto Real (Royal Four/Clube dos Espiões de Elite)


Inglaterra, 1813

Um homem com um segredo...

Dane Calwell é tudo o que Olívia poderia esperar de um marido. Atraente, charmoso, afável e até um pouco misterioso. Lembrar da noite de núpcias a faz corar de timidez. No entanto, ela se pergunta com o quê, afinal, Dane se ocupa durante todo o dia. As reuniões secretas com desconhecidos, as estranhas idas e vindas... Tudo aquilo a deixa desconfiada e temerosa. Será que seu adorado marido está envolvido em algo perigoso?

 Dane sabe que a mulher com quem se casou há poucos dias é aprumada, bem-nascida e extremamente cativante. Mas acaba de descobrir que Olívia também é a criatura mais curiosa que já conheceu. Geralmente as mulheres não se preocupam em saber o que o marido faz durante o dia. Por que será que Olívia vive se intrometendo em questões que não lhe dizem respeito? Ele até acha a curiosidade dela algo divertido, encantador e um pouco sensual. Mas quando ela começa a chegar perto demais da missão na qual ele está envolvido, Dane precisa detê-la antes que corra o risco de perder sua linda esposa para sempre!


Palavras de uma leitora...


- Faz muito tempo desde que fiz resenha de um livro dessa série, não? Nem tanto assim. A última vez que resenhei um livro dessa série foi em outubro passado. E foi sobre o livro Adorável Trapaceiro (também conhecido como Maldito Traidor), cujo protagonista era o Etê, um canalha que a autora, durante um surto momentâneo, decidiu que servia para ser mocinho nessa série. Só posso acreditar que ela não estava num bom dia quando decidiu isso. Deveria estar muito irritada e resolveu irritar as suas leitoras também. Bem... Mas como ela criou essa série maravilhosa, cujo único livro ruim até agora é o do Etê, eu posso perdoá-la.rsrs... 

- Para quem ainda não sabe, a Celeste Bradley criou uma série enorme (que possui nove livros) e a dividiu em duas partes. A primeira chamada de Clube dos Impostores e a segunda de Quarteto Real. A primeira parte é composta pelos seguintes livros (todos já resenhados aqui): Impostor Apaixonado (Simon e Agatha), O Impostor (Dalton e Clara), A Espiã Que Me Amava (James e Phillipa), Desejo e Sedução (Collis e Rose), Adorável Trapaceiro/Maldito Traidor (Ethan/Etê e Jane). A segunda parte é composta pelos outros quatro livros e somente o primeiro dela foi resenhado aqui (O Lorde e a Camponesa - Nathaniel e Willa). O segundo vou resenhar agora e os outros tentarei até o final de maio. Se der, ainda em abril. :)

- Vou fazer um breve resumo da série: a série fala sobre a vida dos espiões que lutam, entregando toda sua vida e tempo, em favor do seu país. Da Inglaterra. A lealdade deles não pertence tanto assim ao rei, mas sim ao país. E se tiverem que eliminar pessoas e o próprio rei para proteger o país, eles são capazes de fazer isso. Tanto que tiraram do poder o antigo rei, colocando no lugar dele George IV, o atual príncipe regente. Mas não pensem que são pessoas ruins (não os amaria se eles fossem monstros. Heathcliff é uma exceção, não esqueçam.rsrs...). São homens que tem um imenso amor pela Inglaterra e costumam colocá-la acima dos seus próprios interesses. E é aí que entra o romance. A autora achou interessante deixar nossos mocinhos confusos e resolveu colocar o amor na vida deles, algo que eles evitavam. No fundo, não passam de solitários desejando ardentemente serem amados, mas lutando contra qualquer possibilidade de amor, pois a Inglaterra tinha que vir em primeiro lugar. Uma esposa jamais poderia estar acima da Inglaterra. E a autora faz todos os seus mocinhos (menos o Ethan, pois ele é um traidor completo. Tanto do país quanto dos amigos e do seu suposto amor) ficarem divididos entre a lealdade ao país e a lealdade à mulher amada. Eles são testados pela autora e alguns deles tomam decisões que nos irritam num primeiro momento. Mas eles sempre acabam fazendo a escolha certa no final. Simon, por exemplo, me irritou bastante quase no final da história dele. Cheguei ao ponto de torcer pelo Dalton, mesmo tendo um sério problema com ele desde que ele duvidou da minha querida Rose (lembram que comecei a leitura pelo quarto livro da primeira parte da série?rsrs... O livro da Rose e do meu Collis TDB) e a deixou ser humilhada. Eu estava furiosa com ele, mas o Simon conseguiu me enfurecer ainda mais. Se pudesse, teria entrado no livro e gritado no ouvido dele para ver se ele acordava. Enfim... E então, também temos problemas com o Dalton que era fiel demais ao país e em muitos momentos parecia um completo insensível, frio, com o coração feito de pedra. Não que ele fosse cruel, mas parecia não possuir compaixão dentro de si. Como se a palavra "Pátria" fosse a única coisa digna de amor e fidelidade. Mas quando ele se envolve com a Clara, acabamos percebendo que ele podia ser um completo idiota, mas não era insensível como queria que a gente acreditasse. Fácil foi amar e não se aborrecer com o Jamie e meu querido Collis. Nathaniel também foi mais fácil.rsrs... Embora quase tenha cometido um crime no livro dele. Quase tenha feito algo contra a Willa que poderia condená-lo. Enfim... É uma série maravilhosa que nos conquista logo de cara. Depois que li o livro do Collis, demorei um pouco para saber que o livro fazia parte de uma série, mas quando comecei a lê-la não desejei que ela chegasse ao final. Agora faltam apenas dois livros para eu terminar de lê-la e não estou muito contente.rsrs... É uma série que me conquistou e tornou a Celeste Bradley uma das minhas autoras mais amadas. 

- Agora é hora de falar da história deste livro. É hora de falar do Dane e da Olívia. Como posso começar? Bem... O Dane faz parte do Quarteto Real que comanda os Impostores. Ele mais três outros nobres são os homens mais poderosos da Inglaterra. Até mais poderosos do que o próprio príncipe regente. São eles que decidem o destino dos acusados de traição (que pode ser a morte), controlam o príncipe, estão por trás das investigações e interrogatórios dos suspeitos e proteção contra invasores franceses. Eles são os líderes. O apelido do primeiro líder desse Quarteto é Cobra (Nathaniel), do segundo é Leão (nosso Dane), do terceiro é Falcão e do quarto Raposa. Ao mergulharem nesse jogo perigoso cujo objetivo é proteger a Inglaterra, eles sabiam que não poderiam colocar nada acima do país. Nem suas próprias vidas. Se torturados, deveriam preferir a morte do que revelar segredos sobre o país. Se a mulher de algum deles fosse sequestrada e ameaçada de morte, mais uma vez eles deveriam escolher o país. É claro que ao se apaixonarem, eles logo percebem qual escolha fariam numa dessas situações.rsrs... O país não deixa de ser importante, mas é impossível colocar a amada em segundo plano.rsrs... E felizmente, com o Dane não foi diferente, embora eu quase o tenha matado por causa da sua teimosia e desconfiança. A vida da Olívia correu sérios riscos por causa da sua mania de colocar o cérebro para descansar nos momentos nos quais ele deveria usá-lo. Sua mania de ver traição em tudo (até num poema de amor!!!!) também me irritou bastante. Mas no fundo, bem lá no fundo, ele é um bom mocinho.rsrs... 

- A história desse arrogante, cabeça-dura e da nossa querida mocinha (um tanto louca) começa quando a mãe da Olívia a joga no rio Tâmisa justamente quando Dane passava por ali. No desespero para conseguir um marido para a filha, ela arriscou a vida da garota só para fazer Dane notá-la. Como um cavalheiro de verdade, ele se lança no rio para salvar a Olívia. Só que é nossa mocinha que acaba salvando-o.rsrsrs... A Olívia era uma excelente nadadora e depois do susto inicial decidiu sair daquele rio antes que ficasse congelada. É quando o mocinho pula para salvá-la, mas acaba ficando preso, graças às botas novas que estava usando.rsrs... É aí que nossa mocinha tem que voltar para salvá-lo. Logo após aquele primeiro e inusitado encontro, Dane decide pedir a mocinha em casamento. Ou melhor, decide acertar os detalhes do casamento com o pai dela, sem sequer perguntar se ela queria se casar com ele. A desculpa que ele dá para si mesmo é que tinha que pedi-la em casamento antes que outro o fizesse. Nesse ponto ele agiu como o Clayton e me irritou um pouco. Mas tudo bem. Pouco tempo depois, eles estão casados. O mocinho não se deu ao trabalho sequer de cortejá-la antes de do casamento. Apenas lhe enviava jóias como se isso bastasse. Um minuto da sua atenção? Não poderia dar, pois tinha assuntos mais importantes (Inglaterra). Tudo bem de novo. Ele não foi um estúpido porque queria ser. Era inevitável.rsrs... Faz parte da sua personalidade. 

- Logo na noite de núpcias, o casal tem uma espécie de problema. Ou melhor, o mocinho tem um problema. Problema que ele sabia possuir, mas teve medo de contar para a mocinha para ela não fugir correndo dele.rsrs... Como posso explicar? Ele decide não consumar o casamento, pois não tem coragem de forçar a mocinha a suportar o seu "problema". Como posso explicar de novo?! Bem... A mocinha diz que nosso Dane  parece um viking. Ele é muito alto, forte... enorme. Seu corpo é enorme. Tudo nele é enorme, entendem? Se não entenderam, vão ficar sem entender, pois este é um blog público e até pré-adolescentes passam por aqui. Então... Bem... O importante é que o problema do mocinho é tão grande que o casal acaba precisando da ajuda de certas coisas para preparar a mocinha para suportá-lo. E aí o livro fica muito engraçado. Por causa de uma notícia no jornal, a mocinha acaba indo parar na "casa" de uma certa "dama" da sociedade e se mete em grandes confusões por causa disso. Essa dama lhe dá de presente uma caixa que iria ajudá-la a solucionar os problemas entre ela e o marido. Achei muito engraçado. Ri demais com esse livro.rsrs... Só que... Algo sobre o que tinha nessa caixa me deixou um pouco aborrecida. Apesar daquilo ter realmente aproximado mais o casal, houve um momento no qual aquele negócio me irritou. Porque algo sobre aquilo provocou um momento nada romântico. Não vou entrar em detalhes, mas posso dizer que não achei que realmente era necessário aquilo. Achei que o Dane deveria deixar de ser tão cuidadoso e agir logo!rsrs... Seria melhor do que aquilo, sabe? Mesmo assim, não deixei que aquele momento estragasse um livro que para mim já era digno de cinco estrelas desde o início.

- Adorei o Dane. Apesar dele ter testado minha paciência algumas vezes com sua arrogância, teimosia e desconfiança sem limites, ele acabou conquistando o meu coração. Para mim, ele chega a ser pior do que o Dalton. Não. Ele não é frio. Só que é muito "nobre" em alguns momentos (no péssimo sentido. O que estou tentando dizer é que ele pensa que as pessoas comuns não são gente, em certos momentos. Não porque ele queira ser assim. Como disse, a estupidez nasceu com ele.) e desconfiado. É verdade que ele tem motivos para desconfiar, certas vezes, mas até o amigo dele e a mocinha do livro anterior (Willa), perderam a paciência com eles. Até seus criados se revoltaram! O próprio príncipe regente perdeu a paciência por causa da sua desconfiança absurda! Não fui a única.rsrs... O Dane realmente sabe exagerar, mas ele é tão fofo!kkkkkkk... O coitado não é assim porque quer. Ele tenta evitar, mas carrega a marca de algo que aconteceu no passado. Algo que o fez perder de certa forma a confiança nos seres humanos em geral. O que aconteceu foi sério e muito triste. Quando o Dane ajoelhou naquela biblioteca e quando confessou seus segredos, achando que a Olívia estava dormindo, eu senti muita vontade de consolá-lo. Sabe... Nós, seremos humanos, temos uma terrível mania de esperar a perfeição daqueles que admiramos. Queremos que essas pessoas sejam santas. Que não errem nunca. E quando elas erram, nós ficamos magoados e ofendidos. Mas se olharmos para nós mesmos, iremos ver que não somos perfeitos. Erramos também. Se o Dane tivesse enxergado isso no passado, não teria condenado tão severamente alguém que ele tanto amava. Lamento por ele, pois até hoje ele carrega a culpa pelo seu severo julgamento. E lamento pela pessoa que ele condenou. Mas não condenem o Dane, gente. Ele não é ruim. Só é idiota.

- A Olívia é uma graça!rsrs... Uma das mocinhas mais divertidas que a Celeste já criou. Ela faz a gente dar gargalhadas durante a leitura e também desperta nosso carinho. É muito boa, generosa e completamente apaixonada pelo mocinho. Seu amor é muito belo e sua entrega me causou admiração. Enquanto ele era pura desconfiança, Olívia confiava nele de olhos fechados. Não a vi só como uma mulher completamente apaixonada pelo marido, mas também como uma espécie de mãe para ele.rsrs... Tão compreensiva, tratava ele com tanto cuidado... Ela acabou ganhando meu carinho e amizade desde o início e eu me aborrecia demais quando o mocinho acabava magoando ela. Nesses momentos, eu realmente sentia vontade de bater nele. Uma pena que o melhor amigo, Marcus, não o tenha feito. Ele bem que merecia.

- Outra coisa que me aborreceu no livro foi a falta de um pedido de perdão decente. O Dane podia não ser idiota por escolha própria, mas a mocinha passou por situações muito difíceis, graças a teimosia dele e o mínimo que ele podia fazer era se desculpar de forma decente. Ele até se desculpa, mas achei que ele deveria  sofrer um pouco, ser castigado, sabe?rsrs... E pedir perdão de uma forma melhor. Isso não aconteceu, infelizmente. Também senti falta de um epílogo, mas como a série ainda não terminou, espero encontrar o casal nos próximos livros e saber mais sobre um certo personagem que surgiu e pelo qual eu sentia carinho desde que a Olívia começou a se lembrar dele. Ele não tem o próprio livro, por isso, espero pelo menos que a autora fale um pouco dele nos outros livros da série.rsrs... 

- Agora, gostei demais do fato do casal não se amar desde o início. Deu para perceber que o amor surgiu com o tempo. Eles se gostavam, sentiam carinho um pelo outro, mas o amor veio com o tempo. Com o dia a dia, conforme eles foram se conhecendo melhor e assim, se aproximando cada vez mais. A história passa em pouco tempo, mas nem parece.rsrs... Também adorei a primeira noite de amor do casal!rsrs... Mas achei que, depois de todo aquele sofrimento para finalmente conseguir fazer amor, o casal deveria fazer amor mais vezes.rsrs... Só aconteceu uma vez! Isso não foi justo!rsrs... 

- O livro é leve, divertido, romântico e muito fofo. Porém, a autora sabe bem como falar de coisas sérias. Fiquei um pouco nervosa com os acontecimentos finais. Até lembrei de um livro da Judith McNaught. Creio que foi no livro Um Amor Maravilhoso, que a mocinha passou por uma situação parecida com a da Olívia. A autora me roubou um pouco o fôlego, pois quando eu pensava que tudo tinha ficado "calmo" surgiam mais problemas e a mocinha sofria mais. Por culpa do Dane, é claro! Mas tudo bem... Como disse, a idiotice era um problema que nasceu com ele. 

- O livro recebeu cinco estrelas no Skoob e mesmo tendo enfrentado alguns problemas com certas coisas no livro e com o próprio mocinho, não achei que ele merecia menos. Merece sim as cinco estrelas. Se pudesse dar dez estrelas, também daria. É um dos meus favoritos. :)


Ordem correta das duas séries:


1ª parte - Liar`s Club:


Impostor Apaixonado - CH 453 - séc. XIX, 1813
O Impostor - CH 424 - séc. XIX, 1813
A Espiã Que Me Amava - CH 435 - séc. XIX, 1813
Desejo e Sedução - CH 446 - séc. XIX, 1813
Adorável Trapaceiro - CH 427 - séc. XIX, 1813


2ª parte - Royal Four Club:

O Lorde e a Camponesa - CH 445 - séc. XIX, 1813
2º A Primeira Noite de uma Mulher - CH 402 - séc. XIX, 1813
3º Um Espião em Minha Vida - CH 414 - séc. XIX, 1810
4º Adorável Mentirosa - CH 393 - séc. XIX, 1813



Bjs e até breve!

7 de abril de 2012

Duas Vidas Sem Destino - Sandra Canfield [Maratona de Banca 2012 - Abril]


Em abril: Mocinho sequestra mocinha

DOIS CORAÇÕES NA HORA DA VERDADE!

Kelly Cooper - repórter fotográfica que, com sua câmera, flagra um crime de morte dentro de um parque público. 

Will Stone - condenado por assassinato, foge da Penitenciária Estadual da Califórnia. Um homem desesperado, com uma ideia fixa em mente: encontrar Kelly Cooper, que com seu depoimento no tribunal o jogou na prisão.

No meio da noite, em sua cama, Kelly recebe uma visita inesperada. Seqüestro! O acerto de contas entre um homem e uma mulher cujas vidas estão nas mãos uma da outra. Logo Kelly percebe que a mais perigosa das ameaças de Will é o magnetismo de seus olhos castanhos, sua perturbadora masculinidade... 



Palavras de uma leitora...


- Se me perguntassem, neste instante, qual é o meu livro favorito da Sandra Canfield, eu não saberia dizer qual é. Talvez no passado eu soubesse, mas hoje não. Pensando nas outras três histórias que li dessa maravilhosa escritora, não consegui me decidir. Consegui lembrar do casal de Estigma de Mulher (lembra da mocinha que  foi estuprada por um filho da pontualidade e considerada culpada pelo próprio estupro? Se não me engano, ela acaba se envolvendo com um político tudo de bom que cicatriza suas feridas. Acho que ela era repórter.), Lição de Ternura (a mocinha tinha um sério problema de saúde e mal conseguia andar. Sua vida era um pesadelo desde que ela era bem jovem. Seu destino acaba cruzando com o destino de Patrick, um TDB, que não a deixa afastá-lo assim tão fácil. Ele luta por ela e juntos conseguem lidar com o problema da mocinha e ser felizes) e  Corações Cativos (a mocinha recebe a notícia de que seu marido foi assassinado, acidentalmente, por um policial. Ela estava grávida quando recebeu essa notícia. Isso antecipa o nascimento do seu bebê, que passa a correr sérios riscos de vida, já que nasce prematuramente. Mesmo contra toda a possibilidade, ela acaba se apaixonando pelo homem que matou seu marido. Claro que ela não sabe que ele matou seu marido... no início. Só descobre depois e não reage muito bem. Porém a história mesmo assim tem final feliz.). Um estupro que marca, uma doença que atormenta há anos, um assassinato acidental e o recomeço de duas vidas após o crime... E agora, a história de um homem acusado de assassinato e condenado por esse crime. Histórias diferentes, mas tocantes como a Sandra Canfield sabia bem escrever. Não dá para eu escolher uma preferida. Sinto que estaria sendo injusta com as histórias.rsrs... 



"Abrir o coração para mostrar os sentimentos a quem quer que fosse era o caminho mais curto para a dor e o sofrimento. Certas pessoas, como abutres, se alimentavam do sofrimento alheio e viviam à espera de um momento de vulnerabilidade que lhes permitisse atacar e destroçar suas presas."


Um pequeno resumo:


Um passado que marcou... Uma ferida que não sara.


Will Stone só tinha certeza de uma coisa na vida: era um perdedor, um lixo. Alguém que não deveria ter nascido e sequer merecia o carinho, a consideração de alguém. E quem lhe mostrou essa "verdade" foi seu próprio pai, de um modo muito "gentil". 

De tanto ouvir as mesmas palavras, Will passou a acreditar nelas e isso, somado com a vida difícil, contribuiu para fazê-lo perder a esperança de vir a ser alguém, de ter uma vida melhor. Assim, ele joga fora os próprios sonhos e passa a levar uma vida solitária e difícil. Mas, se soubesse o que ainda lhe esperava, acreditaria que sua vida anterior era um mar de rosas...

Após receber uma ligação um tanto estranha do seu irmão, seu único parente vivo, Will acaba decidindo ir para San Francisco. Ao chegar lá, percebe que seu irmão está metido em algo muito sério e que poderá trazer graves consequências. Mas ele sequer tem tempo de descobrir o que é. Logo após sua chegada, um assassinato acaba acontecendo e ele é condenado por ele, graças a ajuda de Kelly Cooper, uma repórter fotográfica, que registra o momento no qual ele está perto do corpo, limpando a arma e com as mãos manchadas de sangue. Sangue da vítima. 

Durante o julgamento, Will permanece calado, sendo considerado assim um Homem de Pedra, apelido que o persegue durante os longos meses de prisão. 

Após receber a notícia de que seu irmão está morto, Will decide fugir e ir atrás da mulher que ajudou a condená-lo. E assim, inicia-se uma complicada história de amor e vingança...



- Falei demais? Creio que não.rsrs... Como já perceberam, Will é condenado por um crime que não cometeu  e após descobrir que seu irmão está morto (possivelmente assassinado), resolve fugir da prisão em busca de vingança. 

"Eu não posso ir com você."
Kelly colocou as mãos na cintura e prosseguiu:
— Tenho compromissos marcados!
— Bem, isso é mesmo uma pena. — O tom de Will era ríspido e demonstrava insensibilidade. — Sabe, moça, o primeiro mandamento do seqüestrador diz que o refém deve cancelar todos os seus compromissos anteriores.
— Oh, então é isso o que eu sou? Uma refém?
— Pois é, moça. Ao menos essa parte você entendeu!
— Quer fazer o favor de parar de me chamar de moça! — Kelly gritou. — Olhe aqui, tenho um contrato a cumprir e, se eu não aparecer, muitas pessoas vão ficar preocupadas, imaginando onde estou!
— Lidaremos com esse problema mais tarde. Agora cale a boca e trate de se vestir! — Will apontou a camiseta que ela usava para dormir. — Você escolhe, moça: ou se veste sozinha ou eu mesmo irei fazer isso.
Kelly não tinha a menor dúvida de que ele seria capaz de cumprir a ameaça. Furiosa, entrou no banheiro e bateu a porta com toda a força.
— Não vai se sair bem desta, Will Stone. Você sabe disso! — ela resmungou..."



- Mas não é de Kelly que ele pretende se vingar... Will suspeita de que seu irmão caiu numa armadilha e acabou morto por isso. Ele, então, planeja descobrir quem são os culpados e fazer justiça com as próprias mãos. 

- Will me conquistou quase desde o início. E quanto mais fui conhecendo-o, mais fiquei envolvida. Diferente dos outros mocinhos que conheci da autora, ele não é bem-sucedido financeiramente. Pelo contrário, é muito pobre e extremamente marcado pelo passado. É como se o passado não tivesse ficado para trás. Como se o presente não existisse. Em muitos momentos, consegui ver o menino sofrido, como se ele não tivesse crescido. Como se ainda estivesse ali, aguardando o arrependimento do pai. Implorando para ele deixar de feri-lo tanto e passar a ter orgulho dele. No vazio dos seus olhos, a gente consegue enxergar a dor que não o libertou, apesar do passar dos anos. Existem coisas que nos marcam. E a infância pode ter um enorme peso no futuro. É lá que a personalidade começa a ser desenvolvida e certos acontecimentos podem impedir a pessoa de avançar. E Will não conseguiu avançar. Ele ficou preso ao passado, como se estivesse acorrentado. Como se não houvesse a menor possibilidade de se libertar. Não o condeno por não ter tentado. Não houve uma só pessoa que tivesse lhe dado forças e motivos para tentar. Existem pessoas que precisam do incentivo de alguém, de alguém que acredite nelas e diga que elas são capazes de ir além. Na verdade, creio que todos nós precisamos disso. Precisamos de alguém que nos dê forças. Will não teve ninguém que lutasse por ele. Então, não posso julgá-lo por ter desistido. Só posso lamentar, pois ele poderia ter ido muito além. Tinha potencial para ser alguém tão bem-sucedido quanto os outros mocinhos da autora. Porém, o fato dele não ser, não o faz menos digno do meu amor. E nem do amor de Kelly. A pessoa não deve ter valor pelo que ela tem e sim pelo que ela é. E Will é um homem maravilhoso. Sensível, romântico e tão carente que nos faz desejar colocá-lo no colo e protegê-lo do mundo. 

- Kelly é o oposto de Will. Rica, bem-sucedida, uma mulher de sucesso que já recebeu inúmeros prêmios por seus trabalhos. Ela tem tudo que muitas mulheres gostariam de ter. É um sucesso e conseguiu tudo isso batalhando muito. Se dedicando 100% aos estudos e à carreira. Porém, ela não tem algo que necessita com desespero: a felicidade. Todo esse sucesso não passa de um grito desesperado por atenção, pela aprovação do pai que já faleceu há anos. Como Will, ela também nunca soube o que é ter um pai de verdade e o pai dela só lhe dedicava uma migalha de atenção se ela fosse bem-sucedida em tudo. Se ela fosse motivo de orgulho. Se não errasse... NUNCA. Ela tinha que ser perfeita, a filha ideal, a que tirava as melhores notas e nunca errava em nada. Mesmo assim, toda a atenção que ele podia lhe dar era ao dizer que ela era seu orgulho. Durante a maior parte do tempo, ele estava ausente, se dedicando à própria vida e esquecendo que tinha uma filha que dependia dele. E quando Kelly, acidentalmente, derramou café num de seus trabalhos, ele simplesmente se afastou. A deixou sozinha sem sequer se despedir. Porque ela tinha errado. Porque, com sete anos de idade, ela não conseguiu impedir o café de cair no trabalho dele. Porque cometeu uma falha. Esse acontecimento marcou profundamente a vida de Kelly. Ela passou a acreditar que para ser amada, não podia errar. Que no momento em que errasse, as pessoas deixariam de amá-la. E é essa convicção que faz Kelly pedir o divórcio ao marido. Mesmo sem ter essa intenção, ela fez todo o possível para estragar o próprio casamento e acabou decidindo desistir dele, antes que seu marido resolvesse deixá-la. Como não suportaria ser abandonada novamente, ela decidiu tomar a iniciativa. Embora fosse um sucesso profissionalmente, era um fracasso quando se tratava de relacionamentos. Simplesmente porque tinha medo de ser abandonada, como foi abandonada pelo pai (que vivia em função da carreira) e pela mãe (que faleceu quando ela tinha apenas doze anos). Sendo assim, apesar de todo o sucesso, Kelly é profundamente infeliz e sozinha, mesmo fazendo o possível para mostrar ao mundo que sua vida é perfeita. 

- Achei que a autora criou um casal que se combina completamente. Apesar de aparentemente serem diferentes, eles são mais parecidos do que conseguem enxergar no início. Ambos estão marcados pelo passado, desejando tê-lo de volta só para ouvir um pedido de perdão por parte de seus pais. Só para serem libertados pelas pessoas que deveriam tê-los ajudado a se preparar para o futuro e não simplesmente estragar toda a possibilidade de futuro para seus filhos. Só para ouvir um "me perdoe" da boca daqueles que deveriam tê-los protegido e os deixaram. Will e Kelly me comoveram. Consegui enxergar com clareza as duas crianças solitárias, chorando sozinhas e procurando entender por que seus pais não podiam amá-los pelo que eles eram. Por que era tão difícil para eles enxergarem que tinham filhos, que dependiam da atenção e do amor deles. Eu consegui enxergar isso e lamentei demais por essas duas crianças. É por causa de coisas como essas, que digo que existem pessoas que não deveriam poder ter filhos. 

- Eu achei essa história mais real do que muitos romances de banca que já li por causa dos problemas emocionais que o casal enfrenta. Torci muito pelo Will e não posso dizer que o final não me agradou. O achei perfeito. Creio que se fosse diferente, não seria tão real como foi para mim. Ao lado de Kelly tenho certeza de que ele irá conseguir se libertar totalmente daquilo que só o fez mal. E o mesmo posso dizer da Kelly. Apesar de terem conseguido avançar, graças ao amor que sentiam um pelo outro, ainda não estavam totalmente livres. Isso vem com o tempo. Mas avançaram, sim. E muito. Will descobriu que não era o perdedor que seu pai afirmava que ele era. Enxergou que Kelly o amava e nesse amor encontrou motivos para deixar de errar e recomeçar. E, ao descobrir que Will a amava, Kelly percebeu que nem todas as pessoas a amariam por seus prêmios, pelo seu sucesso. Will a amava pelo que ela era. A mulher corajosa, teimosa e guerreira. Assim, ela deixa de depender dos prêmios. Deixa de lutar desesperadamente por eles, como se só através deles pudesse vir a ser amada. Adorei o envolvimento entre o casal. Me diverti muito com os duelos verbais desses dois teimosos.rsrsrs... Apesar do sofrimento que eles enfrentavam, eram pessoas muito divertidas.rsrs... 


"— Dê-me algum dinheiro — disse ele vinte minutos depois, quando paravam diante de uma lanchonete na qual se podia fazer os pedidos sem sair do carro. Não podia se arriscar a deixar sua refém sozinha.
— Como assim, o que quer dizer com isso?
— Exatamente o que eu disse: dê-me algum dinheiro. Cinco dólares serão suficientes.
— Oh, ótimo! — Kelly abriu a bolsa com um gesto irritado. — Um seqüestrador barato era mesmo tudo de que eu precisava! É azar demais... Além de ser tomada como refém, sou obrigada a pagar as despesas para um aproveitador, um vagabundo, um...
— Quer fazer o favor de calar essa boca e passar logo o dinheiro, moça? — Will a interrompeu, severo, e estendeu a mão. — E fique sabendo que não sou nenhum aproveitador ou vagabundo. Lembre-se disso!
— Oh, então o senhor me desculpe pelo mau juízo — disse ela num tom sarcástico, ao extrair da carteira a quantia pedida."


"— Escute aqui, moça, é bom me obedecer!
— Está bem, Stone. — Kelly deu de ombros. — Mas devo dizer que você não é lá essas coisas como seqüestrador. Não tem a menor graça.
— Então estamos empatados, pois como refém você também deixa muito a desejar! — Ele recolocou a mangueira de combustível na fenda da bomba e fechou o tanque de gasolina do carro. — Agora trate de ficar quieta e me dê algum dinheiro, sim?
— Por que não? — ela perguntou, sarcástica, enquanto pegava a bolsa dentro do automóvel. — Afinal de contas, eu mesma imprimo estas notas na garagem de casa, nos meus dias de folga... Sinto muito, mas tudo o que tenho na carteira são estes dez dólares — Ela balançou a nota no ar, com visível satisfação. — E agora, o que vamos fazer? Ah, já sei! Que tal assaltarmos esta espelunca? Vamos lá, é a nossa chance de brincar de Bonnie e Clyde!"


- Eu não sei quanto a vocês, mas eu me diverti muito com cenas como essas.rsrsrs... Chegava a gargalhar aqui em casa em alguns momentos. Will não levava o menor jeito para sequestrador.kkkkkkk... E a Kelly, se tivesse sido sequestrada por um bandido de verdade, já estaria debaixo da terra há séculos. Não sabe se comportar como uma refém ajuizada.rsrsrs... 

- O livro é totalmente digno de cinco estrelas e já faz parte dos meus favoritos. Recomendo e muito essa história! Para aqueles que gostam de um romance leve e divertido (como disse, apesar dos dramas o livro é divertido e também é leve), é uma ótima escolha. 

"— Não, Kelly... Você não faria isso — disse ele, com a voz embargada pela emoção —, simplesmente porque não é mais a garotinha solitária, desesperada por um pouco de atenção. Agora você sabe que seu pai não era perfeito pois, se ele fosse, teria sabido reconhecer as necessidades da filha e tentado corresponder a elas. E se ele não tinha que ser perfeito para que o amasse, por que você teria que ser? O amor não exige perfeição, Kelly. Se fosse assim, você não estaria amando um sujeito como eu!"


E para me deixar totalmente desesperada, o livro possui continuação. Não sei qual é o título do livro que o continua e nem se o livro chegou a ser publicado no Brasil. Tenho que pesquisar.rsrs... 


- Para conhecer as resenhas dos outros participantes clique AQUI. Eu recomendo que vocês realmente confiram as resenhas, pois quando o tema é mocinho que sequestra mocinha, existem histórias bem interessantes.rsrs... 

- E não poderia esquecer de dizer que essa história foi indicação da minha querida amiga Carlita (ela se chama Carla, mas eu a chamo de Carlita. Eu posso!rsrsrs...). E uma ótima indicação, com certeza! Amiga, eu amei o livro! Depois de reler O Morro dos Ventos Uivantes, precisava ler uma história assim.rsrs... Gracias! 


Bjs e Feliz Páscoa para todos vocês, seguidores ou não do Emoções à Flor da Pele! Não esqueçam o real significado da Páscoa! Ok?!
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