30 de agosto de 2020

A Panqueca Fugitiva, o Resmungão e outros contos nórdicos


Adaptação de Augusto Pessôa 
Editora: Rocco
Edição de: 2015
Páginas: 96

47ª leitura de 2020 (45ª resenha do ano)

Sinopse: Os contos nórdicos são hstórias compartilhadas pelos povos germânicos que habitaram a Escandinávia, sobretudo a Islândia. Uma cultura transmitida oralmente, como toda cultura popular, de geração para geração. Essas narrativas chegaram até nós por meio de textos medievais escritos durante e após o processo cristianização da região. E, como acontece com toda cultura popular, são textos vivos, em permanente transformação, de acordo com as necessidades de cada sociedade. 

Com humor e perspicácia, Augusto Pessôa pesquisou e adaptou oito contos nórdicos, carregados de simbolismo e arquétipos que os tornam universais. 




Por estar lendo um livro que tem me provocado muita angústia (Capitães da Areia, do Jorge Amado), eu não consegui começar a ler o livro planejado para um dos temas deste mês do Desafio Literário Livreando 2020. Então, escolhi esta pequena coletânea de contos nórdicos bem no último momento, por acreditar que era algo leve, que leria rapidinho e que traria um certo alívio em meio a uma leitura que é densa e está acabando com o meu emocional.rs

E este livro é realmente muito leve, trazendo histórias simples e encantadoras, bem o que eu precisava para aquecer um pouco meu coração. 

Aqui temos oito contos, cada um mais envolvente que o outro. No primeiro, A boa mulher, conhecemos a história de um casal que vivia numa fazenda distante e que economizava para quando tivesse filhos. Eles eram muito felizes e em tudo a esposa era bondosa com o marido. Um dia, o marido resolveu vender uma das vacas e caminhou um longo tempo atrás de alguém que aceitasse comprá-la, mas não teve êxito, ninguém queria pagar pela vaca. Ao retornar, encontrou um homem com um cavalo e sugeriu uma troca, o que foi aceito. Então, ele seguiu adiante com o cavalo e a vaca passou a pertencer ao outro. Todavia, ao longo do caminho outras trocas de animais são feitas até o desfecho da história, que eu achei incrível. Gostei bastante deste conto. 

O segundo, Os sete potros, é ainda melhor que o primeiro. Nele temos um casal muito pobre que criara três filhos com bastante dificuldades. Um dia, o mais velho decide que vai sair pelo mundo em busca do próprio destino, mas não é bem-sucedido, pelo contrário, retorna ferido e disposto a nunca mais colocar os pés para fora de casa. O segundo resolve tentar a sorte e acaba encontrando os mesmos problemas que o irmão. Então, o caçula decide buscar emprego no mesmo local que seus irmãos e passar no desafio que eles não conseguiram. Os dois zombam, acreditando que ele também voltaria traumatizado. Simplesmente amei este conto! O segredo estava em fazer as coisas da maneira correta, sem enganar alguém que depositara a confiança em você. 

Não irei falar de todos os contos para não acabar tirando a graça de quem vai ler.rsrs O conto A raposa e o urso, por exemplo, dispensa comentários. Sabemos que as raposas, em todas as histórias, são sempre muito espertas e neste conto aqui não é diferente. 

O quarto conto é muito divertido e um dos meus preferidos. Florisbela e Bela Flor traz a história de uma rainha que queria muito ser mãe e suspirava de tristeza por não ter filhos. Até que a mulher do jardineiro lhe entregou uma semente, que ela deveria plantar seguindo várias instruções e uma delas era regar apenas com a mão direita, caso contrário ela iria acabar se arrependendo. Mas a rainha se esqueceu dessa regra e regou tanto com a mão direita quanto com a esquerda. Surgiu uma árvore e, tempos depois, da árvore nasceram duas meninas, uma linda e adorável e a outra desgrenhada e rebelde. A adorável ela chamou de Bela Flor e a rebelde de Florisbela. É um conto que nos surpreende, pois não imaginamos como a história iria se desenrolar e eu amei o que aconteceu! 

O conto O Resmungão traz uma história hilária e tão envolvente quanto as outras, até mais na verdade. Nele temos cinco mulheres que queriam muito ter filhos e um dia encontraram um ovo enorme, do tamanho de um homem. Cada uma quis o ovo para si e brigaram até decidir que todas ficariam com ele. E se revezavam para chocá-lo.rs Até que num determinado dia saiu uma voz de dentro do ovo, pedindo comida. A mulher terminou de abrir o ovo e dele saiu uma "criança".... Bem, não exatamente uma criança, mas um homem com rosto de menino. As mães fizeram de tudo para alimentá-lo, mas o "menino" nunca estava satisfeito, estava sempre pedindo mais comida e elas não tinham condições de sustentá-lo. Então, o mandaram embora. E o homem-menino foi. Não digo mais nada, pois vale a pena conhecer o final por conta própria.rs

Não existe nenhum conto neste livro do qual eu não tenha gostado, o que me surpreendeu, porque é raro apreciarmos todos os contos presentes numa coletânea. São ótimos para serem lidos em qualquer idade, pois divertem e encantam. Eu me senti bem mais leve, tranquila, depois de lê-los. Foi realmente uma ótima escolha! 


-> DLL 20: Um livro de sua cor preferida (minha cor preferida é azul)


 

28 de agosto de 2020

O Curioso Caso de Benjamin Button - F. Scott Fitzgerald


Literatura norte-americana
Título Original: The curious case of Benjamin Button
Tradutor: Rodrigo Breunig
Editora: Folha de São Paulo
Edição de: 2016
Páginas: 56
46ª leitura de 2020 (44ª resenha do ano)

Coleção Folha Grandes Nomes da Literatura #2

Sinopse: Nascer, crescer, envelhecer e morrer são etapas de todo destino e só a ficção permite imaginar outros rumos. F. Scott Fitzgerald (1896-1940) fantasiou a inversão da seta do tempo em O curioso caso de Benjamin Button, a saga de um homem que nasce velho e morre bebê. O autor conquistou fama aos 23 anos com um romance sobre a ascensão de um jovem, como ele, impaciente para conquistar o mundo. Logo encontrou mais de um estímulo para assumir o papel de ícone de uma era, os anos 1920, louca, impulsiva e acelerada. Uma nota em seu diário diz: "A felicidade depende do bom desempenho das funções naturais, exceto uma - envelhecer". Sua morte, aos 44 anos, exemplica o lema "viva rápido, morra jovem", um modo até hoje eficaz de alcançar a imortalidade. O curioso caso de Benjamin Button, publicado em 1922, combina fantasia e realismo para anunciar a busca por rejuvenescimento que convertemos em obsessão. Não falta, porém, melancolia a esta fábula que inverte a cronologia para concluir que no fim das contas tanto faz ganhar ou perder. 



Já tinha ouvido falar tanto desta história que sentia imensa vontade de lê-la, mas nunca encontrava a oportunidade. Ouvi falar bastante do filme também, embora nunca tenha assistido. E realmente é um livro "curioso", interessante. 

Nele temos a história de Benjamin Button, uma "criança" nascida no ano de 1860, quando ainda era comum que o parto ocorresse em casa. Todavia, seus pais decidiram que o primeiro filho deles nasceria num hospital. Ambos estavam muito ansiosos, loucos para que o grande dia chegasse, mas também sentiam medo, principalmente o futuro pai, que já criava grandes expectativas em relação ao futuro do filho. 

Só que nada aconteceu como desejavam. Ao chegar ao hospital, o senhor Roger Button foi recebido com desprezo, como se tivesse cometido algum pecado muito grande. Não entendia o comportamento dos médicos ou das enfermeiras, mas a angústia o invadia, pois algo certamente acontecera... alguma coisa relacionada ao nascimento do seu bebê. Desesperado, ele exigiu ver o filho e logo foi atendido, se deparando com o que só poderia considerar um pesadelo. 

Em vez de um bebê, o que encontrou quase totalmente para fora do berço foi um velho bastante acabado, aparentemente no final da vida, que de modo algum poderia ser visto como um recém-nascido. Porém, para sua completa incredulidade, a enfermeira insistia que aquele idoso era o seu bebê e, depois de alguns minutos de tormento, ele não teve outra alternativa senão aceitar a realidade. Seu filho nascera com todas as características de um velho de 70 anos. Tudo nele estava de acordo com a aparente idade, mas era o seu bebê. Por algum estranho erro do destino. 

E a história gira em torno deste acontecimento bizarro, com várias cenas cômicas e completamenete surreais. O pai do Benjamin condiciona a própria mente a negar a realidade e enxergar o filho como um bebê, mesmo que ele claramente não fosse. Tenta vesti-lo como bebê, compra brinquedos de acordo com a idade que ele deveria ter... Poucos anos mais tarde o coloca no jardim de infância... Enfim... Ele estava perturbado e segue assim pelo resto da vida. 

O mais interessante nesta história curtinha é o processo inverso de crescimento do protagonista. Em vez de crescer como qualquer criança, nascendo bebê e ir amadurecendo até atingir a velhice, o Benjamin começa do avesso. Ele nasce idoso e com o passar dos anos vai se tornando jovem, decrescendo. Quanto mais o tempo passa mais jovem ele fica, o que acabará por também se tornar um problema a longo prazo. 

Eu gostei da história, é divertida em alguns momentos e em outros até nos faz refletir sobre juventude, velhice e relações familiares. Confesso que o final me deixou triste, que mesmo que já esperasse por aquilo me entristeceu a forma como aconteceu. 

Foi minha primeira experiência com uma obra do autor e um bom início. Fiquei interessada em ler mais coisas dele. 
 

-> DLL 20: Um livro de autor ainda não lido


27 de agosto de 2020

Segredos - Ben 10 - Livro de História

 


Literatura Infantojuvenil
Título Original: Ben 10 The Alliance and Secrets
Tradutora: Sharon Antoniazzi
Editora: Fundamento
Edição de: 2011
Páginas: 52

45ª leitura de 2020 (43ª resenha do ano)

Sinopse: Chegou a hora da verdade para o Ben. O nosso herói finalmente vai enfrentar o poderoso Vilgax!

Após várias tentativas frustradas de roubar o Omnitrix, o vilão Vilgax resolveu vir até a Terra e está disposto a tudo para ficar com o "relógio" que guarda o DNA de dez heróis alienígenas megairados! É claro que isso vai terminar em briga - e o garoto conta com um aliado de peso nessa batalha contra o mal: o Vô Max. Isso aí! Parece que o avô do Ben não é apenas um simpático ex-encanador. Ele esconde alguns segredos de arrepiar! Será que os dois conseguirão impedir Vilgax de realizar seu plano de dominar o universo?



Na hora de escolher um livro com super-herói para o Desafio Literário Livreando 2020, pensei em ler a história da Mulher-Maravilha, heroína da qual gosto muito. Só que o livro era mais denso e eu queria uma história mais leve e rápida, o que me fez imediatamente lembrar do Ben 10, um menino herói de um desenho animado que eu assistia vários anos atrás (creio que no Sbt) e gostava muito. Sim! Sempre amei desenhos animados, embora faça muitos anos que não consiga acompanhar nenhum. :( Uma das muitas consequências da vida adulta.rs

Com este livro pude finalmente matar um pouco da saudade que sentia dos personagens e mergulhar numa intensa aventura contra o poderoso Vilgax, um vilão alienígena que vai causar muitos transtornos ao Ben e a população da Terra. 

Ben Tennyson era apenas um menino normal de dez anos de idade... até encontrar o Omnitrix, uma incrível arma contra o mal em forma de relógio de pulso. Tal "relógio" guarda em seu interior o DNA de 10 heróis alienígenas e quando acionado faz com que o menino se transforme em um deles, assuma sua forma e seus poderes. Assim, além de se divertir muito com tudo o que pode fazer com esse dispositivo e usá-lo para atormentar sua prima Gwen (risos), Ben também luta diariamente contra o mal, seja contra um vilão com super poderes ou criminosos comuns. Onde seja necessário, ele estará para defender a Terra e seu povo. Claro que ele também precisa estudar, fazer as tarefas de casa e brincar como qualquer criança. Bem como tirar férias com seu avô Max e a Gwen. 

E estamos justamente num período de férias quando o livro Segredos tem início. Ben vem tendo sonhos muito esquisitos (que podem perfeitamente serem considerados pesadelos), com um alienígena desconhecido que ameaça sua vida e jura que irá atrás dele. Nada com o que se preocupar, se não houvesse nenhuma chance do pesadelo virar realidade...

Acontece que o vilão dos seus pesadelos é o perigoso Vilgax, um alienígena muito poderoso que fará o que for preciso para colocar as mãos no Omnitrix e assumir o controle dos dez alienígenas ali guardados. Ele sonha em formar um exército, no qual tais heróis se tornarão vilões e destruirão a Terra. Cabe ao Ben, juntamente com seu avô e sua prima, tentar impedi-lo. 

É um livro que nos proporciona uma leitura bem rápida, cheia de ação e divertimento. Sempre me pego sorrindo com as piadas do Ben e a maneira como ao assumir a forma de cada um dos dez heróis, ele trata tudo como uma grande brincadeira. 

Neste livro, ele não agirá sozinho. Precisará muito da ajuda do seu avô Max, pois Vilgax é muito mais poderoso do que ele sequer poderia imaginar e seu avô esconde certos segredos sobre um misterioso encontro com este vilão no passado. Será que seu avô não é exatamente o que os netos sempre pensaram? Terá ele algum super poder? Que segredos será que ele esconde?!

Eu apreciei muitíssimo a leitura, estava com saudade de ler algo tão leve e fofinho e agora estou com uma vontade enorme de voltar a assistir a série! Meus planos para hoje! :)


-> DLL 20: Um livro de super-herói

26 de agosto de 2020

O Chalé de Moorland - Elizabeth Gaskell



 Literatura Inglesa
 Título Original: The Moorland Cottage
 Tradutora: Andrea Carvalho
 Editora: Pedrazul
 Edição de: 2016
 Páginas: 105
 
 44ª leitura de 2020 (42ª resenha do ano)
 
Sinopse: Ambientado nas charnecas inglesas, O Chalé de Moorland é a história dos pobres irmãos, Maggie e Edward Browne, e de Frank Buxton, um rico herdeiro de Combehurst. A gentil Maggie é devotada a Edward e o trata com todo amor, mas ele é arrogante e egoísta. Um romance comovente e encantador que vai emocionar o leitor. 




Desde que li Norte e Sul, eu me apaixonei pela escrita da Elizabeth Gaskell, me tornei fã incondicional de seu trabalho, pois ao escrever um romance social como aquele, ela deu voz a diversos trabalhadores e suas famílias, que laboravam em situações precárias, muitas vezes ficando tão seriamente doentes que tinham sua vida abreviada. Pessoas desesperadas para sustentar suas famílias, que tinham que assistir em agonia enquanto seus filhos choravam de fome, pois o "salário" não era suficiente nem para o mínimo. Por todas as emoções que aquele livro me provocou, eu não demorei a adquirir Mary Barton, romance que aparentemente segue a mesma essência de Norte e Sul

Eu cheguei a ler as primeiras páginas de Mary Barton, mas elas me causaram um impacto tão grande, uma emoção tão forte que decidi adiar a leitura para um momento mais tranquilo, quando eu poderia me dedicar por inteiro ao livro, que promete se tornar um dos meus preferidos da vida. 

Só que eu sentia uma falta tão grande da escrita da autora, de sua humanidade ao construir os personagens e suas histórias, que decidi ler O Chalé de Moorland, livro do qual eu ainda não tinha ouvido falar, mas cuja capa (sim, a capa!kkkk) me atraiu. Não posso dizer que é uma surpresa ter gostado tanto da história, pois já confio muito nas obras da autora e já imaginava que iria amar.rs

A história é bem simples, mas muito envolvente. Em suas poucas páginas, conhecemos a história da Maggie desde a sua infância ao lado de uma mãe que parecia incapaz de amá-la e um irmão mimado e egoísta, que sempre a tratava como escrava. Naquela casa, a única pessoa que se importava com ela era Nancy, a empregada que se dedicava à menina como se fosse sua filha e não compreendia como sua própria família a tratava tão mal. O pai de Maggie faleceu quando ela ainda era muito nova e com ele se foi todo afeto que a menina recebeu de um parente. 

Embora entristecesse profundamente o seu coração não ser amada pela mãe e vê-la dedicar todo carinho ao Edward, irmão de Maggie, ela tentava não permitir que a tristeza a impedisse de reconhecer as coisas belas da vida, como a natureza, o cantar de um pássaro, qualquer coisa que lhe desse prazer, ainda que em muitos momentos a mãe tentasse arrancar até mesmo isso dela. 

Um dia, aparece na casa de sua família um certo Sr. Buxton, grande amigo de seu falecido pai, disposto a zelar pelo futuro de Edward, a quem ele pretendia ajudar a obter um bom lugar no mundo, com ótimos estudos e apoio financeiro. Ao chegar enquanto a menina trabalhava para deixar os utensílios domésticos brilhando, o sr. Buxton acaba se encantando pelo seu jeito doce e decide fazer com que ela se torne amiga de sua sobrinha órfã, de quem ele era tutor. Assim, mesmo contra a verdadeira vontade da mãe de Maggie (que não podia se negar abertamente), a menina passa a frequentar a casa daquele senhor, se tornando grande amiga de Erminia e recebendo um afeto inesperado da esposa daquele senhor, quem ensina ao longo dos anos tudo o que ela precisaria saber para não se deixar manipular pelos interesses dos outros e fazer sempre o que fosse correto, mesmo que os outros a empurrassem para o que fosse errado. 

Mas... Não é só Erminia e a Sra. Buxton que Maggie conhece naquela casa. Ali também vivia Frank, único filho do casal, que primeiro se tornaria seu amigo e defensor e, não muito tempo mais tarde, o amor da sua vida. O homem em cujo amor ela acreditaria contra tudo e todos e que lhe daria forças para suportar todos os sofrimentos que sua família insistiria em lhe provocar ao longo da vida. 

"De hoje em diante, disse ele, tenho o direito de carregar seus fardos."

Sabe aquela história que te provoca um quentinho no coração? O Chalé de Moorland nos causa revolta em alguns momentos, raiva da mãe da Maggie, até mesmo ódio do Edward e de um outro personagem do qual não posso falar para não dar spoiler. Todavia, a Maggie é tão incrível, é uma personagem aparentemente frágil e incapaz de resistir aos desejos dos outros, mas que nos momentos mais importantes mostra uma força impressionante, que surpreende até mesmo aqueles acostumados a vê-la como serva, como escrava e não como um membro da família, não como filha ou irmã. Eu me apaixonei por esta protagonista, por sua bondade e determinação, por sua fé inabalável em Deus e no homem a quem ela amava. Por seu amor pela vida e por não se deixar destruir nem mesmo quando tudo parecia perdido. Eu queria ter nem que fosse metade da força desta personagem!

Nesta obra, a autora mais uma vez aborda o lado "ruim" das relações humanas. Em Norte e Sul vemos isso entre trabalhadores e seus patrões. Aqui vemos dentro do próprio lar da protagonista. A autora mostra o lado nocivo de uma família, o quanto as pessoas que mais deveriam nos proteger e amar podem ser justamente aquelas que mais danos causarão. Como não permitir que tais pessoas nos afetem, quando os laços familiares nos prendem à elas? E como pode uma mãe e um irmão usar e machucar com tanta intenção e egoísmo?! Existiram cenas nas quais a mãe da Maggie deliberadamente tentava fazê-la ficar tristeza, roubar seus sorrisos, sua alegria. É duro ler sobre tais momentos. A vontade que eu sentia era de entrar no livro e agredir aquela mulher!

E o romance entre Maggie e Frank? Embora seja lindo, tudo o que ela precisava para se libertar da família destrutiva, não é o foco do livro. A história é curtinha, pode ser considerada uma novela, e trata muito mais da Maggie, da vida dela, do que do romance entre os dois. Mesmo assim, eu amei essa relação! Frank é um personagem maravilhoso também, ainda que não tenha recebido o mesmo destaque que a protagonista. 

"Eu não estou com medo; Deus estará conosco, se vivermos ou se morrermos!"

O capítulo final me deixou com o coração acelerado e foi o que me fez dar ao livro definitivamene 5 estrelas. Que capítulo angustiante!!! Triste e lindo. Doloroso e mágico. Eu não sabia se sorria ou chorava. Alguns momentos eram dignos de sorrisos de alívio e alegria, e outros eram dignos de lágrimas. 

Se recomendo o livro?! É claro que sim!!! Sinto imensa vontade de ler tudo o que a Elizabeth Gaskell escreveu! Vai ser um dos meus projetos! 



-> DLL 20: Um livro de autor inglês

6 de agosto de 2020

Fábulas Chinesas (Vários autores)


                                       

Literatura Chinesa
Organização e tradução: Sérgio Capparelli e Márcia Schmaltz
Editora: L&PM Pocket
Edição de: 2012
Páginas: 67

42ª leitura de 2020 (41ª resenha do ano)

Sinopse: O fabuloso mundo das fábulas

A fábula é um dos tesouros dos primórdios da humanidade. Gênero literário popular, tem origem em histórias transmitidas oralmente, de geração a geração – até que um ou mais escritores decidem registrá-las e dar-lhes uma forma definitiva. O presente livro reúne fábulas de diversos períodos da civilização chinesa – as mais antigas datando de antes da Era Cristã. São histórias de vários estilos, registradas por diversos autores que eram também poetas, mandarins, historiadores, sábios em geral, nas quais se evidenciam traços da cultura da China e uma sabedoria popular milenar. Para ilustrar esse mundo fabuloso, foi escolhida a arte do papel recortado, ou jianzhi. Muito comum na China e datando de dois mil anos atrás, esse tipo de ilustração tem, como a fábula, raízes na arte popular. Consiste em papel fino, geralmente de seda e de uma só cor, no qual, com muito esmero, são feitos pequenos e delicados recortes com tesoura, criando, assim, imagens que no mais das vezes representam cenas cotidianas ou animais.



Quanto tempo fazia que eu não lia uma fábula???!!! A verdade é que eu não sei.rs Acredito que a última vez foi ainda no colégio, então faz bastante tempo mesmo! O bom é que através deste livro, Fábulas Chinesas, eu pude ler, num só dia, exatas 35 fábulas! 

Como o título já diz, o livro reúne fábulas de diversos autores chineses, muitas delas datando de antes de Cristo. São histórias bem curtas que no final acabam por nos provocar um sorriso e nos fazem refletir sobre a sabedoria contida na maioria delas. Algumas me fizeram ficar pensando por um longo tempo, imaginando como textos escritos tantos e tantos séculos atrás ainda conseguem ser tão atuais...

Não sei dizer de qual delas gostei mais. Mas vou falar brevemente das minhas preferidas...rs

O pássaro de nove cabeças traz a história de um pássaro (obviamente, Luna!kkkkk) que não conseguia se alimentar, pois suas nove cabeças ficavam brigando violentamente sempre que ele tentava comer. Elas não conseguiam compreender, como um pássaro marinho bem ressaltará depois, que não importava por qual das bocas o alimento entraria, pois a barriga era a mesma.

Em O macaco dourado que comia cérebro de tigre, temos um macaco muito esperto, que sabia exatamente o que fazer para conseguir o que desejava. Assim sendo, ele resolve fazer amizade com um tigre conhecido como um animal feroz. O tigre aceita docemente o amigo inesperado, mas não percebe que por trás de tudo aquilo existia um interesse monstruoso. É uma fábula que nos faz refletir sobre quem permitimos que fique ao nosso redor. Muitas vezes damos a nossa amizade para alguém que pretende nos destruir, nos apunhalar pelas costas. Que nos manipula até conseguir tirar tudo de nós. Sabemos que existem pessoas assim, tóxicas. 

O lobo de Zhongshan traz uma moral bem parecida com a da fábula acima. Nela temos um lobo que acaba sendo ferido e mesmo assim tenta fugir de seu agressor. No caminho, encontra um senhor muito bondoso e implora por sua ajuda. O velhinho não se importa com os riscos de ajudar um animal tão perigoso e decide escondê-lo. Mas... quando o lobo vê que a ameaça cessou, resolve se voltar contra aquele que salvou sua vida, decidindo que vai se alimentar dele. E não só isso! O lobo ainda diz para o senhor que pessoas tão ingênuas como ele tinham nascido justamente para serem devoradas. Não vou dizer como a historinha termina, mas aqui refletimos sobre as situações nas quais ajudamos alguém sem esperar algo em troca e aquela pessoa zomba da ajuda que prestamos e ainda tenta nos arruinar. Claro que a maioria das pessoas não é traiçoeira assim, mas temos sim que tomar cuidado para não acabarmos "devorados". 

Eu também apreciei muito a fábula A raposa e o tigre (as raposas são sempre espertas!rsrs) e o Gato vegetariano. Todas as que mencionei aqui são as minhas preferidas. Não seria possível falar de todas as 35 fábulas, por isso resolvi falar apenas destas. 

O livro é rapidinho de ler (não levei nem uma hora) e ótimo para um momento no qual queremos mergulhar em histórias leves, depois de termos lido algo pesado, que nos desgastou emocionalmente. 


-> DLL 20: Um livro de fábulas ou lendas


2 de agosto de 2020

Para Sempre - Kim e Krickitt Carpenter



Literatura norte-americana
Título Original: The vow
Tradutor: Ivar Panazzolo Júnior
Editora: Novo Conceito
Edição de: 2012
Páginas: 144

41ª leitura de 2020 (40ª resenha do ano) 

Sinopse: A vida que Kim e Krickitt Carpenter conheciam mudou completamente no dia 24 de novembro de 1993, dois meses após o seu casamento, quando a traseira do seu carro foi atingida por uma caminhonete que transitava em alta velocidade. Um ferimento sério na cabeça deixou Krickitt em coma por várias semanas. Quando finalmente despertou, parte da sua memória estava comprometida e ela não conseguia se lembrar de seu marido. Ela não fazia a menor ideia de quem ele era. Essencialmente, a "Krickitt" com quem Kim havia se casado morreu no acidente, e naquele momento ele precisava reconquistar a mulher que amava. Para sempre é uma história verdadeira sobre a reconstrução de um casamento depois de um evento traumático que poderia ter feito a maioria das outras pessoas desistir, mas que para eles foi a chance de um novo começo.




Quem olhando para esta capa não se lembra do filme?! A história da moça que ficou com amnésia após sofrer um acidente de carro e que não se lembrava mais que era casada conquistou milhares de fãs logo após seu lançamento. Um filme que eu assistia muito no passado. E que me encantava! Todo o amor do mocinho, seu sofrimento e sua dedicação em reconquistar aquela que tanto o tinha amado... E foi justamente por amar muito o filme que acabei adquirindo o livro, que contaria a história real de Kim e Krickitt Carpenter, que tiveram suas vidas profundamente modificadas após um sério acidente de carro. 

Eu tenho o livro desde 2012 e só agora em julho realizei a leitura.rsrs Não me perguntem os motivos para ter levado oito anos para ler a história, pois nem eu sei explicar!kkkkkk O importante é que finalmente li. 

Kim e Krickitt nunca imaginaram que se conheceriam, muito menos daquela maneira. Através de um telefonema. Para uma loja de produtos esportivos. Kim era técnico de beisebol de uma universidade e estava precisando de uma jaqueta nova, então telefonou para encomendá-la. Krickitt era atendente na referida loja e a conversa que tudo tinha de profissional acabou por encantá-lo. A voz dela... simplesmente mexeu com ele. A partir daquele momento ele sentiu uma necessidade de sempre ligar para a loja, com as mais estúpidas desculpas, só para poder ouvir sua voz... conversar com ela. 

Não demorou para que eles percebessem que aquela situação não poderia continuar. Estava na hora de trocarem os números de telefones pessoais e pararem de fingir que só queriam falar de produtos esportivos. As conversas foram se tornando mais íntimas, não desejavam desligar mesmo depois de horas conversando e o próximo passo seria conhecerem-se pessoalmente. 

Mesmo com a distância e as dificuldades para se verem, o relacionamento prosseguiu, tornando-se cada vez mai sério. Até que eles perceberam que precisavam se casar. Dar o passo que tanto desejavam, já que se amavam e acreditavam que Deus os tinha unido. E, no dia 18 de setembro de 1993, o casamento finalmente aconteceu, um dia que ficaria para sempre na memória de quase todos ali presentes, felizes por aquele casal tão jovem e tão apaixonado. 
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