Adaptação de Augusto Pessôa
Editora: Rocco
Edição de: 2015
Páginas: 96
47ª leitura de 2020 (45ª resenha do ano)
Sinopse: Os contos nórdicos são hstórias compartilhadas pelos povos germânicos que habitaram a Escandinávia, sobretudo a Islândia. Uma cultura transmitida oralmente, como toda cultura popular, de geração para geração. Essas narrativas chegaram até nós por meio de textos medievais escritos durante e após o processo cristianização da região. E, como acontece com toda cultura popular, são textos vivos, em permanente transformação, de acordo com as necessidades de cada sociedade.Com humor e perspicácia, Augusto Pessôa pesquisou e adaptou oito contos nórdicos, carregados de simbolismo e arquétipos que os tornam universais.
Por estar lendo um livro que tem me provocado muita angústia (Capitães da Areia, do Jorge Amado), eu não consegui começar a ler o livro planejado para um dos temas deste mês do Desafio Literário Livreando 2020. Então, escolhi esta pequena coletânea de contos nórdicos bem no último momento, por acreditar que era algo leve, que leria rapidinho e que traria um certo alívio em meio a uma leitura que é densa e está acabando com o meu emocional.rs
E este livro é realmente muito leve, trazendo histórias simples e encantadoras, bem o que eu precisava para aquecer um pouco meu coração.
Aqui temos oito contos, cada um mais envolvente que o outro. No primeiro, A boa mulher, conhecemos a história de um casal que vivia numa fazenda distante e que economizava para quando tivesse filhos. Eles eram muito felizes e em tudo a esposa era bondosa com o marido. Um dia, o marido resolveu vender uma das vacas e caminhou um longo tempo atrás de alguém que aceitasse comprá-la, mas não teve êxito, ninguém queria pagar pela vaca. Ao retornar, encontrou um homem com um cavalo e sugeriu uma troca, o que foi aceito. Então, ele seguiu adiante com o cavalo e a vaca passou a pertencer ao outro. Todavia, ao longo do caminho outras trocas de animais são feitas até o desfecho da história, que eu achei incrível. Gostei bastante deste conto.
O segundo, Os sete potros, é ainda melhor que o primeiro. Nele temos um casal muito pobre que criara três filhos com bastante dificuldades. Um dia, o mais velho decide que vai sair pelo mundo em busca do próprio destino, mas não é bem-sucedido, pelo contrário, retorna ferido e disposto a nunca mais colocar os pés para fora de casa. O segundo resolve tentar a sorte e acaba encontrando os mesmos problemas que o irmão. Então, o caçula decide buscar emprego no mesmo local que seus irmãos e passar no desafio que eles não conseguiram. Os dois zombam, acreditando que ele também voltaria traumatizado. Simplesmente amei este conto! O segredo estava em fazer as coisas da maneira correta, sem enganar alguém que depositara a confiança em você.
Não irei falar de todos os contos para não acabar tirando a graça de quem vai ler.rsrs O conto A raposa e o urso, por exemplo, dispensa comentários. Sabemos que as raposas, em todas as histórias, são sempre muito espertas e neste conto aqui não é diferente.
O quarto conto é muito divertido e um dos meus preferidos. Florisbela e Bela Flor traz a história de uma rainha que queria muito ser mãe e suspirava de tristeza por não ter filhos. Até que a mulher do jardineiro lhe entregou uma semente, que ela deveria plantar seguindo várias instruções e uma delas era regar apenas com a mão direita, caso contrário ela iria acabar se arrependendo. Mas a rainha se esqueceu dessa regra e regou tanto com a mão direita quanto com a esquerda. Surgiu uma árvore e, tempos depois, da árvore nasceram duas meninas, uma linda e adorável e a outra desgrenhada e rebelde. A adorável ela chamou de Bela Flor e a rebelde de Florisbela. É um conto que nos surpreende, pois não imaginamos como a história iria se desenrolar e eu amei o que aconteceu!
O conto O Resmungão traz uma história hilária e tão envolvente quanto as outras, até mais na verdade. Nele temos cinco mulheres que queriam muito ter filhos e um dia encontraram um ovo enorme, do tamanho de um homem. Cada uma quis o ovo para si e brigaram até decidir que todas ficariam com ele. E se revezavam para chocá-lo.rs Até que num determinado dia saiu uma voz de dentro do ovo, pedindo comida. A mulher terminou de abrir o ovo e dele saiu uma "criança".... Bem, não exatamente uma criança, mas um homem com rosto de menino. As mães fizeram de tudo para alimentá-lo, mas o "menino" nunca estava satisfeito, estava sempre pedindo mais comida e elas não tinham condições de sustentá-lo. Então, o mandaram embora. E o homem-menino foi. Não digo mais nada, pois vale a pena conhecer o final por conta própria.rs
Não existe nenhum conto neste livro do qual eu não tenha gostado, o que me surpreendeu, porque é raro apreciarmos todos os contos presentes numa coletânea. São ótimos para serem lidos em qualquer idade, pois divertem e encantam. Eu me senti bem mais leve, tranquila, depois de lê-los. Foi realmente uma ótima escolha!
-> DLL 20: Um livro de sua cor preferida (minha cor preferida é azul)