(Título Original: Master of the Games
Tradutor: A.B. Pinheiro de Lemos
Editora: Record
Versão de: 2011)
1º Livro da Saga da Família Blackwell
Kate Blackwell é símbolo do sucesso, uma linda mulher que transformou sua herança em império internacional – uma personalidade misteriosa, envolta por milhares de perguntas sem respostas. Detentora de uma posição de destaque entre os poderosos ela é uma sobrevivente, assim como foi seu incansável pai, que arriscou a própria vida para extrair uma fortuna em diamantes da inóspita África do Sul.
Agora, ao comemorar 90 anos, Kate analisa a família que manipulou, dominou e amou: o belo e o grotesco, a serenidade e a loucura, a bondade e a maldade – todas as suas conquistas ao longo da vida. E na extravagante celebração, os fantasmas de Kate a rondam, fantasmas de amigos e inimigos. Lembranças de uma vida de chantagens e assassinatos. Fantasmas de um império fundamentado em pura ambição.
O Reverso da Medalha é um implacável jogo pelo poder, e Kate só joga para ganhar. O mestre Sidney Sheldon constrói mais uma saga emocionante, marcada pelo mesmo estilo que cativou milhões de leitores em todo o mundo e fez dele o mais popular escritor norte-americano.
Palavras de uma leitora...
- ATENÇÃO! Há a possibilidade desta resenha conter spoiler. Se você ainda não leu este livro e não quer saber absolutamente nada de importante sobre a história, NÃO leia esta resenha! Não estou afirmando que terá spoiler, pois não faço a menor ideia do que escreverei (risos), mas há a possibilidade. Por isso, por precaução, NÃO LEIA ESTA RESENHA!!!!
"Não me sinto com 90 anos, pensou Kate Blackwell. Para onde foram todos os anos? Ela ficou observando os fantasmas que dançavam. Eles sabem. Estavam presentes. Foram uma parte desses anos, uma parte da minha vida."
- É impressionante até onde a ganância, a sede por poder e controle pode levar uma pessoa. Não é surpreendente, apenas impressionante. E o quanto o ódio, a inveja e o desejo por uma vingança sem sentido, podem ser destruidores. Mas nada me surpreendeu nesta história. Não só por eu ter lido A Senhora do Jogo e já conhecer bem a família Blackwell... mas também porque a natureza humana não pode mais me surpreender. Desde o início dos tempos que o ser humano é capaz das piores coisas. Com estranhos ou pessoas do seu próprio sangue.
- Kate Blackwell, a poderosa dona da Kruger-Brent, um conglomerado que possuía o mundo, está completando 90 anos. Em seu aniversário, ela é invadida pelas lembranças... lembranças de histórias que ouviu sobre o pai que não conheceu, lembranças de épocas boas e tudo que ela teve que fazer para conseguir manter a Kuger-Brent. Tudo que foi preciso fazer. Pessoas que fizeram parte da sua vida e já não estavam mais dançavam em sua festa... Os fantasmas se misturando com os vivos. Teria valido a pena? Todos os sacrifícios? Todas as escolhas e sentimentos dos quais ela teve que abrir mão pela Kruger- Brent? Todas as vidas que se perderam para que o que seu pai construiu, se mantivesse vivo e próspero? Ao olhar para trás e pensando racionalmente, Kate diria que sim. Mas bem lá no fundo, ela ainda lamentava pelas pessoas que perdeu. Pelas pessoas que destruiu. Pessoas que confiaram nela. Pessoas que ela não amou o suficiente para proteger. Kate vivia pela Kruger-Brent. Sempre viveu. E por essa empresa e suas vontades, destruiu a vida daqueles que mais a amaram nesta vida. Mas a Kruger-Brent sobreviveu aos anos, à guerra... E era isso que realmente importava.
"O jantar e o baile estavam agora encerrados, os convidados haviam se retirado e Kate estava a sós com seus fantasmas. Sentou-se na biblioteca, resvalando para o passado. Sentiu-se de repente deprimida. Não restou ninguém para me chamar de Kate, pensou ela. Todos já se foram. O mundo dela encolhera. Não fora Longfellow quem dissera que "as folhas da memória produzem um farfalhar de lamento no escuro?" Ela estaria em breve entrando no escuro, mas não por enquanto. Ainda tenho que fazer a coisa mais importante da minha vida."
- Ao olhar para o passado da Kate, tudo que posso sentir por ela é pena. Nada mais. Nem ódio nem amor. Somente pena. Mas não é por ela que eu mais lamento. Não. Lamento profundamente pelas pessoas que tiveram a infelicidade de cair em seu caminho.
- Jamie McGregor, pai de Kate, havia sido um sonhador. Um sonhador que não apenas sonhou, mas que lutou pelos seus sonhos e mesmo com todas as dificuldades e quantidade de vezes nas quais esteve de frente com a morte, venceu. Conseguiu realizar seus sonhos e construir um império capaz de fazê-lo ter o que desejasse. Ele jogou sujo como um dia jogaram com ele. Ele se vingou. Fez aqueles que se aproveitaram do jovem de 18 anos e que planejaram sua morte, pagarem. Ele sentiu o sabor da vingança e conseguiu mais do que poderia imaginar... mas ainda em vida ele percebeu que não tinha valido a pena. Tinha dado seu sangue por aquele império, tinha passado fome e sede, mas depois de conseguir construí-lo, ele percebeu que faltava algo. Algo que ele tinha perdido no meio do caminho: o amor. A capacidade de amar. Nada do jovem de 18 anos restava nele. Nada. O rapaz que tanto tinha acreditado nas pessoas e na bondade delas, estava morto. Por mais que tentasse, ele não conseguia mais amar. A única pessoa que conseguiu preencher um pouco do vazio que existia dentro dele foi seu filho. O bebê que ele outrora tinha rejeitado tão cruelmente. O bebê que ele sequer quis conhecer. Quando é forçado pela mãe da criança a conhecer o filho, a tê-lo debaixo do seu teto, algo desperta dentro de Jamie. Não imediatamente. Demora ainda. É preciso ele ouvir o choro do bebê, é preciso ele deixar o filho segurar o seu dedo e vê-lo sorrir para ele, corajosamente, para que Jamie perceba. Perceba que aquela criança é sua carne e seu sangue. Que aquela criança precisa dele. Depende dele. E assim, aquele vazio tão doloroso é preenchido. Ao menos em parte. E é justamente esse filho que se torna sua perdição. O amor... Que poder tem o amor, não é mesmo?! Um poder inexplicável. Ele tanto pode te dar motivos para viver, te fazer recomeçar e ser feliz... quanto pode te destruir. Literalmente. O amor que despertou dentro dele... Aquela necessidade de proteger o filho, os sorrisos dele ao longo dos anos, todas as vezes que ele o chamava de papai e os planos e passeios que faziam juntos... A simples existência daquele bebê... acabam significando o fim de Jamie McGregor. As minas não conseguiram matá-lo, nenhum animal selvagem que cruzou o seu caminho, nem a terrível surra encomendada para matá-lo, nem mesmo aquele deserto cruel. Nada. Mas o amor que ele sentia pelo filho, sim. Aquele amor o matou.
- Após a chegada do filho em sua vida, Jamie viveu sete ótimos anos. Anos felizes, preenchidos pela presença do filho. Não se importava com o fato de fazer cada dia da esposa ser um inferno. Não se importava com o fato de suas traições serem como facas destruindo-a por dentro. Só amava aquela criança. Não era capaz de amar a mulher que ele enganou e usou sem piedade. A menina de 17 anos que ele fez com que se apaixonasse por ele, por uma vingança que nada tinha a ver com ela. Ao olhar para ela, Jamie sentia-se indiferente. Ela era necessária somente para o seu filho, mas era dispensável para ele. E ele a traiu durante todos aqueles anos. Anos nos quais Margaret sofreu calada, ainda acreditando que poderia invadir o coração do marido e fazê-lo sentir ao menos um pouco de carinho por ela. Ela passou anos se iludindo... anos desperdiçando a própria vida. Mas se necessário fosse, teria feito tudo de novo. Pois se Jamie não era capaz nem de amar a si mesmo, ela era capaz de amá-lo pelos dois. E sempre estaria ao seu lado.
- Quando o filho desses personagens tão marcantes (para mim eles são muito mais interessantes do que a Kate) desaparece, o mundo deles vai ao chão. Num instante tudo estava bem. No instante seguinte o filho deles estava desaparecido. E pouco tempo depois, a filha deles, de poucos meses, também desaparece. Jamie sente-se gelar. Margaret se tranca no quarto, recusando-se a falar com os outros ou a abrir os olhos. Era tudo um pesadelo e se ela se mantivesse de olhos fechados, poderia continuar acreditando nisso. Podia ter a ilusão de que seu filho segurava em suas mãos e dizia que estava tudo bem. Ele não estava desaparecido. Não estava sofrendo. Não estava morto. Tudo menos isso. Ela não poderia suportar. Jamie também não poderia suportar que seu filho tão pequeno e tão bom estivesse passando por coisas terríveis nas mãos de pessoas que queriam se vingar de Jamie. Que sequestrassem ele! Que o fizessem sofrer até a morte, mas poupassem o seu filho! Só que as coisas... elas simplesmente nem sempre podem ser como nós desejamos.
- Receber a notícia da morte de seu filho, provoca um choque terrível em Jamie. Nunca mais ele ouviria a risada daquela criança que tanto o idolatrava. Nunca mais o ouviria chamá-lo de papai. Estava morto. E tinha sofrido uma morte terrível. Por sua culpa. O derrame foi inevitável. A dor acabou com todas as defesas de Jamie. Com toda a sua capacidade de sempre continuar lutando. Ele desiste de lutar e sofre um derrame muito sério, vindo a morrer um ano depois.
- Margaret, que consegue recuperar ao menos a filhinha de poucos meses com a ajuda de um antigo amigo, passa todo aquele ano cuidando da filha e do marido. Ela não quis enfermeira. Não quis ajuda de ninguém. Ao menos daquela vez, ao menos durante aqueles meses, seria dela que Jamie precisaria. Seria ela que cuidaria de todas as suas necessidades. Até o fim. Ela o amava e cuidar dele pessoalmente fazia a dor diminuir. Jamie morreu ao seu lado. Sem nunca ter recuperado a fala. Sem nunca ter recuperado um só movimento. Era um vegetal. Mas era o amor da sua vida.
- Margaret passou os anos seguintes dedicando-se de corpo e alma à filha e a empresa que seu marido tanto tinha lutado para construir. Ela viveu por eles e quando sua filha completou 18 anos, ela também partiu. Estava preparada para se juntar ao Jamie. Sempre esteve. Desde o dia em que acordou e descobriu que ele estava morto ao seu lado. Desde aquele dia ela ansiava por partir, pois por mais infantil ou estúpido que pudesse parecer, ela sentia a necessidade de saber que ele estava bem, estava sendo bem cuidado. E queria continuar cuidando dele para sempre.
- Após o enterro da mãe, Kate percebe, pela primeira vez na vida, que todos se foram. Que ela está sozinha. O medo não deixa de tentar derrubá-la, mas ela se volta ainda com mais intensidade para o David. O amigo de seu pai, seu braço direito, que tinha acompanhado o seu crescimento e por quem ela era apaixonada desde pequena. Kate então decide que fará duas coisas em sua vida: fará a Kruger-Brent dominar o mundo e conseguirá David para si. De qualquer maneira. E se preciso fosse jogar sujo para isso e destruir a felicidade de outras pessoas, ela assim o faria. Perder nunca foi uma possibilidade. Ela era uma vencedora. A senhora do jogo. Nunca perderia.
" - O tempo é como areia numa ampulheta. Escorre rapidamente."
- Eu poderia contar toda a história aqui, mas não acho justo. Nem necessário. É uma história que vale a pena ler? Com certeza e por isso mesmo não darei spoiler sobre tudo. Quando resenhei o livro A Senhora do Jogo (continuação de O Reverso da Medalha) dei bastante spoiler, pelo que lembro. Mas, primeiro: eu precisava desabafar.rsrs... Segundo: achei o livro tão forte, mas tão forte e cruel que achei que vocês mereciam saber o que exatamente os aguardava. Deixei que vocês escolhessem se leriam o spoiler ou não. Mas no caso de O Reverso da Medalha, só dei spoiler sobre Jamie e Margaret. Personagens que me marcaram muito mais do que qualquer outro personagem dessa história. Como diz o seguinte trecho do livro: "Se. Uma palavra de duas letras, sinônimo de inutilidade. O futuro era argila, a ser moldado dia a dia, mas o passado era um leito rochoso, imutável." Mesmo que a palavra "se" seja inútil, na maioria das vezes, não deixei de lamentar pelo que poderia ter sido. Se o pai de Margaret não tivesse agido de forma tão monstruosa com o Jamie e destruído aquele rapaz tão alegre e sonhador, cheio de esperanças e confiança na humanidade, ele e Margaret poderiam ter sido felizes. Não canso de rever na minha mente o primeiro encontro deles, quando ela só tinha 16 anos, se não me engano. A forma como eles se olharam e a promessa de um lindo futuro que existia ali. O pai de Margaret destruiu esse futuro. E isso me encheu de tristeza. Quando retorna, um ano depois, tudo que Jamie deseja é usar Margaret para sua vingança. E ele não se vinga só do pai dela, mas dela também. Uma vingança terrível que causou uma dorzinha em mim também. Que foi dolorosa demais para mim. Margaret nunca mereceu aquilo, mas Jamie estava insensível. Tinha se transformado num homem frio e capaz de ser cruel quando assim o desejava. Ver todos aqueles anos se passarem sem que ele volte atrás, sem que ele lhe peça perdão e tente fazê-la feliz, é bem amargo. Eu me peguei com os olhos cheios de lágrimas pelos dois. E esse amor incondicional que Margaret sentia por ele me causava vontade de sacudi-la e também muita admiração. Eu jamais seria capaz de amar como Margaret o amou. Todos os seus anos de vida, depois de conhecê-lo, foram vividos por ele e pelos frutos daquele amor e ódio que os unia. Quando sua filha esteve pronta para se virar sozinha, ela partiu. Para ir ao encontro dele. Me alegra acreditar que ao menos depois da morte eles puderam se entender. Que puderam estar realmente juntos. Será que é ilusão demais?rsrs... Mas me pergunto quantas vezes, se os mortos realmente puderem nos ver de onde quer que eles estejam, eles devem ter chorado ao olhar para a Kate. Para a filha deles. Para as coisas que ela fez. E para os frutos dela. Acho que Jamie nunca teria construído a Kruger-Brent se soubesse o que o futuro reservava para aqueles que faziam ou fariam parte daquela família...
- A história O Reverso da Medalha não fala só sobre Jamie e Margaret. Não. Fala de muito mais. Só para vocês terem uma ideia esse livro tem 590 páginas. O autor fala de Jamie e Margaret da página 19 até a 195, só. Depois nós conhecemos a história de outras pessoas. Tudo que a Kate vive e que eu não vou contar e tudo que as pessoas que surgem em seu caminho passam por causa dela. Tudo que a família Blackwell conseguiu construir ou destruir. É uma história que eu não diria que não vale a pena ler. Quem conhece as histórias do SS sabe que sempre vale a pena ler seus livros. E esse livro nem é tão cruel como sua continuação.
"Todo o sofrimento do passado fora a troco de nada? Não, pensou Kate. Não vou permitir que termine assim. Nem tudo foi desperdiçado. Construí uma dinastia orgulhosa. Um hospital em Cape Town tem o meu nome. Construí escolas e bibliotecas, ajudei o povo de Banda. A cabeça de Kate começava a doer. A sala ia se enchendo lentamente de fantasmas. Jamie McGregor e Margaret, muito bonita, Banda a lhe sorrir. E o querido e maravilhoso David, de braços estendidos. Kate sacudiu a cabeça para desanuviá-la. Ainda não estava pronta. Em breve, pensou ela. Muito em breve."
- Já mencionei que não gosto da Kate? Não a odeio, mas não gosto dela. É verdade que sinto pena dela, mas jamais gostaria de encontrar em meu caminho alguém como ela. Não é uma protagonista capaz de despertar o nosso carinho, o nosso amor. Sabe aquela pessoa que te destrói com um sorriso doce no rosto e palavras suaves? Te destrói sem que você sequer possa perceber de onde surgiu o golpe fatal? Kate é exatamente assim. Ela acaba com você jurando que tudo que fez foi para o seu bem. E o pior é que ela realmente acredita nisso. É doida. Na minha opinião, essa mulher é doente.
- É isso, gente. Recomendo a história? Se você for um fã do autor, recomendo sim. Se não for, deixo que você leia por sua conta e risco.kkkkk.... Não será por recomendação minha. Dei cinco estrelas ao livro no skoob sem pensar duas vezes. Apesar de todas as coisas que existem nessa história e que me abalaram de uma forma ou de outra, é um livro digno de 5 estrelas e até de mais estrelas! Um dos melhores livros que eu já li do autor. Seu talento fica evidente nesta história. Ele consegue prender nossa atenção desde a primeira página e não conseguimos largar o livro até terminar a leitura. Eu não consegui.rsrs...
Bjs e até breve!