29 de novembro de 2021

Livros lidos e não resenhados - Novembro de 2021


Literatura Brasileira
Poesia
Editora: Outro Planeta
Edição de: 2018
Páginas: 203 (Kindle Unlimited)

32ª leitura de 2021

Sinopse: Poeta com mais de 1 milhão de seguidores nas redes sociais

Antes de mais nada eu gostaria de pedir licença ao seu coração, pois sinto que a relação que vamos criar a partir de agora é muito forte. Eu escrevi neste livro as poesias sobre os lugares mais íntimos em mim, aqueles lugares que são tão profundos que até eu mesmo só consigo visitar às vezes... Estou me apresentando para você como sou, sem rosto, sem voz e sem cheiro. Apenas ideias. E tudo o que sou são ideias.

Neste momento, uma voz está lendo estas palavras em sua cabeça, dentro da sua imaginação, e já não é mais a minha voz, eu não sei como ela é, mas espero que seja doce e suave. Seus pensamentos estão dançando com os meus, e já não sei mais onde eu termino e você começa, e esta é a relação mais íntima que eu já tive com alguém. Obrigado por estar aqui.




Li este livro por acaso. Apenas busquei um livro de poesia para descansar um pouco a mente das leituras densas e dos problemas e Eu tenho sérios poemas mentais apareceu na minha busca na Amazon, como disponível no Kindle Unlimited. Resolvi arriscar... e foi uma excelente decisão!

A escrita do autor é extremamente íntima, próxima do leitor. Suas palavras conversam com nosso íntimo, com nossas emoções mais pessoais, os sentimentos que muitas vezes escondemos dos outros e de nós mesmos. Como sofro de ansiedade generalizada, me identifiquei demais com a maioria dos textos. Era como se meu próprio ser gritasse através das palavras dele. Foi uma experiência arrebatadora e já quero ler tudo o que esse poeta maravilhoso escrever!

"Quando tenho vontade de fugir,
Deito só e fico horas olhando para o teto
Sinto que vou desaparecendo aos poucos
Até sumir.
Às vezes, eu deixo de existir
Para conseguir sobreviver."







Literatura Brasileira
Conto
Edição de: 2021
Páginas: 54 (e-book)

34ª leitura de 2021

Sinopse: Tudo que ela deseja é um clichê para chamar de seu.

Ciara O'Connor é uma simples secretária que desde criança é obcecada pelos livros de Shakespeare, por isso acredita fielmente que um dia irá encontrar um Romeu para chamar de seu. Após um encontro com um charmoso CEO italiano no trabalho, cujo nome é nada mais nada menos que Romeu, ela crê que finalmente encontrou o amor de sua vida.

Com um plano em mente ela aterrisa na Itália atrás de seu Romeu fujão, e irá enfrentar situações cômicas e dificuldades trágicas dignas de uma verdadeira peça de Shakespeariana em busca de seu final feliz. (Essa história foi anteriormente publicada na Antologia "Cada Um Tem O Clichê Que Merece".





Fazia tempo que eu queria ler algo da autora! Eu tenho algumas histórias dela no meu Kindle, mas por um motivo ou outro nunca encontrava tempo para lê-las. Até que resolvi adquirir este conto e dar uma chance... embora tenha a ver com Romeu e Julieta.rs

Quem acompanha meu blog provavelmente sabe que eu não sou muito fã de Shakespeare e que não gosto nem um pouco de Romeu e Julieta. Então, histórias inspiradas nesse clássico ou que são releituras do mesmo não costumam aparecer por aqui. Porém, deixei (um pouco) a minha implicância de lado e mergulhei na história... que se mostrou bastante agradável. 

Nela conhecemos Ciara, uma jovem apaixonada pelas peças de Shakespeare e que deseja viver um amor como o de Romeu e Julieta (mas sem o final trágico, claro). Num determinado dia, ela conhece um homem que a atrai imediatamente, ao ponto de considerá-lo o homem da sua vida, sua outra metade. Mas seu príncipe encantado mora na Itália e ela em Londres... como fazer com que tudo dê certo? Há ainda um pequeno detalhe: ele não lhe prometeu nada, nem sequer sabe que ela decidiu que irão ficar juntos para sempre. 

Ciara embarca numa aventura ao viajar para a Itália disposta a ir atrás do seu Romeu... e as coisas não acontecem exatamente como ela planejava já que ele não era um personagem de Shakespeare e não sabia como desempenhar tal papel.rs É uma história divertida, que segue um rumo diferente do esperado e que termina de um jeito que provoca um quentinho em nossos corações. Eu gostei muito. As referências à história de Shakespeare me incomodaram? Sim, porque não gosto da história, mas nem isso me impediu de curtir as loucuras de Ciara e o romance lindo que ela vive. 






Literatura Brasileira
Clássico
Editora: Edições Câmara
Edição de: 2018
Páginas: 363 (e-book)

35ª leitura de 2021

Sinopse: A série Prazer de Ler apresenta em seu novo volume a principal referência da estética realista-naturalista na literatura brasileira, a obra-prima de Aluísio Azevedo, O Cortiço. Ambição e exploração se misturam nessa envolvente e sombria história de uma habitação coletiva da capital do Segundo império. De um lado, a burguesia gananciosa e interesseira, disposta a tudo para enriquecer e subir na vida. De outro, personagens estereotipados, cheios de vícios e patologias, comparados a animais e movidos pelo instinto e pela fome. Todas as existências entrelaçadas e cruzadas em torno do cortiço de São Romão. Pela espetacular representação da vida cotidiana da cidade do Rio de Janeiro, esboçada com um colorido e com uma objetividade quase fotográficos, esta obra continua como um dos mais poderosos retratos da realidade brasileira. Um clássico da literatura nacional que, passado mais de um século de sua publicação, ainda tem o poder de emocionar e inquietar.




Há anos eu tentava ler este livro e nunca dava certo. Iniciei a leitura muitas vezes e sempre abandonava, não sentindo a mínima vontade de prosseguir. Até que soube que eu tinha direito de acesso ao Skeelo Audiobooks, um aplicativo no qual são disponibilizados audiobooks de livros, de diversos gêneros, um mais interessante do que o outro. 

Eu já tinha tentado "ler" em audiobooks antes, não O Cortiço, mas outros livros e acabava perdendo o interesse. Porém, eu gostei tanto do aplicativo Skeelo que resolvi dar uma chance ao primeiro capítulo de O Cortiço e a partir daí a leitura fluiu naturalmente. Gostei demais da experiência de ouvir uma história. Já coloquei outros livros na lista para "ler" neste formato.rsrs O importante é sempre ler, não importa se em livro físico, e-book ou audiobook. O que não posso é deixar de lado a literatura, que significa tanto na minha vida!

Tive inúmeros problemas com este grande clássico da nossa literatura. O livro me provocou uma confusão de sentimentos e decidi que não faria resenha da história, pois não me sentia preparada para colocar no "papel" tudo o que senti, os momentos de revolta com os personagens e com o próprio autor também... Não queria me desgastar muito emocionalmente, pois já bastava tudo o que passei durante a leitura. 

O que tornou esta história inesquecível para mim foi o seu final. Apesar de todos os altos e baixos ao longo da leitura, o final foi impactante, um verdadeiro soco no estômago da nossa sociedade sempre tão hipócrita. 



*Este tipo de post é dedicado aos livros que li em 2021 e por algum motivo não resenhei.


 

15 de novembro de 2021

Amante do Deserto - Carol Marinelli



Literatura Inglesa
Título Original: Bound by the sultan's baby
Tradutora: Maria Vianna
Editora: Harlequin
Edição de: 2018
Páginas: 198 (Kindle Unlimited)

33ª leitura de 2021 (25ª resenha do ano)

Sinopse: Uma consequência escandalosa! Uma noite com Gabi não foi o suficiente para satisfazer o sultão Alim al-Lehan, mas ele precisa deixá-la, pois o dever o chama de volta à sua terra natal. Com o passar dos meses, as memórias do caso proibido se tornam impossíveis de ignorar. A única saída é convencer Gabi de que o caso pode continuar nas areias do deserto. Alim não esperava a recusa furiosa dela, ainda mais depois de descobrir que Gabi teve um bebê... o seu bebê! Agora, precisa mantê-la em sua vida, mais do que nunca. Mas ele terá que decidir se aceita as condições de Gabi: o casamento!




Já estamos na metade de novembro... O ano está chegando ao fim... Este está sendo um ano bem difícil para mim e minha família, e para milhões de outras pessoas, claro. Muitas coisas ruins aconteceram... Perdas, doenças... Perdemos um familiar (meu avô materno) em agosto e ainda é muito difícil lidar com essa ausência, com essa tristeza. Minha gatinha que eu cuido como se fosse uma filha, como se tivesse nascido de mim, descobri em fevereiro que sofre de doença renal. Descobri quando ela entrou em crise e parecia que eu iria perdê-la. Foi um golpe muito forte para mim. Mas nós passamos juntas pelo pior e ao longo dos meses ela se manteve estável, com os exames mostrando melhoras... mas agora em novembro seus exames mostraram uma piora, o que me desestabilizou. É como se alguém me sacudisse e eu não parasse de balançar por dentro. Nem sei explicar o que senti ao ver os resultados e o que venho sentindo desde então. Convivo com o medo, com um medo horrível. E, como se não bastasse, o cachorro da minha irmã, que consideramos parte da nossa família também, caiu doente. É como se tudo estivesse acontecendo ao mesmo tempo. 

Encontro refúgio primeiramente em Deus e depois na leitura, que me salvou tantas e tantas vezes ao longo dos meus anos como leitora. Sem os livros eu não poderia escapar da realidade, ter momentos de alívio, de sorrisos, momentos para sonhar acordada e acreditar que tudo vai ficar bem. 

E hoje de madrugada, quando eu não conseguia dormir por nada no mundo, com tantas coisas na cabeça, resolvi que era hora de ler outro livro da Carol Marinelli, já que minha experiência com seus romances foi bem positiva até agora. Em poucas horas devorei o livro, rindo com os personagens, me estressando com algumas situações e relaxando, deixando de pensar na minha vida para pensar na de Alim e Gabi, que em Amante do Deserto vivem um romance proibido. 

Gabi era uma jovem de 24 anos que sempre foi apaixonada por casamentos. Ainda adolescente começou a trabalhar, tendo que largar os estudos para ajudar nas despesas de casa, sendo filha de uma mãe solo que nunca lhe contou quem era o homem que a engravidou e abandonou, e fazendo questão de sempre lembrar a filha de tudo o que teve que sacrificar por ela. Gabi não se ressentia (pelo menos, tentava não se ressentir) e amava demais a mãe, jurando para si mesma que não repetiria a mesma história. Que seria dona de seu próprio negócio, que realizaria os seus sonhos e seria um orgulho para a mãe. 

Conseguiu um emprego com uma importante organizadora de casamentos e seu talento e criatividade a mantiveram empregada, mas também explorada pela chefe que a deixava sozinha para enfrentar as pesadas obrigações de eventos luxuosos e desgastantes para depois ficar com todo o crédito pelo sucesso. Gabi aguentava tudo em silêncio, pois seus sonhos a sustentavam... ainda mais depois de conhecer Alim, ao realizar alguns eventos em seu hotel. 

Ela sabia que pertencia a uma realidade bem diferente da dele. Que só poderia sonhar com seus beijos, com seus abraços, com uma vida ao seu lado. Nunca poderia viver tais momentos. Mas se contentava em vê-lo passar, em cumprimentá-lo, em ouvi-lo falar com ela com gentileza... Até a noite em que ele a tirou para dançar, fazendo questão de dizer o quanto era perigoso e que tudo não passaria de uma noite. Apenas uma noite...

Alim passou dois anos tentando esconder de si mesmo os sentimentos que nutria por Gabi. Jamais poderia ter nada sério com ela, seu destino era se casar com uma mulher de seu país, que conhecesse as tradições, que seguisse as regras do seu povo. Todos os seus casos não duravam mais que uma noite e lutou muito para não cair em tentação e propor um momento com ela... Sabia que ela aceitaria. Percebia seus olhares, que gostava dele... Seria injusto arriscar, mas impossível continuar resistindo. 

Ao viverem uma noite inesquecível, Alim quis refazer os planos. Não suportaria deixá-la ir tão rápido. Queria lhe oferecer um emprego, que ela deixasse a chefe que a explorava e trabalhasse com mais liberdade, que fosse dele por um ano. Depois seguiriam com suas vidas. Cada um para um lado. Mas teriam aquele tempo para se amarem...

Porém, como nem tudo pode ser como desejamos, nem mesmo quando se tem muito dinheiro e poder... A manhã seguinte traz um duro golpe para Alim, que termina com Gabi sem nenhuma explicação e retorna ao seu país, sem saber que os momentos que viveram trariam uma pequena e linda consequência...

Quando Alim ressurge em sua vida, vários meses após partir seu coração de modo tão cruel, Gabi não está disposta a ceder, mesmo que todo o seu ser queira estar em seus braços, ouvir que ele nunca a esqueceu e que poderão formar uma família juntos. Mas a realidade é bem diferente e ela sabe que precisa ser forte para não condenar a si mesma e o seu pequeno bebê a um futuro de sofrimento e humilhações. Mas Alim não está disposto a perdê-la... ainda mais depois de descobrir que se tornou pai. Só não sabe como mantê-la ao seu lado sem violar as leis do seu povo... quando ela jamais seria aprovada como sua esposa e nunca aceitaria ser sua concubina. Dividido entre o dever e o amor, ele precisa fazer uma difícil escolha...

Como bons leitores de romances, acostumados com histórias assim, nós já sabemos qual será a escolha dele, certo?rs O que não significa que o tonto vai decidir rapidamente e o felizes para sempre virá fácil. Nada disso! A autora faz nosso coração sofrer um pouco antes de juntar de uma vez por todas seu casal e em alguns momentos eu senti muita raiva do mocinho e uma vontade de gritar para a mocinha deixar de ser estúpida e se impor! Quando ela finalmente o fez, eu já estava estressada, mas mesmo assim gostei bastante.rsrs E em nenhum momento odiei nenhum dos dois. Senti raiva, como eu disse, mas não ódio.kkkkk

Eu senti raiva do Alim por querer ter a Gabi em sua vida da "sua maneira", sem pensar no quanto aquilo a destruiria com o passar dos anos. Como seria uma vida de vergonha e humilhações não só para ela, mas também para a criança. Isso me provocou uma raiva enorme, pois o amor não combina com tanto egoísmo. Uma pessoa que realmente ama não pensa apenas em si mesmo, em seus desejos, mas também nos sonhos e felicidade da pessoa amada. E ele estava pensando apenas no seu próprio prazer. Teria uma vida pública, ao lado de uma esposa escolhida pelos anciãos e por seu pai (porque pela lei ele não poderia escolher a própria esposa) e Gabi e o bebê seriam seu segredo, jamais reconhecidos, como se não existissem, como se fossem nada para o mundo. Ela seria privada de ter um marido, uma família aos olhos da sociedade e estaria para sempre disponível para ele, como se sequer fosse uma pessoa, um ser humano! Eu senti tanta, mas tanta raiva! Só quando percebi que ele não suportaria fazer isso com ela e nem consigo mesmo foi que minha raiva começou a diminuir. Quando ele se desdobrou para encontrar uma solução que não transformasse aquele amor em dor. Algo que não o fizesse perdê-la para sempre...

Gostei muito desta história! Foi uma ótima escolha e já estou ansiosa para ler o primeiro livro da trilogia (li tudo fora de ordem). Ainda assim reconheço que mesmo sendo muito boa, não é arrebatadora como a história presente no terceiro livro. Sophie e Bastiano... Que saudades desse casal!

O livro faz parte de uma série que não está identificada como série na capa nem nada, mas existem dois livros que têm ligação com ele, cujas histórias acontecem simultaneamente:

Inocente Mistério - Harlequin Paixão 497 (conta a história do Raul e da Lydia)
A Escolha da Paixão - Harlequin Paixão 499 (conta a história do Bastiano e da Sophie)

A ligação com Amante do Deserto se dá porque Raul é amigo/inimigo do Bastiano e vai até o hotel Grande Lucia disposto a comprá-lo apenas para competir com ele. É lá que conhece Lydia, a jovem com quem seu inimigo pretendia se casar. Alim é amigo do Bastiano e Gabi é melhor amiga da Sophie. A história dos três casais começa no hotel Grande Lucia, que pertence ao Alim. 


8 de novembro de 2021

Livros lidos e não resenhados - Setembro e Outubro de 2021




Literatura norte-americana
Título Original: The princess saves herself in this one
Tradutora: Izabel Aleixo
Editora: Leya
Edição de: 2017
Páginas: 201 (Prime Reading)

24ª leitura de 2021

Sinopse: Amor e empoderamento em versos que levam os contos de fada à realidade feminina do século XXI

A princesa salva a si mesma neste livro, de Amanda Lovelace, é comparado ao fenômeno editorial Outros jeitos de usar a boca, de Rupi Kaur, com o qual compartilha a linguagem direta, em forma de poesia, e a temática contemporânea. É um livro sobre resiliência e, sobretudo, sobre a possibilidade de escrevermos nossos próprios finais felizes. Não à toa A princesa salva a si mesma neste livro ganhou o prêmio Goodreads Choice Award, de melhor leitura do ano, escolha do público.

Esta é uma obra sobre amor, perda, sofrimento, redenção, empoderamento e inspiração. Dividido em quatro partes ("A princesa", "A donzela", "A rainha" e "Você"), o livro combina o imaginário dos contos de fada à realidade feminina do século XXI com delicadeza, emoção e contundência. Amanda, aclamada como uma das principais vozes de sua geração, constrói uma narrativa poética de tons íntimos e cotidianos que acolhe o leitor a cada verso, tornando-o cúmplice e participante do que está sendo dito.




Eu li este livro na semana em que perdi meu avô materno para a Covid-19. Depois de mais de uma semana intubado no CTI, ele foi embora. Foi para junto de Deus. Mas a dor da perda, e de perder desta forma, é grande. 

Em A princesa salva a si mesma neste livro, a autora fala muito sobre perda e por eu estar vivendo um período de luto, os textos acabaram me atingindo com muita força. Ao mesmo tempo em que a leitura era "fácil" por fluir bem, era extremamente dolorosa. Existiram momentos nos quais parecia que a dor era física e não apenas emocional. Machucava dentro de mim. 

Os poemas não falam apenas de dor, também falam de amizade, amor, empoderamento, recomeço... Mas o que mais absorvi deles foi o que representaram no meu momento de vulnerabilidade, de tristeza... Foram textos que me marcaram. 


Esta é uma leitura que realizei em setembro. Dos oito livros que li de lá para cá, este foi o único que não resenhei. O motivo não foi só sentir que não poderia expressar tudo o que o livro provocou em mim, mas também porque era muito recente a perda do meu avô e eu não conseguia escrever... Foi um período muito difícil.


*Este tipo de post é dedicado aos livros que li em 2021 e por algum motivo não resenhei.




1 de novembro de 2021

A Noite das Bruxas - Agatha Christie



Literatura Inglesa
Título Original: Hallowe'en Party
Tradutor: Bruno Alexander 
Editora: L&PM Pocket
Edição de: 2014
Páginas: 236 (e-book)

31ª leitura de 2021 (24ª resenha do ano)

Sinopse: Era a vez da viúva Rowena Drake ser a anfitriã da tradicional festa de Halloween do vilarejo. Durante os preparativos, Joyce, uma irrequieta menina de treze anos, gaba-se por já ter testemunhado um assassinato. Ninguém lhe dá ouvidos e tudo transcorre bem em meio a brincadeiras do dia das bruxas, até que um crime interrompe a diversão.

Hercule Poirot prepara-se para uma noite entediante quando é surpreendido por uma ligação aflita de sua velha amiga e escritora de livros policiais Ariadne Oliver, convicta de que só ele poderia desvendar esse mistério antes que um novo crime aconteça... Publicado em 1969, A noite das bruxas é um romance da maturidade de Agatha Christie e uma das últimas obras escritas pela Rainha do Crime.





No mês de outubro eu resolvi fazer algumas leituras temáticas e vocês viram por aqui resenhas de O Vilarejo, de Raphael Montes; do clássico Psicose, de Robert Bloch; e de Ensaio sobre a Cegueira, do José Saramago, que apesar de não ter lido especialmente para o mês do Halloween, se encaixou completamente por conta de todo o horror presente na história. 

Li todos os livros temáticos que gostaria no mês passado?rs Não! Faltaram 3, mas vou concluir a leitura deles entre novembro e dezembro. O que eu sim pretendia ter resenhado ontem era A Noite das Bruxas, porém não terminei o livro a tempo de fazer a resenha. Na verdade, cerca de 30% da leitura acabou ficando para hoje, mas considero leitura de outubro por ter lido a maior parte do livro no mês passado e ter terminado o restante logo na manhã do dia de hoje.kkkkkk

Eu estava muito empolgada por esta leitura, confesso! Criei muitas expectativas, não só pela maravilhosa experiência que foi ler E Não Sobrou Nenhum, mas também porque depois de um longo tempo voltaria a ler um livro protagonizado pelo meu querido Hercule Poirot. 

Nesta história temos uma festa de Halloween feita para que as crianças do bairro se divertissem. Ela é organizada pela senhora Rowena Drake, uma mulher muito respeitada na região, com a colaboração de mães e professoras que queriam que suas crianças tivessem uma noite inesquecível. 

Algumas crianças e adolescentes também participaram dos preparativos ao longo do dia, entre eles Joyce, uma menina de treze anos que, impressionada pela presença de uma grande escritora de romances policiais (Ariadne Oliver, personagem que eu encontrei antes no livro Os Elefantes não Esquecem e que é claramente inspirada na própria autora Agatha Christie.rs), decide contar que já testemunhara um assassinato. Embora ninguém tenha acreditado em sua história (ou assim pareceu), à noite, quando a festa teve início, um crime chocante foi cometido: Joyce foi encontrada assassinada num dos cômodos da casa. Afogada. Algo que colocava todos os presentes como suspeitos... não só daquele crime, mas do assassinato que a menina, horas antes, confessara ter visto. Afinal de contas, que outro motivo haveria para que ela fosse morta do que o medo do assassino de ser pego por um crime do passado do qual ele acreditara ter escapado impune?

"Já aconteceu de o senhor dar uma mordida numa bela maçã vermelha e depois ver, lá no meio, algo nojento se levantar e sacudir a cabeça em sua direção? Grande parte dos seres humanos é assim."

A polícia local não parecia encontrar conexão entre os dois acontecimentos, até porque não acreditavam que a menina realmente tivesse testemunhado algum crime no passado, já que ela era conhecida como uma criança muito mentirosa, que estava sempre inventando coisas. Mas Ariadne Oliver, que esteve presente tanto no momento em que Joyce soltara a declaração bombástica quanto durante a festa infantil a convite de uma amiga que ajudara nos preparativos, sentia que Joyce não mentira. Embora no momento ela também tenha duvidado do que a menina dissera, sua morte mudava todo o cenário. Existia um assassino que matou no passado... e essa pessoa assassinara a menina para silenciá-la. 

Disposta a descobrir a identidade do assassino antes que ele acabasse matando de novo, Ariadne entra em contato com Hercule Poirot e o "intima" a viajar até à cidade em que a tragédia acontecera para interrogar as pessoas e desvendar o brutal crime. Quem entre todas aquelas pessoas aparentemente "boas" seria o assassino?! E que assassinato ele teria cometido no passado, que tentava ocultar a qualquer preço? 

"Poirot agora tinha consciência do perigo - perigo que poderia vir para alguém a qualquer momento, a menos que fossem tomadas providências para evitá-lo. Um grande perigo."

No início, eu apreciei muito a história. Como disse, estava muito empolgada, cheia de expectativas, imaginando que seria mais um dos tantos sucessos da autora e minha experiência de leitura de seus livros, na maioria das vezes, é bastante positiva. Continuei gostando muito do livro quase até o final, na verdade, quando descobri que quase todas as minhas suspeitas se confirmavam. Foi aí que fiquei um tanto decepcionada. Porque não era que eu tivesse me esforçado para descobrir quem era o assassino e fosse uma maravilha ter acertado. Não. A questão que me decepcionou foi que o assassino era tão óbvio e tudo conduziu fácil até ele que eu queria muito ter errado. Queria descobrir que a pessoa era alguém em quem eu nem tinha pensado. E não havia nenhum outro elemento no livro que pudesse atenuar a decepção pelo assassino e seus motivos estarem tão na cara do leitor, entende?

Foi uma narrativa muito simples, com um mistério que até uma criança poderia resolver!rs Não é isso que estou acostumada a encontrar nos livros da autora e fiquei frustrada por ver o Hercule Poirot desperdiçando suas "células cinzentas" com uma trama tão inferior aos seus grandes sucessos.

Mesmo assim, não posso dizer que me arrependo de ter lido o livro. Eu sou muito fã da autora e do Hercule Poirot e sentia tantas saudades dele que a história já valeu só pela felicidade de revê-lo, de reencontrá-lo. :) 

Mas isso não significa que o livro é ruim, gente, e que só valeu a pena por ter o Hercule Poirot nele. Eu é que me decepcionei pelo mistério não ser realmente um mistério. Existem acontecimentos no livro que nos impressionam e chocam pela maldade humana, por alguém ser capaz de matar tão friamente uma criança. Nunca deixo de me surpreender com a crueldade do ser humano, com a maneira como podemos fazer as piores coisas para "proteger" nossos próprios interesses. A autora sempre conta em seus livros histórias que facilmente poderiam acontecer na vida real. E acontecem, né? Não é à toa que não consigo mais ficar assistindo jornais, que prefiro evitar ao máximo as notícias... Há muita maldade neste mundo em que vivemos. 



Topo