28 de outubro de 2018

Alice - Lewis Carroll

(Tradutora: Maria Luiza X. de A. Borges
Editora: Zahar
Edição de: 2010)


Obras-primas de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho há mais de um século encantam crianças e adultos. Instigante, divertida, inusitada, profunda, a saga de Alice é inesgotavelmente interpretada, parodiada, filmada, citada... e, claro, lida. 

Esta charmosa edição de bolso contendo os dois clássicos, inédita no mercado brasileiro, traz os textos na íntegra e mais de 40 ilustrações originais de John Tenniel. Imperdível! 

Tradução vencedora do Prêmio Jabuti. 



Palavras de uma leitora...



- Uma das minhas metas deste ano que já está chegando ao fim (por incrível que pareça!) foi adquirir e ler mais livros clássicos. Uma meta que deu super certo mesmo nos meses mais difíceis. Na verdade, eu comecei a investir mais em clássicos ainda no ano passado e quando tive a oportunidade de trazer Alice para casa nem hesitei. Queria muito descobrir o que a história tinha de tão especial para encantar tantas pessoas de todas as idades. E confesso que não consigo compreender.rsrs Terminei a leitura sem saber por que este livro é considerado um clássico da literatura. 

Claro que quando eu era bem novinha tinha um interesse grande pela história. Lembro de uma ocasião em que, com uns oito anos de idade mais ou menos, eu fiquei muito ansiosa porque ia passar o filme no Sbt (acho que era nesse canal). Passei o dia inteiro naquela agonia, desejando que as horas passassem logo, pois eu nunca tinha tido a oportunidade de assistir e já acreditava que AMAVA.kkkkkk... Fiquei tão, mas tão obcecada que o resultado foi bem óbvio: passei mal. Vomitei, queimei de febre e tive que ir pro hospital. No final das contas não vi o filme e chorei muito por causa disso.rs 

No início da adolescência, quando já era uma leitora, fiz minha primeira tentativa de ler Alice no País das Maravilhas. Peguei o livro emprestado na biblioteca do meu colégio e lá mesmo comecei a leitura, o que acabou não funcionando. Logo na primeira página eu já fiquei entediada. Não sei o que se passou. Realmente tentei seguir em frente, mas não me envolvia e larguei. Pelo que lembro, eu nem trouxe o livro para casa. Devolvi no mesmo dia. 

- Agora, tantos anos mais tarde, tentei pela segunda vez. E embora não tenha ficado nem um pouco entediada e até tenha me divertido em alguns momentos, sou incapaz de entender o motivo de tanto alvoroço por esta história. Existem livros infantis muito mais interessantes e envolventes que a história de Alice no País das Maravilhas ou sua segunda aventura ao viajar Através do Espelho. O livro é muito bom, não nego. Tem ritmo, as coisas acontecem rapidamente e é impossível interromper a leitura, mas no final das contas cheguei à conclusão que a personagem era apenas maluca e ninguém tinha coragem de lhe contar.rsrs Exceto o gato, claro. Como gatos costumam ser criaturas muito sinceras, ele não mede as palavras ao dizer que ela é doida. 

"Como sabe que sou louca?" perguntou Alice. 
"Só pode ser", respondeu o Gato, "ou não teria vindo parar aqui."

- Claro que eu concordo completamente com o Gato, embora seu eterno sorriso me provocasse calafrios, bem como sua mania de não aparecer com o corpo inteiro, às vezes só a cabeça.rsrs Sim, o mundo no qual a Alice entra é bem perturbado, mas com o tempo a gente até se acostuma. 

A história Aventuras de Alice no País das Maravilhas começa quando a protagonista, muito entediada por não ter nada para fazer a não ser ler um livro desinteressante (por não ter figuras nem diálogos) fica fascinada quando, de repente, passa por ela um coelho muito "esquisito". Afinal de contas, desde quando coelhos usam roupas e relógio? Além disso até onde conseguia se lembrar eles também não falavam. Como a curiosidade era mais forte que tudo, ela achou perfeitamente normal entrar na toca atrás do coelho e assim mergulhou no tal país das maravilhas, onde as coisas mais impossíveis aconteciam. É neste mundo paralelo que conhece a Rainha de Copas, com sua famosa frase "Cortem-lhe a cabeça!" (que sempre me fazia pensar no Rei Henrique VIII da Inglaterra, bem como em Revolução Francesa), o Gato, tem uma conversa breve com o Coelho que a motivou a segui-lo, encontra a Duquesa (uma personagem tão estranha quanto os outros), recebe ordens de um rato e vive diversas aventuras extraordinárias.

Sobre esta primeira parte do livro eu posso dizer que foi a mais doida de todas, não que a segunda parte não seja perturbada, mas achei aquele negócio da Alice crescer ou diminuir, conforme comia o que não devia, muito sem noção.rsrs Me deixava tonta!kkkkk... Num instante a personagem crescia até ficar maior que tudo ao seu redor e depois diminuía até quase desaparecer... me dava nos nervos. E suas conversas com os personagens... eu estava quase me internando num hospício. Tudo bem que quando criança eu conversava com a minha Minnie (minha amiga de pelúcia que era quase do meu tamanho) como se ela de fato falasse e pudesse me entender, bem como tinha amigos imaginários, mas o caso da Alice é mais grave.kkkk

Esta fase do livro termina de forma um tanto abrupta, no momento mais interessante.rsrs E aí percebemos que tudo não passou de um sonho (será?). Que ela simplesmente adormeceu enquanto estava na ribanceira com a irmã. 

A segunda parte, intitulada Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá, não é muito conhecida pelos fãs da história. As pessoas, em sua maioria, leram apenas Alice no País das Maravilhas, enquanto sua continuação ficou esquecida. Já que eu mergulhei na fantasia do primeiro livro e que os dois fazem parte da edição que eu tenho da editora Zahar resolvi ler o outro em seguida e posso dizer que é o que prefiro. A continuação é mil vezes mais envolvente que sua primeira parte, ainda que os personagens sigam doidos demais para minha saúde mental.rsrs 

Através do Espelho começa após a Alice ter uma discussão com a filha de sua gatinha Dinah. A pequena tinha sido malcriada e a protagonista a estava repreendendo, como se ela tudo pudesse entender (eu também faço isso com a minha gata, então a Alice e eu podemos ir juntas para o hospício.rs). No meio disso tudo ela começa a falar de um mundo existente do lado de lá do espelho, um mundo que era o contrário do dela. No meio de sua imaginação sobre o lugar ela acaba por atravessar o espelho e mergulhar numa aventura toda nova, onde muitos dos personagens eram peças de um jogo de xadrez (eu disse que esta parte era mais interessante). O que achei muito curioso era o certo conhecimento que Alice tinha deste jogo, algo que eu própria não tenho. E, claro, que eu não poderia deixar de lembrar de Harry Potter e o jogo "vivo" que o Rony enfrentou na reta final do primeiro livro da série. Inesquecível!

A personagem mais interessante desta segunda parte foi a Rainha Branca e suas memórias do futuro.kkkkkkkk... Foram os momentos protagonizados por ela que me fizeram rir com vontade.rsrs 

"Viver às avessas!" Alice repetiu em grande assombro. "Nunca ouvi falar de tal coisa!"
"... mas há uma grande vantagem nisso: a nossa memória funciona nos dois sentidos."
"Tenho certeza de que a minha só funciona em um", Alice observou. "Não posso lembrar coisas antes que elas aconteçam". 
"É uma mísera memória, essa sua, que só funciona para trás", a Rainha observou."

- E o que a Rainha Branca mais lembra são das coisas futuras.rsrs Vocês não têm noção do quanto ri quando a rainha começou a gritar porque espetaria o dedo. Ela gritou e sentiu a dor antecipadamente, prevendo que dali a minutos espetaria o dedo quando tentasse prender o xale. Aí, quando finalmente o previsto aconteceu (algo que poderia ser evitado já que ela sabia que aconteceria.rs) ela nem sentiu nada. Porque já tinha sentido tudo antes e no momento em que a dor realmente deveria ter vindo não tinha mais graça. Que coisa maluca!rsrs 

Em resumo posso dizer que mesmo sendo histórias totalmente doidas vale sim muito a pena ler. Sobretudo para as crianças, nossos filhos, sobrinhos, afilhados etc. Embora eu não veja o livro como um clássico reconheço seu valor e importância para os pequenos. São histórias recheadas de fantasia, do tipo que realmente é capaz de fascinar as crianças, de fazê-las mergulhar no mundo da imaginação e viver aventuras incríveis. 

Ter infância é algo valioso. Viver essa fase tão bonita e inocente, tão cheia de sonhos e ilusões não tem preço. É um direito e, infelizmente, muitas crianças neste mundo são privadas de sua infância e são obrigadas a crescer cedo demais. O livro Alice nos faz pensar nisso. Embora eu tenha dito que a personagem era "maluca" deu para vocês perceberem que eu não falava a sério. Alice era simplesmente uma menininha de menos de oito anos, gente. Sendo criança! Vivendo um mundo de imaginação, criando e recriando, curtindo sua melhor fase. 

Num país onde incentivar a leitura, onde dizer "mais livros e menos armas" é visto como algo absurdo, como uma manifestação contra um determinado candidato, a desesperança aumenta. Temos uma real noção de quanta falta fazem os livros na vida das pessoas. Não apenas falta de leitura dos mesmos, mas de compreensão. Porque de nada adianta lermos se não somos capazes de entender nada. 

No que depender de mim sempre levarei livros às crianças e às outras pessoas. Porque a leitura nos faz seres humanos livres, abre nossa mente contra a manipulação. E eu quero saber que fiz todo o possível para que as crianças da minha família e as outras que conheço tivessem conhecimento. Pudessem mergulhar em histórias que não só as encantariam, mas que abririam portas para a absorvição de conhecimento. 

No início do ano eu escolhi Alice como minha leitura de outubro de propósito. Por ser o mês das crianças. :) Infelizmente, não consegui lê-lo até o dia 12, mas pelo menos foi dentro do mês.kkkkk... 

Enfim... Recomendo muito o livro!

21 de outubro de 2018

Senhorita Aurora - Babi A. Sette

(Editora: Verus
Edição de: 2018)

Nicole é uma jovem bailarina e está prestes a realizar seu sonho: estrear no papel principal em uma peça na Companhia de Ballet de Londres. Tudo estaria perfeito se não fosse pela presença de um dos seus diretores, o temido Daniel Hunter, um maestro prodígio de temperamento difícil, com um humor sombrio e que desperta em Nicole sentimentos contraditórios. 

Quando uma tempestade de neve isola os dois em uma mansão centenária, Nicole e Daniel serão obrigados a encarar não apenas os segredos que atormentam o maestro, mas também uma paixão proibida - e avassaladora - que nasce entre eles. 

Entre a tão sonhada carreira na dança, um amor intenso como ela nunca sentiu e a própria segurança, Nicole se verá diante de escolhas que parecem impossíveis. E caberá a ela resgatar Daniel de seu próprio passado...

Senhorita Aurora é um romance poderoso, tocante e perturbador, que mostra que todos merecem uma segunda chance, até mesmo alguém com fama de monstro.



Palavras de uma leitora...



- Querem a verdade? Pois a verdade é que acho que não conseguirei escrever esta resenha. Ainda estou chorando. Meus olhos estão embaçados e mal dá para enxergar o que escrevo. 

Vocês sabem que odiei profundamente A Promessa da Rosa (e, gente, isso não é spoiler!) e que amei com todo o meu coração O Despertar do Lírio. Assim era minha relação com as histórias da Babi: ódio por uma, amor intenso por outra. E várias pessoas recomendaram que eu lesse Senhorita Aurora. Que era uma história muito diferente das outras duas. Mas aquelas que me recomendaram de maneira mais significativa foram a Flaveth (quem me deu spoiler do segredo do Daniel após eu implorar!kkkkkkkk...) e a Vanessa, que já tinha me recomendado as outras duas histórias que li da autora. E elas me convenceram.kkkkkk... Eu comprei o livro cheia de expectativas e medo também, confesso. E agradeço tanto! Elas me proporcionaram uma leitura maravilhosa, daquele tipo que nos arrebata, que nos envolve por inteiro e nos faz viver com os personagens, sentir absolutamente tudo como se fosse conosco. Em nossa carne, em nosso coração. Meninas, não poderia deixar de lhes agradecer por uma recomendação tão importante! Este livro me transformou. Mudou a forma como eu via muitas coisas. E assim vai ser realmente bem difícil escrever, pois não paro de chorar.kkkkkk Não são lágrimas de tristeza. São daquela emoção boa, sabe? Quando um livro toca um ponto dentro de nós que não sabemos nos expressar de outra forma que não seja através das lágrimas... que tanto falam, que tanto revelam.

- Não pretendo escrever muito para que possam ler a resenha até o fim.rs Quero que vocês sintam a vontade de apostar nesta história. Quero que desejem largar tudo e mergulhar nela. 

Ouço as músicas na minha mente. Vejo os passos de dança, vejo os sorrisos, as lágrimas deles, os abraços nos momentos que mais necessitavam sentir um ao outro, saber que poderiam enfrentar qualquer coisa juntos. Vejo o Daniel sentado em frente ao piano, tocando... e consigo ouvir. E relembrar o quanto aquele momento foi significativo para os dois. Não consigo não me emocionar. 

"Enquanto eu danço, estou em um mundo onde não existem problemas."

Nicole era uma jovem de vinte anos que lutou muito para chegar onde estava: como parte do corpo de balé da Companhia de Ballet de Londres. Quem não conhecesse sua história poderia pensar que foi fácil, que ela provavelmente contara com privilégios, com todo o dinheiro e as oportunidades necessárias. Mas não. Nada foi assim. Sua mãe teve que passar muitas noites em claro, costurando para fora, para que sua filha pudesse realizar aquele sonho. Para que pudesse estudar balé e ultrapassar os obstáculos que insistiram em aparecer. Ser uma das poucas selecionadas foi uma vitória não só para ela, mas também para sua mãe, que jamais tinha deixado de acreditar. Então, pela primeira vez, ela saiu do Brasil para conquistar um mundo de possibilidades que se apresentava. Para ser a protagonista de sua própria história. E nem mesmo o medo do desconhecido a fez hesitar. Conseguiria. Ela só precisava manter a força e a esperança que a impulsionaram ao longo de todos aqueles anos. 

Embora já fosse parte do grupo profissional há dois anos, a maior oportunidade de sua vida surgia com os testes para o papel de Aurora no balé A Bela Adormecida. Seria uma apresentação incrível, de comemoração pelo aniversário do teatro e ela desejava aquele papel mais do que qualquer coisa. Muitas pessoas têm sonhos, uns maiores que outros. Nicole tinha apenas um: dançar sempre. Ser a bailarina que sempre desejou, o anjo da sua mãe. O balé não era simplesmente uma profissão, era toda sua vida. Quando dançava... tudo deixava de existir. Sobre o palco desnudava sua alma. 

"Você dança com o coração e a alma. Isso nenhuma escola, por melhor que seja, pode ensinar. Você nasceu bailarina."

Todavia, ao caminhar para a etapa final que decidiria quem ficaria com o papel de Aurora ela não poderia imaginar como sua vida se transformaria nos próximos meses. Tudo o que se passaria... E como um homem aparentemente insensível e distante a faria compreender que o balé poderia ser parte de sua vida, mas que seu coração queria mais. Queria amar

Seu caminho havia se cruzado com o dele três anos antes, dentro do avião que a levava para longe de casa. Como saber? Que aquele homem arrogante, o mais grosseiro que já conhecera, apareceria novamente em sua vida? Não só como o maestro que regeria o balé para o qual se preparava, mas sobretudo como aquele que a faria descobrir o amor. Daniel era um enigma. Seu comportamento era como muros de defesa contra os outros. Fazendo com que as pessoas o desprezassem. E embora em vários momentos ela até tenha desejado matá-lo algo acontecia quando estavam no mesmo ambiente. Algo que não saberia explicar. E tudo muda e atinge um ponto sem retorno quando ela o escuta... naquele dia... na frente do piano. Ali... naquele instante... ela soube que não voltaria atrás. 

"Alguns segundos mudam o rumo de uma existência inteira."

- Será que existe alguma coerência nesta resenha? Não sei. Estou tentando, gente. Tentando muito colocar em palavras o que sinto. Mas está tão difícil! Eu não consigo controlar a emoção. Simplesmente não posso. Desculpe. 

Bem... Conforme fui conhecendo a Nicole fui ficando um pouco desanimada. A achei imatura para sua idade e comecei a construir "reservas". Só pensava: Cresça, Nicole! Me faça simpatizar com você, algo que ainda não aconteceu. O resultado? Eu me arrependi. Muito. Me arrependi profundamente do quanto desejei que ela crescesse. Porque não parei para pensar que amadurecemos conforme a vida vai nos dando umas quantas porradas. Nada nunca é fácil neste mundo. E o processo de crescimento também não é. Quando aprendi a amar a Nicole aprendi a sofrer com ela também. Cada lágrima que ela derramou eu chorei junto. E eu me apeguei tanto a ela que desejei que ela não tivesse amadurecido. Quis voltar no tempo e impedi-la de sofrer. Mas a verdade é que o mundo não é um conto de fadas, nem mesmo em um livro inspirado por um (A Bela e a Fera). 

- Nicole é uma protagonista que no início não nos diz muito apenas para nos surpreender depois. Não vou negar que no começo vocês talvez não gostem muito dela, mas aguardem... porque depois vão se perguntar como puderam não enxergar tudo o que ela tinha em seu interior. Toda aquela força, a garra que impulsiona a história e transforma a realidade de muitos, principalmente do Daniel. Ela se tornou uma querida para mim. Uma personagem que nunca poderei esquecer. Nem as lições que ela me ensinou. 

"Eu queria ajudá-lo a desenterrar seu coração, que, eu sabia, estava sufocado debaixo daquela culpa. Se fosse preciso cavar com minhas próprias mãos e resgatá-lo, eu faria isso."

Daniel... O que falar dele? Nossa! Se a Nicole me conquistou, ele simplesmente levou meu coração com ele. Não dá para expressar tudo o que sinto por este personagem. Tudo o que provocou dentro de mim. É mais que especial. Ele... me mostrou o quanto não enxergo muita coisa nesta vida. Como existem realidades tão distintas. Pessoas passando por problemas que tornariam todos os meus insignificantes. Ele, como a Nicole, também me ensinou muito. Sobre a vida, sobre eu mesma... sobre o amor. Quando se ama de verdade alguém se faz coisas como o que estes dois fizeram. Você não abandona. Não desiste. Nem mesmo quando o outro faz de tudo para te manter longe. Você não consegue desistir porque sabe que precisam enfrentar aqueles momentos juntos, que não se ama só nos momentos bons. Sabe aquelas promessas: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença? Não são clichês. São a pura realidade. Se pergunte e responda (com sinceridade) se você estaria com alguém em tais situações. Se seu amor suportaria os momentos difíceis e aí saberá se realmente é amor. Senhorita Aurora transborda tal sentimento. Conforme viramos as páginas... nos transformamos. Não temos a menor chance contra esta história.rs Eu me rendi. Nem tentei lutar. Deixei que o livro me levasse até onde desejasse. Me entreguei por completo. E foi uma das melhores experiências de leitura da minha vida. 

"Este é apenas um capítulo triste da nossa história... Eu nunca vou desistir de tentar fazer você virar essa página."

- Não revelarei nenhum segredo do livro. E nem pensem que os personagens só sofrem. Nada disso. O livro é muito bem equilibrado. Existem momentos que nos fazem gargalhar e os personagens sabem fazer piada de seus próprios problemas, o que nos proporciona cenas bem divertidas. Sem mencionar a Natalie, a melhor amiga da protagonista. Ela sempre conseguia me fazer rir.kkkkkk O livro não é recheado de tristezas, ele é cheio de amor isso sim. Mas é uma história próxima da realidade. E a vida não é fácil e ponto. Para ninguém. Temos que superar cada desafio, cada queda, cada momento em que pensamos em desistir. Num dia choramos e no outro sorrimos. Uma hora perdemos e noutra conquistamos. O livro nos mostra isso. Nos dá uns quantos socos no estômago e também nos faz suspirar e sonhar acordados com o amor dos protagonistas. :) Sonho e realidade tudo junto e misturado.rsrs Mas não. O amor não é uma utopia. Ele existe sim... se a espécie humana ainda não conseguiu o grande feito de se destruir é porque ainda existe amor neste mundo. E eu acredito realmente nisso. 

Acho que esta resenha ficou bem confusa e incoerente. Mas só o que gostaria de lhes dizer é que se querem ler um romance daqueles capazes de lhes arrebatar, de fazer com que vocês esqueçam o mundo e vivam a história dos personagens devem apostar neste livro. Nele encontramos de tudo: sonhos, esperanças, perdas, conquistas, amor, paixão, lágrimas e sorrisos... Não posso falar certas coisas para não dar spoilers, mas lhes digo que inclusive encontrarão um tema quase nunca mencionado em livro algum. Eu jamais tinha lido um romance que falasse sobre isso. Preparem seus corações! :) Mas garanto que vão amar! Não consigo imaginar alguém lendo este livro e não se apaixonando perdidamente por ele. É uma história inesquecível. Daquelas joias raras que encontramos quando mais necessitamos. 

"Talvez o segredo não esteja em esquecer uma desilusão, uma perda, um "não" da vida, algo que traz dor, e sim em colocar esperança nos espaços vazios deixados pelo que se foi e, quem sabe, dar outro significado às perdas."

- Embora a autora tenha dito que o livro é uma releitura de A Bela e a Fera, o Daniel, com toda a sua personalidade complexa e sua história de vida, me lembrou muito o meu querido Erik de O Fantasma da Ópera (o filme interpretado pelo Gerard Butler. O clássico que inspirou o filme eu ainda não li). Além disso, ele é um "anjo da música". É um maestro e a música está muito presente no livro. Em várias ocasiões me vi transportada para o filme, embora as histórias sejam realmente bem diferentes. Penso que foi todo o clima, as músicas lindas, as danças e a personalidade difícil do mocinho que me lembraram o filme. 

Por falar em música, cada capítulo é aberto pelo trecho de uma música. Não consegui ouvir todas enquanto lia, mas as que me permiti escutar foram simplesmente belíssimas. Eu me apaixonei por elas. 

"Sabia que nossa história, assim como qualquer outra, não seria sempre perfeita, que ainda existiriam desafios a ser superados, momentos tristes com os quais teríamos de aprender a lidar e lições a serem absorvidas, mas que, no fim, nós faríamos tudo valer a pena. Sim, eu tinha absoluta certeza de que faríamos."

Não li este livro sozinha. O momento perfeito para lê-lo surgiu quando a Vanessa me contou que a autora estava organizando uma leitura coletiva dele no WhatsApp. Vocês sabem que amo isso de ler em grupo, por isso nem pensei duas vezes. A leitura começou no dia 08/10, mas eu só pude iniciar no dia 12/10. E ela se encerra amanhã, dia 22/10, com o último debate. Eu preferi fazer a resenha hoje mesmo, pouco depois de terminar de lê-lo. Mas vou participar do debate amanhã, é claro. :D Foi lindo poder conversar com tantas pessoas ao longo da leitura. Simplesmente maravilhoso! 

É isso, queridos. Peço perdão por não ter conseguido escrever uma resenha digna do livro, mas fiz o que podia. O que a emoção permitiu que eu escrevesse. Vocês só terão uma real noção do quanto este livro é especial quando o lerem. Só lendo poderão compreender. 

8 de outubro de 2018

Persuasão - Jane Austen


Persuasão foi o último trabalho completo de Jane Austen. O livro conta a história de Anne Elliot, uma moça que "fora obrigada a ser prudente na juventude, e aprendera o romantismo à medida que envelhecia: a sequela natural de um começo antinatural". Anne é uma das heroínas mais tranquilas e reservadas de Austen, mas, ao mesmo tempo, é uma das mais fortes e abertas às mudanças. O livro enaltece a constância do amor numa época turbulenta na história da Inglaterra: as guerras napoleônicas. Escrito nesse período, o romance descreve como uma mulher pode permanecer fiel ao seu passado e, ainda assim, pensar em um futuro feliz. Austen expõe de maneira sutil como uma mulher pode passar por cima das convenções sociais e das restrições femininas em busca da felicidade.




Palavras de uma leitora...



- A capa acima não é da edição que li, mas sim da que desejo com todo o meu coração.rs Eu a namoro sempre que a vejo nas livrarias, mas sempre acabo tendo que comprar outros livros. :( Faço isso porque tenho vários livros na lista de prioridades e essa edição de Persuasão acaba não sendo por eu já ter o livro em outra edição (que é aquela rosa linda que vem com três histórias). A sinopse acima também não é da que li. 

De qualquer forma, a tradução é a mesma e ambas as edições são da Martin Claret. Amo todos os detalhes da minha rosa, é realmente linda. Ocorre que é pesada e um tanto desconfortável para a leitura (letras muito juntas, apertadas ao ponto de você misturar as linhas e ter que voltar a leitura). Tive que ler o livro só quando estava em casa, pois era impossível carregar por aí.rsrs Por isso que quando li Razão e Sensibilidade foi numa edição de bolso. Eu tenho a edição azul de luxo também, contendo outras três histórias da autora, mas não há a menor possibilidade de lê-las nela. Terei que comprar livrinhos de bolso ou ler em e-book. É uma edição que serve para colecionar, mas dificulta muito ler. Enfim...

- Vocês sabem que me apaixonei perdidamente por Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade. E que coloquei como meta ler todos os livros que a autora escreveu. Todavia, mesmo guardando com carinho essas duas histórias no coração, Persuasão conseguiu um canto exclusivo, especial. A construção dos personagens foi perfeita e a ambientação como sempre nos faz desejar estar nos lugares mencionados, sentimos até que estamos realmente lá, acompanhando o desenrolar dos acontecimentos. E das protagonistas que conheço a Anne consegue se destacar, mesmo com seu jeito reservado e tímido, mesmo tendo cometido o grave erro de se deixar persuadir pelos outros. De abrir mão do homem que amava porque seus familiares e sua amiga não o aceitavam, não o consideravam digno dela. O preço que pagou foi alto, sem dúvidas. E ter a noção disso tornava tudo pior. 

"Passaram-se poucos meses entre o começo e o fim daquele relacionamento; mas alguns meses não foram suficientes para pôr um fim nos sofrimentos que ele provocara em Anne."

Talvez jamais o revisse na vida. Ou, quem sabe, seus caminhos poderiam voltar a se cruzar quando ele já estivesse casado e pai dos filhos que deveriam ser deles. Nem sempre o destino nos permite consertar os erros do passado, as escolhas que tomamos podem alterar todo o nosso futuro, com consequências que nos marcam de uma forma ou de outra. E ao longo dos oito anos que se passaram desde que Frederick partiu, após o rompimento do relacionamento, Anne nunca conseguiu deixar de pensar nele. Mas tentava. Dia após dia levava a vida a qual se condenou, não aceitando nenhum outro homem, nenhuma outra proposta de casamento, porque sabia que não poderia ser feliz com alguém que não fosse ele. Vivendo numa casa com familiares que sabia que não faziam a menor questão de sua companhia ou se importavam se ela estava bem ou não. Foi a essas pessoas que ela deu ouvidos anos antes. E mesmo que sua amiga sim tivesse boas intenções, ao contrário de seu pai e irmã, a verdade é que nunca deveria ter rejeitado aquele que seu coração desejava. 

Agora aos vinte e sete anos e prestes a ter que abandonar o lar no qual crescera para ir viver em Bath com o pai e a irmã, Anne não sabia bem o que sentia. Sobretudo porque os inquilinos de seu pai, que passariam a viver em seu antigo lar, eram parentes dele, do homem que não esquecera. E não demora nada para que Frederick retorne à sua vida, mas não para reatar qualquer laço rompido. Não retorna por ela, mas para estar próximo de seus entes queridos e encontrar uma noiva adequada para finalmente estabelecer-se. Assim, obrigada a vê-lo por conta dos conhecidos em comum Anne acaba acompanhando dolorosamente de perto o progresso de sua relação com Louisa, a mocinha aparentemente perfeita e dona dos afetos dele. Alguém que não se deixaria persuadir, que não teria o defeito que para Frederick era o pior de todos. Que era imperdoável. 

"Ele a amara ardentemente e nunca amara outra mulher tanto quanto a ela; mas, a não ser por um natural sentimento de curiosidade, não tinha nenhum desejo de tornar a encontrá-la. O poder dela sobre ele acabara para sempre."

Mas teria o amor do passado morrido com a dor e a distância? Seria Frederick realmente indiferente à Anne do presente? Seria incapaz de perdoar os seus erros e recomeçar? O tempo... ele pode destruir muitas coisas, mas nunca um amor verdadeiro...

- Eu me emocionei muito com a história deste casal. É a primeira vez que os casais formados pela autora me causam tal impacto e olha que o Frederick durante o livro quase todo não recebe tanto destaque assim, sendo a história concentrada mais na Anne. Mesmo assim eu senti muito por eles. Por tantos anos perdidos, por tudo o que poderiam ter vivido. Não posso culpar o mocinho pelo fim do relacionamento. Sei que foi a Anne a errar, mas tenho que considerar que ela tinha apenas dezenove anos na época e nada conhecia do mundo, deixando que os "adultos" decidissem o que era adequado ou não e fortemente influenciada pela amizade com Lady Russell, cujos conselhos lhe eram tão importantes. Fez o que os outros queriam, mas enquanto sua família e sua amiga tão bem seguiram com suas próprias vidas foi ela a sofrer. Foi ela quem perdeu. E passou tantos anos sem realmente viver, estando à sombra da irmã, sendo praticamente invisível em sua casa. Ela era quem tinha ficado vazia. 

"Antes, eram tudo um para o outro! Agora, nada!"

- Não suportei nem por um instante a família da Anne. Que gente mais insuportável! Pessoas hipócritas, superficiais, que só se importavam com posição social e assuntos fúteis. Ao que parece a Anne tinha puxado à falecida mãe, mas acho que sua personalidade forte e sua inteligência eram muito próprias. Ela era uma mulher incrível, capaz de causar admiração em muitos dos personagens, mas insignificante para a própria família. A insensibilidade deles, o desprezo latente com o qual a tratavam me causou muita revolta. Eu sentia vontade de esganá-los, sobretudo por ver a maneira como a Anne estava acostumada com aquele tratamento, em sempre ser anulada, menosprezada pelas pessoas que deveriam amá-la, mas que só se lembravam de sua existência quando queriam usá-la. Eu só queria que ela acordasse e fosse embora. Que os mandasse para o inferno! 

- Outra questão é a tal da lady Russell. Mesmo sendo uma mulher boa e quase uma mãe para a Anne também era cheia de preconceitos e se acreditando no direito de se meter na vida da mocinha. Não consegui gostar dessa mulher. A verdade dela não tinha que ser a verdade da Anne e foram os seus preconceitos e malditas boas intenções que tanto influenciaram a mocinha, por causa dos laços de afetos que as uniam. Eu não consegui suportá-la. Gente intrometida assim só causa problemas para aqueles que julgam amar. E não posso perdoá-la por preferir a posição social que a felicidade daquela que tanto protegia. 

- Foi um livro que me provocou muitos sentimentos confusos. Revolta, amor, tristeza, alívio, medo... eu sentia muito medo do casal não ficar junto. Temia que tudo estivesse perdido, que não existisse retorno. Não vou dizer se o final é feliz ou não, mas posso afirmar que foi o livro da Jane Austen que mais me provocou angústia. Quando eu via o Frederick e a Louisa juntos eu é que sentia vontade de chorar. 

"Anne não desejava mais aqueles olhares e palavras. A fria polidez e a cerimoniosa graça demonstradas por ele eram piores do que tudo."

Enquanto a Anne estava lá forte e com aquela tranquilidade exterior que escondia seus sentimentos dos olhares das outras pessoas. Ela estava conformada. E eu querendo que ela fosse até ele e o obrigasse a escutá-la! Mas as coisas vão dar uma baita reviravolta, lhes garanto!rsrs E provocar sentimentos ainda mais intensos em nós leitores. É simplesmente a melhor história da autora para mim. E não sei se conseguirei amar mais algum outro livro dela do que esse. Se sentirei o mesmo, se eles conseguirão chegar aos pés deste livro. 

- Acredito que uma lição ensinada por esta história é não deixarmos que os outros tomem decisões por nós, não importa o quão bem intencionadas elas sejam. Temos o direito de fazermos nossas próprias escolhas e suportarmos as consequências delas. E nunca deixarmos de fazer algo, de seguir um sonho porque nossa família ou nossas amizades não acham que aquilo é bom para nós. Ouvir conselhos é importante, mas sermos incapazes de pensarmos e decidirmos por nós mesmos é muito grave. :( Anne aprendeu isso de maneira dolorosa e muitas eram as chances de nunca mais recuperar o que tinha perdido. A vida não é piedosa. Ela não vai ficar nos dando várias oportunidades de consertar nossos erros. E o tempo definitivamente não para. Ele passa... e como passa!

"[...] ele não conseguia vê-la sofrer sem desejar reconfortá-la."

- Este livro foi minha última leitura do mês de setembro e nem sabia se conseguiria fazer a resenha. Não encontrava as palavras, não sabia nem por onde começar. Só me pegava pensando... refletindo... e analisando minhas próprias escolhas.rs Sim, a história realmente mexeu muito comigo. Demais. 
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