25 de novembro de 2019

Felicidade Clandestina - Clarice Lispector

Literatura Brasileira
Editora: Rocco
Edição de: 1998
Páginas: 160
Coletânea de contos

Sinopse: Publicado pela primeira vez em 1971, Felicidade clandestina reúne 25 contos que falam de infância, adolescência e família, mas relatam, acima de tudo, as angústias da alma. Como é comum na obra de Clarice Lispector, a descrição dos ambientes e das personagens perde importância para a revelação de sentimentos mais profundos. "Felicidade clandestina" é o nome do primeiro conto. Como em muitos outros, é narrado na primeira pessoa, e mostra que o prazer da leitura é solitário e, quando difícil de ser conquistado, torna-se ainda maior. A história, como outras do livro, acontece no Recife, onde a autora passou sua infância.
Temas caros ao universo clariceano estão presentes neste livro: a relação mágica com os animais, a descoberta do outro, as inúmeras possibilidades de se escrever uma história, a presença do inesperado no cotidiano previsível. Nos textos de cunho autobiográfico é possível flagrar, por exemplo, momentos da infância marcados pelos sentimentos mais diversos; da euforia das descobertas ao choque das frustrações, como em "Restos do carnaval" ou em "Cem anos de perdão".
Entre os 25 contos de Felicidade clandestina, há textos originalmente publicados em jornal e outros que faziam parte dos livros A legião estrangeira, Para não esquecer e A descoberta do mundo. A maioria trata de recordações familiares e de infância, mas todos testemunham os mais profundos segredos da alma humana.



Eu comecei a ler este livro em maio deste ano, depois de assistir a Isabella Lubrano, do canal Ler Antes de Morrer, falando do conto "O Grande Passeio". No mesmo dia adquiri o e-book na Amazon e iniciei a leitura. O que foi uma experiência maravilhosa! Mas após ler os sete primeiros contos, acabei tendo que priorizar a conclusão de outras coletâneas e deixei o livro um pouco de lado. :( Todavia, agora em novembro resolvi finalizar a leitura e trazer a resenha de cada um dos 25 contos presentes no livro, tudo reunido num único post. 

Antes de tudo, colocarei aqui os comentários que fiz sobre os sete primeiros contos:

"Era uma velha sequinha que, doce e obstinada, não parecia compreender que estava só no mundo."

O conto O Grande Passeio é para ser lido com um lenço ao lado, pois vai atingir um ponto sensível em seu interior. :( Ele traz a história de uma senhora idosa que sofre de demência, possivelmente Alzheimer, embora o texto não deixe claro. Ela é uma senhora adorável, muito doce e simpática, mas que sofreu severas perdas na vida, não tendo mais sua família ao lado. Seus filhos morreram de maneira muito triste e seu marido também se foi. Só restou ela. Sem ter quem se importasse. Precisando contar apenas com a "caridade" das pessoas que, no início, até sentiam pena, mas depois enxergavam nela um fardo, algo que não queriam mais em suas casas. Assim, ela acabava não parando por muito tempo numa casa e logo era enviada para a próxima pessoa "caridosa", que não demoraria a se cansar de sua presença, por mais boazinha e quase invisível que ela fosse. 

"Tivera pai, mãe, marido, dois filhos. Todos aos poucos tinham morrido. Só ela restara com os olhos sujos e expectantes quase cobertos por um tênue veludo branco."

É muito duro acompanhar o quanto essa senhora sofre com o descaso, a negligência das pessoas. Entendo que ela não era da família delas, mas era um ser humano e a tratavam quase como um objeto qualquer. Isso dói dentro da gente, pois além de sentirmos pela personagem, sentimos por nós mesmos. Porque é fácil nos colocarmos no lugar de Mocinha (como ela preferia ser chamada, mas seu nome era Margarida) e imaginarmos nossa velhice. E se estivermos sozinhos? E se não tivermos forças para cuidar de nós mesmos, se dependermos da caridade dos outros? Só nos imaginarmos na situação de Mocinha já é duro, doloroso! :( E a forma como o conto termina destroça nosso coração. 

Este conto acaba por nos fazer pensar também nos tantos idosos que estão abandonados por aí, rejeitados por suas próprias famílias, tratados com desprezo pela sociedade... Quando estagiei por um tempo num determinado hospital eu vi idosos que não recebiam sequer uma visita, embora tivessem família. Isso partia meu coração. Porque eles ficavam olhando para o nada, sabendo que naquele horário outras pessoas internadas estariam recebendo seus familiares. Este foi apenas um dos motivos para eu ter ficado longe da Enfermagem por tantos anos... não tinha coração para suportar tanta dor. Era comum eu chegar em casa chorando quase todos os dias. Admiro muito as pessoas que trabalham cuidando daqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade, porque é preciso muita força para suportar, para não desmoronar e perder por completo a fé no ser humano. 

22 de novembro de 2019

Fim de Ano (BOOK TAG)


Olá, queridos! :)

Esta semana não teve a publicação de nenhuma resenha, pois estou bem enrolada.rsrs Muita coisa para fazer e falta de tempo para colocar em dia minhas leituras. Estou lendo, mas cerca de apenas uma hora por dia. O que espero que mude nos próximos dias, claro. Necessito me organizar!rs

Eu vi essa book tag no canal Aventuras na Leitura e achei tão interessante que resolvi responder. :D 


PERGUNTAS

1. Tem algum livro que você começou esse ano e ainda precisa terminar? 

Resposta: Esta pergunta chega a ser uma piada.kkkkkkk... Porque eu estou com vários livros em andamento, que preciso muito terminar até o final do ano (que já está batendo na porta!!!). Mas eu resolvi mencionar Felicidade Clandestina, da Clarice Lispector


Este é um livro que gostaria de concluir ainda em novembro, mas não sei se dará tempo. :(


2. Você tem algum livro primaveril para te ajudar na transição para o fim do ano?

Resposta: Está aí uma pergunta que não entendi!rsrs O que seria um livro primaveril?! Escrito na primavera? Que se passe na primavera? Que seja um livro mais feliz, leve? Sei lá! Resolvi falar de um livro do qual não sei absolutamente nada, mas que acredito que seja leve. 


É um livro que eu quero ler justamente na semana do Natal e espero que a história seja mágica, do tipo que me encante e me faça sonhar. 


3. Tem algum lançamento que você ainda deseja?


Resposta: Pode ser uma pergunta difícil para alguns, mas para mim é bem fácil. Porque de todos os lançamentos que quero, o que realmente desejo adquirir em breve é Os Testamentos, da Margaret Atwood. É a continuação de O Conto da Aia e fará parte das nossas leituras coletivas do próximo ano. 


4. Quais os três livros que você quer ler antes do fim do ano? 



Resposta: São muitos os livros que ainda quero ler antes do ano acabar, mas sou realista e sei que será impossível ler um terço dos que ainda desejo.kkkkkk... Assim, escolhi estes três: Drácula, do Bram Stoker; Mary Barton, da Elizabeth Gaskell (mesma autora de Norte e Sul) e As Regras da Sedução, de Madeline Hunter


5. Tem algum livro que você acha que ainda pode te chocar e se tornar seu favorito do ano?


Resposta: Eu estou lendo A Rosa Branca desde o dia 28/07, mas é uma leitura que estou fazendo aos poucos de propósito, pois se trata da historia real de cinco estudantes universitários e um professor que foram executados pelo regime nazista, ao tentarem conscientizar a população de que aquilo tudo estava errado, que direitos humanos estavam sendo feridos, que pessoas estavam sendo torturadas, assassinadas ou simplesmente "desaparecendo". Eles distribuíam panfletos que denunciavam as mentiras e crueldades do nazismo e foram sentenciados à morte por isso. O livro foi escrito por Inge Scholl, irmã de dois dos estudantes assassinados. É um livro que já está me chocando muito e que sempre me deixa transtornada quando o pego para ler. Sem sombra de dúvidas, se tornará um dos livros mais marcantes não só do ano, mas da minha vida. 


6. Você já começou a fazer planos de leitura para 2020?

Resposta: Claro!rsrs Eu sou uma pessoa de listas, por isso já tenho as metas de 2020 anotadas:

-> Ler 12 livros nacionais;

É uma meta que vem dando certo há alguns anos e vou mantê-la em 2020. 

-> Ler 12 livros clássicos;

Ler clássicos se tornou algo comum em minha vida. Me apaixonei demais por muitos dos que li e passei a investir mais neles. Este ano ultrapassei a meta e continuarei lendo clássicos nos próximos anos. 

-> Comprar menos livros;

Em 2018 eu comprei mais de cem livros. Este ano comprei mais de quarenta (menos da metade do ano passado). Para 2020 a meta é comprar no máximo quarenta, mas estou pensando em considerar comprar no MÁXIMO trinta livros. 

-> Ler pelo menos 50 livros da minha estante;

Este ano, até a presente data, finalizei a leitura de 53 livros. Para o ano que vem tentarei ler pelo menos 50 livros, só que quero que sejam livros que já tenho comigo, ou seja, diminuir a quantidade de livros parados. Tenho mais de 280 livros não lidos aqui em casa. Está na hora de perceber que não dá para ficar comprando livros antes de diminuir bastante a minha pilha.

-> Participar de, no máximo, dois projetos de leitura de blogs/canais;

Eu gosto muito de participar de projetos de leitura. Só que este ano eu extrapolei.rsrs Resolvi participar de desafios/projetos demais e apesar de ter ficado mais ou menos em dia com eles, sinto que me sobrecarreguei. Assim, ano que vem pretendo pegar mais leve comigo mesma. 

É isto, queridos! Espero que tenham gostado das minhas respostas! :)

Bjs!


15 de novembro de 2019

Malone morre - Samuel Beckett

Literatura Irlandesa
Título Original: Malone meurt
Tradutora: Ana Helena Souza
Editora: Folha de São Paulo
Edição de: 2016
Páginas: 128
Coleção Folha Grandes Nomes da Literatura #16

Sinopse: Um dos maiores escritores da segunda metade do século XX, o irlandês Samuel Beckett (1906-1989) recebeu o Nobel de Literatura em 1969 e ficou para sempre lembrado pela peça Esperando Godot. No entanto, o ponto alto de sua obra está em narrativas como Malone morre (1951), segundo livro da trilogia composta ainda por Murphy e O inominável. Trata-se quase de literatura abstrata: sem enredo, trama, personagens. No livro, um homem muito velho está preso, nu e inválido, a uma cama do que parece ser um hospital. Toma uma sopa diária e escreve a lápis, num caderno, uma espécie de diário em que mistura pensamentos e histórias sem sentido de pessoas que talvez possam ter sido ele mesmo, não se sabe. Como é comum em Beckett, observa-se e reflete-se sobre o quase nada da vida, tratada com humor sinistro, como se fosse um acúmulo de banalidades fúteis, do qual pouco sobra na memória dos narradores beckettianos – doentes, velhos, mendigos, palhaços. 




Eu realmente entendi este livro?! Claro que não!

Já tinha ouvido falar antes do Samuel Beckett, mas foi só por conta de alguns desafios literários que resolvi apostar nesta história. E que desafio, meu Deus do céu! O livro nos deixa com uma forte sensação de que não compreendemos nada. Que simplesmente nada sabemos de coisa alguma no livro.kkkkkkkkk Foi um erro lê-lo? Não. Porque em muitos momentos eu cheguei sim a me envolver e destacar trechos que mexeram comigo.

"Estarei em breve apesar de tudo completamente morto enfim."

O livro já começa por este trecho tão impactante, no qual o narrador afirma que em breve estará morto. Se você iniciar a leitura sem ter lido a sinopse ficará se perguntando por que ele tinha tanta certeza de que não demoraria a morrer. Mas como eu sempre leio a sinopse antes, sabia do que o narrador estava falando.

Na história temos um homem muito idoso, doente, fraco, aparentemente em seus últimos dias de vida. A velhice acabará por levá-lo, seu tempo na Terra está se esgotando e ciente deste fato, o narrador começa a registrar lembranças, pensamentos desordenados e momentos do seu dia a dia num caderno, utilizando um lápis que ele não sabe bem como foi parar ali. E por falar em "ali"...

"Situação atual. Este quarto parece ser meu. Não posso explicar de outro modo que me deixem aqui. Faz tempo."

O narrador, protagonista da história, não faz ideia de onde está ou como chegou ali. É um quarto, do qual não pode sair se simplesmente desejar. É um manicômio? Um hospital? Um asilo? Não se sabe. Mas o próprio narrador acrescenta: "Não é um quarto de hospital ou de manicômio, isso se sente." Assim, ele próprio tem a impressão de que está numa espécie de asilo, embora não possa ter certeza. Na realidade, certezas não fazem parte desta narrativa. Não se pode confiar no que é contado pelo narrador, pois por conta de suas confusões e momentos de aparente desorientação, não sabemos se as coisas contadas por ele são ou não reais. Se não se tratam apenas de devaneios, ilusões.

Por incrível que pareça, é justamente esse "não saber de nada" que torna o livro tão intrigante. Queremos nos conectar ao personagem, conhecer seu passado, sua vida e isso nos é negado o tempo inteiro pelo autor. É como se tentássemos abrir uma porta trancada à chave, mas não tivéssemos a chave correta. Então, forçamos, tentamos de outras maneiras, até mesmo lutamos para arrombá-la, mas nada funciona. É assim que me senti durante a leitura: mantida do lado de fora, de propósito. Porque aquele era o objetivo do autor.

"Não vou falar dos meus sofrimentos. Metido no mais profundo deles, não sei nada. É aí que morro, à revelia de minha carne estúpida. O que se vê, o que grita e se agita, são os restos."

Apesar da barreira que existe entre o narrador, sua história e nós leitores, isso não nos impede de sentir um profundo incômodo pela situação de total miséria e abandono vivida pelo protagonista. Ali naquele lugar desconhecido, que nada tem de seguro ou confortável, se alimentando apenas uma vez por dia (com sopa) e preso a uma cama, da qual não possui forças para se levantar, pois seus membros não lhe obedecem mais, o personagem está totalmente vulnerável, dependendo da bondade (ou não) de estranhos. Imaginar uma situação tão horrível nos provoca agonia. Eu me sentia sufocada, como se uma mão estivesse apertando minha garganta, de tão agoniada que fiquei.

"Vou abrir meus olhos, me ver tremer, engolir minha sopa, olhar o montinho das minhas posses, dar ao meu corpo as velhas ordens que sei que é incapaz de executar, consultar minha consciência caduca, estragar minha agonia para vivê-la melhor, já longe do mundo que se dilata enfim e me deixa passar."

É muito triste ver o personagem nesta situação. Sentir o vazio daquela vida, a solidão, a velhice que lhe tirou tanto. A ausência de pessoas que se preocupem com ele, que estejam ao seu lado em seus últimos momentos. Isso faz com que nos sintamos mal. Se torna uma leitura muito desgastante emocionalmente.

Durante boa parte do livro sequer sabemos o nome do narrador. E, então, do nada ele "solta" que se chama Malone, mas eu não confiei muito nessa informação, como se nem mesmo o seu nome ele de fato recordasse ou quisesse nos contar. Há a utilização intensa do recurso do fluxo de consciência, o que acaba por nos fazer reler páginas para tentarmos nos "encontrar". Não há divisão em capítulos, partes nem nada parecido. Os parágrafos são muito longos e o narrador faz uma mistura louca de lembranças, histórias inventadas (ou não) e momentos de cada dia vivido ali naquele quarto. Ao mesmo tempo em que aparentemente está compartilhando algumas de suas lembranças, ele começa a contar uma história qualquer e no meio disso tudo nos conta o que aconteceu no seu dia. E aí começa a falar de coisas nas quais pensa... Enfim... É uma confusão só! Parece que vamos enlouquecer antes de conseguir compreender o que se passa no livro.kkkkkkkk...

"Viver e inventar. Tentei. Devo ter tentado. Inventar. Não é a palavra. Viver também não. Não faz mal. Tentei."

Não é uma leitura fácil. Embora flua bem no início, logo começamos a nos perder e sentir que absolutamente nada faz sentido ou que não estamos entendendo algo que deveríamos entender.rs Recomendo para quem quiser se desafiar a ler algo diferente. Bem diferente!rs

Mas, como eu disse, não me arrependi de ler. Realmente me comovi com a situação do protagonista e me senti angustiada com o que ele estava passando em seus últimos dias de vida.



7 de novembro de 2019

Sanam Teri Kasam (filme indiano)


Você já assistiu Um Amor para Recordar? Chorou? Ficou em prantos e sentiu que já não tinha mais lágrimas? Pois saiba que irá desidratar se der uma chance a Sanam Teri Kasam, um filme que acabou comigo, mas se tornou um dos meus preferidos da vida.

Ele foi uma forte indicação de uma amiga querida, Ayala Bianca, que conheci através da novela Espelho da Vida, quando participávamos do mesmo grupo no Facebook. A novela terminou, mas nossa amizade não.rs Ela ficou tão apaixonada por este filme que me recomendou MUITO e fez de tudo para que eu conseguisse assistir. Só hoje (06/11) tive a oportunidade de me perder nessa bela história de amor e posso dizer que este filme mudou algo dentro de mim. Eu vivo aprendendo, gente! Me permito aprender com cada história, cada experiência, cada chance. E o amor de Saru e Inder me ensinou muitas coisas sobre a vida... Lições preciosas que guardarei em meu coração. 

Vocês sabem que não tenho o hábito de falar de filmes ou séries aqui. Só fazia "resumos do mês" alguns anos atrás e era nesses resumos que comentava brevemente sobre os filmes e séries vistos mensalmente. Fora isso, uma vez ou outra eu faço posts especiais comentando sobre filmes, séries e novelas. É raridade, pois o blog é basicamente sobre literatura. Todavia, eu fiquei tão tocada por essa história que precisei dividir com vocês um pouquinho da minha emoção. 

4 de novembro de 2019

O Corcunda de Notre Dame - Victor Hugo

Literatura Francesa
Título Original: Notre-Dame de Paris
Tradutor: Jorge Bastos
Editora: Zahar
Edição de: 2015
Páginas: 624


Sinopse: Na Paris do século XV, a cigana Esmeralda dança em frente à catedral de Notre Dame. Diante da beleza da jovem, curvam-se o poeta Pierre Gringoire, o arquidiácono Claude Frollo, o disforme sineiro Quasímodo e o capitão Phoebus de Chânteaupers. Neste grande clássico do romantismo francês, Victor Hugo vai muito além de um amor impossível, não correspondido e trágico, O corcunda de Notre Dame retrata uma Paris ainda gótica que testemunha o fim de uma época e o início de outra. 



Estou aqui sentada na frente do computador sem saber por onde começar a falar deste livro. Minhas emoções ainda estão bagunçadas. Estou perdida entre o ódio, a revolta, a dor, o amor pelos personagens e uma horrível sensação de injustiça. Não imaginava que o livro fosse mexer tanto comigo. 

"Desde os seus primeiros passos entre as pessoas, ele se viu e se sentiu conspurcado, machucado, rejeitado. A palavra humana, para Quasímodo, sempre fora de deboche ou de maldição. À medida que crescia, ele encontrava apenas ódio à sua volta."

Não tenho dúvidas de que O Corcunda de Notre Dame provocou (e ainda provoca) os mais diversos debates, estudos e pesquisas. São muitas as interpretações possíveis para esta história e fica evidente para qualquer leitor que ao escrever este livro o autor, Victor Hugo, tinha todo o objetivo de chamar a atenção dos leitores da época para a Catedral de Notre Dame de Paris, embora seja possível perceber também que ele não tocou em certos temas sociais e fez críticas políticas à toa. Mas deixo que os especialistas, os críticos literários, se aprofundem em tais assuntos. Nesta resenha falarei apenas dos personagens e como suas histórias de vida mexeram com meus sentimentos, me marcaram de uma forma que é praticamente impossível colocar em palavras. 

"Adquiriu a maldade ambiente. Apossou-se da arma com que o feriam."

Neste livro temos três personagens principais: Claude Frollo (que eu chamo "carinhosamente" de demônio em forma de gente), Quasímodo e Esmeralda. O destino desses três personagens se entrelaça de tal forma ao longo da história que até mesmo o leitor mais distraído consegue perceber que nada de bom poderia sair dali. Sentimos que uma grande tragédia acabaria por marcar suas vidas, por mais que no fundo do nosso coração torcêssemos para que houvesse uma esperança. Uma saída. 
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