18 de julho de 2022

Leituras concluídas - Junho/2022



Olá, queridos!

Em junho, para minha surpresa, eu consegui ler cinco livros. Dois deles eu resenhei: A Casa do Penhasco, livro fantástico da rainha do crime, Agatha Christie. E Cartas a um jovem poeta, de Rainer Maria Rilke, livro este que me provocou um grande impacto, se tornando um dos meus preferidos, por sua capacidade de despertar reflexões profundas e mexer com nossas estruturas. 

Este post aqui é para falar dos livros que li em junho, mas não resenhei. 






 Literatura Colombiana
Título Original: Crónica de una muerte anunciada 
Tradutor: Remy Gorga, Filho
Editora: Record
Edição de: 2019
Páginas: 160

Sinopse: O narrador imediatamente sentencia: “No dia em que o matariam, Santiago Nasar levantou-se às 5h30 da manhã.” Fatalidade, destino, o absurdo da existência humana. O que explica a tragédia que se abateu sobre o protagonista de Crônica de uma morte anunciada?

Nesta trama curta de construção perfeita, García Márquez monta um quebra-cabeça cujas peças vão se encaixando pouco a pouco, através da superposição das versões de testemunhas que estiveram próximas a Santiago Nasar no último dia de sua vida.

Em que e em quem acreditar? Como descartar a parcialidade das versões e “o espelho quebrado da memória” dos envolvidos.

É isso que o leitor vai descobrir ao longo da narrativa sóbria e direta, cuja estrutura toma emprestado o rigor jornalístico da reconstituição dos fatos tão caro a García Márquez. Todo o tempo, porém, o autor mantém a poesia, a sensualidade e a beleza de sua história e de seus personagens.

Gabriel García Márquez publicou Crônicas de uma morte anunciada em 1981, um ano antes de receber o Prêmio Nobel de Literatura que o consagrou definitivamente como um dos mais importantes autores contemporâneos.




Durante muito tempo eu quis ler este livro. E, ao mesmo tempo, o temia. Porque minha experiência com o autor não é totalmente positiva. Sinto uma mescla de amor e ódio por suas obras e, por vezes, o ódio prevalece.rs

Mas eu tinha imensa curiosidade em relação a esta história, já que ela inicia com a morte do "protagonista", por assim dizer, para nos contar tudo o que se passou antes do momento fatal. Um dos amigos dele, daquela época, resolve colher o testemunho de todas as pessoas que encontraram Santigo no dia de sua morte e que poderiam ter impedido a tragédia, mas por um motivo ou outro acabaram não fazendo nada. 

Quando iniciei a leitura (com um pé atrás, como eu disse, por causa da minha experiência por vezes negativa com as obras do autor) eu realmente não sabia bem o que esperar, mas com certeza não era o que encontrei: um livro extraordinário, que me deixou tensa do início ao fim, e me fez ansiar por fazer alguma coisa para impedir o desfecho que já conhecia, anunciado desde o título: a morte de Santiago. 

Fiquei tão chocada com a história, tão... Nem sei como nomear! Que pretendia fazer a resenha do livro. Mas, infelizmente, no final de junho eu tive um episódio de dor que fez o médico achar que eu tinha que ficar afastada do trabalho por uns dias para repousar e isso me deixou tão estressada (vocês sabem que desde que perdi a Luana ficar em casa muitos dias não me faz bem, é justamente o contrário, já que tudo aqui me faz recordá-la e eu preciso de um ambiente diferente para conseguir suportar o transcorrer do dia) que não tive ânimo para nada e não conseguia me concentrar para escrever a resenha. 

Aí voltei para o trabalho e poucos dias depois comecei a passar mal. Achei que era uma gripe, já que os sintomas me faziam acreditar nisso, mas eu achava estranho o fato de estar tendo muita febre. E então fiz o teste para Covid-19 e, para minha surpresa e angústia, deu positivo. Existiram dias nos quais me senti tão mal que acreditei que não aguentaria, pois era uma dor e um cansaço que me faziam ter dificuldades até para levantar da cama. Então, depois de me recuperar, desisti de vez de fazer a resenha de Crônica de uma morte anunciada. Já tinha se passado muito tempo desde a leitura e eu realmente não sentia mais a mesma vontade de falar sobre o livro, embora tenha se tornando um dos meus preferidos da vida. 

"Ela o viu da mesma rede e na mesma posição em que a encontrei prostrada pelas últimas luzes da velhice, quando voltei a este povoado abandonado, tentando recompor, com tantos estilhaços dispersos, o espelho quebrado da memória."

O trecho acima é um dos que mais me marcaram ao longo da leitura. Pensar naquela mãe que perdeu seu único filho, assassinado de modo tão brutal, ainda tão jovem... me causa um nó na garganta. Imaginar quantas vezes ela o recordava... Como os anos se passavam e ela voltava ao dia de sua morte... e ao fato de que não conseguiu salvá-lo. Como se o destino estivesse decidido a levá-lo e tirasse dela a última chance de impedi-lo. 

É inacreditável o modo como quase todo mundo sabia que Santiago iria ser assassinado e ninguém chegou até ele para contar. Os assassinos gritaram para quem quisesse ouvir o que eles iriam fazer e as pessoas simplesmente deixaram acontecer. Os assassinos QUERIAM ser impedidos, mas as pessoas não os impediram. Só em alertar Santiago, elas já poderiam salvá-lo. Mas ficaram caladas. 

Estou sendo injusta, na verdade. Algumas pessoas, de fato, tentaram fazer alguma coisa, embora de modo bem fraco, insignificante. E o que mais me revolta é que algumas delas passaram ao lado dele bem antes do crime. Estavam com ele diante de seus olhos e poderiam ter falado e ficaram caladas. Umas porque acreditavam que era só um boato, "zoeira". Outras, porque não tinham coragem de dar a "má notícia". E ainda existiram os casos daquelas que queriam vê-lo morto e estavam mais do que ansiosas pelo momento. 

"Não é justo que todo mundo saiba que vão matar o seu filho, e seja ela a única que não sabe."

Quando as pessoas mais próximas de Santiago finalmente ficaram sabendo o que estava para acontecer (essas pessoas foram as últimas a saber), já era tarde demais. Me emocionei muito com a cena do amigo dele correndo desesperado para tentar encontrá-lo antes que o pior acontecesse. Ele estava com Santiago minutos antes, mas como o imbecil que o alertou, só o fez depois que Santiago foi embora, ele perdeu a chance de salvar o amigo. Mas ele tentou. Tentou muito! Fez de tudo para ajudar Santiago, mas já era tarde. 

A cena da mãe dele nem vou comentar, pois não aguento. :( Era como se o destino tivesse marcado aquele rapaz. Como se tivesse decidido que ele iria morrer e ninguém conseguiria impedir, não importando o quanto tentasse. A morte de Santiago é horrível, gente! Horrível demais. E pelas mãos de pessoas que ele jamais imaginaria que pudessem fazer aquilo com ele. O modo como ele chega a sair caminhando enquanto agonizava... Meu Deus! Quero esquecer essas cenas!

"Nunca houve morte mais anunciada."

O inacreditável no livro todo é justamente isso: a morte de Santiago foi imensamente anunciada, pois, como eu disse, os assassinos queriam ser impedidos. Então, eles trataram de anunciar o que iriam fazer, porque não era possível que ninguém tentaria impedir a morte de um jovem que tinha crescido ali, que era conhecido de todos e amigo da maioria. Eles acreditavam que não precisariam matar Santiago, pois alguém, entre as autoridades e as pessoas comuns, os prenderia ou alertaria sua vítima. 

Mas Luna, se eles não queriam matar a vítima, então era só não matar, certo? Infelizmente, a questão era muito mais complexa. Não posso contar o motivo, pois seria spoiler, mas aquelas pessoas estavam praticamente obrigadas a fazer aquilo. E só lendo para entender. 

"[...] Principalmente, nunca achou legítimo que a vida se servisse de tantos acasos proibidos à literatura para que se realizasse, sem percalços, uma morte tão anunciada."

Embora eu não tenha feito a resenha do livro, dá para vocês perceberem como esta história mexeu comigo, certo? Eu ainda penso nela, quase um mês após lê-la... Fico lembrando dos acontecimentos e sentindo a mesma incredulidade e desespero. Tenho que reconhecer: Gabriel García Márquez era um excelente contador de histórias. Suas narrativas são sempre impecáveis. A pessoa pode até odiar algum dos seus livros, mas não sai ileso de nenhuma leitura. Ele tinha o dom para criar histórias impressionantes e contá-las de um jeito único. É uma pena que tenha insistido em alguns temas que me incomodaram muito e me fizeram ter um relacionamento quase que de ódio com suas obras. Crônica de uma morte anunciada, de certa forma, resgatou o autor para mim, quando eu já estava decidida a nunca mais ler nenhum dos seus livros. Depois desta história, eu reconsiderei a decisão de não ler mais suas obras. Resolvi lhe dar mais uma chance. 







 Literatura Irlandesa
Título Original: The Arabian mistress 
Tradutora: Celina Romeu
Editora: Harlequin
Edição de: 2015
Páginas: 256 

Sinopse: A última coisa que Faye precisava era ter que implorar pelo perdão do príncipe Tariq Shazad ibn Zachir. Fazia mais de um ano que não se viam. Mais precisamente, desde o dia em que se casaram. Mas o irmão de Faye fora feito prisioneiro no país de Tariq, e apenas ele poderia libertá-lo. Faye sabia que o reencontro seria difícil, mas acabou sendo surpreendida pela proposta de seu marido. Ele libertaria o irmão de Faye se ela aceitasse ser sua amante...




Este é um livro que reli após doze anos... Lynne Graham, mais de uma década atrás, costumava ser minha autora favorita dos livros de romances. Eu acredito que já li todos os livros dela que foram publicados no Brasil e foram MUITOS. Dezenas! Devo ter lido fácil, fácil, uns 60 livros da autora. Houve um tempo em que tinha isso anotado, mas no momento não sei onde está.rs Na época, eu era tão fã da autora que lia até mesmo os livros que ainda não tinham chegado ao Brasil, algo semelhante ao que fazia também em relação a minha querida Candace Camp e outras autoras amadas. 

E hoje em dia? Ainda sou tão fã da autora? SIM! A Lynne Graham sempre terá um lugar querido em meu coração. Todavia, ser fã da autora não significa necessariamente que se lesse certos livros dela hoje em dia "isso daria certo".kkkkkkkkk Se naquela época eu já me estressava com seus "mocinhos", que muitas vezes eu considerava verdadeiros vilões, atualmente sou ainda mais crítica. E com motivos!

Apesar de ter gostado da história, da escrita da autora que sempre me cativa e considerá-la digna das quatro estrelas que dei ao livro, eu não curti tanto assim o romance entre o casal. Na verdade... Me perguntei se eu poderia matar um personagem. No caso, o tal mocinho da história.rs

Tariq me irritou. Muito. MESMO!  A desigualdade da relação entre os dois, o desequilíbrio... E principalmente o fato de ele se aproveitar justamente disso. 

Aqui temos uma mocinha que cometeu o grande pecado de se apaixonar por um homem um pouco mais velho e, ingênua como era na época, ter mentido sua idade na intenção de pelo menos sair com ele, nem que fosse uma vez. Ela sabia que se ele soubesse que ela tinha apenas 19 anos, não iria lhe dar atenção. Ela errou? Claro. Mas isso não o autorizava a tratá-la como a tratou quando certas coisas aconteceram e eles tiveram o casamento mais curto da história. O casamento só durou o tempo de dizer "sim" e então tudo acabou. Enfim...

O que me irritou tanto no livro? Como eu disse, o desequilíbrio. Ver alguém numa posição de superioridade tanto pela experiência quanto pela situação financeira se aproveitar de alguém que não tinha nem metade da experiência dele e muito menos o dinheiro. E como ele se aproveitou? Se interessando por ela? Não. Sabendo o poder que tinha, ele se aproveitou de uma situação horrível pela qual ela passou para conseguir o que queria, pois era "superior" a ela. Tinha o poder e o dinheiro que ela não tinha e, assim, poderia fazer o que bem entendesse. Como humilhá-la diversas vezes na história

Faye, cerca de dois anos após o término do seu casamento relâmpago, se viu na situação de ter seu único irmão preso por dívidas num país árabe, onde as leis eram muito diferentes daquelas que ela conhecia. O fato de seu irmão ter falido era motivo para ele ser preso e somente se ela tivesse a quantia necessária para quitar suas dívidas é que ele poderia ser solto e voltar para casa, para os filhos pequenos e a mulher que não sabia como lidar com todo o sofrimento causado por sua prisão. Que o irmão dela foi um grande imbecil, eu não nego! Mas é justamente dessa situação que o Tariq vai se aproveitar e foi isso que tanto me incomodou na história. 

Por que dei quatro estrelas ao livro se tive sérios problemas com a história? Não sei!kkkkk Estou brincando. A verdade é que as estrelas foram mais pela autora que tanto admiro e pela nostalgia. Por ter sido um livro que li doze anos atrás, quando eu ainda era uma menina de 16 anos... e ter sido uma história que, naquela época, eu encontrei motivos para amar. 






 Literatura Inglesa
Título Original: Hansel & Gretel
Tradutor: Augusto Calil
Editora: Intrínseca 
Edição de: 2015
Páginas: 54

Sinopse: O prestigiado escritor Neil Gaiman e o brilhante ilustrador Lorenzo Mattotti se encontram para recontar o clássico João e Maria. Familiar como um sonho e perturbador como um pesadelo, o conto narra a saga de dois irmãos que, em tempos de crise e falta de esperança, são abandonados pelos próprios pais e precisam enfrentar com coragem os perigos de uma floresta sombria.

Em um texto poético, Gaiman revive a tradição dos contos de fada, dando profundidade à aventura dos irmãos, mas sem abandonar a autenticidade e o talento único de mesclar realismo e fantasia que o transformaram em um dos maiores autores de sua geração. Mattotti, por sua vez, dá um ar inteiramente novo ao clássico. Seus traços criam um jogo de luz e sombra, permitindo que o leitor desvende aos poucos a imagem, assim como os segredos da história de João e Maria.






Esta não é a versão que eu conhecia do clássico João e Maria.rs A da minha infância também tinha a questão sombria da bruxa que devorava crianças, mas não tinha o abandono dos pais. Isso eu tinha encontrado num outro conto de fadas que li alguns anos atrás chamado, se não me engano, o pequeno polegar

O conto narrado pelo Neil Gaiman é muito triste e doloroso. Fiquei tensa a leitura inteira, com medo da forma como ele terminaria, se seria a versão "feliz" que eu conhecia ou algo diferente. Ver as crianças serem abandonadas daquela maneira pelos pais, que sabiam que não havia outro destino para elas que não fosse a morte naquela floresta, me provocou revolta e muita tristeza. Eles estavam passando fome, mas nada justifica tamanha crueldade. Nunca amaram os filhos, pois quando amamos alguém fazemos até o impossível para protegê-lo. 

Não foi um conto que me fez bem, mas sem sombra de dúvidas é uma história que atravessou os séculos e, contada e recontada, segue sendo cheia de importantes lições. 



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