22 de fevereiro de 2023

Vida em Leilão - Barbara Delinsky


 
Título Original: Finger Prints
Tradutora: Elsa Joana Frezza
Editora: Nova Cultural
Edição de: 1986
Páginas: 258

Sinopse: Uma espessa neblina cobria as ruas de cinza, ocultando perigos, fazendo Carla tremer de medo, o coração batendo forte no peito. Não havia dúvida: alguém a seguia em meio à névoa, certamente o assassino que a iria punir por ter delatado um homem poderoso. Não adiantara disfarçar-se e trocar de nome; ele a encontrara! Desesperada, Carla apressou o passo, ouvindo ainda atrás de si a respiração ofegante de seu perseguidor. E chegou a seu prédio quase sem sentir, para encontrar ali um desconhecido que a amparou nos braços. Oferecia-lhe proteção ou... morte?

A luta de uma mulher para recuperar sua identidade, seu direito de amar. 




Não me lembro do dia em que comprei este livro. A data anotada na primeira folha informa que o adquiri em 23.01.2014, mais de nove anos atrás. E somente no mês passado tive vontade de apostar nesta leitura. O que se mostrou uma ótima escolha, pois é um livro que me fez muito bem, num momento da minha vida em que me sinto sobrecarregada, por todos os lados. Invadida por um estresse que tem prejudicado, inclusive, a minha saúde. 

Sei que preciso relaxar mais (falar é fácil!), manter a calma diante das situações que me tiram o sossego e adquirir equilíbrio emocional. Mas na prática tudo é mais complicado, ainda mais quando lido há tantos anos com o transtorno de ansiedade generalizada. Quem sofre do mesmo mal com certeza me entende. Cada dia é uma luta. Tudo é mais difícil, mais desgastante. Para estar bem é preciso lutar muito. E a luta constante é imensamente cansativa. 

Assim, na tentativa de melhorar o meu emocional, que vem afetando muito a minha saúde física, eu decidi ler um romance que aparentava ser "leve", diferente dos livros que eu vinha lendo nos últimos meses. Também resolvi assistir a série Diários de um Vampiro, que marcou a minha adolescência, apesar de naquela época eu não ter passado da primeira temporada. Mas eu queria finalmente assistir, até o final. Era uma lembrança do passado, da minha adolescência, de um período que eu queria recordar. 

Vida em Leilão foi uma leitura que deu certo. Que funcionou perfeitamente para mim, apesar de ser uma história bem simples, sem grandes reviravoltas e acontecimentos impactantes. Era justamente o que eu precisava. Um romance leve e fofo, para "sonhar acordada". 

Nele conhecemos Carla Quinn, uma jovem professora de 29 anos, que vive uma vida de mentiras.... de disfarce. Seu nome verdadeiro era Robina Hart e ela era repórter em Chicago, até testemunhar um terrível incêndio e que um dos principais responsáveis era um homem extremamente poderoso. 

Seu testemunho poderia colocá-lo na cadeia por muitos anos, e, disposto a impedir que isso acontecesse, o referido homem não hesitou ao contratar um assassino de aluguel para eliminar "o problema". 

Após a tentativa de assassinato, Carla foi colocada no programa de proteção às testemunhas, e teve que largar toda a vida que conhecia até então, incluindo sua família e amigos, e mudar de cidade, de aparência, de profissão. 

Tudo era muito triste e solitário. Ela não conseguia aceitar sua nova vida, todas as mentiras que precisava contar todos os dias... sem mencionar o medo terrível que nunca a deixava. Não suportava mais aquela situação, estava à beira do limite... e então ele apareceu. 

Ryan era um advogado de sucesso, mas todo o êxito em sua vida profissional custou caro. Seu casamento não sobreviveu ao excesso de trabalho, de horas extras, de compromissos e reuniões. Talvez tudo tenha dado errado porque não estava realmente apaixonado pela mulher com quem dividia o lar. Talvez tivesse tentado mais se a amasse... pois assim que conheceu Carla, soube que jamais se permitiria perdê-la. Que não repetiria os mesmos erros. Que seria feliz. Ao seu lado. 

Como eu disse, este é um romance leve, apesar do tema de proteção à testemunhas, incêndio e assassinato. O livro não foca muito nos temas pesados, preferindo girar em torno do romance entre a Carla e o Ryan. As mentiras, os segredos, com certeza serão um problema no relacionamento dos dois, e claro que tentarão matar a mocinha novamente, mas nada disso torna a leitura angustiante. Segue sendo um romance bem fofinho, que nos faz suspirar e desejar um Ryan para nossa vida.kkkkk

O romance entre o casal me fazia sorrir, mesmo quando eu não estava muito feliz. Eu me pegava sorrindo feito boba no ônibus (ainda bem que sigo usando máscara no transporte público!), desejando que tudo desse certo entre eles, que nada os separasse. Que conseguissem lidar com as mentiras que a Carla teve que contar, pois eram necessárias e ela não tinha outra opção no início do relacionamento deles. Que pudessem superar todos os obstáculos e serem felizes. Ansiava muito pelo final feliz!rs

E o livro conseguiu me encantar até o fim, apesar de eu ter ficado um tanto triste com certos acontecimentos e personagens. Não posso dizer que não era esperado, mesmo assim desejei que fosse diferente. Mas, como na vida real, é preciso assumir as consequências das escolhas feitas. E, infelizmente, alguns personagens fizeram péssimas escolhas, com consequências terríveis. 

A história tem final feliz, graças a Deus! E não considero isso spoiler.rs Amo romances que terminam bem, que nos fazem acreditar que coisas boas podem acontecer...

Recomendo bastante esta história para quem quer ler um romance leve e muito agradável!


Bjs, queridos! Até breve!


8 de fevereiro de 2023

Leituras concluídas - Janeiro/2023

 
Olá, queridos!

Janeiro foi um mês de poucas leituras... Li dois livros de poesia da Amanda Lovelace, que me fizeram refletir sobre minhas próprias decisões e o rumo que estou tomando em minha vida. 

Iniciei a leitura de um romance maravilhoso chamado Vida em Leilão, que infelizmente ainda não consegui concluir. E, acreditem, li um livro sobre mulheres assassinas... um livro de não ficção. Mulheres assassinas da vida real, que provocavam destruição por onde passavam. 

Por último, apostei num thiller nacional que me atraiu desde que vi a capa pela primeira vez: O Homem de Palha, mas esta leitura não funcionou. Acabei abandonando. Não sei se um dia voltarei a lhe dar uma chance. Talvez sim, pois, como sabem, eu detesto abandonar uma leitura. 

E este post é para falar um pouco sobre as leituras que finalizei em janeiro, mas não resenhei. 




Literatura norte-americana
Título Original: Break your glass slippers
Tradutora: Debora Fleck 
Editora: Leya
Edição de: 2021
Páginas: 152 (e-book)

Sinopse: Amanda Lovelace, autora dos best-sellers e premiados livros A princesa salva a si mesmo neste livro e A bruxa não vai para a fogueira neste livro, está de volta com sua mais nova e aguardada série "Você é o seu próprio conto de fadas".

Nesse primeiro volume, ela dá uma nova e moderna interpretação à versão tradicional da história da Cinderela e fala de como não devemos dar ouvidos àqueles que não veem o nosso valor, mesmo que, às vezes, essa pessoa sejamos nós mesmas. Os poemas deste livro abordam temas contemporâneos como autoaceitação, relacionamentos tóxicos, assédio sexual, transtornos alimentares, mas falam principalmente de dar a volta por cima e de perceber que somos a personagem mais importante da nossa história e podemos construir o nosso próprio final feliz.

Com seus versos simples e diretos, que já arrebataram milhares de fãs em todo o mundo, Amanda Lovelace se dirige às mulheres, questionando e transformando papéis que fazem parte do imaginário feminino há muitas gerações, como o do príncipe encantado, com o qual viveremos felizes para sempre, e o da fada madrinha, que nos concederá todos os nossos desejos.






Literatura norte-americana
Título Original: Shine your icy crown
Tradutora: Debora Fleck
Editora: Leya
Edição de: 2021
Páginas: 160 

Sinopse: Nesse segundo volume, ela usa o universo simbólico desses contos para falar do gelo que, às vezes, precisamos construir ao redor de nós mesmas e das irmandades que nos dão força e não nos deixam desistir. É uma história de como não deixar a sociedade limitar o seu potencial e de como tomar o poder sobre a sua própria vida nas mãos. Os poemas deste livro abordam temas contemporâneos como autoaceitação, relacionamentos tóxicos, assédio sexual, transtornos alimentares, automutilação e suicídio, mas falam principalmente de dar a volta por cima e de perceber que você não precisa de um rei para ser rainha.

Com seus versos simples e diretos, que já arrebataram milhares de fãs em todo o mundo, Amanda Lovelace se dirige às mulheres, questionando e transformando ideias nas quais, por muito tempo, elas foram forçadas a acreditar: que não podem se proteger sozinhas e que precisam de alguém ao seu lado para mostrar ao mundo o valor que têm.




Estes livros eu finalizei logo no início de janeiro... Já tinha lido outros livros de poesia da autora antes e apreciado demais, todavia nenhum me impactou tanto quanto quebre os seus sapatinhos de cristal. Eu estava no ônibus, indo para o trabalho quando resolvi lê-lo. Lembro da surpresa diante de alguns textos... Como se tivessem sido escritos para mim. Como se fossem tudo o que eu necessitava ler para "acordar". Só que ainda não acordei totalmente, já que repito os mesmos erros vezes e outras. Porque é muito difícil mudar...

Faça a sua coroa de gelo brilhar também me envolveu e "falou comigo", mas não bagunçou tanto as minhas emoções como o outro. Ainda assim, recomendo muito! Amanda Lovelace é uma autora que podemos ler sem medo; não acredito que um dia irei me decepcionar com algum dos seus escritos. Ela é fantástica! 






Título Original: Lady Killers: Deadly Women Throughout Hustory
Tradutores: Daniel Alves da Cruz e Marcus Santana
Editora: Darkside Books 
Edição de: 2019
Páginas: 384

Sinopse: Mulheres letais, inteligentes e manipuladoras. Prepare-se para realizar uma investigação ao lado da DarkSide Books e sua divisão Crime Scene. Esqueça tudo aquilo que você achava que sabia sobre assassinos letais - perto de Mary Ann Cotton e Elizabeth Báthory, para citar apenas algumas, Jack, o Estripador ainda era um aprendiz. Lady Killers: Assassinas em Série é um dossiê completo sobre a vida de catorze mulheres que deixaram rastros de corpos por onde passaram. Uma obra fundamental para os fãs de criminologia que querem compreender a mente de assassinas que são horrivelmente - e essencialmente - humanas.





Apesar de gostar de livros de não ficção e de ter acompanhado por muito tempo o canal Investigation Discovery, não estava nos meus planos mergulhar num livro de crimes reais no momento. Mas ele foi a sugestão de leitura de uma das minhas amigas do trabalho para o nosso grupo de leituras coletivas e resolvi arriscar. Acreditei que os crimes cometidos por essas mulheres possuíam alguma "justificativa", sabe... Crimes por legítima defesa... Por algum motivo... atenuante. Mas, em sua maioria, elas eram simplesmente más. Cruéis. 

Este livro, escrito pela Tori Telfer, reúne as histórias de quatorze assassinas em série, que matavam pelo prazer de matar. De acabar com várias vidas. Não sei dizer qual a pior entre elas. Aquelas que matavam crianças e bebês foram as que mais me provocaram revolta. Matavam os próprios filhos, os próprios pais, irmãos... Enfim... Vai demorar um tempo até me recuperar de tudo o que encontrei neste livro. Além das quatorze assassinas, no final do livro ainda tem uma seção dedicada a falar de outras víboras. 

É um livro pesado e te faz pensar na maldade que existe aí fora... pelo mundo. 



2 de janeiro de 2023

Leituras concluídas - Novembro e dezembro/2022

 Olá, queridos!

Feliz Ano Novo!!!! Que 2023 seja um ano lindo para todos nós! Que seja cheio de amor, saúde e união! Que seja um ano feliz! Eu peço, eu imploro aos Céus por isso! 

Deveria começar 2023 com uma resenha, mas ainda necessito organizar o tumulto de sentimentos que bagunçou meu interior ao longo da leitura da Parte I (Volumes I e II) de Caminhos de Paixão, A História de La Diana. Este livro já se tornou um dos meus favoritos da vida, pois apesar de todo sofrimento, todas as lágrimas derramadas pelo terror que todas aquelas pessoas viveram durante a guerra da Bósnia, e a dor que a Diana carrega dentro de si, é um livro inesquecível. Um livro que nos machuca, mas também conforta. Tentarei falar desta incrível história em breve... Espero conseguir fazer uma resenha digna da Diana, desta personagem guerreira, que jamais desistiu, mesmo quando tudo parecia perdido. É minha personagem favorita da Florencia Bonelli. 

Mas este post é para falar dos livros lidos em novembro e dezembro de 2022, mas que não foram resenhados. Motivo pelo qual Lírios de Sangue, da autora Carmem O., não fará parte deste post, visto que já possui resenha publicada no blog. 





Título Original: Home Body
Tradutora: Ana Guadalupe
Editora: Planeta
Edição de: 2020
Páginas: 192

Sinopse: A terceira coletânea de poesias de Rupi Kaur, maior fenômeno da poesia mundial nos últimos anos

Um dos temas mais frequentes na obra de Rupi Kaur é a importância que há em crescer e estar sempre em movimento. Em Meu corpo minha casa, ela leva leitoras e leitores a uma jornada de reflexão através da intimidade e dos sentimentos mais fortes, visitando o passado, o presente e o potencial que existe em nós. Os poemas dessa coletânea, ilustrada pela autora, inspiram uma conversa interna em cada um, lembrando que precisamos nos preencher de amor, de aceitação e de confiança em nossas relações familiares e de comunidade. E, sempre precisamos estar de braços abertos para as mudanças em nossas vidas.



Ler os poemas de Rupi Kaur é sempre uma viagem intensa e, por vezes, dolorosa, para dentro de nós. Dos sentimentos que carregamos em nosso interior e muitas vezes calamos. Dos traumas, das lembranças... do passado que queríamos esquecer. Os poemas dela conseguem me atingir com uma força que sempre me surpreende. Sinto como se fosse golpeada, sabe? Ler esta coletânea foi assim... Mergulhei fundo em sentimentos que até mesmo não pretendia visitar. Que não queria sentir. Mas, no fim de tudo, valeu a pena. Sempre vale a pena ler esta poetisa brilhante. Serei sempre sua leitora. Basta que um livro dela seja lançado para eu saber que preciso dele. 





Editora: Ave-Maria
Edição de: 2021
Páginas: 112

Sinopse: Esta pequena obra dedicada a Maria tem a intenção de ajudar o leitor a amá-la. (O próprio título já diz tudo: Salmodiando a Maria.) O objetivo é que, quem ler estas páginas, se aproxime e ame mais Nossa Senhora. Portanto, não é um escrito que busca ressaltar a mera beleza literária ou um exercício de estilo, mas sim fazer com que cada um se torne um pouco mais filho de Maria.




Eu comprei este livro em meio à dor que sentia pela morte da minha Luana. Lembro de como decidi ir até uma livraria católica e procurar um livro que me aproximasse mais de Maria, para quem me voltei por inteiro ao perder minha pequena. Iniciei a leitura em 17.12.21 e finalizei em 18.12.22, no mês em que completou um ano da morte do meu anjinho... Um ano de luto... Eu precisava que este livro me acompanhasse neste processo. Foi importante para que eu suportasse. 

Não que o livro seja "perfeito", e vocês já conseguem perceber isso pelo fato de eu não ter dado 5 estrelas. Ele possui alguns problemas, alguns trechos que me incomodaram. Mas funcionou naquilo que eu mais necessitava: estar próxima de Maria, da minha mãezinha do Céu. 








Editora: Globo Livros
Edição de: 2017
Páginas: 296

Sinopse: Nesta nova edição revista, atualizada e ampliada de 'Mentes ansiosas – o medo e a ansiedade nossos de cada dia', a psiquiatra e best-seller Ana Beatriz Barbosa Silva aborda as diferentes manifestações da ansiedade. Medo, estresse e ansiedade, segundo ela, são fatores comuns e até necessários para uma vida mentalmente saudável. O problema, contudo, começa quando eles se agravam a ponto de se apresentarem em suas versões adoecidas: transtorno de estresse pós-traumático, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, entre outros. Através de sua linguagem objetiva e acessível, a autora analisa as causas, desdobramentos e possíveis formas de lidar com essas doenças.





Depois de ler Mentes depressivas, eu fiquei com imensa vontade de ler outros livros da autora e escolhi ouvir o audiobook deste aqui, sobretudo por eu própria conviver com o transtorno de ansiedade generalizada há muitos anos. Pensei que o livro seguiria a mesma linha de mentes depressivas e, de certa forma, possui a mesma estrutura, a mesma forma de "conversar" com o leitor. 

No entanto, o livro não funcionou tanto assim comigo. Não gostei de algumas partes, que me pareceram superficiais. Não sei... O livro não me agradou como eu esperava. De modo geral, me decepcionou. 






Literatura Russa
Tradutor: Robson Ortlibas
Editora: Principis
Edição de: 2020
Páginas: 77 (e-book)

Sinopse: Noite branca é um fenômeno comum na Rússia, em especial em São Petersburgo, em que o sol permanece um pouco abaixo da linha do horizonte ao se por, deixando a madrugada clara. É nesse cenário de atmosfera lírica que dois jovens sonhadores se conhecem em uma ponte. Ao longo de quatro noites, os dois combinam de se ver para falar sobre suas vidas e compartilhar sonhos, angústias e reflexões, até o desfecho inesperado ao final do quarto encontro. 




Durante a maior parte da leitura desta história, eu só conseguia pensar em como ela era chata! Uma história entediante, que o leitor continua na base de um extremo esforço.rs Sério! Um livro de apenas 77 páginas conseguiu ser mais longo do que Crime e Castigo, pelo cansaço imenso que me provocou! Amo Crime e Castigo e depois dele, infelizmente, não me dei muito bem com outros livros do autor. 

Apesar disso, do quanto considerei o livro chato e sem sal, confesso que fiquei triste com o final.kkkkk Não sei explicar.kkkkk Fiquei com pena do personagem. Achei o destino dele injusto e senti raiva de alguns personagens pelo que fizeram. 






Editora: Companhia das Letras
Edição de: 2005
Páginas: 552

SinopseAssim que a noite cai e os contornos diurnos das coisas e das pessoas começam a se confundir, começam igualmente a ceder as muralhas que todos nós erguemos contra o desconhecido. É a hora das sombras furtivas, dos ruídos suspeitos, quando basta um momento de descuido para que nossas apreensões e pesadelos ameacem ganhar presença palpável. É esse o domínio do conto de horror, que flerta com essa zona cinzenta e incerta de nossas vidas e a transforma em literatura. 

Nesta antologia de Contos de horror do século XIX, o escritor Alberto Manguel reuniu, especialmente para o público brasileiro, a fina flor do medo. Tão antigo quanto a civilização, o conto de horror define suas regras e chega a seu apogeu na literatura anglo-saxônica, na linhagem de escritores que vai da "gótica" Ann Radcliffe a Edgar Allan Poe e H. P. Lovecraft. Mas Manguel não se contenta apenas com os mestres mais conhecidos do gênero, como Henry James, Guy de Maupassant ou Robert Louis Stevenson. Convoca escritores de toda estatura e de várias línguas, do português de Eça de Queiroz ao íidiche de Lamed Schapiro. 

Nesse percurso, o leitor transita por todos os ambientes e resvala em todos os motivos do conto de horror: igrejas em ruínas, subsolos pútridos, jardins ermos, prisões e campos de batalha, criaturas invisíveis, mortos-vivos, animais espantosos e espelhos encantados. Tudo isso em sua poltrona preferida, em (relativa) segurança, desfrutando ainda do último charme deste livro: novas traduções de todas as narrativas, cada uma a cargo de um nome expressivo da cultura brasileira contemporânea.




Esta é uma coletânea incrível, que eu apreciei MUITO ter a oportunidade de ler! E tem contos que com certeza irei reler!

Sou uma medrosa.rs E nunca escondi isso. Fujo de histórias de terror como o diabo foge da cruz. Mas... Há alguns anos eu decidi me desafiar a ler livros que, em outras épocas, eu evitaria. Queria sair da minha zona de conforto, mergulhar um pouco no "macabro" que parece encantar tanta gente (incluindo minha irmã, que conhece tudo o que é filme de terror). 

E foi assim que esta coletânea veio parar em minhas mãos. Já tinha ouvido falar do livro e resolvi colocá-lo como uma espécie de "meta". Minha porta de entrada para o gênero do horror. E gostei muito... Não em todos os momentos, mas no geral.rsrs

Vou me tornar uma leitora deste gênero?! Certamente NÃO!kkkkk Sigo preferindo ler outros tipos de livros, o terror continua sendo meu gênero menos querido, que mais evito. No entanto, vez ou outra, quero sim dar uma chance para algumas histórias, pois me desafiam, me incomodam de um jeito que chega até a agradar. Será que dá para entender isso?!rs 

Nem todos os contos presentes neste livro são assustadores. Alguns são fáceis de ler, até engraçados. Mas sim, têm aqueles que depois nos impedem de dormir ou nos provocam pesadelos. Recomendo!



14 de dezembro de 2022

Lírios de Sangue - Carmem O.




Literatura Brasileira
Editora: Novo Século
Edição de: 2016
Páginas: 144

Sinopse: Até onde vai sua dor? Sua percepção da realidade? Seu lirismo?
Despretensiosamente, Lírios de sangue é o relato simples e talvez poético daqueles que estão no momento mais crítico de suas vidas: o confronto com a doença, com as fraquezas do corpo, com nossa mente desnuda de defesas. Nossa fragilidade exposta, escancarada. 

São relatos de quem vive diariamente essa condição humana. 

Há uma entrega, uam aceitação dos dois lados. O paciente e o médico. Aprendizado mútuo de ambos. No final, cúmplices, querem o mesmo objetivo: VIVER. 

E cada um, inevitavelmente, levará um pouco do outro por onde for. 





Um dia, hace años, eu contei aqui como um determinado livro me "atraiu", me "escolheu" num momento da vida em que tanto necessivava das palavras que transbordavam de suas páginas. 

Tardes de Maio é o nome dele.... Do livro que falava de dor, perdas, recomeços... Da poesia que está em tudo, até na morte. Da passagem, do adeus, mas também da vida. Naquele momento, minha Luana ainda estava viva. Não havia doença. Não havia desespero. Não sentia o gosto amargo do imenso pânico de perdê-la. Nem as facadas do luto. 

Agora... Aconteceu de novo. A Carmem O. passou novamente por minha vida, com seus textos tão impactantes. Lírios de sangue... Faz sentido, né? Que às vésperas do mês de dezembro, às vésperas do primeiro ano de morte da minha princesa, este livro tenha esbarrado em mim. Não foi coincidência. Foi o destino falando. Outra vez. 

"Há analgésico para essa dor
Há paz para o seu conflito
Pena que você sorri tão pouco"

Era noite de 29 de novembro de 2022... Só Aquele que me roubou minha pequena sabe como eu estava me sentindo, atormentada pelo fato que o mês de dezembro estava chegando... As lembranças não paravam de me golpear com força, com crueldade. Imagens que só quem já presenciou a morte de uma pessoa ou animalzinho querido consegue entender... Eu estava desnorteada. Estava no ônibus, voltando do trabalho e sentindo que não conseguiria sequer chegar em casa antes de desabar em prantos. 

Foi quando desci do ônibus e em vez de pegar o próximo na rodoviária, caminhei para o shopping... querendo apenas andar e andar. Parei numa feira de livros localizada no térreo. E meus olhos imediatamente foram atraídos pela cor vermelha. Ele estava ali, me esperando: Lírios de sangue

"A vida sempre será um sopro
Um sopro difícil de entender."

Lembro que peguei o livro e o apertei contra o peito antes de ir até o caixa para pagar. Sentia uma necessidade urgente de abri-lo e iniciar a leitura. De encontrar nele o conforto que eu estava buscando. Queria ser confortada, sentir-me "abraçada" pelas palavras... sentir que alguém compreendia o que eu estava sentindo. O vazio. O medo. A dor...

Concluí a leitura em 30.11.22. Acho que chorei com quase todas as crônicas e poesias presentes no livro. Me emocionei demais com as diversas histórias de pessoas lutando pela vida ou simplesmente entendendo que o momento chegara, que era hora de partir... Nossa! Este livro me "quebrou" em pedacinhos, mas também me fez um bem tão grande que eu não saberia como expressar em palavras. 

"Teve que se fechar em si mesma por puro mecanismo de defesa. E assim construiu seu Muro de Berlim, de onde via, espectadora, sua guerra fria entre a vida e a morte."

Como eu disse ao fazer a resenha de Tardes de Maio em setembro de 2019: A autora desta coletânea de crônicas e poemas é uma cardiologista que trabalha com pacientes críticos, alguém que já esteve em contato muitas vezes com a dor e a morte. Através de sua própria experiência de vida e relembrando pacientes que teve a oportunidade de conhecer, nos traz esses textos tão simples, mas tão profundos ao mesmo tempo. Muitas das crônicas tratam de pacientes, de momentos vividos no hospital, vidas que se foram, outras que possivelmente se recuperaram... Cada texto tem algo que nos cativa, que nos provoca uma confusão de emoções. Você não sabe sequer explicar o que sente... é algo que toma conta do seu coração e te faz pensar e pensar em muitas coisas.

O que eu disse naquela época se aplica tambem ao livro Lírios de sangue, pois são crônicas e poemas baseados na experiência da autora como médica que lida diariamente com pacientes em estado grave, e tem a oportunidade de testemunhar diversas histórias, e de aprender muito com aqueles que estão quase de partida. 

"Saudades. Tenho de tudo. Do que foi, do que poderia ter sido e do que ainda será. Tenho saudades hoje dos que vejo todos os dias e daqueles que nunca mais verei."

Não sei dizer qual crônica me emocionou mais... Eram tantas realidades diferentes. Dores dos que vão, dos que ficam e precisam lidar com a saudade... Lutas diárias contra a depressão, contra o lúpus, contra o diabetes, o câncer... Perdas e vitórias. Sorrisos e lágrimas. Eu chorava até mesmo quando a autora terminava uma crônica com um "final feliz", quando determinado paciente conseguia sobreviver. Me dava uma emoção tão grande, pois era uma segunda chance. Era precioso saber que alguém tinha recebido uma segunda chance. 

Carmem O. tem o dom de nos tocar profundamente com suas palavras, de nos golpear com realidades duras e terríveis, ao mesmo tempo em que nos faz valorizar o sol, a chuva, o vento que bagunça nossos cabelos. Valorizar o fato de respirarmos. De ainda estarmos aqui, por mais difícil que seja a vida. 

Nunca vai ser fácil viver. Sempre existirão perdas. É inevitável. Mas o sol sempre nascerá depois da tempestade, não é verdade? Ainda que demore um pouco. Ele vai nascer. Belo, iluminando nossos dias cinzentos. 

"Viver é flertar constantemente com nossa fragilidade
Escancarada em nossa cara, luminosa, como um letreiro de motel. 
Não somos especiais. 
Super-heróis de ninguém
Carne
Ossos 
Dor.
Aproveite. 
Amanhã
Pode não chegar."

Ler este livro quando eu estava cheia de dor foi um presente da Vida, do Destino e, quem sabe, de Deus, por mais que meu relacionamento com Ele não esteja muito bom. Sei que este livro não surgiu em meu caminho à toa. Eu precisava dele. Precisava do seu conforto.

Escolhi o dia de hoje, 14 de dezembro, para publicar esta resenha. O motivo vocês podem imaginar: hoje completa um ano que minha princesa se foi. Que partiu deste mundo e me deixou sozinha. 

Sabe no que quero acreditar hoje? Que ela me vê do Céu. E que está feliz. Que não há nenhuma dor. Que ela brinca e pula com outros gatinhos enquanto Jesus olha sorrindo. Que ela dorme do lado dEle, como sempre dormiu do meu lado na cama. 

Há quem não entenda este amor todo que sinto pela minha princesa. "Era só uma gata, um animal, não era gente." Já ouvi muito isso. E eu não sinto raiva de ninguém que não compreende o que sinto. Não preciso que entendam. Não escolhi amar minha pequena filha. Ela me escolheu e preencheu minha vida com tanto amor, que seria impossível não amá-la com todas as minhas forças. Sempre irei amá-la. Sempre sentirei sua falta. Mas quero estar bem. Porque eu prometi, um ano atrás, enquanto ela partia, que ficaria bem. Que seria feliz para que ela pudesse estar em paz. E que um dia estaríamos juntas de novo. Sei que estaremos. Um dia, quando minha hora também chegar, eu irei para junto dela. E nunca mais haverá uma separação. Nunca mais haverá dor. 

Um ano sem você, minha filha... Apenas sem sua presença física. Porque dentro de mim você sempre estará viva. Nunca esquecerei os lindos momentos que vivemos juntas. Você sempre será o meu anjo. Te amo. Para sempre. 



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