31 de dezembro de 2019

Cântico de Natal / Os Carrilhões - Charles Dickens

Literatura Inglesa
Título Original: A Christmas Carol / The Chimes
Tradutor: John Green
Edição de: 2004
Páginas: 183

Sinopse: Os historiadores de literatura consideram Charles Dickens uma figura proeminente no romance inglês do século XIX, chegando mesmo alguns a apontá-lo como o maior romancista que a Inglaterra já produziu. 
Sua obra, impregnada de mistério, é aparentada com o romance gótico e constitui um vasto painel melodramático da Londres industrial de 1830-1850. 
Entre romances e contos, Dickens escreveu várias obras-primas. Sua postura essencialmente sentimental expressou-se com muita nitidez em seus contos de Natal. Cântico de Natal (1843) é quase um conto de fadas; tornou-se parte integrante da mitologia natalina anglo-saxônica. Outro texto de Dickens sobre a mesma temática é Os Carrilhões (1845), incluído neste volume. 



"Sua maior felicidade era abrir caminho através das estradas atravancadas da vida, tendo sempre a distância toda e qualquer simpatia humana."

Em Cântico de Natal, Ebenezer Scrooge era um homem muitíssimo rico, que não tirava qualquer proveito do dinheiro, fosse para si mesmo ou para os outros. Gostava de saber que tinha dinheiro e o guardava como seu bem mais precioso, seu único amor. Maltratava seu empregado e lhe pagava o mínimo possível, mesmo sabendo que não era o suficiente para ele sustentar sua família. 

Não ajudava o próximo, não amava ninguém e recusava toda e qualquer tentativa de aproximação de seu sobrinho, que era sua única família. Era uma pessoa fria, até mesmo cruel, e desprezava com todas as suas forças o Natal. Não se permitia ser amado e estava muitíssimo satisfeito com sua existência solitária e vazia. Até que...

... seu antigo sócio, Jacob Marley, aparece em sua casa. Não seria nada surpreendente, exceto pelo fato de que Marley tinha morrido há alguns anos. Chocado por tão inesperada visita, ele recebe, de um profundamente triste ex-sócio, que vagava pelo mundo por conta de todos os seus inúmeros erros passados, a notícia de que será visitado por três espíritos, um após o outro. O Espírito dos Natais Passados, o Espírito dos Natais Presentes e o Espírito dos Natais Futuros. 

Embora Scrooge acredite que tudo não passou de um terrível pesadelo, não demora a perceber que aquela era a mais incrível realidade e que deveria considerar tais visitas como uma segunda chance. Uma oportunidade que se desperdiçada poderia condená-lo a um futuro que nem ele mesmo desejaria ao pior inimigo. 

"- A conduta de um homem pode fazer prever o seu fim - disse Scrooge -, mas se ele muda de vida, também o seu fim não será modificado?"

Eu já tinha ouvido falar muito desse conto, mas não sabia de fato do que se tratava. Acho que teve até uma adaptação dos filmes da Barbie (lembram dos filmes da Barbie que eram releituras de contos de fadas? Eu assistia sempre!), mas eu assisti muito tempo atrás e já não lembrava da história. 

Scrooge é aquele tipo de pessoa que precisa passar por um grande susto para aprender a dar valor à vida. Ele era amargo, frio, um homem que não se importava com absolutamente ninguém, que ficava feliz em fazer os outros sofrerem, principalmente seu funcionário, a quem tratava com toda ignorância. Então, quando recebe a visita dos espíritos, que o levam ao seu passado, a alguns momentos do presente e, por fim, ao futuro que poderia ter (e certamente teria), ele se vê diante de uma realidade que não queria encarar e o medo enorme de ter um fim como o que lhe é mostrado. 

É um conto que fala de compaixão, solidariedade, amor ao próximo. Que trata dos valores que realmente importam... que ensina a olhar para as outras pessoas, que passam por dificuldades piores que as nossas, e estender a mão, oferecer a ajuda que você puder dar. Às vezes até mesmo um sorriso pode tornar o dia de alguém melhor. E nem isso Scrooge fazia. Nem mesmo sorrir para outra pessoa ou dizer "Bom dia!". Ele estava condenando a própria alma com sua crueldade, com sua frieza. Felizmente, ele aprende a lição. 

"História mágica de uns sinos que anunciavam a saída de um ano velho e a entrada de um ano novo"

O trecho acima pode nos dar a ilusão de que em Os Carrilhões encontraremos um levíssimo conto sobre a virada de ano. Uma ilusão mesmo, pois de leve este conto não tem nada. Muito pelo contrário! É um conto que me fez chorar, me provocou uma enorme revolta e sensação de impotência.

Nele temos Toby Veck, um senhor de mais de sessenta anos de idade, que trabalhava como "moço de recados", único trabalho que encontrara e que o tornava dependente da boa vontade dos outros, que sempre lhe pagavam o que consideravam "suficiente" (e estava longe de sê-lo). Eram tempos muito difíceis para as pessoas pobres, que muitas vezes não tinham o que comer ou onde morar.

Toby tinha o hábito de conversar com os carrilhões, conjunto de sinos que ficavam no alto da Igreja, pois acreditava que, inexplicavelmente, eles eram capazes de consolá-lo, de dizer-lhe palavras de conforto. Naquela noite, com fome, mas sem esperanças de se alimentar, foi surpreendido por sua linda filha, uma jovem trabalhadora, que mesmo levando uma vida tão terrível era capaz dos mais belos sorrisos, de uma alegria contagiante. Ela levou o jantar do pai, dobradinhas, "um verdadeiro luxo", algo que ele não imaginava poder comer nem tão cedo, vez que era um alimento caro naquelas épocas. Meg usara todo o dinheiro que ganhara naquele dia (quando nem imaginava que fosse ser paga, pois os patrões pagavam quando queriam) para poder dar aquela alegria ao pai. Ele comeu com imenso prazer, fazendo todo o possível para fazer aquele jantar delicioso render e assim poder apreciá-lo devagar.

Ocorre que ele estava jantando em umas escadas que faziam parte de uma residência desconhecida. Logo descobriria que ali vivia um juiz, homem aparentemente afável, generoso, mas que não passava de um corrupto que sentia prazer em condenar aqueles que não podiam se defender, ou seja, os pobres.

"Não sei o que será de nós, os pobres. Meu Deus, faz com que caminhemos para algo melhor no Novo Ano que se aproxima!"

Através deste encontro extremamente desagradável com o juiz, Toby acaba sabendo das intenções dele e do chamado "Pai dos Pobres" de condenar à prisão um tal de Will Fern, homem que fora para Londres em busca de emprego, mas que foi encontrado à noite dormindo num alpendre com a sobrinha de nove anos, vez que não tinham onde dormir. Não tinham dinheiro para nada. Aquilo foi considerado uma grande "afronta" para o "justo" juiz, que decidiu fazer de Will um exemplo ao prendê-lo por ser "um vagabundo". E o digníssimo "Pai dos Pobres" concordava completamente com aquela "sentença".

Quis o destino que Toby, após saber de tão injusto castigo que estava reservado para aquele homem, esbarrasse num desconhecido, que caminhava tristemente com uma criança nos braços. Logo descobriu que se tratava do tal Will Fern e fez o que qualquer ser humano digno de ser chamado de ser humano faria: informou o que o juiz pretendia fazer com ele e, vendo que ele não tinha onde ficar, ofereceu sua humilde casa para abrigá-lo e protegê-lo dos olhos das autoridades.

Este conto mexeu demais comigo, me causou um grande impacto. Foram muitas as cenas que provocaram um nó na minha garganta, mas uma das que mais me emocionaram foi aquela na qual o Toby pegou todas as moedas que tinha para comprar um pouco de chá e toucinho para alimentar o Will e a pequena Lilian. Como a quantidade não era suficiente para alimentar os quatro, ele fingiu não gostar de chá nem de toucinho e sua filha Meg fez o mesmo. Assim, os dois ficaram vendo o Will e a pequena Lilian comerem e beberem e o que mais doeu em mim foi a imensa alegria que eles sentiram ao fazer aquilo por aqueles dois desconhecidos. Eles se sentiam muito bem em poder dar aquele pequeno alimento para o Will e a sobrinha, se sentiam em paz por terem feito aquilo, por eles terem se alimentado. Gente, o Toby não tinha nada! Nada, nada! Mas mesmo assim se privou de comer para alimentar outras pessoas que também não tinham o que comer. São os pobres ajudando os pobres, enquanto aqueles que têm condições financeiras de fazer algo ficam em suas bolhas, achando que os menos favorecidos estão nessas condições porque querem.

Há muito amor neste conto. Aquele amor que não espera nada em troca, que é humilde e puro. Lendo esta história você sente um imenso desprezo por aquelas autoridades imundas, aquela gente corrupta e odiosa, mas ao mesmo tempo sente imenso amor por Toby, Meg, Will e Lilian, além de outras pessoas humildes como eles, mas que tinham um coração maravilhoso e ajudavam uns aos outros.

Não vou dar spoiler dos acontecimentos mais importantes do conto. Só digo que Os Carrilhões é especial e deveria ser mais conhecido e amado que Cântico de Natal.

"E, assim, possa o Ano Novo ser um ano feliz para vós e para muitos outros cuja felicidade depende de vós! E, assim, que cada ano seja mais feliz que o anterior, e que os mais humildes dos nossos irmãos não sejam privados do legítimo quinhão de felicidade que Deus lhes destinou."

Feliz Ano Novo! 

30 de dezembro de 2019

Fechando 2019 e Melhores do Ano



Olá, queridos!

Ainda nem acredito que 2019 finalmente está acabando!!! Eu sei que o ano passou bem rápido, mas aconteceram tantas coisas tristes logo no início do ano (desastres das chuvas, que causaram várias mortes; a tragédia de Brumadinho; a morte dos meninos do Flamengo; e muitas outras tragédias que nos chocaram ao longo do ano), que tudo o que eu queria era que 2019 chegasse ao fim. 

Também não foi um ano bom na minha vida. Aconteceram sim coisas boas: terminei a faculdade em dezembro de 2018 e minha colação de grau foi em março do presente ano, comecei a minha vida profissional, tive algumas conquistas importantes no decorrer de 2019 e sou muito grata a Deus por tudo. Sem Ele eu não teria conseguido nada.

Mas... ao mesmo tempo que aconteceram coisas boas, diversos fatores (como doenças e morte na família) contribuíram para me provocar um estresse maior do que eu conseguia lidar, o que afetou bastante o meu emocional, ao ponto de eu precisar procurar ajuda psicológica, coisa que eu não fazia desde a adolescência. Fazia dez anos que não precisava de terapia com psicólogo para controlar a ansiedade (fui diagnosticada aos quinze anos com transtorno de ansiedade generalizada) e as fases de depressão. Todavia, as diversas mudanças que ocorreram em minha vida em 2019 tornaram a ansiedade forte demais para eu lidar sozinha e se fez necessário procurar a ajuda psicológica, que me ajudou muitíssimo. Cada consulta fez eu me sentir mais forte, mais capaz de controlar a ansiedade e não deixar que ela tenha papel tão importante na minha vida. 

Foi um ano bem difícil para mim. E por mais que as coisas tenham melhorado nos últimos meses e eu esteja conseguindo lidar melhor com os problemas e o modo como eles me afetam, tudo que eu desejava era que 2019 chegasse ao fim.rsrs Por isso, estou muito feliz com este encerramento e desejando com todo o meu coração que 2020 seja um ano maravilhoso para todos nós! Um ano tranquilo, abençoado por Deus, no qual realizemos sonhos, projetos, que conquistemos tudo de bom que está reservado para nós nesse novo ano!

Mas agora é hora de falarmos de livros, filmes e séries, não acham? Cumpri todos os desafios/projetos literários? Assisti alguma coisa?rs Vamos conferir!

No link Projetos de leitura 2019 vocês conseguem conferir tudo o que li para os desafios/projetos e o que acabou ficando pendente.rs Porém, deixarei aqui um resumo:

Desafio do canal Literature-se

Eram 12 temas e eu consegui concluir 10, embora nem todos nos meses certinhos, mas o importante é tê-los concluído!rs Ficaram faltando apenas dois. E os livros escolhidos e não lidos farão parte das minhas leituras de 2020, claro!


Desafio Romance de Época 2019

Era um desafio criado pelo blog Livros Encantos, mas não deixarei o link aqui, pois quando clico não tenho mais acesso ao blog, parece que ele mudou de endereço ou foi excluído pela blogueira, não sei o que aconteceu. 

Dos 13 temas, eu consegui finalizar 11!!! Muito bom, né?! O curioso é que isso não significa que li apenas onze romances de época no ano (na verdade foram doze!kkkkk), mas sim que apenas onze se encaixavam nas categorias. 


Desafio 12 Meses Literários 2019

Este é um desafio do qual eu participava desde 2017, mas neste ano de 2019 as coisas não correram tão bem no grupo do Facebook no qual ocorria o desafio, onde colocávamos os links e conversávamos sobre as leituras. Isso porque o grupo foi abandonado pelas organizadoras, infelizmente. Apesar disso, eu concluí onze dos doze temas. 


Projeto do canal Aventuras na Leitura

Eram doze temas e, infelizmente, vários deles não foram finalizados :( Consegui concluir sete temas e cinco deles ficaram pendentes. Mesmo assim já dou spoiler do meu próximo post: vou participar do novo desafio do canal Aventuras na Leitura! E desta vez vou cumprir todos!rs


Mulheres em Foco

Foi um desafio criado pelo blog Um Olhar de Estrangeiro e eu consegui ler apenas oito livros para este projeto, então quatro ficaram pendentes. A proposta era ler livros escritos por mulheres, independentemente do gênero literário. A curiosidade?! Ao longo do ano eu li 38 livros escritos por mulheres. Então como é que não concluí o desafio???!!!kkkkk Eu digo que não concluí apenas porque não li todos os livros escritos por mulheres que escolhi especialmente para este desafio, entende?rs Mas li bem mais livros do que o projeto pedia. 


Ler 12 Livros Nacionais

Este era um projeto pessoal e consegui concluí-lo tranquilamente. :) Será mantido em 2020. 


Ler 12 Livros Clássicos

Outro projeto pessoal e que deu super certo! Li 19 livros clássicos e muitos deles me marcaram profundamente. Também será mantido em 2020.


Ler 12 livros não lidos em 2018

Este sim NÃO deu certo.kkkkkk Consegui ler apenas quatro dos livros pendentes de 2018. Ficarão para 2020!kkkkk


Ler 12 contos e/ou crônicas

Este foi meu maior sucesso!!!rsrs Entre contos e crônicas (a maioria foi contos) eu li 135!!! Isso mesmo!!! Pretendia ler apenas 12, mas li 135! Nem eu acredito!!! Conheci contos e crônicas maravilhosos, de autores que se tornaram queridinhos do meu coração. 


Total de livros lidos em 2019: 60 livros. 

Total de filmes: 12. 

Total de séries finalizadas (completas): 2

- Hatirla Gönül (turca)
- Once Upon a Time

Total de séries continuadas (que comecei a assistir anos antes e continuei em 2019): 2

- Outlander - terminei a 3ª temporada.
- Grimm - terminei a 1ª temporada.

Total de séries iniciadas (que comecei a assistir em 2019): 4

- Erkenci Kus (turca): estou no episódio 15.
- Dolunay (turca): estou no episódio 6.
- Lucifer - terminei a 1ª temporada.
- You - assisti a 1ª temporada. Não vou assistir a 2ª temporada. 

Séries em dia (que estou acompanhando as temporadas): 1

- Lei e Ordem Unidade de Vítimas Especiais: estou na 21ª temporada, que é a temporada atual!!! É a única série que acompanho certinha.rsrs Minha série preferida da vida!

Novelas

Eu comecei a assistir Bom Sucesso, mas abandonei.rsrs A novela é muito boa, mas acabei desistindo de acompanhar. 

Este ano chegou ao fim Espelho da Vida, uma novela que acompanhei e que me apaixonou!

Comecei a ver Amor sem Igual, da Record TV, e por enquanto estou APAIXONADA!!! 


Espero que tenham gostado deste resumo do ano!rs


E agora... Vamos ao TOP 3!

MELHORES DO ANO


Eu sei que sempre faço um Top 12, mas estava tão difícil escolher doze preferidos do ano, quando eu queria escolher vinte, que fiquei irritada e resolvi destacar apenas três.kkkkkkkkkkk... Isso significa que estes são os especiais, medalhas de bronze, prata e ouro. Mas... existem muitos outros livros que li em 2019 e se tornaram queridos do meu coração.

3º LUGAR - MEDALHA DE BRONZE



Este livro mexeu comigo de tantas maneiras que eu nem saberia o que dizer no momento. Leiam a resenha para entender! 

É um livro que fala de vida... de saber valorizar aquilo que realmente importa e que muitas vezes deixamos simplesmente passar. Através das histórias contadas nele, temos nossas estruturas abaladas. Uma emoção muito forte toma conta do nosso coração e sentimos que não poderemos continuar os mesmos após lermos a última página do livro, que é preciso acordar e entender de uma vez por todas que a vida é fugaz, que tudo é passageiro e um dia certamente nos arrependeremos de tudo o que deixamos de viver por nos concentrarmos no que não era importante. Como o trecho abaixo diz:

"Se eu soubesse como viver é custoso
não perderia tanto tempo assassinando meus dias."


2º LUGAR - MEDALHA DE PRATA



Deus do céu! Apenas recordar este livro já me faz sentir uma profunda dor dentro de mim. Já estou aqui chorando de novo enquanto escrevo. Baseado em fatos, este é um livro no qual a autora nos mostra de maneira crua e ao mesmo tempo delicada, o sofrimento que milhares e milhares de pessoas enfrentaram ao tentar escapar com vida das crueldades de Stálin, ao mesmo tempo que tinham que suportar o horror de talvez serem mortas pelos próprios soldados de Hitler. Eram pessoas que estavam cercadas por todos os lados, vítimas inocentes de uma guerra que nunca desejaram. Eram como brinquedos nas mãos de dois monstros (Hitler e Stálin) e sendo puxados por todos os lados, acabariam sendo despedaçados. Como, de fato, foram. 

Há muita dor nas páginas deste livro. Meu coração ficou quebrado em vários pedacinhos. Mas nem por um instante me arrependo de lê-lo. Graças à autora fui capaz de conhecer uma parte da História que tinha sido praticamente apagada, esquecida por todos. Recomendo muitíssimo este livro! Para todos que gostam de romances históricos, de relembrar períodos da nossa História que nunca deveriam ser esquecidos. 

"Quando os sobreviventes se vão, não devemos deixar que a verdade desapareça com eles. Por favor, dê-lhes voz."


1º LUGAR - MEDALHA DE OURO



Alguém tinha dúvidas de qual seria o meu escolhido como melhor livro do ano???!!! Este é um dos livros mais marcantes que li em toda minha vida. O que ele provocou dentro de mim... não dá para expressar. 

Diferentemente de O Sal das Lágrimas, A Rosa Branca não é um livro baseado em fatos. Não. Ele é a realidade crua. Cada um dos nomes mencionados são reais. Cada uma das execuções... perversamente reais. É um livro de memórias, uma homenagem que a Inge Scholl fez aos seus irmãos Hans e Sophie Scholl, dois estudantes universitários julgados, condenados e executados por terem lutado contra as barbaridades do nazismo. Por terem lutado por liberdade, pelo direito que todos tinham de viver, por terem levantado suas vozes para defender o que hoje conhecemos como direitos humanos. Ao lado de outros três estudantes (e um professor), eles criaram A Rosa Branca, no intuito de produzir e distribuir panfletos que conscientizassem a população alemã, que abrisse os olhos daquelas pessoas e as fizesse tomar uma atitude contra o regime nazista. E foram os seis executados por isso: por distribuir panfletos que expunham as mentiras e as monstruosidades do nazismo. Por distribuírem panfletos que defendiam a vida. Dizer que chorei com este livro é eufemismo. Este livro acabou comigo. Mas se eu tivesse que salvar cinco livros da minha estante, ele certamente estaria entre eles. Leiam!!! 

"O que essas pessoas haviam feito? Em que consistiram seus crimes? [...] Eles não se sacrificaram por nenhuma ideia extraordinária, não perseguiram grandes objetivos: o que queriam era que pessoas como eu e você pudessem viver em um mundo humano."

23 de dezembro de 2019

O que o Sol faz com as Flores - Rupi Kaur


Título Original: The sun and her flowers
Tradutora: Ana Guadalupe
Editora: Planeta
Edição de: 2018
Páginas: 256

Sinopse: o que o sol faz com as flores é uma coletânea de poemas arrebatadores sobre crescimento e cura. ancestralidade e honrar as raízes. expatriação e o amadurecimento até encontrar um lar dentro de você. 
organizado em cinco partes e ilustrado por rupi kaur, o livro percorre uma extraordinária jornada dividida em murchar, cair, enraizar, crescer, florescer. uma celebração do amor em todas as suas formas.


Desde que li Outros jeitos de usar a boca desejei mergulhar em outros textos da autora, tão tocantes, profundos, que atingem um ponto especial dentro de nós. E logo adquiri O que o sol faz com as flores

por que será 
que só quando uma história acaba
a gente começa a sentir cada página [Página 54]

Seguindo mais ou menos a mesma estrutura do livro anterior, O que o sol faz com as flores é dividido em cinco partes: murchar, cair, enraizar, crescer, florescer. Em cada uma delas encontramos poemas que "conversam" com a gente, que nos dão choques de realidade, tocam em feridas, mexem em temas que às vezes preferimos evitar, verdades que queremos ignorar. 

sim
é possível
odiar e amar alguém 
ao mesmo tempo
é o que faço comigo mesma
todo dia [Página 101]

Falando de diversos assuntos diferentes, e de certa forma interligados, a autora, com toda a delicadeza e simplicidade, típicas de seus textos (por mais diretos e crus que alguns sejam, há sempre aquela delicadeza marcante, que passa por toda sua escrita), trata de depressão, perda, términos, dependência emocional, amor-próprio, aceitação, imigração, família, feminismo, recomeços, filhos, natureza... são muitos os temas e até mesmo aqueles que menos esperamos mexem com algo em nós. 

a forma como você fala de si mesma
a forma como você se humilha
até ficar minúscula
é abuso [Página 103]

São poemas/textos que me tocaram muito, alguns me fizeram fechar o livro e ficar pensando por longos minutos em assuntos que eu própria tento não encarar para "fugir" de certas dores. Existem poemas dolorosos aqui, que nos machucam, mas o que predomina neste livro é o amor. A autora nos chama a nos aceitarmos, para aprendermos a nos amarmos como somos, nos libertando da prisão na qual a sociedade tenta nos fechar, que percebamos que juntas as mulheres podem muito mais do que poderiam fazer sozinhas, que não precisamos competir, que não temos que ser inimigas. 

o que pode ser mais forte
que o coração da gente
que se quebra em tantas partes
e ainda bate [Página 109]

São belíssimos os poemas dedicados à mãe, à família. Foram os que mais me emocionaram, que fizeram meus olhos se encherem de lágrimas. Os sacrifícios de uma mãe, de um pai, buscando dar um futuro aos filhos em terra estranha, num lugar desconhecido onde não tinham nada e precisavam recomeçar do zero. 

minha mãe sacrificou seus sonhos
para que eu sonhasse [Página 148]

Há um poema neste livro do qual transborda um amor lindíssimo, de uma filha por sua mãe. Ela se pergunta, ou melhor, pergunta aos céus, se seria possível, se ela implorasse, que quando sua mãe morresse sua alma pudesse regressar num bebê que ela gerasse. Que a alma de sua mãe retornasse num filho seu, para que ela pudesse recompensar tudo o que sua mãe fez por ela. Eu chorei com este poema. Me tocou especialmente.

É um livro que recomendo sem pensar duas vezes. Depois de uma leitura tão pesada como A Rosa Branca, eu precisava MUITO de um livro que me fizesse sentir mais leve, mais tranquila... em paz. 

20 de dezembro de 2019

A Rosa Branca - Inge Scholl

Não ficção/ História/ Segunda Guerra Mundial/ Resistência ao nazismo
Título Original: Die Weiße Rose
Tradutores: Anna Carolina Schäfer, Eline de Assis Alves, Eraldo Souza dos Santos, Flora Azevedo Bonatto, Janaína Lopes Salgado, Luana de Julio de Camargo, Renata Benassi e Yasmin Cobaiachi Utida
Editora 34
Edição de: 2014
Páginas: 272

Sinopse: O que pode fazer um punhado de jovens, munidos de um ideal de liberdade, um elevado senso ético e um mimeógrafo clandestino, diante do terror brutal de um Estado totalitário? Este livro conta a trajetória impactante e profundamente comovente da Rosa Branca, um grupo de estudantes da Universidade de Munique que, por meio da redação e distribuição de panfletos, teve a coragem de contestar o regime nazista.
Combinando memórias familiares com a transcrição dos folhetos originais e relatos de testemunhas da época, a autora narra a tomada de consciência de seus irmãos Hans e Sophie Scholl, bem como dos outros membros do grupo, que ousaram afirmar sua resistência contra o nacional-socialismo, até serem capturados e sumariamente condenados à morte em 1943.
Traduzido para vários idiomas, e com mais de um milhão de cópias vendidas na Alemanha, A Rosa Branca foi o ponto de partida para o filme homônimo de Michael Verhoeven (1982) e também Uma mulher contra Hitler, de Marc Rothemund (2005). Além de documentos inéditos relacionados à história da Rosa Branca, a presente edição inclui uma apresentação redigida pelas organizadoras Juliana P. Perez e Tinka Reichmann, da Universidade de São Paulo, e um posfácio do historiador alemão Rainer Hudemann escrito especialmente para o leitor brasileiro.



Comecei a ler este livro no dia 28 de julho do presente ano. Eu assisti um vídeo no canal literário Estante Alada no qual a Jaqueline mencionava o livro. Bastou isso para que ficasse louca atrás dele, mesmo temendo o preço, vez que foi publicado pela editora 34, cujos livros geralmente são caros.

Tentei esperar que baixasse de preço, mas fiquei com tanto medo de aparecer de repente como esgotado, que acabei comprando e já iniciando a leitura logo em seguida. Mas o que me levou a concluir a leitura somente na terça-feira passada, dia 17 de dezembro? A grande dor que este livro provocou dentro de mim.

"Seis pessoas, seis panfletos mimeografados, uns poucos milhares de leitores, a busca por liberdade e respeito. Nada mais perigoso para um regime ditatorial."

Desde o primeiro dia de leitura eu chorei. Cada virar de página era um tormento, pois conseguia visualizar aqueles jovens na minha cabeça, sua coragem, sua fé, sua luta contra um regime que sabiam que provavelmente não conseguiriam vencer...  e o final terrível que todos eles tiveram.

Foi por isso que não tive forças para ler o livro de uma vez. Precisei de tempo. Necessitei "respirar" e intercalar a leitura com coisas diferentes, para poder aliviar meu coração. E quando finalmente terminei a leitura na terça-feira passada, não consegui vir aqui fazer a resenha. Não era capaz. Ainda não me sinto capaz.

10 de dezembro de 2019

As Regras da Sedução - Madeline Hunter

Literatura norte-americana
Título Original: The Rules of Seduction
Tradutora: Teresa Carneiro
Editora: Arqueiro
Edição de: 2013
Páginas: 272
Série Os Rothwells - Livro 1

Sinopse: Lorde Hayden Rothwell chega à casa de Alexia Welbourne sem aviso e sem ser convidado - um homem poderoso e sedutor, movido por interesses obscuros. Sua visita anuncia a ruína financeira da família de Alexia e o fim das esperanças da jovem de um dia conseguir um bom casamento. 
Para se sustentar, a moça recebe a proposta de ser dama de companhia de Lady Henrietta Wallingford e preceptora de sua filha. O problema é que a oferta vem do sobrinho de Henrietta, ninguém menos que lorde Hayden.
Morando na casa da tia de Rothwell, Alexia descobre que a proximidade com o homem que destruiu sua família pode ser perigosamente irresistível. Num gesto impensado, ela se entrega a ele, e ambos se veem obrigados a se casar. 
O que Alexia não sabe é que os atos aparentemente arrogantes de seu belo e sensual marido são motivados por uma dívida de honra que pode levá-lo a sacrificar tudo.
Com tantas mágoas e segredos entre eles, o casal tem tudo para se manter afastado. Mas Hayden é um homem apaixonante e Alexia, a tentação que o faz perder a cabeça. Morando sob o mesmo teto, eles acabam se aproximando e, juntos, vão descobrir um jogo de sedução em que cada um faz as próprias regras.



Esta capa acima é da edição que eu possuo, mas eu não li o livro físico (apenas os cinco primeiros capítulos) e sim o ebook, pois estava doente e não conseguia ler com a luz do quarto acesa, o que me fez apelar para a edição digital. No ebook, que adquiri pela Amazon, a capa é totalmente diferente:


Esta segunda capa combina muito mais com a protagonista do livro, que definitivamente não é loira como a da primeira capa. Deve ter sido esse o motivo para a editora ter mudado a capa, sei lá!rs

Mas vamos ao que realmente importa!

Como eu disse, li o livro quando estava doente, com uma forte gripe, e a leitura deste romance foi como um sopro de ar puro (estou um tanto poética hoje.rs), que aliviou bastante os meus dias de febre e dores de cabeça. Fazia um certo tempo que eu não pegava um romance para ler e sentia muita falta. 

Nele temos como protagonistas Alexia e o lorde Hayden, cada um com seu próprio passado de sofrimento. Ela, após perder tudo quando da ruína do pai, pediu para um primo, com quem não tinha laços próximos, para recebê-la em sua casa e tornar-se responsável por ela. Para sua surpresa, Benjamin concordou e, daquele momento em diante, ela se tornou parte da família dele... até a sua morte, quando as coisas sofreram certa alteração. 

Enquanto para Benjamin, Alexia era alguém importante, que ele não se incomodava em sustentar como fazia com suas irmãs, para Timothy, que se tornou responsável pela família após a morte do irmão mais velho, ela não passava de um estorvo, uma parente pobre que ele se ressentia por ter que cuidar. Não a queria em sua casa, mas não podia jogá-la na rua. Assim, simplesmente passou a não mais beneficiá-la como seu irmão fazia, deixando claro qual era a posição que ela ocupava naquela casa e que não teria os mesmos privilégios que as irmãs dele. 

Embora ficasse magoada pela diferença no tratamento que passara a receber, o que mais doía em Alexia era não ter mais Benjamin ao seu lado. Com o convívio e o jeito extrovertido e inconsequente dele, ela se apaixonara, um amor que acreditava ser correspondido. Se Benjamin não tivesse morrido no mar, eles estariam casados. Tudo seria diferente. 

E as coisas realmente se transformam quando, num belo dia, quatro anos após a morte do homem que ela amava, lorde Hayden aparece na residência de Timothy anunciando uma nova desgraça... 

3 de dezembro de 2019

O Processo - Franz Kafka

Literatura Alemã*
Título Original: The trial
Tradutor: Caio Pereira
Editora: Novo Século
Edição de: 2017
Páginas: 272

*O romance é de língua alemã, mas Franz Kafka nasceu em Praga, pertencente ao Império Austro-Húngaro na época (atual República Tcheca). 
Sinopse: Romance dos mais importantes do século XX, O processo narra a história de Josef K., funcionário exemplar de um banco importante que, ao acordar na manhã de seu trigésimo aniversário, descobre-se réu de um processo sem saber os motivos que levaram a tal situação. Ao tentar desvendar as causas de ser processado por um crime não especificado, K. luta por seus direitos ao longo da narrativa, recorrendo a diversas pessoas no intuito de desvendar não apenas sua situação, mas também a causa de o processarem. Com um final inesperado, a obra nos leva a refletir sobre um poder judiciário que se mostra falho e vulnerável. Sem dúvida, um romance sobre a angústia e a frustração do ser humano em uma sociedade opressora e limitada pela burocracia.




Eu cheguei a um ponto em que acreditava, de verdade, que nunca terminaria de ler este livro. 

Iniciei a leitura em 20/08, na ingenuidade de que leria o livro em uma semana.kkkkkk... Mas logo nas primeiras páginas, com a loucura evidente que permeava cada cena, acabei cedendo ao desespero e passando longos períodos sem sequer tocar no livro. Eu o evitava o máximo que conseguia. 

Quem acompanha o blog sabe que Franz Kafka definitivamente não é um dos meus autores preferidos. Eu tenho sérios problemas com a escrita dele, não tanto pelo absurdismo presente em suas obras (afinal de contas eu li O Estrangeiro, de Albert Camus, e gostei), mas pela construção de personagens, pela narrativa que não me atrai, pelos caminhos que ele percorre no desenvolvimento de suas histórias. Dele, eu já li A Metamorfose (duas vezes), Carta ao Pai, O Artista da Fome e agora O Processo. E posso dizer, com certeza, que não chegará o dia em que amarei este escritor, embora reconheça sua importância mundial, sendo suas obras estudadas em tantos países e influenciado diversos escritores pelo mundo afora.

25 de novembro de 2019

Felicidade Clandestina - Clarice Lispector

Literatura Brasileira
Editora: Rocco
Edição de: 1998
Páginas: 160
Coletânea de contos

Sinopse: Publicado pela primeira vez em 1971, Felicidade clandestina reúne 25 contos que falam de infância, adolescência e família, mas relatam, acima de tudo, as angústias da alma. Como é comum na obra de Clarice Lispector, a descrição dos ambientes e das personagens perde importância para a revelação de sentimentos mais profundos. "Felicidade clandestina" é o nome do primeiro conto. Como em muitos outros, é narrado na primeira pessoa, e mostra que o prazer da leitura é solitário e, quando difícil de ser conquistado, torna-se ainda maior. A história, como outras do livro, acontece no Recife, onde a autora passou sua infância.
Temas caros ao universo clariceano estão presentes neste livro: a relação mágica com os animais, a descoberta do outro, as inúmeras possibilidades de se escrever uma história, a presença do inesperado no cotidiano previsível. Nos textos de cunho autobiográfico é possível flagrar, por exemplo, momentos da infância marcados pelos sentimentos mais diversos; da euforia das descobertas ao choque das frustrações, como em "Restos do carnaval" ou em "Cem anos de perdão".
Entre os 25 contos de Felicidade clandestina, há textos originalmente publicados em jornal e outros que faziam parte dos livros A legião estrangeira, Para não esquecer e A descoberta do mundo. A maioria trata de recordações familiares e de infância, mas todos testemunham os mais profundos segredos da alma humana.



Eu comecei a ler este livro em maio deste ano, depois de assistir a Isabella Lubrano, do canal Ler Antes de Morrer, falando do conto "O Grande Passeio". No mesmo dia adquiri o e-book na Amazon e iniciei a leitura. O que foi uma experiência maravilhosa! Mas após ler os sete primeiros contos, acabei tendo que priorizar a conclusão de outras coletâneas e deixei o livro um pouco de lado. :( Todavia, agora em novembro resolvi finalizar a leitura e trazer a resenha de cada um dos 25 contos presentes no livro, tudo reunido num único post. 

Antes de tudo, colocarei aqui os comentários que fiz sobre os sete primeiros contos:

"Era uma velha sequinha que, doce e obstinada, não parecia compreender que estava só no mundo."

O conto O Grande Passeio é para ser lido com um lenço ao lado, pois vai atingir um ponto sensível em seu interior. :( Ele traz a história de uma senhora idosa que sofre de demência, possivelmente Alzheimer, embora o texto não deixe claro. Ela é uma senhora adorável, muito doce e simpática, mas que sofreu severas perdas na vida, não tendo mais sua família ao lado. Seus filhos morreram de maneira muito triste e seu marido também se foi. Só restou ela. Sem ter quem se importasse. Precisando contar apenas com a "caridade" das pessoas que, no início, até sentiam pena, mas depois enxergavam nela um fardo, algo que não queriam mais em suas casas. Assim, ela acabava não parando por muito tempo numa casa e logo era enviada para a próxima pessoa "caridosa", que não demoraria a se cansar de sua presença, por mais boazinha e quase invisível que ela fosse. 

"Tivera pai, mãe, marido, dois filhos. Todos aos poucos tinham morrido. Só ela restara com os olhos sujos e expectantes quase cobertos por um tênue veludo branco."

É muito duro acompanhar o quanto essa senhora sofre com o descaso, a negligência das pessoas. Entendo que ela não era da família delas, mas era um ser humano e a tratavam quase como um objeto qualquer. Isso dói dentro da gente, pois além de sentirmos pela personagem, sentimos por nós mesmos. Porque é fácil nos colocarmos no lugar de Mocinha (como ela preferia ser chamada, mas seu nome era Margarida) e imaginarmos nossa velhice. E se estivermos sozinhos? E se não tivermos forças para cuidar de nós mesmos, se dependermos da caridade dos outros? Só nos imaginarmos na situação de Mocinha já é duro, doloroso! :( E a forma como o conto termina destroça nosso coração. 

Este conto acaba por nos fazer pensar também nos tantos idosos que estão abandonados por aí, rejeitados por suas próprias famílias, tratados com desprezo pela sociedade... Quando estagiei por um tempo num determinado hospital eu vi idosos que não recebiam sequer uma visita, embora tivessem família. Isso partia meu coração. Porque eles ficavam olhando para o nada, sabendo que naquele horário outras pessoas internadas estariam recebendo seus familiares. Este foi apenas um dos motivos para eu ter ficado longe da Enfermagem por tantos anos... não tinha coração para suportar tanta dor. Era comum eu chegar em casa chorando quase todos os dias. Admiro muito as pessoas que trabalham cuidando daqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade, porque é preciso muita força para suportar, para não desmoronar e perder por completo a fé no ser humano. 

22 de novembro de 2019

Fim de Ano (BOOK TAG)


Olá, queridos! :)

Esta semana não teve a publicação de nenhuma resenha, pois estou bem enrolada.rsrs Muita coisa para fazer e falta de tempo para colocar em dia minhas leituras. Estou lendo, mas cerca de apenas uma hora por dia. O que espero que mude nos próximos dias, claro. Necessito me organizar!rs

Eu vi essa book tag no canal Aventuras na Leitura e achei tão interessante que resolvi responder. :D 


PERGUNTAS

1. Tem algum livro que você começou esse ano e ainda precisa terminar? 

Resposta: Esta pergunta chega a ser uma piada.kkkkkkk... Porque eu estou com vários livros em andamento, que preciso muito terminar até o final do ano (que já está batendo na porta!!!). Mas eu resolvi mencionar Felicidade Clandestina, da Clarice Lispector


Este é um livro que gostaria de concluir ainda em novembro, mas não sei se dará tempo. :(


2. Você tem algum livro primaveril para te ajudar na transição para o fim do ano?

Resposta: Está aí uma pergunta que não entendi!rsrs O que seria um livro primaveril?! Escrito na primavera? Que se passe na primavera? Que seja um livro mais feliz, leve? Sei lá! Resolvi falar de um livro do qual não sei absolutamente nada, mas que acredito que seja leve. 


É um livro que eu quero ler justamente na semana do Natal e espero que a história seja mágica, do tipo que me encante e me faça sonhar. 


3. Tem algum lançamento que você ainda deseja?


Resposta: Pode ser uma pergunta difícil para alguns, mas para mim é bem fácil. Porque de todos os lançamentos que quero, o que realmente desejo adquirir em breve é Os Testamentos, da Margaret Atwood. É a continuação de O Conto da Aia e fará parte das nossas leituras coletivas do próximo ano. 


4. Quais os três livros que você quer ler antes do fim do ano? 



Resposta: São muitos os livros que ainda quero ler antes do ano acabar, mas sou realista e sei que será impossível ler um terço dos que ainda desejo.kkkkkk... Assim, escolhi estes três: Drácula, do Bram Stoker; Mary Barton, da Elizabeth Gaskell (mesma autora de Norte e Sul) e As Regras da Sedução, de Madeline Hunter


5. Tem algum livro que você acha que ainda pode te chocar e se tornar seu favorito do ano?


Resposta: Eu estou lendo A Rosa Branca desde o dia 28/07, mas é uma leitura que estou fazendo aos poucos de propósito, pois se trata da historia real de cinco estudantes universitários e um professor que foram executados pelo regime nazista, ao tentarem conscientizar a população de que aquilo tudo estava errado, que direitos humanos estavam sendo feridos, que pessoas estavam sendo torturadas, assassinadas ou simplesmente "desaparecendo". Eles distribuíam panfletos que denunciavam as mentiras e crueldades do nazismo e foram sentenciados à morte por isso. O livro foi escrito por Inge Scholl, irmã de dois dos estudantes assassinados. É um livro que já está me chocando muito e que sempre me deixa transtornada quando o pego para ler. Sem sombra de dúvidas, se tornará um dos livros mais marcantes não só do ano, mas da minha vida. 


6. Você já começou a fazer planos de leitura para 2020?

Resposta: Claro!rsrs Eu sou uma pessoa de listas, por isso já tenho as metas de 2020 anotadas:

-> Ler 12 livros nacionais;

É uma meta que vem dando certo há alguns anos e vou mantê-la em 2020. 

-> Ler 12 livros clássicos;

Ler clássicos se tornou algo comum em minha vida. Me apaixonei demais por muitos dos que li e passei a investir mais neles. Este ano ultrapassei a meta e continuarei lendo clássicos nos próximos anos. 

-> Comprar menos livros;

Em 2018 eu comprei mais de cem livros. Este ano comprei mais de quarenta (menos da metade do ano passado). Para 2020 a meta é comprar no máximo quarenta, mas estou pensando em considerar comprar no MÁXIMO trinta livros. 

-> Ler pelo menos 50 livros da minha estante;

Este ano, até a presente data, finalizei a leitura de 53 livros. Para o ano que vem tentarei ler pelo menos 50 livros, só que quero que sejam livros que já tenho comigo, ou seja, diminuir a quantidade de livros parados. Tenho mais de 280 livros não lidos aqui em casa. Está na hora de perceber que não dá para ficar comprando livros antes de diminuir bastante a minha pilha.

-> Participar de, no máximo, dois projetos de leitura de blogs/canais;

Eu gosto muito de participar de projetos de leitura. Só que este ano eu extrapolei.rsrs Resolvi participar de desafios/projetos demais e apesar de ter ficado mais ou menos em dia com eles, sinto que me sobrecarreguei. Assim, ano que vem pretendo pegar mais leve comigo mesma. 

É isto, queridos! Espero que tenham gostado das minhas respostas! :)

Bjs!


15 de novembro de 2019

Malone morre - Samuel Beckett

Literatura Irlandesa
Título Original: Malone meurt
Tradutora: Ana Helena Souza
Editora: Folha de São Paulo
Edição de: 2016
Páginas: 128
Coleção Folha Grandes Nomes da Literatura #16

Sinopse: Um dos maiores escritores da segunda metade do século XX, o irlandês Samuel Beckett (1906-1989) recebeu o Nobel de Literatura em 1969 e ficou para sempre lembrado pela peça Esperando Godot. No entanto, o ponto alto de sua obra está em narrativas como Malone morre (1951), segundo livro da trilogia composta ainda por Murphy e O inominável. Trata-se quase de literatura abstrata: sem enredo, trama, personagens. No livro, um homem muito velho está preso, nu e inválido, a uma cama do que parece ser um hospital. Toma uma sopa diária e escreve a lápis, num caderno, uma espécie de diário em que mistura pensamentos e histórias sem sentido de pessoas que talvez possam ter sido ele mesmo, não se sabe. Como é comum em Beckett, observa-se e reflete-se sobre o quase nada da vida, tratada com humor sinistro, como se fosse um acúmulo de banalidades fúteis, do qual pouco sobra na memória dos narradores beckettianos – doentes, velhos, mendigos, palhaços. 




Eu realmente entendi este livro?! Claro que não!

Já tinha ouvido falar antes do Samuel Beckett, mas foi só por conta de alguns desafios literários que resolvi apostar nesta história. E que desafio, meu Deus do céu! O livro nos deixa com uma forte sensação de que não compreendemos nada. Que simplesmente nada sabemos de coisa alguma no livro.kkkkkkkkk Foi um erro lê-lo? Não. Porque em muitos momentos eu cheguei sim a me envolver e destacar trechos que mexeram comigo.

"Estarei em breve apesar de tudo completamente morto enfim."

O livro já começa por este trecho tão impactante, no qual o narrador afirma que em breve estará morto. Se você iniciar a leitura sem ter lido a sinopse ficará se perguntando por que ele tinha tanta certeza de que não demoraria a morrer. Mas como eu sempre leio a sinopse antes, sabia do que o narrador estava falando.

Na história temos um homem muito idoso, doente, fraco, aparentemente em seus últimos dias de vida. A velhice acabará por levá-lo, seu tempo na Terra está se esgotando e ciente deste fato, o narrador começa a registrar lembranças, pensamentos desordenados e momentos do seu dia a dia num caderno, utilizando um lápis que ele não sabe bem como foi parar ali. E por falar em "ali"...

"Situação atual. Este quarto parece ser meu. Não posso explicar de outro modo que me deixem aqui. Faz tempo."

O narrador, protagonista da história, não faz ideia de onde está ou como chegou ali. É um quarto, do qual não pode sair se simplesmente desejar. É um manicômio? Um hospital? Um asilo? Não se sabe. Mas o próprio narrador acrescenta: "Não é um quarto de hospital ou de manicômio, isso se sente." Assim, ele próprio tem a impressão de que está numa espécie de asilo, embora não possa ter certeza. Na realidade, certezas não fazem parte desta narrativa. Não se pode confiar no que é contado pelo narrador, pois por conta de suas confusões e momentos de aparente desorientação, não sabemos se as coisas contadas por ele são ou não reais. Se não se tratam apenas de devaneios, ilusões.

Por incrível que pareça, é justamente esse "não saber de nada" que torna o livro tão intrigante. Queremos nos conectar ao personagem, conhecer seu passado, sua vida e isso nos é negado o tempo inteiro pelo autor. É como se tentássemos abrir uma porta trancada à chave, mas não tivéssemos a chave correta. Então, forçamos, tentamos de outras maneiras, até mesmo lutamos para arrombá-la, mas nada funciona. É assim que me senti durante a leitura: mantida do lado de fora, de propósito. Porque aquele era o objetivo do autor.

"Não vou falar dos meus sofrimentos. Metido no mais profundo deles, não sei nada. É aí que morro, à revelia de minha carne estúpida. O que se vê, o que grita e se agita, são os restos."

Apesar da barreira que existe entre o narrador, sua história e nós leitores, isso não nos impede de sentir um profundo incômodo pela situação de total miséria e abandono vivida pelo protagonista. Ali naquele lugar desconhecido, que nada tem de seguro ou confortável, se alimentando apenas uma vez por dia (com sopa) e preso a uma cama, da qual não possui forças para se levantar, pois seus membros não lhe obedecem mais, o personagem está totalmente vulnerável, dependendo da bondade (ou não) de estranhos. Imaginar uma situação tão horrível nos provoca agonia. Eu me sentia sufocada, como se uma mão estivesse apertando minha garganta, de tão agoniada que fiquei.

"Vou abrir meus olhos, me ver tremer, engolir minha sopa, olhar o montinho das minhas posses, dar ao meu corpo as velhas ordens que sei que é incapaz de executar, consultar minha consciência caduca, estragar minha agonia para vivê-la melhor, já longe do mundo que se dilata enfim e me deixa passar."

É muito triste ver o personagem nesta situação. Sentir o vazio daquela vida, a solidão, a velhice que lhe tirou tanto. A ausência de pessoas que se preocupem com ele, que estejam ao seu lado em seus últimos momentos. Isso faz com que nos sintamos mal. Se torna uma leitura muito desgastante emocionalmente.

Durante boa parte do livro sequer sabemos o nome do narrador. E, então, do nada ele "solta" que se chama Malone, mas eu não confiei muito nessa informação, como se nem mesmo o seu nome ele de fato recordasse ou quisesse nos contar. Há a utilização intensa do recurso do fluxo de consciência, o que acaba por nos fazer reler páginas para tentarmos nos "encontrar". Não há divisão em capítulos, partes nem nada parecido. Os parágrafos são muito longos e o narrador faz uma mistura louca de lembranças, histórias inventadas (ou não) e momentos de cada dia vivido ali naquele quarto. Ao mesmo tempo em que aparentemente está compartilhando algumas de suas lembranças, ele começa a contar uma história qualquer e no meio disso tudo nos conta o que aconteceu no seu dia. E aí começa a falar de coisas nas quais pensa... Enfim... É uma confusão só! Parece que vamos enlouquecer antes de conseguir compreender o que se passa no livro.kkkkkkkk...

"Viver e inventar. Tentei. Devo ter tentado. Inventar. Não é a palavra. Viver também não. Não faz mal. Tentei."

Não é uma leitura fácil. Embora flua bem no início, logo começamos a nos perder e sentir que absolutamente nada faz sentido ou que não estamos entendendo algo que deveríamos entender.rs Recomendo para quem quiser se desafiar a ler algo diferente. Bem diferente!rs

Mas, como eu disse, não me arrependi de ler. Realmente me comovi com a situação do protagonista e me senti angustiada com o que ele estava passando em seus últimos dias de vida.



7 de novembro de 2019

Sanam Teri Kasam (filme indiano)


Você já assistiu Um Amor para Recordar? Chorou? Ficou em prantos e sentiu que já não tinha mais lágrimas? Pois saiba que irá desidratar se der uma chance a Sanam Teri Kasam, um filme que acabou comigo, mas se tornou um dos meus preferidos da vida.

Ele foi uma forte indicação de uma amiga querida, Ayala Bianca, que conheci através da novela Espelho da Vida, quando participávamos do mesmo grupo no Facebook. A novela terminou, mas nossa amizade não.rs Ela ficou tão apaixonada por este filme que me recomendou MUITO e fez de tudo para que eu conseguisse assistir. Só hoje (06/11) tive a oportunidade de me perder nessa bela história de amor e posso dizer que este filme mudou algo dentro de mim. Eu vivo aprendendo, gente! Me permito aprender com cada história, cada experiência, cada chance. E o amor de Saru e Inder me ensinou muitas coisas sobre a vida... Lições preciosas que guardarei em meu coração. 

Vocês sabem que não tenho o hábito de falar de filmes ou séries aqui. Só fazia "resumos do mês" alguns anos atrás e era nesses resumos que comentava brevemente sobre os filmes e séries vistos mensalmente. Fora isso, uma vez ou outra eu faço posts especiais comentando sobre filmes, séries e novelas. É raridade, pois o blog é basicamente sobre literatura. Todavia, eu fiquei tão tocada por essa história que precisei dividir com vocês um pouquinho da minha emoção. 

4 de novembro de 2019

O Corcunda de Notre Dame - Victor Hugo

Literatura Francesa
Título Original: Notre-Dame de Paris
Tradutor: Jorge Bastos
Editora: Zahar
Edição de: 2015
Páginas: 624


Sinopse: Na Paris do século XV, a cigana Esmeralda dança em frente à catedral de Notre Dame. Diante da beleza da jovem, curvam-se o poeta Pierre Gringoire, o arquidiácono Claude Frollo, o disforme sineiro Quasímodo e o capitão Phoebus de Chânteaupers. Neste grande clássico do romantismo francês, Victor Hugo vai muito além de um amor impossível, não correspondido e trágico, O corcunda de Notre Dame retrata uma Paris ainda gótica que testemunha o fim de uma época e o início de outra. 



Estou aqui sentada na frente do computador sem saber por onde começar a falar deste livro. Minhas emoções ainda estão bagunçadas. Estou perdida entre o ódio, a revolta, a dor, o amor pelos personagens e uma horrível sensação de injustiça. Não imaginava que o livro fosse mexer tanto comigo. 

"Desde os seus primeiros passos entre as pessoas, ele se viu e se sentiu conspurcado, machucado, rejeitado. A palavra humana, para Quasímodo, sempre fora de deboche ou de maldição. À medida que crescia, ele encontrava apenas ódio à sua volta."

Não tenho dúvidas de que O Corcunda de Notre Dame provocou (e ainda provoca) os mais diversos debates, estudos e pesquisas. São muitas as interpretações possíveis para esta história e fica evidente para qualquer leitor que ao escrever este livro o autor, Victor Hugo, tinha todo o objetivo de chamar a atenção dos leitores da época para a Catedral de Notre Dame de Paris, embora seja possível perceber também que ele não tocou em certos temas sociais e fez críticas políticas à toa. Mas deixo que os especialistas, os críticos literários, se aprofundem em tais assuntos. Nesta resenha falarei apenas dos personagens e como suas histórias de vida mexeram com meus sentimentos, me marcaram de uma forma que é praticamente impossível colocar em palavras. 

"Adquiriu a maldade ambiente. Apossou-se da arma com que o feriam."

Neste livro temos três personagens principais: Claude Frollo (que eu chamo "carinhosamente" de demônio em forma de gente), Quasímodo e Esmeralda. O destino desses três personagens se entrelaça de tal forma ao longo da história que até mesmo o leitor mais distraído consegue perceber que nada de bom poderia sair dali. Sentimos que uma grande tragédia acabaria por marcar suas vidas, por mais que no fundo do nosso coração torcêssemos para que houvesse uma esperança. Uma saída. 
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