(Título Original: Voyager
Tradutora: Geni Hirata
Editora: Saída de Emergência
Edição de: 2015)
3º Livro da Série Outlander
Claire Randall finalmente conseguiu voltar no tempo e reencontrar Jamie Fraser na Escócia do século XVIII, mas sua história está longe do final feliz. O casal terá que superar muitos obstáculos, de fantasmas a perseguições marítimas, mas o principal deles são os vinte anos que se passaram em suas respectivas épocas desde a última vez que se viram.
Se a intensa paixão e o desejo entre eles não parecem ter diminuído nem um pouco, o mesmo não se pode dizer sobre a confiança. Jamie agora é um homem endurecido pelo que aconteceu após a Batalha de Culloden. Claire, por sua vez, precisa lidar com o segundo casamento de seu amado e suportar a saudade de Brianna, que ficou sozinha no ano de 1968.
A união dos dois será posta à prova quando o sobrinho de Jamie for sequestrado. Juntos, eles precisarão singrar pelos mares e cruzar as Índias Ocidentais para resgatá-lo, provando mais uma vez que nada é capaz de deter uma história de amor que vence as fronteiras do tempo e do espaço.
Palavras de uma leitora...
- Às vezes eu desejo esganar alguns autores. É um sentimento comum, creio. Inúmeras vezes fervi de raiva da minha autora preferida (Florencia Bonelli), mas penso que nenhuma autora nunca me provocou tanta revolta quanto a Diana Gabaldon. Se a FB é sádica não sei nem como chamar a DG.
"- Sabe o que é viver vinte anos sem coração? Ser apenas parcialmente humano e acostumar-se a viver com o que restou, preenchendo os buracos com qualquer coisa à mão?"
- Nada acaba fácil na primeira parte de O Resgate no Mar. Após serem vítimas de uma emboscada, é hora de Claire e Jamie tomarem a esperançosa e ao mesmo tempo difícil decisão de voltar para casa. Para Lallybroch, a terra em que Jamie cresceu e amava com todo seu coração, mas foi obrigado a transferir para seu sobrinho, nos tempos mais difíceis anteriores à Batalha de Culloden. Sabia que se mantivesse as terras para si, elas seriam tomadas pelos ingleses. Sem opção, a manteve na família da única maneira possível e não se arrependia. Mas retornar... como sonhara com este momento!
Todavia, voltar para casa não era uma tarefa tão simples quanto parecia. Embora Lallybroch fosse um refúgio era também um local que guardava sérios segredos, de um passado de separação e recomeços. Como contar para a Claire toda a verdade? Como encarar a possibilidade de perdê-la outra vez? Não estava pronto. Talvez não estivesse nunca.
"Eu teria dado a minha vida, por ela e por você. Se preciso, meu coração e minha alma, também..."
- Embora tenha incentivado a Claire a voltar para seu tempo, vinte anos atrás, Jamie nunca conseguiu se livrar da dor que parecia rasgar seu coração. Fizera o melhor por ela e pela filha que ela esperava. Mas como não sentir raiva, ciúmes, mágoa por ter sido outro a criar sua filha? Por ter sido outro a acordar dia após dia ao lado de sua mulher? Ninguém podia culpá-lo por odiá-la, mesmo que a amasse mais que a sua própria vida. Ninguém também poderia condená-lo por casar-se outra vez, quando acreditara que só voltaria a ver a Claire após sua morte. O fato dela reaparecer não mudava as coisas. Não alterava a passagem do tempo e tudo o que aconteceu naqueles vinte anos. Não era possível apagar o passado, muito menos voltar atrás.
"Estávamos fazendo o melhor possível para nos matar, alimentados pela raiva de anos separados - a minha por ele ter me mandado embora, a dele por eu ter ido, a minha por Laoghaire, a dele por Frank."
- Claire não sabia o que esperar ao chegar a Lallybroch, mas certamente não era a recepção dúbia de Jenny, sua cunhada, alguém que tinha sido uma grande amiga num passado distante. De quem ela sentira imensa falta e desejava intensamente rever. Mas toda a amizade parecia ter se rompido com os anos, pois a Jenny que a recebeu não parecia querê-la por perto. Não parecia considerá-la mais nada. E tudo piora quando um segredo chocante é revelado de uma maneira inesperada, fazendo-a perceber que talvez já não conhecesse o homem por quem tinha voltado. Por quem, mais uma vez, ela largou tudo. Onde tinha ido parar a promessa de nunca mentirem um para o outro? Quem era o estranho que fizera amor com ela, mas guardara para si algo que os afetava diretamente, algo que ela não poderia perdoar?
Transtornada após descobrir que Jamie casara outra vez, que estava casado naquele momento e era pai de duas meninas, ela mal conseguia pensar. Estava preparada para aquela possibilidade. Antes de voltar, sabia o que poderia encontrar. Não era isso o que mais doía. Além da mentira, o que era insuportável era saber que ele reconstruíra sua vida ao lado de Laoghaire. De todas as mulheres que ele poderia ter escolhido, foi justamente ela. Aquela responsável por um dos piores momentos de Claire, quando ela foi acusada de bruxaria, julgada e quase condenada à morte na fogueira. Por culpa daquela mulher, de Laoghaire. Não! Ela poderia perdoar qualquer coisa, menos aquilo.
"- Durante tantos anos - disse ele - por tanto tempo, eu fui tantas coisas, tantos homens diferentes. [...] Mas aqui - disse ele, tão baixinho que mal podia ouvi-lo -, aqui no escuro, com você... eu não tenho nenhum nome."
- Disposta a ir embora outra vez, para longe de toda dor que a atingia sempre que estava perto de Jamie, ela foge de Lallybroch. Mas existem decisões que não podem ser tomadas. Escolhas que a vida não nos permite fazer. Como se afastar novamente? Como deixar outra vez o único homem que seu corpo desejava, que seu coração amava e que ela recordava mesmo dormindo, mesmo inconsciente? Se existia destino, o seu, sem sombra de dúvidas, era ao lado dele.
Ainda magoada por suas mentiras e pressentindo que ele ainda ocultava outros segredos, Claire fica. Mesmo sabendo que dificilmente teria paz ao seu lado. Podia recordar a tranquilidade da vida em sua época, o chuveiro elétrico, os confortos de um tempo avançado. Não era uma vida desagradável, mas era uma vida sem amor. Uma vida em que Jamie não existia.
"- Eu o amo - disse, e não precisava dizer-lhe que eu realmente falava do fundo do coração."
O retorno de Claire ao século XVIII, ao lado de Jamie, não é pacífico. É tumultuado, recheado de saudades e revolta, amor e ódio, paixão e ciúmes... de sentimentos fortes e confusos. Mas nada se comparava ao que eles, juntos, ainda enfrentariam. O mesmo destino que os uniu, os separou por vinte longos anos. E ainda não estava satisfeito. Porque um amor como o deles parecia possuir a necessidade de sempre ser posto à prova.
- Imagino que a Claire e o Jamie não tenham problema de coração. Senão, com certeza, já estariam mortos há muito tempo. Não sei qual é o problema da Diana Gabaldon com eles. Caramba, será que nunca bastará para ela?! Os dois já comeram o pão que o diabo amassou e dançou em cima, mas a autora não parece satisfeita. Vocês que acompanham a série sabem tudo o que eles enfrentaram. Todo o sangue literalmente derramado, todos os momentos de agonia física e emocional, todos os fantasmas que nunca os abandonarão, as lembranças... e a separação. Mas vem a autora com mais problemas, mais dor! Tem hora que dá vontade de gritar de raiva. Não suporto mais ver meu casal sofrendo! Não aguento mais tantas reviravoltas!
" - Deus sabe que há um feitiço em sua vida, Jamie, ou já teria morrido uma dúzia de vezes."
- Sem sombra de dúvidas! Foram tantas as vezes em que o Jamie esteve perto da morte que nem dá para contar. Sem mencionar a Claire que também escapou por bem pouco vezes sem conta. Mas em O Resgate no Mar é tiro, facada, sequestro, tentativa de estupro, epidemias, ameaça de execução por enforcamento, outra separação, quase afogamento no mar (uma, duas, três, quatro... vezes!). Fiquei me perguntando se o casal realmente passou mais tempo junto ou separado neste livro. Sério! E se eles são imortais. Porque nenhum ser humano normal escapa tantas vezes da morte. Nem mesmo possuindo uma tremenda sorte!rs
- No entanto, apesar de eu ter me irritado muito com a autora ao longo da leitura e todas as "aventuras" que o casal é obrigado a enfrentar (se tivessem escolha eles viveriam uma vida bem tranquila numa casinha de campo, criando seus filhos e esquecendo-se do mundo), este é o meu livro preferido da série.kkkkk... Verdade que acontecem coisas demais, ao ponto de tornarem-se um tanto quanto inverossímeis, impossíveis de acreditar. A autora exagerou. Mesmo assim, foi o livro que mais apreciei, a leitura que me tocou de um jeito especial. Os outros dois livros foram maravilhosos, mas O Resgate no Mar tem um lugar de destaque no meu coração. Talvez porque as emoções estavam mais fortes, talvez porque também vivi com eles a separação de vinte anos e os vi mudar, serem atingidos pelo passar do tempo. Depois de tudo o que vivemos juntos, é normal que a leitura do terceiro livro tenha sido mais forte, mais impactante.
"- Amar você me levou ao inferno mais de uma vez, Sassenach; mas eu correria o risco outra vez, se necessário."
- O que sempre me faz voltar para Outlander? O que me prende tanto à série? Fácil de descobrir: o amor que uniu e separou Claire e Jamie. O amor que a fez atravessar dois séculos... mais de uma vez. O amor que os obrigou a sacrifícios dolorosos demais de recordar, que os fez desejar e aceitar a morte... se com isso pudessem salvar o outro. É um amor inexplicável, incondicional. Um amor que nada poderia matar. Eu mudo cada vez que leio a história deles. Cresço mais, me torno alguém melhor e com mais esperança. Os únicos personagens que já viveram coisas semelhantes ao que Claire e Jamie viveram e me tocaram tanto como eles foram aqueles construídos pela Florencia Bonelli. Nunca pensei que sentiria algo parecido com o que senti com Isaura e Roger, Micaela e Carlo, Rafaela e Artémio, Eliah e Mat... mas aí conheci Outlander...
"Pensei rapidamente naquela lápide na Escócia, com seu nome gravado, e reconfortei-me com sua distância. Fosse quando fosse, nossa separação não aconteceria em breve. E mesmo quando e onde acontecesse - ainda deixaríamos Brianna."
- Quem nunca leu esta série realmente não faz ideia do que está perdendo. Existem livros que não fazem a menor diferença em nossa vida se não lemos. Livros que podemos passar pela vida sem conhecer. Mas existem outros... que não ler é como passar pela vida sem realmente viver. E não brinco quando digo isso. Existem histórias que necessitamos conhecer. Que nos transformam, que nos marcam profundamente. Carrego comigo cicatrizes de histórias que li. De histórias que se tornaram parte do que sou, que construíram a pessoa que sou hoje. Não me envergonho dessas marcas. As carrego com orgulho em meu coração.
"- Então me beije, Claire - sussurrou ele. - E saiba que você significa mais para mim do que a própria vida e que não me arrependo de nada."
E assim termino o ano de 2017. :D Existe maneira melhor?! Faltando poucas horas para o final de um ano que foi difícil, desafiador e ao mesmo tempo maravilhoso em seus devidos momentos (risos), eu escolhi como último post do ano a resenha de O Resgate no Mar. Minha família me disse que sou louca, que necessito de tratamento, mas não me importei e larguei tudo que precisava fazer para sentar na frente do computador e falar do meu casal querido. E, como o Jamie não se arrepende de nada, eu também não me arrependo. :)
Adeus 2017!!!! Feliz Ano Novo, queridos!