31 de dezembro de 2017

O Resgate no Mar (Parte 2) - Diana Gabaldon

(Título Original: Voyager
Tradutora: Geni Hirata
Editora: Saída de Emergência
Edição de: 2015)


3º Livro da Série Outlander


Claire Randall finalmente conseguiu voltar no tempo e reencontrar Jamie Fraser na Escócia do século XVIII, mas sua história está longe do final feliz. O casal terá que superar muitos obstáculos, de fantasmas a perseguições marítimas, mas o principal deles são os vinte anos que se passaram em suas respectivas épocas desde a última vez que se viram. 

Se a intensa paixão e o desejo entre eles não parecem ter diminuído nem um pouco, o mesmo não se pode dizer sobre a confiança. Jamie agora é um homem endurecido pelo que aconteceu após a Batalha de Culloden. Claire, por sua vez, precisa lidar com o segundo casamento de seu amado e suportar a saudade de Brianna, que ficou sozinha no ano de 1968. 

A união dos dois será posta à prova quando o sobrinho de Jamie for sequestrado. Juntos, eles precisarão singrar pelos mares e cruzar as Índias Ocidentais para resgatá-lo, provando mais uma vez que nada é capaz de deter uma história de amor que vence as fronteiras do tempo e do espaço.



Palavras de uma leitora...


- Às vezes eu desejo esganar alguns autores. É um sentimento comum, creio. Inúmeras vezes fervi de raiva da minha autora preferida (Florencia Bonelli), mas penso que nenhuma autora nunca me provocou tanta revolta quanto a Diana Gabaldon. Se a FB é sádica não sei nem como chamar a DG. 

"- Sabe o que é viver vinte anos sem coração? Ser apenas parcialmente humano e acostumar-se a viver com o que restou, preenchendo os buracos com qualquer coisa à mão?"

- Nada acaba fácil na primeira parte de O Resgate no Mar. Após serem vítimas de uma emboscada, é hora de Claire e Jamie tomarem a esperançosa e ao mesmo tempo difícil decisão de voltar para casa. Para Lallybroch, a terra em que Jamie cresceu e amava com todo seu coração, mas foi obrigado a transferir para seu sobrinho, nos tempos mais difíceis anteriores à Batalha de Culloden. Sabia que se mantivesse as terras para si, elas seriam tomadas pelos ingleses. Sem opção, a manteve na família da única maneira possível e não se arrependia. Mas retornar... como sonhara com este momento! 

Todavia, voltar para casa não era uma tarefa tão simples quanto parecia. Embora Lallybroch fosse um refúgio era também um local que guardava sérios segredos, de um passado de separação e recomeços. Como contar para a Claire toda a verdade? Como encarar a possibilidade de perdê-la outra vez? Não estava pronto. Talvez não estivesse nunca. 

"Eu teria dado a minha vida, por ela e por você. Se preciso, meu coração e minha alma, também..."

- Embora tenha incentivado a Claire a voltar para seu tempo, vinte anos atrás, Jamie nunca conseguiu se livrar da dor que parecia rasgar seu coração. Fizera o melhor por ela e pela filha que ela esperava. Mas como não sentir raiva, ciúmes, mágoa por ter sido outro a criar sua filha? Por ter sido outro a acordar dia após dia ao lado de sua mulher? Ninguém podia culpá-lo por odiá-la, mesmo que a amasse mais que a sua própria vida. Ninguém também poderia condená-lo por casar-se outra vez, quando acreditara que só voltaria a ver a Claire após sua morte. O fato dela reaparecer não mudava as coisas. Não alterava a passagem do tempo e tudo o que aconteceu naqueles vinte anos. Não era possível apagar o passado, muito menos voltar atrás. 

"Estávamos fazendo o melhor possível para nos matar, alimentados pela raiva de anos separados - a minha por ele ter me mandado embora, a dele por eu ter ido, a minha por Laoghaire, a dele por Frank."

- Claire não sabia o que esperar ao chegar a Lallybroch, mas certamente não era a recepção dúbia de Jenny, sua cunhada, alguém que tinha sido uma grande amiga num passado distante. De quem ela sentira imensa falta e desejava intensamente rever. Mas toda a amizade parecia ter se rompido com os anos, pois a Jenny que a recebeu não parecia querê-la por perto. Não parecia considerá-la mais nada. E tudo piora quando um segredo chocante é revelado de uma maneira inesperada, fazendo-a perceber que talvez já não conhecesse o homem por quem tinha voltado. Por quem, mais uma vez, ela largou tudo. Onde tinha ido parar a promessa de nunca mentirem um para o outro? Quem era o estranho que fizera amor com ela, mas guardara para si algo que os afetava diretamente, algo que ela não poderia perdoar?

Transtornada após descobrir que Jamie casara outra vez, que estava casado naquele momento e era pai de duas meninas, ela mal conseguia pensar. Estava preparada para aquela possibilidade. Antes de voltar, sabia o que poderia encontrar. Não era isso o que mais doía. Além da mentira, o que era insuportável era saber que ele reconstruíra sua vida ao lado de Laoghaire. De todas as mulheres que ele poderia ter escolhido, foi justamente ela. Aquela responsável por um dos piores momentos de Claire, quando ela foi acusada de bruxaria, julgada e quase condenada à morte na fogueira. Por culpa daquela mulher, de Laoghaire. Não! Ela poderia perdoar qualquer coisa, menos aquilo. 

"- Durante tantos anos - disse ele - por tanto tempo, eu fui tantas coisas, tantos homens diferentes. [...] Mas aqui - disse ele, tão baixinho que mal podia ouvi-lo -, aqui no escuro, com você... eu não tenho nenhum nome."

- Disposta a ir embora outra vez, para longe de toda dor que a atingia sempre que estava perto de Jamie, ela foge de Lallybroch. Mas existem decisões que não podem ser tomadas. Escolhas que a vida não nos permite fazer. Como se afastar novamente? Como deixar outra vez o único homem que seu corpo desejava, que seu coração amava e que ela recordava mesmo dormindo, mesmo inconsciente? Se existia destino, o seu, sem sombra de dúvidas, era ao lado dele. 

Ainda magoada por suas mentiras e pressentindo que ele ainda ocultava outros segredos, Claire fica. Mesmo sabendo que dificilmente teria paz ao seu lado. Podia recordar a tranquilidade da vida em sua época, o chuveiro elétrico, os confortos de um tempo avançado. Não era uma vida desagradável, mas era uma vida sem amor. Uma vida em que Jamie não existia. 

"- Eu o amo - disse, e não precisava dizer-lhe que eu realmente falava do fundo do coração."

O retorno de Claire ao século XVIII, ao lado de Jamie, não é pacífico. É tumultuado, recheado de saudades e revolta, amor e ódio, paixão e ciúmes... de sentimentos fortes e confusos. Mas nada se comparava ao que eles, juntos, ainda enfrentariam. O mesmo destino que os uniu, os separou por vinte longos anos. E ainda não estava satisfeito. Porque um amor como o deles parecia possuir a necessidade de sempre ser posto à prova.

- Imagino que a Claire e o Jamie não tenham problema de coração. Senão, com certeza, já estariam mortos há muito tempo. Não sei qual é o problema da Diana Gabaldon com eles. Caramba, será que nunca bastará para ela?! Os dois já comeram o pão que o diabo amassou e dançou em cima, mas a autora não parece satisfeita. Vocês que acompanham a série sabem tudo o que eles enfrentaram. Todo o sangue literalmente derramado, todos os momentos de agonia física e emocional, todos os fantasmas que nunca os abandonarão, as lembranças... e a separação. Mas vem a autora com mais problemas, mais dor! Tem hora que dá vontade de gritar de raiva. Não suporto mais ver meu casal sofrendo! Não aguento mais tantas reviravoltas! 

" - Deus sabe que há um feitiço em sua vida, Jamie, ou já teria morrido uma dúzia de vezes."

- Sem sombra de dúvidas! Foram tantas as vezes em que o Jamie esteve perto da morte que nem dá para contar. Sem mencionar a Claire que também escapou por bem pouco vezes sem conta. Mas em O Resgate no Mar é tiro, facada, sequestro, tentativa de estupro, epidemias, ameaça de execução por enforcamento, outra separação, quase afogamento no mar (uma, duas, três, quatro... vezes!). Fiquei me perguntando se o casal realmente passou mais tempo junto ou separado neste livro. Sério! E se eles são imortais. Porque nenhum ser humano normal escapa tantas vezes da morte. Nem mesmo possuindo uma tremenda sorte!rs

- No entanto, apesar de eu ter me irritado muito com a autora ao longo da leitura e todas as "aventuras" que o casal é obrigado a enfrentar (se tivessem escolha eles viveriam uma vida bem tranquila numa casinha de campo, criando seus filhos e esquecendo-se do mundo), este é o meu livro preferido da série.kkkkk... Verdade que acontecem coisas demais, ao ponto de tornarem-se um tanto quanto inverossímeis, impossíveis de acreditar. A autora exagerou. Mesmo assim, foi o livro que mais apreciei, a leitura que me tocou de um jeito especial. Os outros dois livros foram maravilhosos, mas O Resgate no Mar tem um lugar de destaque no meu coração. Talvez porque as emoções estavam mais fortes, talvez porque também vivi com eles a separação de vinte anos e os vi mudar, serem atingidos pelo passar do tempo. Depois de tudo o que vivemos juntos, é normal que a leitura do terceiro livro tenha sido mais forte, mais impactante. 

"- Amar você me levou ao inferno mais de uma vez, Sassenach; mas eu correria o risco outra vez, se necessário."

- O que sempre me faz voltar para Outlander? O que me prende tanto à série? Fácil de descobrir: o amor que uniu e separou Claire e Jamie. O amor que a fez atravessar dois séculos... mais de uma vez. O amor que os obrigou a sacrifícios dolorosos demais de recordar, que os fez desejar e aceitar a morte... se com isso pudessem salvar o outro. É um amor inexplicável, incondicional. Um amor que nada poderia matar. Eu mudo cada vez que leio a história deles. Cresço mais, me torno alguém melhor e com mais esperança. Os únicos personagens que já viveram coisas semelhantes ao que Claire e Jamie viveram e me tocaram tanto como eles foram aqueles construídos pela Florencia Bonelli. Nunca pensei que sentiria algo parecido com o que senti com Isaura e Roger, Micaela e Carlo, Rafaela e Artémio, Eliah e Mat... mas aí conheci Outlander... 

"Pensei rapidamente naquela lápide na Escócia, com seu nome gravado, e reconfortei-me com sua distância. Fosse quando fosse, nossa separação não aconteceria em breve. E mesmo quando e onde acontecesse - ainda deixaríamos Brianna."

- Quem nunca leu esta série realmente não faz ideia do que está perdendo. Existem livros que não fazem a menor diferença em nossa vida se não lemos. Livros que podemos passar pela vida sem conhecer. Mas existem outros... que não ler é como passar pela vida sem realmente viver. E não brinco quando digo isso. Existem histórias que necessitamos conhecer. Que nos transformam, que nos marcam profundamente. Carrego comigo cicatrizes de histórias que li. De histórias que se tornaram parte do que sou, que construíram a pessoa que sou hoje. Não me envergonho dessas marcas. As carrego com orgulho em meu coração. 

"- Então me beije, Claire - sussurrou ele. - E saiba que você significa mais para mim do que a própria vida e que não me arrependo de nada."

E assim termino o ano de 2017. :D Existe maneira melhor?! Faltando poucas horas para o final de um ano que foi difícil, desafiador e ao mesmo tempo maravilhoso em seus devidos momentos (risos), eu escolhi como último post do ano a resenha de O Resgate no Mar. Minha família me disse que sou louca, que necessito de tratamento, mas não me importei e larguei tudo que precisava fazer para sentar na frente do computador e falar do meu casal querido. E, como o Jamie não se arrepende de nada, eu também não me arrependo. :)

Adeus 2017!!!! Feliz Ano Novo, queridos!

29 de dezembro de 2017

Retrospectiva 2017 - Melhores do Ano



O ano de 2017 foi desafiador para mim. Além de apostar no Desafio 12 Meses Literários, Projeto Escrevendo sem Medo e na Maratona Literária de Inverno, eu me decidi por leituras que imaginei que não encararia nem tão cedo. Tive coragem de arriscar, de sair um pouco da minha zona de conforto e foi algo que deu muito certo. Não é à toa que já preparei desafios ainda maiores para 2018. :D

Ao todo:

- li 24 contos (tendo resenhado 20 deles);
- li 42 livros (43 se contar a leitura que estou finalizando hoje);
- dos livros lidos 8 foram clássicos e 5 foram nacionais (compare com os anos anteriores e perceberá que é um avanço e tanto);
- assisti 24 filmes, acompanhei 5 séries e 3 novelas (uma delas tendo chegado ao fim, que foi Ezel).

Foi um ano bem produtivo, embora eu não tenha cumprido as Minhas Metas de Leituras 2017. Isso porque muitas das leituras que fiz não faziam parte da meta, foram escolhas de momento.rs

E agora é hora de conhecer as melhores leituras deste ano! Que livros me marcaram? Quais levarei por toda a vida? Quem acompanha o blog sabe que é regra eu escolher os 12 melhores de cada ano. Todavia, na hora de selecioná-los não deu lá muito certo. Alguns livros importantes teriam que ficar de fora. Foi aí que acessando o blog Sempre Romântica e vendo o seu post de Destaques do Ano, eu tive a ideia de fazer uma lista semelhante, pegando emprestadas algumas das categorias dela. Assim as escolhas seriam mais justas, não deixando de fora nenhum livro especial. :)


Melhores do Ano por categorias



Melhor Romance Contemporâneo


"- Tudo - sussurrou ele antes de se virar para o vidro. - Droga, ela é tudo para mim."

- Esta foi minha primeira experiência com a Nora Roberts. Sempre tinha ouvido falar muito bem da autora, sabia que ela era a querida de muitos leitores, mas nunca tinha apostado em seus livros. Todavia, depois de Jogo de Sedução eu fiquei mais do que louca para ler seus demais livros. Necessito desesperadamente conhecer o resto da série!

Justin e Serena formam um casal divertido, intenso e forte. Ambos sabem o que querem e vão atrás disso. Embora sintam certa insegurança no que se refere aos relacionamentos amorosos, têm a coragem necessária para colocar as cartas na mesa e arriscarem com tudo o que podem. Não poderiam ficar de fora desta lista!


Melhor Romance Histórico 


"- Você e eu... - então interrompeu sacudindo a cabeça. - Não é a hora certa para nós.
Ela ficou de costas outra vez, colocando o braço sob o rosto.
A hora, o lugar, a vida."

- Eu sequer sei como falar desta história sem que uma confusão de sentimentos tome conta de mim. Foi uma das leituras mais impactantes, que me deu um soco no estômago, que me deixou no chão. A história se passa durante a 2ª Guerra Mundial e só isso já lhes dá uma ideia das situações que encontramos na história. Tudo é muito doloroso, forte, insuportável. As milhares de mortes causadas não só por bombas, mas sobretudo pela fome, pois os alimentos não conseguiam chegar às cidades cercadas pelos soldados inimigos. Pessoas morriam caminhando pelas ruas de tão fracas que estavam. Se ilude quem pega este livro para ler acreditando que encontrará apenas uma bela história de amor, que sobrevive a todos os obstáculos. Não. Aqui você encontra miséria, desumanidade, realidades de uma guerra que marcou para sempre o mundo. Há romance, é claro. Um lindo e complexo romance, mas também há realidade, um excelente conteúdo histórico. 


Melhor Romance Nacional


"- Me escolha. [...]
 -  Não me pertença, me escolha. Me deixa ficar do seu lado."

- Como li 5 livros nacionais num só ano (um avanço e tanto, como eu disse.rsrs) posso me dar ao luxo de escolher um preferido. E não existia livro melhor para ocupar este lugar! Dante e Luna mais do que me apaixonaram com o relacionamento tempestuoso e divertido que viviam. Ela é super pirada e ele um cara meio durão, distraído (não sabia o nome da própria funcionária!), mas que com o tempo nos mostra que é bem mais do que aparenta ser. Que é um mocinho irresistível, necessitando arrumar os cabelos e endireitar os óculos, claro.kkkkkk... Eu amei cada momento com esta história! Eles me divertiram demais, sem que fosse uma comédia clichê, óbvia. Foi uma leitura deliciosa e já me sinto capaz de escolher leituras da Carina por simplesmente levarem seu nome, como faço com outros autores nos quais confio. 

Melhor drama


" - Às vezes as pessoas guardam as coisas para si. Até mesmo as pessoas mais próximas da gente. Nunca se consegue conhecê-las de verdade."

- Nossa! Minha história com este livro é longa, de anos atrás. Mas foi somente este ano que consegui lê-la já sabendo que ela me marcaria profundamente. Um dos melhores dramas que li em toda minha vida. Que nos faz entrar na vida dos personagens, entendendo suas histórias, suas escolhas, sendo bombardeados por um amor e acontecimentos que tempo algum seria capaz de apagar. Foi impossível odiar a Noelle, impossível não sentir compaixão, não entender o que a levou a fazer tudo o que fez. Se vocês me vissem... estou chorando só de lembrar do livro!kkkkkkkk... Não dá para falar dele. Simplesmente não dá. 


Melhor livro epistolar 


"Eu devia ter lhe contado. Devia tê-la ensinado a proteger seu coração. Ensinado que uma carta nem sempre é apenas uma carta. As palavras na folha são capazes de inundar a alma. Ah, se você soubesse..."

- Este foi um ano de grandes leituras. De conhecer autores especiais, livros inesquecíveis. Querida Sue... O que falar desta história? Ela superou qualquer expectativa que eu tivesse, me transportou para outro mundo, uma época distante, onde as conversas ainda aconteciam por cartas, em que cartas eram capazes de aproximar pessoas de lugares e vidas bem distintos uns dos outros. Guardo com enorme carinho este livro em minha estante e meu coração. Se tivesse que sair apressadamente de casa e só pudesse carregar comigo cinco livros, ele estaria entre eles. 

Por que colocá-lo na categoria de melhor livro epistolar? Você leu mais de um? Sim, embora nunca antes tenha lido um livro escrito em forma de carta, todo narrado em cartas, este foi um ano em que tive mais de uma experiência do tipo. Ele caberia perfeitamente em diversas outras categorias desta lista, mas quis destacá-lo assim. 



Melhor Livro Escrito em sua Época


"[...] ela nunca sentira tão sinceramente que podia amá-lo quanto agora, quando todo amor já era em vão." 

- Esta foi uma das minhas melhores apostas do ano. Adiei a leitura por séculos e depois me arrependi amargamente por não ter dado uma chance ao livro antes. Este livro ainda carrega todo o peso de ter sido aquele que abriu a porta para que eu arriscasse a leitura de outros clássicos este ano. Como eu disse, foram 8 clássicos, gente! Algo inacreditável, pois eu geralmente não lia um sequer por ano. E se contarmos os contos que também são clássicos, o número de leituras aumenta. Culpem Elizabeth e o Sr. Darcy por isso! :D 



Segunda Guerra Mundial


"Eu poderia passar horas contando a você o sofrimento trazido pela guerra, mas só ficaria ainda mais infeliz. Só podemos esperar, com toda a calma possível, que ela acabe. Judeus e cristãos esperam, o mundo inteiro espera, e muitos esperam a morte."

- Que me lembre, este ano li três livros que se passavam durante a Segunda Guerra Mundial e embora todos os três tenham me marcado, nenhum foi como O Diário de Anne Frank. Porque eu "vivi" com esta menina seus últimos anos, seus sentimentos, sua dor, sua esperança... Anne existiu. E ela foi assassinada. Mais uma entre os bilhões de mortos por Hitler. Uma adolescente cheia de vida, de dilemas de sua idade, de fé, sonhos... Queria ser escritora. Amava ler e escrever e dividiu conosco seus pensamentos mais profundos e parte do que foram seus últimos meses escondida no Anexo Secreto, antes que sua família fosse traída e capturada pelos soldados de Hitler. As páginas do seu diário ficaram espalhadas pelo chão, testemunhas de uma época terrível, tudo o que restou daquela menina. 


Melhor Clássico 


"Quem deixaria de estremecer pensando nas desgraças que pode causar uma só relação perigosa!"

- Depois de O Morro dos Ventos Uivantes, é o clássico que mais me marcou na vida. Eu o li emprestado de uma biblioteca pública, mas assim que devolvi o livro, fui até a livraria mais próxima atrás dele. Só para vocês terem uma ideia de como eu necessitava ter o livro comigo. 

A história é obscura, nos mostra o lado mais vil dos seres humanos, os jogos de poder, de manipulação. Mas é uma história que se crava dentro de nós, que fica como uma cicatriz. Que não conseguimos esquecer. Será para sempre um dos meus livros preferidos. 



Melhor Suspense


"Às vezes encontramos pessoas cuja bondade inata nos atinge como um raio de luz quase ofuscante. Mas outras vezes deparamos exatamente com o oposto - alguém cuja mera presença nos asfixia, nos encobre com uma pesada nuvem de putrefação e de sangue."

- Harlan Coben é um dos mestres do suspense. Seus livros sempre me enlouquecem, gente!rsrs Devoro cada página, com o coração disparado, as mãos geladas, ansiando e temendo o que vem a seguir, ao virar de cada página. Com Desaparecido para Sempre não foi diferente. E este se tornou um dos meus livros preferidos do autor. Foram tantas reviravoltas... tantos segredos revelados. Nunca desejaria estar na pele daqueles personagens. 



Recorde de lágrimas


"Mais tarde, ao pensar nessa noite  - e pensaria nela muitas vezes, nos meses e anos seguintes: o momento decisivo de sua vida, em torno de cujos instantes sempre giraria todo o resto -, o que lembrou foi o silêncio da sala e a neve caindo lá fora, ininterrupta."

- Não chorei apenas "para fora" durante a leitura deste livro. Maiores foram as lágrimas internas, a sensação de estar sufocando, a angústia intensa. Foi um dos livros que mais me arrancou da zona de conforto. Tudo o que se passa... As escolhas sem volta, os anos de erros e mágoas, as pontes que os personagens destruíram com suas próprias mãos, os muros impossíveis de derrubar. Eu fiquei esgotada, gente. O livro acabou com minha energia. Não sei quando terei coragem de apostar em outro livro da autora. 


Maior Decepção do Ano


"[...] Você precisa tirar ela de sua casa. Estão armando uma tragédia para você, Rose. Ela é perigosa."

- Eu não suporto nem pensar neste livro. Me desfiz dele quase imediatamente depois de lê-lo. Não queria tê-lo perto de mim, dentro da minha casa. Tamanha era a energia negativa da história. Tanto era o meu desprezo por ela. 

Escrevi o seguinte em minha resenha: "Fazia tempo que não me arrependia tanto de ler um livro. Deveria ter dado ouvido aos meus instintos e simplesmente me desfeito deste livro anos antes. Sem lê-lo! Sem jamais saber o que estava escondido em suas páginas. Aquela enorme sujeira que está fazendo com que eu própria me sinta suja, nauseada, transtornada. É um livro que não me fez nenhum bem. E o final apenas conseguiu me deixar pior."


Melhor Livro Infantojuvenil 


"E então Harry ouviu.
'... rasgar... romper... matar...'"

- Harry Potter foi uma das minhas muitas escolhas acertadas deste ano. Demorei muito para apostar nesta leitura e agora não vejo a hora de ler os outros livros da série. Esta autora é fantástica! Criou todo um mundo mágico que não só encanta leitores de todas as idades, mas que ainda ensina ou relembra grandes lições. Amo!


Merece ser lembrado


"Estou calma e cheia de paz.
 Ela não estava calma nem cheia de paz."

- Não sabia em que categoria colocar este livro, só uma coisa era certa: ele não podia ficar de fora. Não sei explicar bem o que sinto por ele. Não é o livro mais forte do autor, mas também está longe de ser o mais leve. Conta quatro histórias diferentes, unidas por um motivo em comum. Todavia, ao longo do livro cada uma das quatro protagonista vai caminhando para um destino particular. Alguns bons... outros trágicos. 


Acabaram as categorias? Bem... Não exatamente. Eu disse que escolher os 12 melhores não daria certo, por isso acreditei que o mais justo seria escolher um livro como melhor dentro de uma determinada categoria ou gênero. Mas agora... Necessitamos pelo menos de um Top 3, não acham???!!! :D 




3º Lugar


"Quem foi que disse que a vingança era doce? Porque estavam errados. Era selvagem e amarga, e ninguém saía imune de seus efeitos. Muito menos a pessoa que arquitetou tudo."

- Este livro merece! Quando se trata de vingança, regra geral, vemos o mocinho arquitetando tudo, acreditando possuir um direito natural de vingar-se do que acredita que a mocinha lhe fez, sem prova alguma de suas acusações, apenas uma desculpa para infernizar a vida dela e depois, na última página, dizer que sempre a amou. Haja paciência! Mas neste livro aqui tudo é diferente. A vingança parte da mocinha da história, que planeja dar no mocinho o troco pelo que ele fez com sua irmã de criação. A história é maravilhosa! 


2º Lugar


"Nunca me falte, amor. Não poderia seguir sem você."

- Acham mesmo que existia alguma possibilidade da Florencia Bonelli ficar de fora dos melhores do ano?!rsrs Sem chance! E não tive dúvidas na hora de escolher entre os dois livros que li este ano da autora. Nascida Sob o Sol de Aquário me atingiu bem mais que o primeiro da série. Me apaixonei pela música Caruso graças à história de Bianca e Sebastián e com eles vivi momentos deliciosos. Também existiram muitas tristezas, momentos desesperadores, mas a história deles é belíssima! De fazer suspirar! 



1º Lugar


"Não sei quanto tempo ficamos ali sentados no chão, chorando nos braços um do outro com a saudade de vinte anos derramando-se pelos nossos rostos."

- Não se trata apenas da primeira parte deste livro. O terceiro livro por inteiro está ocupando o 1º lugar dos melhores do ano. Estou terminando a leitura da segunda parte dele, mas já não tenho a menor dúvida de que livro merece essa posição de destaque na minha lista. Outlander será para sempre uma das minhas histórias mais queridas. Daquelas que não saem. Não importa quanto tempo se passe, sempre a recordarei. Como esquecer Claire e Jamie? Como não chorar, rir, nos angustiar, cair e recomeçar com esses dois? Quem acompanha a série sabe bem tudo o que eles já tiveram que suportar. Não foi nenhum mar de rosas. Eu os amo demais! 


É isso, queridos! Querem conhecer todos os livros que li este ano? Basta clicar aqui. :)


Pretendo aparecer mais uma vez antes da virada, mas caso não consiga lhes desejo desde já um excelente Ano Novo!!! Que 2018 seja maravilhoso para todos nós, não só na leitura, mas em todas as áreas de nossas vidas. Que seja um ano de felicidade, amor, paz, união, sucesso e de tudo que seja bom! E que Deus esteja sempre em nossos corações, em nossas vidas. Feliz 2018, gente!!! 

27 de dezembro de 2017

Contos Lidos e Resenhados

Google Imagens


Olá, queridos!

O ano de 2017 foi excelente para a leitura de contos. Adquiri um hábito saudável e extremamente delicioso. Nunca antes imaginei que viveria tantas emoções com contos e que conheceria escritores incríveis, que quero seguir lendo por toda a vida. 

Antes eu até tinha lido um conto e outro. Mas como disse em algum outro post aqui, era mais de escrever do que ler contos. Algo que mudou, felizmente. :)

Então, a partir de agora, deixarei num único post links para todas as resenhas de contos já feitas aqui. E irei atualizando-o conforme leia e resenhe mais. 

Em 2017

Hans Christian Andersen:

A Rainha da Neve
O Patinho Feio
A Pequena Vendedora de Fósforos
A Pequena Sereia
A Pastora e o Limpa-Chaminés/O Anjo 


Machado de Assis

Missa do Galo
Conto de Escola
Cantiga de Esponsais
Teoria do Medalhão
O Espelho
A Cartomante
A Causa Secreta
Mariana
O Enfermeiro
Um Cão de Lata ao Rabo


Monteiro Lobato

Negrinha
As Fitas da Vida/O Drama da Geada


Franz Kafka

Um Artista da Fome

25 de dezembro de 2017

Conto de Fadas: A Pastora e o Limpa-Chaminés - Hans Christian Andersen (extra: O Anjo)



- Olá, meus queridos!

Então é Natal! :D E eu disse para vocês que apareceria aqui, lembram? A semana passada foi extremamente corrida, uma loucura, e por esse motivo não consegui vir ao meu cantinho. Mas irei compensar minha negligência aparecendo mais vezes nesta semana. Ou tentando, pelo menos.kkkkkk... 

Como vocês bem sabem, estou viciada em contos. Este foi o ano em que li mais contos em toda minha vida e foi uma experiência fantástica, realmente maravilhosa! Quero seguir assim em 2018. :)

E entre os meus contistas preferidos está o Hans Christian Andersen, um dos grandes autores de contos infantis de todos os tempos, que escrevia contos variados e chegou a apostar em contos de fadas com finais nada felizes e que não consigo encarar como histórias para crianças. Porém, mesmo as histórias dele que me fazem chorar conseguem me encantar de uma forma incrível. Ele tinha magia em suas palavras, era capaz de nos envolver logo na primeira frase e prender nossa atenção até o desfecho desejável ou não

Neste dia de Natal eu lhes trago a resenha de A Pastora e o Limpa-chaminés, um conto que li às cegas, pois nada sabia da história. Até já vi mencionarem este conto em algum desenho ou série, mas não sabia absolutamente nada sobre ele. Confesso que tive medo. Estava receosa do final ser infeliz como o de A Pequena Sereia, por exemplo. Felizmente, as coisas são distintas neste aqui.rs

Era uma vez uma linda pastorinha de porcelana. Uma boneca delicada e frágil, apaixonada por um limpa-chaminés que conhecia de toda sua vida e de quem se fez noiva. 

"Passavam o tempo um com o outro. Eram gente nova, eram da mesma porcelana e ambos igualmente quebráveis."

Porém, a beleza dela logo despertou o interesse de alguém mau, que já possuía onze esposas que mantinha trancadas e queria para si a pobre pastorinha, não se importando com o fato dela já ser comprometida e não desejá-lo. Aproveitando-se da influência de um chinês que se considerava avô da jovem menina de porcelana, ele tenta convencê-lo a forçar a pastora a se casar com ele. O chinês, tomado pelo interesse, obriga a menina, jurando que ela irá casar-se com o sargento mau e rico, querendo ou não. 

Desesperada, a pastorinha pede ao seu amado que fuja com ela, que a acompanhe pelo mundo afora, onde pudessem ser felizes juntos, longe daqueles que desejavam separá-los. Apaixonado, o limpa-chaminés aceita fugir com sua noiva, disposto a sustentá-la com sua profissão, lutando pelo amor dos dois. 

E... Será que o casal conseguirá escapar daqueles que desejam separá-los por cobiça? E o mundo que os aguarda? Será menos ameaçador?

- A história é bem curtinha e se eu falasse mais acabaria contando tudo.rsrs Por isso, preferi parar. É um conto tão fofo que vale a pena ser lido. A pastorinha não é uma heroína das mais corajosas. Muito pelo contrário.kkkkkkk.. Todavia, penso que no lugar dela eu também teria medo. Consigo compreendê-la.rs


O Anjo é o conto extra que li e não tinha muita certeza se comentaria ou não. Difícil decidir se ele teve um final feliz. Hans Christian era um autor brilhante, crítico quando queria, dando grandes lições em suas histórias, mas também amante de finais dúbios ou infelizes. 

A história mal começa chega ao seu final. É realmente algo que lemos em aproximadamente cinco minutos de tão rápido que é. 

"Cada vez que uma criança morre, desce um anjo de Deus à Terra, toma-a nos braços, abre as grandes asas brancas, voa sobre todos os lugares de que a criança gostou, e colhe toda uma mão-cheia de flores, que leva a Deus, para aí florirem ainda mais bonitas do que na Terra."

Este conto nos fala da vida após a morte das crianças que partem cedo demais, seja pelo motivo que for. Crianças que estavam doentes, crianças que como nossa Pequena Vendedora de Fósforos, morreram vítimas da fome ou de outras situações. O conto não se concentra na causa, mas sim no momento de partida, quando um anjo vem do céu e as leva em seus braços, envolvendo-as em suas asas e passando pelos lugares preferidos delas, levando consigo recordações e flores. 

Lá no céu, elas são recebidas por Deus para uma vida de felicidade, onde não existe dor. Onde tem música e beleza, onde não falta amor. 

Em uma de suas inevitáveis viagens à Terra para buscar mais um pequeno que partia cedo demais, um determinado Anjo pega em seus braços a criança que partia, a beija e juntos escolhem as flores que seriam levadas. Flores machucadas, esquecidas e abandonadas pelos homens eram as mais escolhidas, pois no Céu teriam de volta a vida, seriam tratadas com carinho por Deus. 

"A criança ouvia-o como num sonho, enquanto iam passando sobre jardins com lindas flores, e lugares onde, em vida, brincara."

Naquela ocasião em particular, o Anjo demorou a voltar ao Céu. Necessitava fazer algo antes. Buscar uma flor especial. Uma flor que possuía uma história. E então... ele conta à criança que coisas aquela flor havia testemunhado. Uma história de dor, mas também de amor... de beleza nas simples coisas da vida. 

"– Mas como sabes tudo isso? – perguntou a criança ao anjo que a levava para o Céu.
– Sei-o! – disse o anjo. – Era eu próprio o rapazinho doente que andava de muletas! Conheço bem a minha flor!"

- O desfecho deste conto é muito lindo, por mais que nos dê algo em nosso coração. Deixou uma mensagem de esperança, de enxergar o que importa na vida, o que vale a pena. De acreditar que existe algo além. Que o final não é realmente o fim. É um dos contos mais bonitos que já li. 




Feliz Natal, queridos!

Que seja um dia de amor, paz, união e felicidade! Que recordem o verdadeiro sentido deste dia tão especial e mágico. Do dia que simboliza o nascimento de Jesus Cristo. Natal não é Papai Noel ou ganhar presentes, vestir roupas novas e comer todas as guloseimas que evitamos o ano inteiro (risos). Claro que podemos fazer todas essas coisas sem problema algum. Eu própria vesti minha gatinha de Gata Noel (e ela ficou linda!!!), mas não podemos esquecer o significado real deste dia. É um dia mágico! É um dia de Amor. Não deixem o aniversariante de fora da festa! Amo vocês! :) 

Bjs!

23 de dezembro de 2017

Das Coisas Inesquecíveis de 2017



2017 está nos dizendo adeus. E confesso que fico feliz por isso.rsrs Foi um ano maravilhoso em vários aspectos, mas em outros... Não sentirei falta. 

Este ano muitas coisas mudaram em minha vida. Mudanças positivas em sua maioria, mas sou a pessoa que menos gosta de mudanças neste mundo.kkkkkk... Sempre disse isso e até quem não me conhece muito bem sabe. Algumas situações se alteraram para sempre. Sinto que estou crescendo cada dia mais. Avançando. Só que é inevitável que certos momentos e pessoas fiquem para trás no caminho. Que deixem de fazer parte da minha vida, não importa o quanto eu deseje o contrário. 

Não esquecerei minha despedida do meu antigo estágio. Fiquei lá por dois anos e só disse adeus no momento em que meu contrato terminou. Como eu estagiava num órgão público não havia a possibilidade de ser efetivada, por mais que amasse cada instante que vivi lá. Fiz amizades incríveis, conheci pessoas maravilhosas e foi com lágrimas nos olhos e um doloroso nó na garganta que deixei aquele cantinho que já considerava meu. Minha ex-chefe e colegas de trabalho foram as melhores que eu poderia ter conhecido. Sei o quanto é difícil encontrar um ambiente de trabalho agradável hoje em dia, com pessoas que não tentem te apunhalar pelas costas ou te derrubar de outras formas. Sei que fui privilegiada e valorizo a oportunidade linda que tive. Minha despedida foi triste, mas bela. E tenho um pouco de cada uma delas nas lembranças que carrego e nos livros que me deram de presente com dedicatórias lindas. 

Não esquecerei a oportunidade que tive de iniciar um novo estágio na semana imediatamente seguinte àquela em que o outro terminou. Tudo é diferente, claro. Pessoas diferentes, ambiente completamente distinto também. E tudo é ainda muito recente para que eu já tenha me adaptado. Ainda assim tenho aprendido muito e sei que com o tempo me acostumarei com esta mudança. 

Sem sombra de dúvidas, 2017 foi positivo na minha área profissional, nos meus estudos. Encerrei uma fase importante e em 2018, se tudo der certo, terminarei minha graduação. É claro que estou muito feliz. Mas é hora de falar de outras coisas...rsrs

Impossível será esquecer todos os livros especiais que tive a oportunidade de ler este ano. Querida Sue é apenas um exemplo. Não li tanto quanto gostaria e minha meta de leituras foi quase um fracasso, mas tive o privilégio de ler histórias arrebatadoras e que estarão sempre em meu coração. 

Como não mencionar também as séries fantásticas que comecei ou continuei? Gilmore Girls preencheu várias das minhas noites com risos, descontração, puros momentos de alegria. Sinto saudades. Quero demais seguir assistindo essa série!

Também comecei a ver duas novas novelas. Muy Padres, que conta de maneira um tanto divertida os dramas familiares de três pais complexos e imaturos (risos) e... Amor Proibido, que começou no último dia 18 e já me prendeu como poucas. Quem acompanha meu blog sabe que jurei que não assistiria essa novela se a Band a exibisse. Que não sou masoquista, que não iria querer sofrer como sofri com Ezel e blá, blá, blá...kkkkkkkkk Só que não resisto, gente! Não consigo!rsrs As novelas turcas exercem todo um fascínio sobre mim. Nunca sou capaz de não vê-las. É evidente que chorarei até me desidratar, mas a verei até o seu amargo fim. 

Este também foi um ano excelente para os livros clássicos na minha vida. Nunca li tantos clássicos como em 2017 e fiquei tão feliz com esta experiência que num dos posts que farei em breve vocês terão uma ideia dos meus desafios para o novo ano que se aproxima. :) Além disso, também li muitos contos, algo que não tinha o hábito de fazer. Eu escrevo contos. Todavia, ler era outra história. Então me propus a apostar em livros de contos e foi algo realmente maravilhoso! Não quero mais parar! :D

Também foi extremamente positivo participar do Projeto Escrevendo sem Medo. Graças a ele, voltei a me dedicar mais à escrita, retomar antigos projetos e me aventurar por histórias novas e outros estilos literários. Até escrevi um poema, vê se pode!kkkkkk... Foi delicioso me desafiar assim! Este texto que agora escrevo é o último deste projeto. Espero que ano que vem tenhamos mais! 

Não deixo de agradecer a Deus por todas as coisas boas que me aconteceram e partilhei com vocês e também por todas as outras que apenas guardo para mim. Tudo o que sou eu devo a Ele. Tudo o que conquisto é graças a Ele e não me envergonho de admitir. Não sou absolutamente nada sozinha. 

Também agradeço a vocês, meus leitores tão maravilhosos que me aguentam todos esses anos. Obrigada pelas visitas, pelos comentários, pelos emails que me enviam, pela amizade linda que me oferecem. Amo muito vocês! Sei que não estou me dedicando ao blog como gostaria, mas eu sempre tento. É apenas a correria do dia a dia que me impede de aparecer como eu desejaria. Que me impede de ler mais, resenhar mais, trazer mais novidades pro blog. Mas seguirei tentando. Quem sabe um dia consiga me organizar de um jeito que dê certo?!rs

- Ainda aparecerei aqui em 2017, por isso não lhes desejo Feliz Natal e Ano Novo agora. :D



- Este é meu décimo segundo texto para o Projeto Escrevendo sem Medo

Este projeto foi criado pela Thamiris do blog Historiar. Clique aqui para conhecê-lo melhor. 

15 de dezembro de 2017

Conto de Fadas: A Pequena Sereia - Hans Christian Andersen



Ao ler o título deste conto você provavelmente pensou imediatamente na sereia mais conhecida do mundo! E não é a Iara, claro (apesar de eu amar essa lenda folclórica! Amo folclore!!!)! Estou falando da Ariel, nossa pequena sereia da Disney, tão querida, divertida, bondosa e bela! Que vive grandes aventuras pelo amor do seu príncipe querido e é recompensada ao vê-lo se apaixonar por ela, quebrando o feitiço da bruxa e vivendo felizes para sempre. Ah, que belo conto de fadas! Um dos meus preferidos da infância. Via muitas e muitas vezes. E podia jurar que conhecia de cor e salteado a história. Afinal de contas, eu li o conto quando mais nova. Ledo engano! O que eu tinha lido e não fazia ideia foi a versão romantizada da Disney. Uma versão bem mais leve e com final feliz garantido. Uma versão que não é a verdadeira. 

Escrito no século XIX por um dos meus contistas preferidos, A Pequena Sereia está longe de ser aquele tipo de conto que nos deixa com o coração leve e um sorriso sonhador nos lábios. Muito pelo contrário. Terminei a leitura com os olhos cheios de lágrimas, uma raiva intensa e a certeza de que o autor estragou para sempre a lembrança linda que eu tinha da versão da Disney. Se eu decidir ler todas as histórias deste autor, certamente passarei a ver os contos de fadas com outros olhos. :(

Quer conhecer a história original? Eu te contarei, mas saiba que isso significa que a resenha terá spoiler. Fica o aviso!

No fundo do mar, além dos olhos humanos, existe um reino habitado por diversos seres do mar, que vivem suas próprias vidas de maneira semelhante e ao mesmo tempo distinta dos seres humanos. O Rei dos Mares é já um senhor, que há muito tempo ficara viúvo e cuidava das seis filhas com a ajuda de sua mãe, uma sereia majestosa que apesar de amar a vida no mar muito conhecia do mundo dos homens. Um mundo que apresentaria para sua neta mais nova sem ter ideia das escolhas fatais que aquela pequena sonhadora faria. Se soubesse talvez jamais lhe tivesse contado nada. Se soubesse... Talvez a tivesse impedido. 

Aos dez anos de idade, a pequena sereia, a mais nova das seis irmãs, era uma menina calada e aparentemente triste que sonhava com o mundo que existia para além das águas do seu reino. Ela desejava intensamente ver as coisas que as outras sereias já tinham tido oportunidade de ver, mas somente quando completasse 15 anos poderia realizar o seu sonho. 

O tempo parece não passar, mas quando finalmente o seu dia chega, sua avó a prepara e nossa sereiazinha vai a superfície e seus olhos enxergam pela primeira vez o mundo dos humanos. Aquele mundo que ela tanto tinha desejado. Dividida entre o encantamento e o medo, ela vislumbra um navio próximo onde os marinheiros comemoravam o aniversário de alguém. Logo ela percebe que era um príncipe que estava fazendo aniversário. A criatura mais linda que já vira. Sem saber ao certo o que seu coração sentiu ao vê-lo, ela não consegue retornar para casa. Fica presa a ele, de uma maneira que destruiria toda a sua vida. 

Enfeitiçada por sua beleza, seu riso, sua voz... Inicialmente, a sereiazinha fica feliz ao notar a aproximação de uma violenta tempestade, mas logo sua felicidade dá lugar ao medo, porque acaba lembrando-se que os humanos não conseguem respirar debaixo d'água, que se afundasse o seu príncipe morreria. Disposta a fazer o que fosse preciso para salvar sua vida, ela nada ao seu encontro e o resgata da morte. O leva até um mosteiro e fica escondida esperando que alguém o encontre e o leve para dentro. Quando finalmente retorna para o mundo do qual não deveria ter saído, a pequena sereia não consegue se livrar da imagem dele, da dor que sentia no coração. Ela queria fazer parte da sua vida. Queria o seu amor. 

Após ouvir uma história, quase uma lenda, contada por sua avó, descobre o que precisava fazer para estar ao lado do seu amor. Ela vai até a bruxa dos mares e sacrificando a sua voz, o dom mais bonito que possuía, passa a ter pernas humanas no lugar da cauda e a oportunidade de poder ir ao mundo dele, de permitir que ele a conheça. Todavia, como diria um certo personagem de Once Upon a Time, toda magia tem um preço. Além de perder a voz, a vida da sereia também corria riscos. Porque se seu príncipe não se apaixonasse por ela, o seu próprio coração pararia de bater e ela morreria. 

Apaixonada, acreditando que ele poderia amá-la, ela larga a sua casa, sua família que tanto a queria e vai embora sem olhar para trás. Estava disposta a morrer, se fosse preciso. Porque o que não suportaria seria uma vida sem ele. 

"Neste momento passeia de barco, certamente, aquele a quem quero mais do que a minha mãe e a meu pai, aquele que é o meu único pensamento e em cujas mãos deporia o destino da minha vida."

Ela acredita. De todo seu coração. E paga caro demais por isso...

- Esqueçam aquele príncipe apaixonado do filme da Disney. Neste conto, o que vocês conhecem é um homem egoísta, que estava acostumado a ter todas as suas vontades satisfeitas e que quando encontra nossa sereia ingênua caída, a leva para seu palácio, mas não porque se apaixona à primeira vista, mas sim para ter mais uma escrava lhe servindo. 

A veste belamente, claro. Ela era sua escrava de luxo. E ele era até bondoso ao ponto de permitir que ela dormisse à porta do seu quarto! Para onde fosse a levava com ele. Ficava fascinado com a sua submissão, com a maneira como ela o idolatrava, mas não passava por sua cabeça amá-la e muito menos casar-se com ela. Gostava dela, a beijava e não pensava em um dia mandá-la para longe, mas era outra que escolheria como esposa. E a mulher que possuía seu coração era aquela que ele acreditava que tinha lhe salvado a vida. 

Sem voz por conta da escolha que fizera para estar ao lado dele, a sereia não podia lhe confessar a verdade. Que tinha sido ela quem tinha salvado sua vida. Mas, mesmo que tivesse voz, permaneceria em silêncio, pois nada seria capaz de fazer para aborrecer ou entristecer o homem que amava. Dele suportava tudo, acreditando sempre que em algum momento ele olharia para ela e perceberia que a amava. Nem mesmo quando ele viaja para conhecer sua futura noiva, ela desanima. 

- Esta história não termina bem, queridos. Quando o príncipe desgraçado deste conto olha para sua prometida, ele a reconhece como a donzela do mosteiro, a mulher que ele acreditava que tinha lhe salvado. Maravilhado, ele casa-se com ela, feliz da vida, sem nunca sequer pensar naquela que o seguia por todas as partes, que fazia suas vontades, que ele sabia que o amava. Não. Ele ainda quer que ela fique feliz por ele, justamente por amá-lo! Dá ou não dá vontade de matar o miserável?! 

Com o coração em pedaços, nossa protagonista se conforma com o seu destino. Porque quando o dia amanhecesse, sua vida terminaria. Sabia o preço que teria que pagar pelo feitiço que a levou até ele. Mas não se arrependia. 

Pouco antes do amanhecer, suas irmãs surgem da água, com os lindos cabelos cortados, outro sacrifício de amor. Elas, desesperadas, tinham ido até a bruxa em busca de uma alternativa. Uma maneira de salvar a irmã do seu destino e em troca de uma resposta a bruxa ficou com os cabelos delas. Existia uma forma da sereiazinha livrar-se da morte. Era muito simples (para não dizer todo o contrário): bastava que ela cravasse a faca que a bruxa entregou às suas irmãs no coração do príncipe. Porque quando o sangue dele fosse derramado, ela estaria livre.

- Não é preciso dizer que ela jamais faria algo assim e a bruxa bem sabia disso. Ela sacrifica-se outra vez. E ao amanhecer sua vida termina. Uma vida desperdiçada por um amor que nunca foi correspondido. Por alguém que jamais a mereceu. 

Bem... Não há dúvidas que a Ariel teve um destino muito diferente da sereia inocente e cegamente apaixonada que a inspirou. 

"A sereiazinha, toda vestida de ouro e prata, segurava a cauda da noiva, mas os seus ouvidos não ouviam a música festiva, os olhos não viam a cerimônia religiosa: pensava apenas na noite da sua morte e em tudo o que havia perdido neste mundo."

- Existem imensas diferenças entre a versão original e a versão "realmente infantil". Há muita dor neste conto aqui. A sereia não perde a voz simplesmente porque a bruxa fez um feitiço e transferiu sua voz para ela. Não. É bem pior que isso. E ao trocar a cauda por pernas, nossa protagonista era obrigada a suportar dores terríveis, como se facas cortassem suas pernas durante todo o tempo. E ela tudo aguentava por amor. É a Amélia do conto de fadas, sem dúvidas. 

A situação da nossa altruísta, abnegada mocinha, me fez pensar em tantas e tantas mulheres que largam toda a sua vida por um homem, pelo "seu grande amor". Elas dão às costas para a família, amigos, largam os estudos, o trabalho, tudo por eles. Se apanham suportam, porque não podem estar sem eles, porque acreditam que eles irão mudar e que se batem nelas é porque se importam. Absurdo, não é mesmo? Mas existem muitas mulheres cegas assim. Se eles as traem, elas choram em silêncio porque no fim das contas eles continuam querendo-as, são elas que estão ao seu lado, que vivem com eles. Se voltam para elas é porque as amam. Pelo menos, é nisso que preferem acreditar. Quanto mais eu lia sobre as coisas que a mocinha suportava pelo homem que ela amava, ao ponto de estar disposta a morrer se não tivesse o seu amor, mais chocada eu ficava. Sobretudo porque a história lembra muito a vida real. As mulheres que entregam tudo por homens que não as merecem. 

O final do conto não é nada inspirador. Alguns podem dizer que ela teve um final feliz, pois foi presenteada com a POSSIBILIDADE de vir a ter alma dali a trezentos anos depois de morta.kkkkkkkk... Sério, isso parece piada! 

Deixa eu explicar para vocês. Segundo o conto, sereias não têm alma. Não importa o quanto sejam boas, quando morrem viram espuma do mar e ponto final. Não existe uma vida depois. Uma alma que sobreviva ao corpo. Mas a sereia desta história desejava muito ter uma alma. Não era justo que os humanos pudessem ter uma vida após a morte e ela não. Então, como recompensa por seu bom coração, ao morrer ela não vira espuma do mar e sim uma Filha do Ar, um tipo de anjo que guarda as crianças. E se ela fizesse bem seu trabalho dali a trezentos anos poderia ir para o céu. Porém, se ela encontrasse crianças malcriadas em seu caminho mais distante se tornaria tal chance. 

"Pelo contrário, se se nos depara uma criança malcriada e má, vertemos lágrimas de tristeza e por cada lágrima vertida é aumentado em um dia o nosso tempo de prova."

Aí percebemos que tal final servia para assustar as crianças que ouvissem esse conto e assim elas se comportassem para que as Filhas do Ar pudessem ir logo para o céu e serem felizes. Definitivamente, está aí um conto de fadas que eu jamais contaria para um filho meu ou qualquer outra criança. Que elas mantenham a linda ilusão do conto da Disney. É mais saudável. 
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