31 de julho de 2018

Rebelde/Um Mundo Novo - Nora Roberts

(Título Original: Rebellion/In from the cold
Tradutora: Daniela Rigon 
Editora: Harlequin
Edição de: 2018)

Os MacGregors - Livro 6

As mulheres MacGregor são conhecidas pelo temperamento explosivo e por serem destemidas, teimosas e lindas! Mas elas também são apaixonadas e lutarão até o fim por sua família e pelos homens que amam. 

No século XVIII, uma época em que combates sangrentos eram travados em nome da honra, as mulheres MacGregor passaram por muitas dificuldades para defender sua família. Em meio a tudo isso, duas integrantes do clã se destacam. Serena MacGregor acaba se envolvendo com um suposto inimigo, o inglês Brigham Langston. Encontrar dentro de si o que será necessário para viver esse amor exigirá muita coragem... mas isso é algo que Serena tem de sobra. 

Anos depois, o jovem soldado Ian MacGregor se vê à beira da morte e acaba encontrando Alanna Flynn, que além de salvar sua vida o ensinará que, às vezes, as maiores batalhas que enfrentamos são aquelas que ocorrem em nossos corações. 

Em Rebelde e Um mundo novo, Nora Roberts nos encanta com o passado da família MacGregor, mostrando que, independentemente dos lados no campo de batalha, quando se trata de amor ele sempre vencerá. 



Palavras de uma leitora...



- Não posso negar que este mês, por mais complicado e estressante que tenha sido, foi excelente para a minha leitura. Até mesmo para os filmes e para a série Lei e Ordem SVU. Depois de meses sem conseguir assistir nada vi quatro filmes!!! E terminei de assistir a 19ª temporada da minha série. :D Estou muito feliz por isso! Mas voltando à leitura... Tinha estabelecido como meta do mês ler sete livros. E se tomar vergonha na cara e concluir a leitura de Hamlet (que está me entediando muito) terei lido nove!!! 

Rebelde e Um mundo novo não faziam parte da meta do mês, mas eu estava tão ansiosa para ler estas histórias que quando percebi que só faltava Hamlet resolvi largar o livro outra vez e mergulhar nestes romances de época maravilhosos! Não me arrependi! Foi simplesmente delicioso conhecer o passado do clã MacGregor, viajar para o século XVIII e saber como tudo começou. Quem me conhece sabe que amo essa série! 

Antes de tudo, esqueçam o que eu disse sobre nenhum livro da série ser capaz de superar Hoje e Sempre. Rebelde definitivamente conseguiu! Uma história que me envolveu por completo, que me provocou lágrimas e deixou um gostinho de quero mais. Além de ter terminado com um epílogo cheio de esperança. 

- Escócia, ano de 1735. Serena tinha apenas oito anos de idade e naquele dia ela e sua irmã mais nova tinham ajudado a mãe a arrumar a casa para a chegada de seu pai e irmão. Eles tinham ido caçar e voltariam esgotados. Embora odiasse o trabalho doméstico, amava muito o seu pai e só queria que ele chegasse logo. Seu irmão caçula, que não passava de um bebê, estava em seus braços. Naquele momento, nenhum deles poderia imaginar o quanto a vida mudaria. Que ao longo dos próximos dez anos ela carregaria o trauma causado pela violência de soldados ingleses. 

A mãe tinha pedido que ela se escondesse juntamente com os irmãos, mas Serena não conseguiu deixá-la sozinha. Não podia. E quando o capitão inglês golpeou sua mãe, ela não foi capaz de pensar em mais nada. Transtornada pela fúria, o atacou, aumentando ainda mais o ódio daquele homem que tinha entrado ali disposto a provocar destruição. 

Não importava quanto tempo se passasse, jamais poderia esquecer o momento em que sua mãe caiu aos seus pés, nua, após ter sido violentada por aquele soldado. Nunca antes a tinha visto chorar daquela maneira e por mais que sua mente de criança não compreendesse toda a realidade, tinha uma noção do que tinha acontecido. E que seu coração queria vingança. Naquele dia, soube o quanto os ingleses valiam: menos que nada. Eram pura escória. E enquanto vivesse só seria capaz de sentir ódio por eles. 

Dez anos mais tarde ela ainda mantinha viva a memória daquele terror. Sua mãe tinha seguido em frente, consolada pelo amor de seu marido e filhos, mas Serena passou a nutrir um desprezo pelos homens em geral, embora os ingleses tivessem um lugar "especial" em sua lista. Era dona de uma beleza impressionante, o que atraía muitos pretendentes, mas bastavam poucos minutos ao seu lado para perceberem que seria um completo suicídio tentar qualquer coisa. Ainda não tinha chegado o dia em que um homem fora capaz de ultrapassar as barreiras do ressentimento e conquistar seu coração. Talvez jamais se casasse. Ela tentava se convencer de que não se importava. Seria preferível ficar sozinha do que passar a vida ao lado de um traste. 

E não foi sem surpresa e choque que ela viu seu irmão aparecer em casa, depois de uma longa viagem, carregado por nada mais nada menos que um inglês. Alguém que se hospedaria na sua casa, que passaria os dias sob o mesmo teto que ela. O que resultaria na morte de um dos dois, claro.

Todavia, dono de uma arrogância e coragem admiráveis, Brigham não se deixa intimidar pelos olhares assassinos de Serena, cujo nome parecia uma completa ironia. Se tinha uma mulher menos "serena" no mundo era ela. Mais parecia uma gata selvagem, pronta para cravar as garras no primeiro tolo que se deixasse enganar pelo rosto de anjo. E algo em seu interior, talvez uma pontada de masoquismo, o fazia desejar provocá-la... destruir suas defesas. Atingir um ponto que ninguém conseguira antes. Sim, era inglês. E por ser o melhor amigo do irmão dela conhecia seus motivos para desprezá-lo. Mas também era homem... e Serena era uma mulher irresistível. Perigosa, talvez até mesmo letal, ainda assim aquela que o fazia esquecer todo o resto. Que o fazia brincar com fogo... sabendo que se queimaria. 

Poderia o ódio dar lugar ao amor? Seria possível um futuro para duas pessoas completamente opostas, separadas pelos traumas do passado? E com uma guerra sangrenta prestes a estourar de que valeria qualquer esperança? 

"- Leve nosso convidado para a cozinha e cuide de seu ferimento, Serena.
- Prefiro cuidar de um rato."

- Confesso que eu não sabia bem o que esperar desta história quando comecei a lê-la. Queria apenas mergulhar num romance de época leve e descobrir se a Nora Roberts conseguiria desenvolver a história tão maravilhosamente como conduz seus romances contemporâneos. Mas logo no início ela me mostrou que seria diferente. Que eu não encontraria a leveza tão característica dos outros romances da série. Que existiriam momentos de muito sofrimento. E que um final feliz não era tão garantido assim. 

Quem já leu Outlander sabe o que aconteceu na Batalha de Culloden. Tudo bem que basta ter estudado um pouco de História para ter uma noção da guerra sangrenta travada entre escoceses e ingleses e que culminou num grande massacre. Mas a verdade é que não lembramos de tudo o que estudamos e a Diana Gabaldon trouxe de maneira bem "viva" esses fatos históricos para a nossa vida. Ainda sinto arrepios quando lembro de tudo o que a Claire, o Jamie, e outros membros dos clãs escoceses passaram na série. Ainda sou capaz de ver o sangue, ouvir os gritos, o som das espadas, dos disparos... vejo os corpos enquanto recordo o Jamie falando... Muitas vidas destruídas. Por nada

Em Rebelde não temos Claire e Jamie, mas como a Diana Gabaldon utilizou de acontecimentos reais em sua série, a Nora Roberts também colocou como pano de fundo em sua história a inimizade entre escoceses e ingleses, a disputa por um trono que acabaria com a vida de milhares de pessoas. E isso me provocou muito medo. Porque a história entre Serena e Brigham começa poucos meses antes da Batalha de Culloden. Uma guerra que o protagonista abraçaria. Defendendo uma causa que não era dele, mas na qual ele acreditava. Largando tudo o que possuía na Inglaterra para lutar lado a lado com seu amigo. Eu senti pânico, gente. Verdadeiro pavor. Tinha medo do que a autora poderia fazer...

"Serena queria chorar. Queria chorar desesperadamente, queria que ele a abraçasse de novo, que a beijasse como fizera na primeira vez daquela maneira gentil e paciente."

- Deixando um pouco de lado a guerra e voltando para o romance entre o meu casal querido (já amo demais), nada é fácil no princípio. Coll, irmão da Serena, podia não culpar todos os ingleses pelo que tinha acontecido com sua mãe, mas para ela não existia nenhum inocente. Todos eram canalhas pelo simples fato de terem nascido ingleses. E fosse tal pensamento racional ou não, era assim que ela se sentia. E não conseguia aceitar que aquele homem, por mais amigo que fosse do seu irmão, dividisse o mesmo teto que ela. E assim ela faz de tudo para tornar a vida dele um inferno.rsrs 

Eu me diverti muito com os ataques desta mocinha tão temperamental e guerreira. Em muitos momentos, ela me pareceu a rocha daquela família, aquela que todos ouviam e em quem se apoiavam. Seu pai era um homem corajoso, determinado, líder da casa, mas também morria de amores pela sua gatinha selvagem e levava em consideração a sua opinião. O que não se aplica apenas em relação ao Brigham, pois todos resolvem gostar dele, contra tudo o que a Serena pudesse argumentar.rs Isso porque o mocinho estava virando as costas para seu próprio país para lutar com o amigo. Uma prova de lealdade maior não existia e a família sempre lhe seria grata por tudo o que ele estava fazendo. Sua nacionalidade era um detalhe insignificante. 

Com o passar do tempo, tendo que tolerá-lo, sempre com palavras ferinas e uma agressão aqui e outra ali, ela acaba sendo envolvida por ele. Não era possível ignorar os beijos roubados ou a maneira como ele a olhava... nem as carícias tentadoras e inapropriadas. O odiava profundamente, mas... queria estar com ele. Queria sentir sua força, saber que em seus braços poderia estar segura e esquecer... esquecer tudo o que tinha acontecido. Chorar em seu ombro com a certeza que ele era diferente, que jamais a machucaria. 

"Estava apaixonado por Serena.
[...] Estava apaixonado, pensou novamente, e Serena o atacaria com um punhal em seu coração antes de entregar o próprio a ele."

- É belíssima a história que se desenvolve entre os dois. Existiam muitos problemas com os quais precisavam lidar. Mesmo quando começa a sentir algo por ele, nossa mocinha não permite que o passado fique para trás. Não deixa de culpá-lo por pecados que não eram dele. E utiliza isso como a principal barreira entre os dois. Só o que o Brigham não desiste, minha gente!kkkkkk... Ele não era homem para deixar um fantasma qualquer impedi-lo de ser feliz ao lado da mulher que amava. Inglês ou não ele passaria o resto da sua vida ao lado daquela escocesa sanguinária. Não aceitaria nada menos que isso.rs Eu me apaixonei perdidamente por esse mocinho! E se não fosse spoiler contar tudo o que ele faz vocês entenderiam por que o amo tanto!

"[...] Há sempre a morte, Serena; há sempre dor e perda. Sem a promessa de uma nova vida, não poderíamos suportar."

- Como eu disse, o livro não é tão leve como os demais da série. Existem momentos muito divertidos, outros românticos, quentes, fofos, mas ele se passa durante uma guerra. E tudo é muito arriscado. Acompanhamos a história de amor deles sabendo que tudo pode ser perdido. Mesmo assim prosseguimos, não só porque a história é deliciosa, mas também porque apostamos na autora... porque acreditamos que ela não seria capaz de destroçar nosso coração.rs

Em Um mundo novo damos um salto de vários anos, mas ainda estamos no século XVIII. Ian MacGregor, o protagonista desta história, tem uma ligação forte com Rebelde, mas creio que contar seria spoiler.kkkkkk.. Aqui temos uma novela, uma vez que a história tem um pouco mais de 80 páginas, dividida em capítulos curtos, com direito até mesmo a um epílogo. 

"Rezava de uma maneira que apenas um homem que sentia o próprio sangue derramando-se podia rezar. Pela vida."

Ian conhecia a história do massacre provocado pelos ingleses, não por ter presenciado tudo aquilo, mas pelo que sua família havia lhe contado. Jurou a si mesmo que um dia enfrentaria os inimigos de seu povo e quando a oportunidade finalmente surgiu ele a agarrou com todas as forças. O resultado era que encontrava-se gravemente ferido, entre a vida e a morte, em solo americano. Bem longe de casa e de qualquer um que sentiria sua falta. Não queria desistir, mas o sangue deixava rapidamente o seu corpo e não tinha energia sequer para pedir ajuda. 

Quando Alanna encontra o estranho em seu celeiro o mesmo já estava desacordado. Determinada a não perder mais ninguém para a morte num futuro próximo, ela se dispõe a cuidar de seu ferimento... o que mostra-se uma ideia equivocada quando Ian MacGregor se recupera e trata de fazer da vida dela um inferno. Quem ele pensava que era para invadir sua vida daquela maneira?! Ela estava satisfeita com o que tinha. Poderia passar os próximos anos dedicando-se ao pai e irmãos e não lamentaria. Tinha sido casada uma vez, mas seu marido morrera, deixando-a viúva antes de completar dezoito anos. Agora, aos vinte anos, não queria ninguém complicando sua existência, muito menos um rebelde inconsequente que parecia ansiar por uma guerra que ela temia. 

"- Case-se comigo, sra. Flynn, pois seu nome devia ser MacGregor."

- Esta segunda história é deliciosa! Leve, fofa, do tipo que devoramos em pouquíssimo tempo. Ela não tem os altos e baixos da primeira, até porque o número de páginas é muito menor. Simplesmente nos presenteia com um lindo romance e nos faz matar a saudade dos personagens da história anterior. 

É uma ótima indicação até mesmo para aqueles que não acompanham a série, mas querem se aventurar por um romance de época. Recomendo muito!


Segundo a internet, os livros que fazem parte da série Os MacGregors são:

4- Encanto da Luz
5- Hoje e Sempre (flashback do romance entre Daniel e Anna, os pais de Serena)
6- Rebelde/ Um Mundo Novo (históricos!)
7- Instinto do Amor
8- Beijos que Conquistam
9- Amor Nunca é Demais
10- Um Vizinho Perfeito


*Este livro foi recebido em parceria com a editora Harlequin.  

27 de julho de 2018

O que Dizem seus Olhos - Florencia Bonelli

(Título Original: Lo que Dicen tus Ojos
Tradutora: Sandra Martha Dolinsky
Editora: Planeta, selo Essência
Edição de: 2018)

Livro que antecede a Trilogia Cavalo de Fogo

Córdoba (Argentina) 1961. Apesar de suas origens humildes, Francesca De Gecco conseguiu ter uma sólida educação. Sua carreira começou no jornal dirigido por seu rico padrinho e mentor, mas seus planos de se tornar uma jornalista de sucesso foram interrompidos pela história de um amor impossível.

Após sofrer uma terrível desilusão que só o tempo e a distância poderiam curar, seu tio consegue um emprego para a jovem em uma embaixada distante, e Francesca se muda para Genebra. No entanto, essa cidade será apenas a primeira parada de uma viagem muito mais longa. Ao redor do mundo, nos palácios mais deslumbrantes dos desertos do Oriente Médio, Francesca terá uma segunda chance de ser feliz.



Palavras de uma leitora...


"Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...

Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz.
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e sons,
Tem certas coisas que eu não sei dizer..."
[Certas Coisas - Lulu Santos]

- Não poderia deixar de mencionar esta música tão linda. Ela se encaixa perfeitamente na história... Muitas vezes o Kamal, meu amado protagonista, me fazia recordar esta canção. Com sua reserva, seus silêncios que pareciam gritar sentimentos que ele não sabia colocar em palavras. Com seu amor que era muito mais atitudes que palavras, que frases feitas e que repetimos porque elas nos servem como formas de expressar o que levamos dentro e não sabemos como demonstrar ao outro. Dizemos "eu te amo", mas esta simples frase, tão cheia de significados e por vezes utilizada de forma banal, não é capaz de traduzir a essência do sentimento. 

Palavras... vejo magia nelas.Todavia, quando encontro nos livros declarações de amor como as do Kamal, ditas sem dizer... traduzidas em lágrimas, em renúncia, num olhar que parece conter toda a dor do mundo... penso que as palavras não são nem sequer um reflexo do que sentimos. 

"Sempre amarei este lugar, mesmo que se passem anos, mesmo que nunca mais torne a vê-lo."

Embora não fosse a primeira vez que passava as férias na fazenda Arroyo Seco, algo estava diferente. Francesca nunca tinha sido uma pessoa supersticiosa, mas sentia que alguma coisa estava para mudar... Sentia saudades do que ainda não tinha perdido. Sentia que, talvez, nunca mais retornasse. Que aquela seria a última vez. Era absurdo, claro. Sua mãe estava ali, sua melhor amiga Sofía e ainda tinha Rex, seu cavalo amado, que jamais deixaria para trás. Mas ainda assim a sensação não a abandonava. 

Ela tinha apenas seis anos de idade quando perdeu o pai. Sua mãe e ele tinham fugido da Sicília para a Argentina, na esperança de ter uma vida melhor. Longe dos parentes que não aceitavam seu amor, que queriam vê-los separados. Antonina estava grávida quando partiram e os primeiros anos, por mais difíceis que tenham sido, foram felizes. Mas então veio a perda... e com ela se foram os sorrisos. Sem estudos e tendo uma filha pequena para criar, conseguiu emprego como cozinheira dos Martínez Olazábal, uma das famílias mais influentes de Córdoba, com suas próprias tragédias e segredos. 

Francesca cresceu ali, sendo vista pelos patrões de sua mãe como nada além da filha da cozinheira, por mais que tenha recebido uma excelente educação, estudado nos mesmos colégios que a filha mais nova deles e fosse tão ou mais culta que eles. Afilhada de um homem importante, ela tinha um futuro cheio de possibilidades pela frente... o que poderia ser destruído pela chegada de Aldo, filho dos Martínez Olazábal, que durante dez anos esteve longe. 

Não era sua intenção olhá-lo. Desejar o que não poderia ter. Mas quando, naquela noite, ele se aproximou dela... algo em seu interior se alterou. Era a primeira vez que se apaixonava. Foi impossível não aguardar com ansiedade a próxima vez que ele lhe dirigiria a palavra, que trocaria confidências, que a beijaria como se ela fosse única... como se a amasse. 

Ela acreditou nele. Em sua palavra. Em seu amor. E de que valeu? No fim, Aldo optou pelo caminho mais fácil... casou-se com alguém de sua posição social. Fez o que sua família desejava. Porque Francesca não tinha o necessário para ser sua esposa. 

Destroçada pela traição do homem em quem confiou, ela tentou seguir com sua vida. Tinha apenas vinte e anos e superaria. Sobreviveria àquela decepção. Mas Aldo não a deixou em paz. Porque não bastava ter destruído seus sonhos, a magoado como ninguém... ele ainda precisava insistir. Querer fazer dela sua amante. Humilhá-la mais do que já tinha feito. 

Ainda amando-o mesmo sabendo que ele não a merecia, Francesca só desejava ir para bem longe... Esquecer toda aquela dor. E quando seu padrinho conseguiu uma oportunidade para ela na embaixada em Genebra, não hesitou. Agarrou sua chance com todas as suas forças. Sim, seria duro partir. Tudo o que ela tinha vivido... tudo o que contribuíra para torná-la o que era ficaria para trás. Mas, talvez, apenas talvez, seu futuro estivesse em outro lugar. 

"Conhecer-te foi um disparo ao coração
Me atacaste com um beijo a sangue frio
E eu sabia
Que era tão letal a ferida que causou
Que este louco aventureiro morria
E esse dia começou
Com teu amor com um disparo ao coração

Não entendi como aconteceu 
Com a destreza de um bom franco-atirador
Cada uma de tuas balas na alma me acertou"
[Tradução livre da música Disparo al Corazón, de Ricky Martin]

- Publicado originalmente em 2006, Lo que Dicen tus Ojos foi o primeiro livro escrito pela minha querida autora Florencia Bonelli, embora não tenha sido o primeiro a ser publicado. Ela lançou Bodas de Odio, Marlene e Indias Blancas antes de finalmente nos presentear com a história que a tornou escritora. Que a fez perceber que amava a escrita, que criar personagens e histórias complexas e arrebatadoras era o seu sonho. 

A inspiração para escrever este livro surgiu depois de ela ler El Árabe, romance de Edith Hull (que ainda não tive a oportunidade de conhecer) e um dos seus livros preferidos da vida (juntamente com O Cavaleiro de Bronze que já foi resenhado aqui). Ela seguia uma carreira totalmente diferente (em Economia) e quando descobriu seu dom para a escrita, sua verdadeira paixão, decidiu dedicar-se de corpo e alma e hoje é uma escritora de sucesso, cada vez mais conhecida dentro e fora da Argentina. 

- Lembro como se fosse hoje da primeira vez que li uma história dela. Minha amiga Carla (que chamo carinhosamente de Carlita) me falava maravilhas de O Quarto Arcano. Ela era tão apaixonada pela história que eu desejava com desespero conhecer os personagens que tanto a tinham encantado. Foi um dos mais lindos presentes receber a duologia dela. A FB nem sonhava em ser publicada aqui no Brasil e a Carlita, que é portuguesa, me enviou a versão lá de Portugal. Eu sorrio como boba sempre que recordo o momento em que abri a caixa e vi "meus filhos". Foram muitos gritos de felicidade!kkkkkk... E não demorei a largar tudo e mergulhar na história. Ali aconteceu: me tornei fã incondicional da FB. Do tipo que não consegue amar nenhuma autora como ela. Tenho sim autoras especiais, muito queridas. Mas me diga para mencionar apenas uma escritora amada e direi o nome dela. O Quarto Arcano é meu livro, meu número perfeito.rs Uma história incomparável, com personagens que se cravam dentro de nós de uma forma... As lágrimas vêm... porque não dá para recordar a quantidade de coisas que vivi com essa duologia sem chorar. Roger e Isaura. Meu casal querido. Que tanta coisa me ensinou.... Como sinto falta deles dois! 

A Carlita também me deu de presente outros livros da autora: Marlene, Cavalo de Fogo - Paris, Cavalo de Fogo - Congo (que ela e a Moniquita me deram). E a Moniquita me presenteou com Lo que Dicen tus Ojos, que é um dos livros favoritos dela. Todos eles possuem resenhas no blog. Sim, não é a primeira vez que falo de O que Dizem seus Olhos aqui.kkkkkk

- Ao longo destes mais de seis anos que conheço a Florencia Bonelli sonhei com o dia em que uma editora brasileira abriria os olhos, criaria juízo e traria seus livros para cá. Recebi tantas negativas ao entrar em contato com as editoras que com o passar dos anos acabei desanimando, acreditando que nunca apostariam nela, que muitos leitores brasileiros jamais teriam a chance de mergulhar em suas histórias, de entender por que a amo tanto. E, então, vocês podem imaginar como surtei aqui em casa quando vi a notícia de que a editora Planeta publicaria este livro. Foram gritos de assustar qualquer pessoa (risos), danças, pulos e mais gritos. Meu coração batia tão forte que eu chegava a ter medo de ele não suportar e parar.kkkkkkkkkkk...

Por isso, por amar tanto a FB, não poderia deixar de correr para a livraria e adquirir meu exemplar quando o livro foi lançado em maio deste ano. Eu tinha que ter o meu "bebê" na estante, pertinho da sua versão em espanhol, que foi a primeira que li e me apaixonou. Era minha chance de voltar ao livro. De reviver cada momento... mesmo aqueles que me machucaram, que partiram meu coração em vários pedaços. Porque se você ainda não conhece a FB vou te contar um segredo: existe muito amor em seus livros, mas também muito sofrimento. Tem que ler com o coração preparado. O que Dizem seus Olhos é mais leve que os outros, confesso. Você não chegará a ficar encolhido no chão, em prantos, como se cada golpe tivesse sido em seu corpo e coração. Todavia, ainda assim, vai te atingir. Ela é especialista em livros arrebatadores. Lindos... e dolorosos. A chamo carinhosamente de sádica. :D

"Feridas ainda abertas sangraram de novo. As velhas dores misturaram-se às novas e assolaram sua alma."

- Genebra é apenas um lugar de passagem na vida de Francesca. A verdadeira história da nossa protagonista, que tinha entregado seu coração apenas para vê-lo ser destruído pelo egoísmo de um homem que nunca a mereceu, começa na Arábia Saudita, um país do outro lado do mundo, tão belo e ameaçador. Após passar alguns meses trabalhando como secretária do embaixador em Genebra, ela foi repentinamente transferida para ser assistente de outro embaixador na Arábia Saudita. Sem entender o que motivara a solicitação de transferência, Francesca se viu novamente tendo que abandonar algo que conhecia por conta da vontade dos outros. Não queria ir. A ideia que tinha dos árabes era a pior possível e temia o que poderia se passar se colocasse os pés naquele lugar. 

"Arriscando-se, descobriu o rosto para observar mais claramente, entre a filigrana de uma janela, o brilho de uns olhos que a contemplavam com tristeza, cheios de lágrimas. [...] A tristeza daquele olhar impressionou Francesca. Sem dúvida, era o olhar de uma mulher, de uma mulher sofrida que queria gritar aos quatro ventos sua dor, mas que só podia desabafar olhando pela intrincada grade de uma janelinha."

Logo que chega ao seu novo destino, Francesca encara uma realidade muito diferente da sua. Uma cultura complexa, que limitava e oprimia as mulheres. Seu livro de Artes foi apreendido, por ser considerado proibido pelo Alcorão, e os olhares hostis dos homens locais pareciam perfurá-la, julgando-a por suas roupas, por seu comportamento, por sua religião... por ser uma mulher ocidental e cristã. O motorista designado para levá-la até a embaixada a enxergava como uma prostituta, uma mulherzinha qualquer indigna de pisar o solo sagrado de sua terra. Não foi um bom começo. 

Mas segura entre as paredes da embaixada, ela não demora a se adaptar ao novo trabalho. Seu chefe era uma pessoa incrível e os outros funcionários, com exceção do motorista que a olhava com ódio, eram gentis e atenciosos, dispostos a recebê-la como parte da equipe. E é lá que seu caminho se cruza com o de Kamal Al-Saud... pela primeira vez? 

"Nada é por acaso", dissera certa vez seu tio Fredo. "Cada um de nós é uma parte minúscula de um plano enorme e infinito, onde nossos fios se cruzam ou não, segundo a vontade do Arquiteto que o traçou."

- Ele fazia parte da família que governava o país, era um príncipe, muito mais inalcançável que o homem que a tinha feito conhecer o amor e a dor. E, de início, Francesca o rejeita. Tudo o que ele era e representava a repelia. Não suportava aquele país, o comportamento bárbaro, a violência... e um árabe era tudo o que ela não gostaria de ter em sua vida. Mas Kamal, pouco a pouco, começa a invadir seu espaço. Ele era um homem que ela não conseguia compreender. Distante, reservado, dado a silêncios que ninguém se atrevia a quebrar, mas que de repente se aproximava e a olhava com uma intensidade que a desconcertava e tornava impossível esquecê-lo. Quem ele era, afinal? O que se escondia por trás do homem fechado, o que existia em seu interior? 

- A história entre Francesca e Kamal é uma das mais belas que já li. Nada acontece rapidamente. O relacionamento se constrói aos poucos, mas quando finalmente se entregam aos sentimentos que já não conseguiam negar, é tudo muito intenso. Dá para notarmos, antes mesmo que coloquem em palavras, o que sentem. Sabemos que se amam. E que tal sentimento pode feri-los profundamente. Não porque não estejam dispostos a ficar juntos. Mas sim porque a Arábia Saudita estava vivendo uma crise séria e a família de Kamal se encontrava dividida. Tudo era arriscado... e podia ser letal. Além disso, Francesca era uma moça do Ocidente, tinha sido criada na religião católica e o povo árabe nunca a aceitaria. Não só isso. Tentaria tirá-la do caminho. Por bem... ou por mal

"Eu a protegerei e não permitirei que nada nem ninguém lhe faça mal."

- Enquanto relia o livro e me aproximava de determinadas cenas chorava com antecedência.kkkkkkkk... Eu sabia o que iria acontecer. Não importava o quanto desejasse modificar as páginas, mudar o rumo das coisas, ainda assim tudo iria ocorrer como da primeira vez que li. E, impotente, eu veria o meu casal amado ir ao inferno e voltar destroçado. Foram cenas que me marcaram quando li em 2013 e que tornaram a me ferir agora. Não posso dizer o que acontece, claro. Mas é forte. E acaba com a gente. 

"Existiria algo bonito e bom que durasse para sempre?"

Quando concluímos esta leitura podemos responder facilmente a pergunta acima. Com a certeza que sim, existe algo lindo e bom que dura para sempre. Que não se extingue nem com a morte. O amor. Não o que muitos consideram amor, mas é fugaz e superficial. Mas sim aquele amor de verdade. Que vai além do desejo, da paixão... o sentimento que resiste à passagem dos anos e à dor. O sentimento que é transferido para os filhos e que se prolonga nas gerações seguintes. Mas ainda que se limitasse ao próprio casal, ainda que não existisse descendência, seguiria sendo algo que sobreviveria à morte. Porque eu acredito que existem amores que nada, absolutamente nada, destrói.

Recomendo este livro? Nem precisam perguntar!kkkkkk... Deixarei logo abaixo o link de todos os livros da autora que já li e resenhei aqui. Foram dez até agora.rsrs Está nos meus planos ler Indias Blancas e depois o último livro da trilogia Cavalo de Fogo. E por falar nessa trilogia... 

- Esqueçam a ideia de prequel!!! Detesto quando utilizam esta palavra para se referir ao livro O que Dizem seus Olhos. Porque dá uma ideia de que a história não é principal. E, como eu disse, este livro foi o primeiro escrito pela autora. Muito, muito, MUITO antes de ela decidir escrever a trilogia Cavalo de Fogo

E o que é a trilogia? A segunda geração.rs Nesta trilogia temos como protagonistas Eliah Al-Saud, (filho de Francesca e Kamal) e Matilde Martínez (filha de Aldo, o primeiro amor de Francesca e sua grande decepção). Nos dois temos a continuação da história de seus pais. Diferente do livro do qual a trilogia derivou, a história de Eliah e Matilde ocorre ao longo de três volumes, divididos em: Paris, Congo e Gaza. E, acreditem, são livros que meu Deus do céu! É impossível ficar imune. Impossível não se envolver com a quantidade de história, de riqueza, de beleza e crueldade que existem nesses livros. Eles nos mudam. Nos tornam pessoas melhores. Nos fazem conhecer realidades muito distintas da nossa... principalmente Congo (digo isso porque Gaza eu ainda não li), que só pelo nome dá para ter uma ideia dos assuntos que serão abordados. É romance? Claro! Mas é muito mais que isso. Os livros da FB sempre vão além do simples romance. Eles têm História. 

É isso, queridos! Espero que deem uma chance ao livro! E que se apaixonem!

Resenhas publicadas no blog

O Anjo Negro (O Quarto Arcano 1)
O Porto das Tormentas (O Quarto Arcano 2)
Marlene
Lo que Dicen tus Ojos (primeira resenha)
Lo que Dicen tus Ojos (resenha da Carla)
Lo que Dicen tus Ojos (resenha da Mónica)
Cavalo de Fogo - Paris
Cavalo de Fogo - Congo
Me Llaman Artemio Furia
Bodas de Ódio
Nascida sob o Signo de Touro (Série Nascidas 1)
Nascida sob o Sol de Aquário (Série Nascidas 2)


Todos os livros da Florencia Bonelli 

Livros independentes
Bodas de Odio (Bodas de Ódio)
Marlene
Me llaman Artemio Furia (Me Chamam Artémio Fúria)

Duologia Indias Blancas
Indias Blancas (Índias Brancas)
Indias Blancas. La vuelta del Ranquel (Índias Brancas, a volta do Ranquel)

Duologia O Quarto Arcano
O Anjo Negro - O Quarto Arcano 1
O Porto das Tormentas - O Quarto Arcano 2

Trilogia Cavalo de Fogo
O que Dizem seus Olhos (antecede a trilogia)
Cavalo de Fogo - Paris
Cavalo de Fogo - Congo
Cavalo de Fogo - Gaza

Trilogia do Perdão
Jasy
Almanegra  
La Tierra sin Mal 

Série Nascidas
Nacida bajo el signo del Toro (Nascida sob o Signo de Touro)
Nacida bajo el sol de Acuario (Nascida sob o Sol de Aquário)
Nacida bajo el fuego de Aries (Nascida sob o Fogo de Áries)

Observação: em breve a autora irá publicar a história de la Diana, personagem importante na trilogia Cavalo de Fogo que ganhou nosso coração e nos fez desejar ler sua própria história. Ela merece, gente! 

23 de julho de 2018

Outros jeitos de usar a boca - Rupi Kaur

(Título Original: Milk and honey
Tradutora: Ana Guadalupe
Editora: Planeta
Edição de: 2017)

outros jeitos de usar a boca é um livro de poemas sobre a sobrevivência. sobre o amor, o sexo, o abuso, a perda, o trauma, a cura e a feminilidade.

o livro é dividido em quatro partes, e cada uma delas serve a um propósito diferente. lida com uma dor diferente. cura uma mágoa diferente.

outros jeitos de usar a boca transporta quem o lê em uma jornada por momentos amargos da vida e encontra uma forma de tirar delicadeza deles. 

publicado inicialmente de forma independente por rupi kaur, poeta e artista plástica nascida na índia e que vive no canadá, o livro se tornou o maior fenômeno do gênero nos últimos anos nos estados unidos, com mais de 1 milhão de exemplares impressos. 



Palavras de uma leitora...


- Hoje enquanto escrevo é sábado... Um dia que amanheceu lindo, mas que depois ficou deprimente quando escureceu mais cedo e uma ventania fez questão de encher tudo de poeira.rs Eu estava estressada por conta das leituras obrigatórias (para o TCC) e só queria ler algo que me fizesse bem. Que me acrescentasse algo. Não que enchesse meu cérebro com as informações essenciais para um bom trabalho e para a vida como profissional, mas algo que fizesse bem a mim, como pessoa, como mulher

O livro outros jeitos de usar a boca estava na minha lista de futuras leituras há algum tempo. Desde que ouvi falar maravilhas dele, do quanto era forte e incrível, do impacto que tinha provocado na vida de outros leitores. Mas com tantos livros para ler em 2018 e sem tempo algum para me dedicar a todos não fazia parte dos meus planos lê-lo ainda este ano. Além do mais, eu nem sequer tinha um exemplar dele. Ainda não tinha conseguido comprar, embora estivesse entre os que eram prioridade. Mas ontem, enquanto andava com a minha irmã, resolvi parar na livraria e comprá-lo. Trazê-lo para casa. Para o lugar que o esperava. Para minha vida. 

Foi inevitável começar a namorá-lo assim que o tive em minhas mãos. Ontem mesmo o folheei, cheirei, abracei, desejei mandar tudo para o inferno e mergulhar nas suas páginas. Queria sentir o que as outras pessoas tinham sentido. Queria que os poemas falassem comigo. Mas nada, absolutamente nada que eu pudesse imaginar, se compara à confusão de sentimentos que me invadiram quando li cada um dos poemas que compõem este livro. Foi uma experiência tão única, tão... Não tenho nem palavras. Só posso dizer que quero ler tudo o que essa poetisa escrever. Já sou sua fã incondicional. A Florbela Espanca sempre será a minha poetisa preferida, mas a Rupi Kaur conseguiu um lugar lado a lado com ela no meu coração. 

"é o seu sangue 
nas minhas veias
me diz como eu 
poderia esquecer" [Página 14]

- O livro é dividido em quatro partes: a dor, o amor, a ruptura, a cura. Cada uma delas agrupando poemas que não consigo definir de outra forma que não seja impactantes. A primeira parte, a dor, já começa nos dando um baita soco no estômago. São poemas que sangram, que te machucam pela quantidade de realidade que possuem. Falam de agressão, de estupro, de pedofilia, de violência doméstica, abandono... de puro sofrimento. Eu precisava respirar fundo depois de ler alguns deles. Sentia as lágrimas me cegando, conseguia visualizar aquelas cenas tão terríveis que os poemas desenhavam. Tantas vozes caladas, tantas pessoas sofrendo em seus próprios lares... em sua própria família. Eles me feriram muito. Mas não me arrependi nem por um segundo de lê-los. O talento dessa escritora é impressionante. A sua maneira crua e simples de falar... de mostrar situações que muitas vezes queremos ignorar. Em poucas linhas ela falava muito, tudo

"estremeço quando você me toca
temo que seja ele" [Página 41]

- A segunda parte, o amor, é como um alento. Conseguimos tomar fôlego, respirar normalmente, depois de todas as pancadas que levamos com a dor. São poemas lindos, que evocam lembranças de anos passados... de momentos preciosos. Que te recordam algo que você foi... que você teve. Que te fazem sorrir, sonhar, lembrar... desejar. Que fazem até mesmo você olhar para si mesma com outros olhos. Enxergar-se como a mulher que é, mas tenta esconder, uma vez que o mundo insiste em querer te diminuir e você faz a vontade dele. 

"Estou aprendendo 
a amá-lo
me amando" [Página 55]

- São poemas que falam, obviamente, de amor, mas não só do amor pelo outro, mas também do amor por si mesma. De encontrar-se para só então permitir que um outro alguém te possua. De entregar-se sabendo que continua no controle de si mesma, do seu corpo, da sua mente, do seu eu. Que falam sobre feminilidade, paixão, entrega, conquista, raiva, briga, reconciliação. 

- A terceira parte, a ruptura, não golpeia tão forte como a primeira, mas ainda assim nos atinge. São páginas que trazem lágrimas provocadas pela decepção, pela separação... por descobrir que o que dávamos como certo não era. Que o amor que acreditávamos existir nunca esteve ali. Às vezes saltamos com a fé em alguém, acreditando que essa pessoa irá nos segurar, que impedirá a queda, ou que, pelo menos, irá segurar forte a nossa mão quando estivermos no chão. Mas, não. Ela nem sequer estará mais presente. Já terá ido embora. 

"[...] quero gritar e berrar que somos nós seu idiota. somos as únicas
pessoas que podem nos unir novamente. mas em vez 
disso eu sento quieta. sorrindo de leve pensando
entre lábios trêmulos. é ou não é uma coisa trágica. 
quando você vê tudo tão claro mas a outra pessoa
não vê nada." [Página 84]

- A quarta e última parte, a cura, embora nos passe a ideia de poemas que vão reconstruir, cicatrizar feridas, também dói. Talvez porque o processo de cura nunca é fácil. É preciso fechar com pontos, se reerguer, dar um passo em frente mesmo achando que vai cair... É algo lento, mas progressivo. 

São páginas que te atingem no âmago, que te passam uma mensagem, que te dizem verdades. Não exatamente o que você quer ler, mas sim o que necessita. No fim fica um gosto agridoce. Você sorri em meio às lágrimas. Sente uma pressão no peito, mas também alívio e... paz. Se sente bem

"não procure cura
aos pés daqueles
que te machucaram" [Página 155]

- Devorei as páginas deste livro em pouco mais de uma hora. E isso porque precisava parar... porque ficava pensando, refletindo sobre o que tinha lido... viajando para dentro de mim mesma. Foi a escolha certa. Ler outros jeitos de usar a boca era tudo o que eu precisava para me enxergar outra vez como pessoa. Ultimamente tenho me visto mais como uma máquina que não pode parar, que precisa estar sempre trabalhando, estudando, sendo eficiente. Mas eu sou gente. Preciso parar e respirar. Sou mulher... e preciso me sentir como tal.  Me importar mais comigo mesma. Me amar antes de amar o outro. Me aceitar antes de querer que o outro aceite. Me olhar no espelho e enxergar mais do que a imagem refletida nele.

Se recomendo este livro?! De olhos fechados! É uma leitura que... nem sei como dizer. O que nos provoca é difícil de expressar. Mas é algo que nos faz bem. E isso basta. 

22 de julho de 2018

LEITURA COLETIVA: Norte e Sul, de Elizabeth Gaskell



Olá, meus queridos!!! :D

A #LeituraColetiva de O Morro dos Ventos Uivantes deu tão certo que resolvemos repetir a dose, desta vez com o livro Norte e Sul, da autora Elizabeth Gaskell. Mais uma vez trata-se de um clássico da literatura inglesa, embora não tão conhecido aqui no Brasil. 

A postagem de hoje é super especial, pois se trata de um convite!

O Emoções à Flor da Pele se juntou com outros blogs e uma autora para tornar essa leitura ainda mais divertida. Essa será sua chance de conhecer o livro que deu origem ao seriado "North and South", produzido pela emissora britânica BBC. Minissérie que ainda não tive a oportunidade de assistir, mas sei que muita gente ama. 


Para participar é bem simples: 

> Possuir (ou pegar emprestado na biblioteca, com um amigo, etc) um exemplar de Norte e Sul em qualquer edição ou formato;
> Entrar NESTE grupo no Facebook;
> Participar das discussões semanais sobre a leitura (para poder participar do sorteio de um livro).


BLOGS PARTICIPANTES:
Emoções à Flor da Pele
Autora Duda Razzera (@dudarazzeraauthor)

INFORMAÇÕES IMPORTANTES
> A entrada no grupo será permitida até o final da leitura coletiva (16/09);
> A participação nas discussões não é obrigatória, mas o sorteio será realizado apenas dentre os leitores que participarem;
> Cada discussão garante uma entrada no sorteio, então se o leitor participar de apenas uma das discussões, terá uma entrada no sorteio; se participar de duas, terá duas entradas e assim por diante;
> O livro sorteado será O Conto da Aia, de Margaret Atwood, título escolhido para nossa próxima leitura coletiva (um único sorteio, logo um único ganhador);
> A leitura terá duração de CINCO SEMANAS: nas duas primeiras semanas serão lidos 11 capítulos por semana, na terceira, quarta e quinta semana serão lidos 10 capítulos por semana;
> A cada domingo (após a leitura dos capítulos estipulados por semana) será realizado um post de discussão no grupo do Facebook, em que todos poderão opinar, discutir, tirar dúvidas, criar teorias, etc;
> Cada tópico de discussão ficará aberto por uma semana, por exemplo, a primeira discussão, referente aos primeiros 11 capítulos, começa no dia 12/08 e termina no domingo seguinte, 19/08, quando a segunda discussão tem início;
> Ao final das cinco semanas será realizado o SORTEIO entre os leitores participantes.



DATAS IMPORTANTES:
04/08 – Início da leitura
12/08 – Discussão 1 (grupo no Facebook);
19/08 – Discussão 2 (grupo no Facebook);
26/08 – Discussão 3 (grupo no Facebook);
02/09 – Discussão 4 (grupo no Facebook);
09/09 – Discussão 5 (grupo no Facebook);
16/09 – Sorteio (grupo no Facebook).

***
Contamos com a participação de vocês!

Muitos Beijos!!!

20 de julho de 2018

Bruto e Apaixonado - Janice Diniz

(Editora: Harlequin
Edição de: julho/2018)


Irmãos Lancaster - Livro 1


O encontro entre um caubói ferido e uma mulher obstinada. 
E a explosão dos sentimentos!

Quando a empresa do pai compra uma fábrica de parafusos no interior do país, Natália Esteves é enviada a uma cidadezinha do Mato Grosso com a difícil missão de demitir alguns funcionários. Mas os nativos de Santo Cristo não estão dispostos a deixar que uma executiva da cidade grande mude a vida local e decidem se preparar para expulsá-la, custe o que custar.

É aí que entra Mário Lancaster, um sedutor caubói conhecido por sua fama de mulherengo. Depois de ser afastado dos rodeios e perder o pai em um acidente, Mário assumiu a fazenda da família, de grande influência na cidade, onde mora com a mãe. O povo de Santo Cristo acha que ele é a pessoa certa para seduzir Natália e convencê-la a deixar a fábrica em paz. Mas ninguém pensou na possibilidade de uma paixão à primeira vista...

Bruto e apaixonado é o primeiro volume da série Irmãos Lancaster, uma história irresistível de amor, superação, sedução e, claro, caubóis atraentes e possessivos. 



Palavras de uma leitora...



"E, agora, aos trinta e cinco anos, ele mal era a sombra do peão de rodeio que tinha sido um dia."

Mário Lancaster era um caubói. Um homem nascido e criado em Santo Cristo, que lidava com o duro trabalho em sua fazenda e fazia de tudo para não perdê-la. Um dia tinha sido peão de rodeio, profissão que lhe rendera muito dinheiro e as condições financeiras para comprar a fazenda do pai, homem simples que se contentava em ser advogado no interior e ajudar as pessoas que necessitavam de auxílio jurídico, mas muitas vezes não tinham condições de pagar. Assim, a propriedade estava caminhando para a falência e Mário resolveu assumi-la para garantir que a família teria um teto e fonte de subsistência no futuro. Naquela época não poderia imaginar o que aconteceria...

Ele vivia e respirava cada rodeio. Amava a adrenalina, o perigo iminente, todos os riscos que corria sempre que subia no touro. Cada ser humano tinha sua paixão. Aquela era a sua. Só necessitava de oito segundos para garantir a vitória. E ouvir os aplausos das pessoas. Saber que mais uma vez conseguira. Só que, num determinado dia, seis segundos bastaram para lhe tirar tudo. 

Ao cair do touro, teve o joelho, as costelas e o ombro atingidos pelo animal, o que resultou numa recuperação difícil e cara. Logo o dinheiro parou de chegar e as dívidas foram se acumulando. Agora, cinco anos depois, lutava para não perder a sua fazenda. Que era tudo o que lhe restara. 

Mas não foi apenas a queda que o marcou. Não. Porque quando acordou no hospital naquele período tão tempestuoso foi para receber a notícia de que seu pai já não estava. Um acidente tinha levado sua vida. 

"Então recebe a notícia de que os alicerces da sua vida ruíram. Acabou tudo. Anos depois, a sensação do sufoco e da falta de sentido volta e o lembra de que quem está aqui pode inesperadamente desaparecer."

Privado de sua paixão, sem o pai que amava ao seu lado, prestes a perder a propriedade e temendo que a mãe sucumbisse à depressão, ninguém poderia culpá-lo se tivesse feito amizade com a bebida e se afogado nela. Mas Mário não era homem que desistisse de algo. Não tinha sido criado para ficar no chão. Podia até chorar, pois homem que é homem chora sim, mas levanta a cabeça e segue em frente. 

Cinco anos depois de todas as tragédias que poderiam lhe acontecer, tomava conta da própria vida, transava com quantas mulheres o quisessem (pois estava vivo e tinha direito), trabalhava duro e ainda aturava as maluquices da mãe, uma apostadora de mão cheia que insistia em deixar seus bolsos vazios. Tomava uma gelada com o suor ainda escorrendo pelo corpo e tudo estava muito bom. Era para continuar assim. Deveria... se o povo de Santo Cristo não tivesse resolvido infernizá-lo. Porque um homem não pode ter faz nesta Terra!rs

A fábrica mais importante da pequena cidade, de apenas seis mil habitantes, tinha sido vendida para estranhos e corria pelo local os rumores de que logo todos os que dependiam de seus empregos na fábrica para sobreviver seriam demitidos. O pânico tomava conta das famílias e as endurecia. Outros pequenos negócios também se viam ameaçados por aquela venda e não estavam dispostos a perder o que tinham sem lutar. É aí que recorrem ao Mário, uma vez que a família Lancaster era a mais importante do local. E os habitantes acreditavam que bastaria ele estalar os dedos para resolver todos os seus problemas. Se o novo dono fosse mulher, então, aí mesmo que tudo poderia ser solucionado rapidamente. Era só ele mostrar para a forasteira o macho que era e logo, logo ela estaria comendo em sua mão. 

Embora ficasse um tanto enojado com o comportamento daquela gente, tentava não levar a tal reunião que tiveram a sério. Não queria se estressar. Mas quando tudo o que queria era estar sossegado uma ligação alterou todo o seu rumo. O seu destino

"Ele sabia que era atraente, de um jeito animalesco, mas ainda assim incrivelmente atraente, e fazia questão de exibir os seus atributos a ela, a forasteira recém-chegada de uma metrópole. O modo como a olhava dizia tudo sobre a sua personalidade: ele era um predador."

- O que eu tinha na cabeça para ter demorado tanto a dar uma chance a livros com cowboys, minha gente?! Sério! Sinto vontade de me esganar por causa disso! Eu perdi muito! Mesmo! Sobretudo se os mocinhos dos demais livros forem como o Mário! Suspiros... Isso que é homem de verdade! Do tipo que não necessita tratar mal uma mulher para se sentir bem. E olha que eu achava que ele era machista!kkkkkk... Quero é um caubói para mim! Um que seja igualzinho ao deste livro.rs

"A magia está no ar
vejo fogo na arena
O cavalo a selar
Isso é coisa de cinema

Uma beca invocada
Um pingente no chapéu
Ouço uma oração
Sinto um pedaço do céu
[Música: Clima de Rodeio - Dallas Country]

- Eu sei! :D Estou um tanto doida hoje, mas a culpa é do livro. Foi simplesmente delicioso lê-lo! Estava quase fazendo minhas malas e me mudando para o mundo da história... só que teve personagem que disse que lá (em Santo Cristo) não tem cinema nem livraria. Bem... do cinema eu até abriria mão, mas das livrarias, não. Nem mesmo pelo Mário, infelizmente.kkkkk 

"Foi então que, pela primeira vez em toda a sua pervertida e dramática vida de peão de rodeio, Mário Lancaster perdeu o chapéu, assim, sem vento algum. Antes de beijar. [...] Antes de falar a primeira palavra. Antes de ter tempo de se preparar para receber o golpe do destino, a porrada dolorida vinda dos punhos do amor à primeira vista."

- Quem disse que os brutos não podem amar? Mário é um mocinho bem diferente daqueles que estamos acostumadas a encontrar nos romances. Ele é um homem rústico, "selvagem" por assim dizer, que não vestia terno e gravata ou sabia falar como os executivos com os quais a mocinha trabalhava. Ele não falava "bonito", inventando elogios falsos para conquistar uma mulher. Com ele tudo era cru e sincero. Não era um homem polido. Mas no momento que viu a Natália, soube que ela era a mulher da sua vida. Aquela que o deixaria de joelhos. Que amarraria o laço no seu pescoço. E embora tenha evitado compromisso ao longo de todos os seus anos de casos passageiros, estava bastante disposto a permitir que aquela moça tão diferente dele, tão incompatível com a sua vida, o prendesse. Bem forte. Porque quando um caubói amava... era para sempre. 

"Tem algumas coisas que a moça precisa saber sobre os caubóis... - começou, piscando o olho para ela. - A nossa cultura é meio que restrita às coisas da terra, tomamos banho no rio, vivemos ao ar livre como se a natureza fosse a extensão do nosso corpo. Somos xucros no trato social e arredios no amor. Fugimos do laço como o diabo da cruz. [...] É que a gente sabe que todo vaqueiro tem a sua cara-metade, a sua bruta, a mulher que vai fazer ele passar pelo inferno antes de ganhar o céu."

- A forma como o relacionamento entre o Mário e a Natália acontece é muito natural e convincente. Ele fica apaixonado por ela logo que a conhece, desejando fazê-la entender que estavam destinados.rs Mas nada é forçado, sabe? Ele começa a preparar-se para a luta, para ganhar o coração daquela mulher, não chegando de mansinho, pois esse não era seu estilo. Ele chega firme e atencioso, oferecendo-se para protegê-la do povo que queria intimidá-la e colocá-la para fora, dizendo que sua casa estava de portas abertas para hospedá-la, querendo ganhá-la pelo estômago com a culinária local (risos) e o vinho que ela bebe para afogar as mágoas (e protagoniza uma cena que me divertiu bastante) e, é claro, fazendo-a provar seus beijos... que a faziam até considerar dar uma chance, uma pequena chance, a ele.rs 

Não pense que se trata de romance doce, daquele cheio de cenas românticas que nos fazem suspirar. Não. É mais carnal, uma vez que o gênero do livro é o romance erótico. Quando o casal resolve se dar uma chance, de apenas sete dias (pois era o período que ela ficaria no local para executar as demissões), as coisas pegam fogo. As cenas são explícitas, com palavreado muitas vezes bem bruto, chulo mesmo. O que não posso dizer que não me incomodou, pois vocês sabem que não curto muito o gênero erótico.rs Ainda assim, esses dois me encantaram tanto que eu fazia por onde ignorar as palavras nada românticas deles, por assim dizer, e simplesmente curtia a história, que era linda e envolvente. Não é um erótico vazio, daqueles que não têm absolutamente nenhum conteúdo. Não. Aqui tem profundidade, tem drama, tem sentimentos fortes que ultrapassam o desejo e fazem com que eles até protagonizem algumas cenas fofas. 

"Natália esperou que Mário saísse do veículo para lhe abrir a porta.
- Um cavalheiro à moda antiga - comentou, apreciando o gesto dele.
- Não, dona, apenas um caubói - rebateu, sorrindo com charme."

Santo Cristo, a cidade do mocinho, é extremamente machista. Do tipo que te dá asco. Até as mulheres do local são desagradáveis, auxiliando os homens na intimidação de uma mulher que estava lá a trabalho e não era culpada por um dos moradores locais ter decidido vender a fábrica e depois ir embora, pouco se importando com quem seria prejudicado pelo desemprego. Ela não era dona da empresa e não tomou a decisão de quem deveria ficar ou ser demitido. Mas a população tenta tirar onda com a cara da mocinha, ameaçá-la e agredi-la pelo simples fato de ela ser uma mulher. Porque, como o Mário mesmo disse, se fosse homem que tivesse ido executar as demissões eles não se sentiriam tão poderosos para cantar de galo. Detestei aquelas pessoas. A família Lancaster, e uns poucos cidadãos decentes, era o que tinha de positivo no local. 

No início, o Mário meio que se mostra como machista. Ele insinua que é, mas aí você observa o comportamento dele e percebe que o cretino atrevido estava bem longe disso.rsrs Era um homem que amava as mulheres, e não apenas no sentido de gostar de tê-las em sua cama. Ele as respeitava. Sabia que elas tinham direitos, que tinham sentimentos, que mereciam ser valorizadas. Afinal de contas, foi criado por uma mulher a quem amava muito e por quem faria qualquer coisa. A sua mãe. A mulher que ainda sabia lhe dar broncas.rs Achei simplesmente linda a maneira como ele entendia a Natália, como queria protegê-la dos outros, mas não tentava invadir seu espaço, impedi-la de ser quem era. Ela tinha a sua profissão, seus direitos, "suas modernidades", como ele dizia. E por mais que sua vontade fosse colocar um anel em seu dedo e tê-la debaixo do seu teto, sustentada por ele, sabia que não tinha se apaixonado por uma mulher que se contentaria em levar uma vida assim. Ela tinha sua independência. E não abriria mão disso. E não é difícil para ele aceitá-la dessa forma. É muito fácil, na verdade. Porque ele a amava. E só queria vê-la feliz. 

"Beijou-a na testa e depois na boca. Abraçou o corpo que se moldou ao seu, escancarando para Santo Cristo a verdadeira natureza de sua relação com a forasteira.
Ele a amava."

- Destaque especial para os cretinos irmãos do mocinho: Thomas e Santiago.rs Deus do céu! Que caras hiperativos!kkkkkkkk Sabem o que é sossego, não.rs E amam as mulheres de um jeito mais expressivo que o do Mário, claro. Querem sempre companhia, mas nada de laço amarrando seus pescoços. Querem a vida livre, leve e solta. Mas eu notei um lance entre o Santiago e a Carolina (acho que esse é o nome dela) e por mais que não aprove o comportamento dela (que tinha noivo, mas manteve um caso com o Mário antes de ele conhecer a Natália), achei interessante a troca de olhares e a conversa meio raivosa que teve entre os dois. Será que a história do Santiago será com ela? Eu estou curiosa para descobrir. Até desejaria isso, pois iria além do tipo de mocinha que geralmente vejo nos livros. Ela não é politicamente correta. O que não seria problema algum, uma vez que o Santiago também não é nenhum santo. 

- Gostei demais desta história! Não posso dizer que de tudo, pois o excesso de palavras chulas me incomodou e não vou negar. Mas nem isso me impediu de amar o livro. De torcer demais pelo casal e rir com eles, me emocionar com eles, suspirar aqui com os toques de romantismo que existiam no mocinho. Até cavalo branco, vou logo falando. Não explicarei! Mas digo que a cena é linda! :D 

Valeu muito a pena conhecer esta obra maravilhosa da autora! Eu ainda não tinha lido nada dela. Este livro recebi pela parceria com a editora Harlequin e tinha minhas reservas, confesso. Tanto que quase deixei a leitura para o final do mês, temendo que por ser erótico me decepcionasse. Mas foi todo o contrário! Não gosto do gênero erótico, mas este livro está entre os que me conquistaram independentemente disso. :) Recomendo muito! Já estou ansiosa pelos próximos livros da série. Muito mesmo!

18 de julho de 2018

Era Uma Vez no Outono - Lisa Kleypas

(Título Original: It Happened One Autumn
Tradutora: Maria Clara de Biase
Editora: Arqueiro
Edição de: 2016)


As Quatro Estações do Amor - Livro 2


A jovem e obstinada Lillian Bowman sai dos Estados Unidos em busca de um marido da aristocracia londrina. Contudo nenhum homem parece capaz de fazê-la perder a cabeça. Exceto, talvez, Marcus Marsden, o arrogante lorde Westcliff, que ela despreza mais do que a qualquer outra pessoa.

Marcus é o típico britânico reservado e controlado. Mas algo na audaciosa Lillian faz com que ele saia de si. Os dois simplesmente não conseguem parar de brigar.

Então, numa tarde de outono, um encontro inesperado faz Lillian perceber que, sob a fachada de austeridade, há o homem apaixonado com que sempre sonhou. Mas será que um conde vai desafiar as convenções sociais a ponto de propor casamento a uma moça tão inapropriada?

Neste segundo livro da série As Quatro Estações do Amor, Lisa Kleypas nos apresenta um homem de hábitos rigorosos, uma mulher disposta a quebrar tabus e uma deliciosa batalha entre razão e sentimentos na busca do amor verdadeiro.



Palavras de uma leitora...


- No livro anterior, Segredos de Uma Noite de Verão, conhecemos os protagonistas desta história. Lillian, uma americana que tinha ido para a Inglaterra porque seus pais estavam decididos a ver as duas filhas casadas com aristocratas e não aceitavam nada menos que isso, e lorde Westcliff, um homem aparentemente frio e insensível, que fazia todo o possível para deixar claro o quanto considerava a mocinha indigna de estar no mesmo ambiente que ele. Acham que dá para surgir um belo romance disso?!rsrs A verdade é que sim

"Meu nobre teria que ser um dançarino maravilhoso de cabelos escuros e bonito... E nunca deveria pedir permissão antes de me beijar." [Página 19, Segredos de Uma Noite de Verão]

Annabelle, Lillian, Daisy e Evangeline se tornaram amigas de uma forma um tanto peculiar. Depois de assistirem várias jovens debutantes serem tiradas para dançar vezes e outras sem que nenhum cavalheiro se dignasse a se aproximar delas, finalmente criaram coragem para zombar de si mesmas e uma conversa aparentemente sem propósito acabou por uni-las de uma forma intensa e, juntas, decidiram que iriam mudar o destino e encontrar maridos adequados umas para as outras. A começar por Annabelle, que era a mais velha do grupo, com 24 anos. Embora a intenção fosse encontrar um nobre para a amiga, as coisas fugiram um pouco do controle quando Simon Hunt se meteu naquela história e resolveu roubá-la para si. Bem... Ele até podia não ser um aristocrata, mas, no fim, Anabelle estava devidamente casada e, o que era mais importante, feliz

Agora os esforços delas deveriam se voltar para Lillian, a próxima na lista. Que estava mais do que determinada a se casar e ver-se livre das expectativas e pressões dos pais, embora não tivesse tanta certeza assim que poderia encontrar a felicidade na prisão dourada da aristocracia inglesa. Mas era uma mulher prática. Nada dada a sentimentalismos como sua irmã Daisy, que estava sempre com o nariz entre as páginas de um romance. Nem sonhava com o amor como Evangeline. Porém, seu maior receio era passar o resto da vida ao lado de um marido controlador, que tentasse destruir sua independência e liberdade. Ela não era como as outras mulheres. E não tinha a menor intenção de ser. Por isso, alguém como o arrogante e insuportável lorde Westcliff estava fora de questão. Mesmo que ele não a desprezasse profundamente, jamais aceitaria um casamento com alguém tão severo e intransigente, sem senso de humor ou humanidade. Não suportava sequer olhá-lo. 

"- Infelizmente, a magia não é barata.
Lillian riu enquanto seu olhar seguia o frasco com um fascínio hipnótico.
- Magia - zombou.
- Esse perfume fará a magia acontecer - insistiu ele, sorrindo. - Vou acrescentar um ingrediente secreto para aumentar seus efeitos."

Talvez não devesse ter comprado aquele maldito perfume... porque coisas muito estranhas passaram a acontecer desde então. Como, por exemplo, o súbito e incontrolável interesse de Westcliff por ela, o que era realmente uma grande loucura. Ele a odiava. Seus olhos e a evidente desaprovação que demonstrava sempre que era obrigado a estar no mesmo ambiente que ela deixavam isso mais do que claro. Todavia, quando a temporada de festas que muitos nobres passariam na propriedade dele começou e Lillian e sua família foram convidadas, ela conheceu um Westcliff diferente... e, embora não estivesse disposta a admitir nem para si mesma, encantador. Capaz de provocar nela sentimentos que nenhum outro homem tinha conseguido. Não sabia o que estava acontecendo, mas tinha que parar. Porque não existiam pessoas mais opostas que os dois. Qualquer relacionamento estaria fadado ao fracasso desde o princípio. E tudo o que ela queria era manter-se o mais longe possível dele. Ainda que seu coração começasse a criar ideias inaceitáveis...

"- Lillian o empurrou um pouco, sussurrando asperamente em seu ouvido:
- Qual é o seu problema?
Marcus balançou a cabeça, impotente.
- Desculpe-me - disse ele com voz rouca, mesmo sabendo o que estava prestes a fazer. - Meu Deus. Desculpe-me...
Então sua boca se apoderou da de Lillian e ele começou a beijá-la como se sua vida dependesse disso."

- Faz algumas horas que concluí a leitura e ainda estou tentando me recuperar do duplo choque provocado pelo final. Definitivamente, eu não esperava por nada daquilo. Foi realmente chocante... e doloroso. Não posso falar muito para não soltar spoiler. Claro que o livro tem final feliz, não se preocupem! Isso é garantido nos romances de época da Lisa Kleypas, mas as coisas tomam certo rumo na reta final que abalam nossas estruturas. Eu não confiava em determinado personagem. Seu comportamento fazia com que eu ficasse com um pé atrás, só esperando o momento em que ele revelaria sua verdadeira cara, mas daí a imaginar que seria capaz de algo tão... criminoso. Ainda não consigo acreditar, sinceramente! E o pior de tudo é que não se trata de um personagem qualquer. É alguém que terá participação importante na série... nos próximos livros. Enfim... Melhor eu calar minha boca. Ou parar de escrever demais.rs

"- Eu estava certa, não estava? - perguntou ela, rouca, sem conseguir encará-lo. - Foi um erro termos dançado.
Westcliff esperou tanto para responder que ela achou que poderia não fazê-lo.
- Sim - disse por fim, essa única sílaba tornada brusca por uma emoção impossível de identificar.
Porque não podia se dar ao luxo de querê-la. Porque sabia tão bem quanto ela que uma união entre eles seria um desastre."

- Eu estava muito ansiosa para ler esta história. Porque logo que conheci a Lillian e o Marcus, nosso querido lorde Westcliff, fiquei fascinada com a antipatia e troca de farpas entre os dois. Eu sabia que isso era um forte indício de que ele seria o par romântico da mocinha na sua própria história e não estava enganada. Confesso que ele me irritou muito no livro anterior, com seu jeito arrogante, acreditando que sempre tinha razão e querendo tomar decisões até pelo melhor amigo (o Simon), como impedir seu casamento com a Annabelle, por exemplo. E a forma como ele se referia à amada do amigo... me dava nos nervos! Nada lhe dava o direito de julgá-la daquela maneira, sem sequer conhecê-la. E eu senti uma vontade grande de atacar algo na cabeça dele, mas senti um prazer perverso ao imaginar o quanto ele sofreria com uma mocinha como a Lillian.rsrsrs Uma vida ao lado dela o faria pagar por todos os seus pecados.

Só que quando o livro dele começou tive a oportunidade de conhecer um outro lado desse mocinho tão complexo. Entender o que o levava a ser tão frio e distante dos outros. E quando ele percebe que não consegue ficar longe da Lillian, que ela o enlouquece como nenhuma outra mulher, as coisas ficam bem interessantes e chegamos a sentir pena dele. E um enorme carinho. O Marcus é muito mais do que o personagem que vislumbramos no livro anterior. Ele é... incrível. Apaixonante. 

"- Ele pressionou sua boca contra a de Lillian. - Eu preciso de você há anos."

- A mocinha continua sendo tão maravilhosa quanto na história de sua amiga. Aqui ela manteve sua essência, sua personalidade forte e tudo o que a tornava minha personagem querida, cuja história era a que eu mais queria ler. E olha que eu estava esperando me decepcionar com ela, pois tenho amigas que leram o livro e disseram que não a suportaram e li também resenhas que disseram que ela tinha deixado de ser o que era antes, que tinha se tornado outra pessoa neste livro. Bem... Eu vi as coisas de maneira bem distinta. Porque a Lillian segue igual. Cheia de vida, de garra, de independência, com seu sarcasmo que tanto me divertia e seu comportamento fora dos padrões estabelecidos pela sociedade. Mesmo se apaixonando pelo Marcus ela não tem medo de enfrentá-lo e fazê-lo enxergar que ela não dançaria ao som da música dele, que se queria uma mulher submissa deveria procurar em outros lugares. E sua independência não a impede de sentir, de querer estar nos braços dele, de ser dele... É que para ser dele não estava disposta a deixar de ser ela mesma. E estava mais do que certa! A apoio totalmente! É uma mocinha que admiro muito. :)

"- Marcus - disse Lillian, rouca. - Eu enlouqueci? Ah, por favor, seja real. Por favor, não vá embora...
- Eu estou aqui - disse Marcus com voz baixa e trêmula. - Estou aqui e não vou a lugar algum."

- O trecho acima me emocionou muito quando o li pela primeira vez. O casal tinha sofrido uma terrível traição (não vou soltar spoiler, prometo) e a Lillian não sabia se ele conseguiria ajudá-la. Mas ele não a deixa. Ele não a abandona. Não permitiria que malditos traidores conseguissem destruir a vida deles. Não mesmo!

E falando novamente na traição... Quem me conhece sabe: não tenho tolerância alguma com traição. Não perdoo. O que determinado personagem fez ao se unir com certa víbora para prejudicar a Lillian foi demais. Inaceitável. Ele conseguiu me fazer odiá-lo. Porque foi grave. Muito grave. Algo que... A leitura dos próximos livros da série, que contarão a história da Evangeline (livro 3) e Daisy (livro 4) será bem difícil para mim. Porque não estou disposta a perdoar o personagem. 

- Dei 5 estrelas e favoritei o livro sem pensar duas vezes! Me apaixonei tanto por ele quanto pelo livro anterior. É uma série maravilhosa, com personagens irresistíveis, diálogos inteligentes e divertidos e todo o romance necessário para nos fazer esquecer um pouco a vida real e apenas nos deliciarmos com as histórias. Suspiros... Recomendo muito!
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