20 de junho de 2014

O Visconde que Me Amava - Julia Quinn


(Título original: The Viscount Who Loved Me
Tradutora: Ana Resende
Editora: Arqueiro
Edição de: 2013)

Série Os Bridgertons - 2/8

A temporada de bailes e festas de 1814 acaba de começar em Londres. Como de costume, as mães ambiciosas já estão ávidas por encontrar um marido adequado para suas filhas. Ao que tudo indica, o solteiro mais cobiçado do ano será Anthony Bridgerton, um visconde charmoso, elegante e muito rico que, contrariando as probabilidades, resolve dar um basta na rotina de libertino e arranjar uma noiva.

Logo ele decide que Edwina Sheffield, a debutante mais linda da estação, é a candidata ideal. Mas, para levá-la ao altar, primeiro terá que convencer Kate, a irmã mais velha da jovem, de que merece se casar com ela.

Não será uma tarefa fácil, porque Kate não acredita que ex-libertinos possam se transformar em bons maridos e não deixará Edwina cair nas garras dele.

Enquanto faz de tudo para afastá-lo da irmã, Kate descobre que o visconde devasso é também um homem honesto e gentil. Ao mesmo tempo, Anthony começa a sonhar com ela, apesar de achá-la a criatura mais intrometida e irritante que já pisou nos salões de Londres. Aos poucos, os dois percebem que essa centelha de desejo pode ser mais do que uma simples atração.



Palavras de uma leitora…


“Ele inclinou-se para mais perto dela, deixando que o hálito quente roçasse sua bochecha.
Ela estremeceu. Ele sabia que isso aconteceria.
Sorriu com malícia e completou:
- Poucas coisas me agradam mais que um desafio.”

- Anthony Bridgerton estava acostumado a ter o que desejava. E se agora desejava arranjar uma esposa adequada para a posição de viscondessa e mãe de seus filhos, sabia que não teria a menor dificuldade. Mesmo levando-se em conta os três requisitos que a felizarda deveria preencher. Claro que ele não era nenhum ingênuo. Sabia que mulheres com cérebro estavam em falta em Londres (e talvez em toda a Inglaterra), mas como ele bem sabia: sempre, sempre mesmo, conseguia o que desejava. E encontraria, sem o menor esforço, a mulher digna de levar o seu nome. É quando ele ouve falar de Edwina Sheffield, o diamante da temporada. Ao conhecê-la, Anthony logo percebe que ela preenche, com perfeição, todas as suas exigências. Só existe um pequeno problema. Kate Sheffield. A irmã da sua escolhida. A mulher mais irritante que ele já tivera o desprazer de conhecer. A única que conseguia fazê-lo esquecer-se da educação que recebera dos pais e sentir ânsias de torcer o pescoço de uma mulher. O dela, é claro. Quando estava em sua presença, o pior dele era despertado. E Anthony mal podia se reconhecer. E por mais que não quisesse admitir… aquela mulher, a mesma que ele queria matar, despertava nele sentimentos ainda mais perturbadores. Algo que ele jamais sentira e com certeza não fazia a menor questão de sentir em toda sua vida. Kate Sheffield era tóxica. Uma droga das mais letais. Mas também a única capaz de fazê-lo descobrir o que era realmente estar vivo.

“Ela balançou a cabeça.
- Acho que minha opinião a seu respeito não pode piorar.
- Essa doeu. – Ele balançou um dedo na direção dela. – Pensei que a senhorita devesse estar se comportando da melhor maneira possível.
Kate olhou ao redor.
- Não conta muito se não houver ninguém por perto para me ouvir, não é?
- Eu posso ouvi-la.
- Com certeza o senhor não conta.”

- Quando comecei a leitura desta história, não sabia bem o que esperar.rsrs… Tinha me apaixonado perdidamente pelo livro O Duque e Eu e uma das coisas que eu mais desejava ao seguir lendo essa série era ver o Anthony sofrer. Nas mãos de algum irmão superprotetor e intrometido. Afinal de contas, ele tinha feito o meu Simon comer o pão que o diabo amassou nas mãos dele. Quem leu o livro da Daphne e do Simon sabe bem do que estou falando.rsrs O meu mocinho querido sofreu muito. E isso porque eles eram melhores amigos. Imagine se não fossem!kkkk… Eu ansiava pelo momento em que teria a minha vingança.rsrs… Em que veria esse cínico arrogante provar do próprio veneno. Mas isso não aconteceu. Pelo menos não da forma que eu imaginava.kkkkk… Ele não enfrenta a ira de um irmão superprotetor. Mas sim a de uma irmã superprotetora, que estava mais do que disposta a vê-lo a quilômetros de distância de sua irmãzinha querida. De preferência, gostaria que ele fosse para Marte ou para qualquer outro planeta. Quanto mais longe, melhor. O planeta Terra era pequeno demais para eles dois.kkkkkkkkkkk… E ela faz questão de mostrar claramente isso para ele. Nem sempre com palavras.rsrsrsrs…

“Talvez tenha sido pela postura casual de Anthony, ou pelo modo como ele coçava o queixo, fingindo refletir sobre a questão, mas a verdade é que alguma coisa se acendeu em Kate e, sem nem mesmo pensar, ela se lançou sobre ele, furiosa como nunca, e começou a bater em seu peito com os punhos.
- O senhor nunca vai se casar com ela! – gritou. – Nunca! Está me ouvindo?
Ele ergueu um braço para defender-se de um golpe no rosto.
- Eu teria que ser surdo para não ouvir.”

- Entendem agora o que eu quis dizer com o “nem sempre com palavras”?rsrsrs… E isso porque eu nem coloquei a cena em que ela morde a perna dele.kkkkkkkk… Ou as cenas nas quais ela pisa, de propósito, nos pés dele, mais do que disposta a mutilá-lo. Essa mocinha é, sem sombra de dúvidas, o tipo de mocinha que eu mais adoro.kkkk… Nenhuma mocinha seria mais perfeita para o Anthony, por mais que ele pensasse o contrário. Com ela, ele pagaria por todos os seus pecados. E com juros ainda por cima.kkkkk…

“- Acredito – respondeu ele em voz baixa – que a senhorita estava prestes a falar algo do qual poderia se arrepender em breve.
- Não – retrucou ela, com uma expressão pensativa. – Não acredito que arrependimentos estejam no meu futuro.
- Mas estarão – respondeu ele em tom sinistro.
Em seguida, segurou o braço dela e praticamente a arrastou para o meio do salão de baile.”

- Quando Anthony e Kate se conhecem, é ódio à primeira vista. Tenho que reconhecer que o Anthony tentou ser um perfeito cavalheiro (estou roubando o título do próximo livro da série.rsrsrs…) perto dela, mas Kate fez até o impossível para torrar a paciência dele.rsrs… Nossa mocinha já tinha uma opinião formada sobre o caráter dele e deixou mais do que claro que ele jamais entraria para sua família. Muito menos como marido da sua irmã. Como nosso querido e convencido mocinho não costuma aceitar um “não” como resposta (sequer poderia recordar a última vez em que uma mulher lhe dissera tal coisa) e também adora um desafio, passa a cortejar ainda com mais determinação a irmã da nossa mocinha, com a clara intenção de irritá-la. Por mais que se recusasse a admitir, não era Edwina que lhe interessava. É verdade que ela era a mulher mais linda da temporada. Mas não conseguia despertar nem metade do que Kate despertava dentro dele. Não o fazia desejar provocá-la em cada oportunidade, matá-la nos tempos vagos e morrer de paixão em seus braços. Desde que conhecera aquela mulher, não conseguia ter paz nem mesmo quando dormia, pois até os seus sonhos era fizera questão de invadir. Ele sabia. Ninguém precisava lhe dizer. Sabia que estava enlouquecendo. Graças a ela. Mas a faria provar da mesma loucura. Nem que fosse a última coisa que ele fizesse na vida. Ah, ela tinha o poder de virar seu mundo de ponta à cabeça. Mas se pensava que o mundo dela seguiria perfeitamente arrumado, estava mais do que enganada.rsrs

“-  Ironia não lhe cai bem, Srta. Sheffield.
- Nada lhe cai bem, lorde Bridgerton.”

- Confesso que fazia tempo que eu não me divertia e me deliciava tanto com uma história. Certamente, não senti nada disso ao ler A Ira dos Anjos. Sinto uma angústia só em lembrar! E quando pensei numa história que tirasse o gosto amargo do livro do SS da minha boca, olhei imediatamente para este livro. Não sei bem porquê. Talvez seja porque não consegui esquecer de como foi maravilhoso ler O Duque e Eu e soubesse, inconscientemente, que seria ainda mais incrível ler O Visconde que Me Amava. Eu queria ler algo que fosse doce e divertido. Leve, romântico, que tivesse aquela magia tão rara nos livros ultimamente. Queria algo que me livrasse do trauma do livro que li há poucos dias. E o livro do Anthony e da Kate conseguiu isso. Com enorme facilidade. Desde as primeiras páginas, essa história me envolveu por completo, me fascinou, emocionou e divertiu na mesma medida. E quanto mais eu lia, mais triste ficava.kkkkkk… Porque não queria de jeito nenhum que a história chegasse ao fim. Cheguei ao ponto de ler da forma mais devagar que conseguia, cada página, para prolongar mais a leitura e fugir da página final. O livro me emocionou e divertiu muito; para mim é um lindo conto de fadas, com aquela beleza que nem os contos de fadas conseguem ter, mas eu fiquei muito triste quando terminei de ler. A autora deveria ter escrito mais. Se o livro tivesse mais 500 páginas eu leria sem reclamar. Na verdade, iria amar isso.rsrs… É uma história pela qual nos apaixonamos perdidamente. Um tesouro, uma raridade que ninguém deveria deixar de ler. Enquanto lia esse livro, lembrava muito das histórias da Candace Camp e da Judith McNaught. Quem ama as histórias dessas autoras, com certeza amará esse livro! Na verdade, eu não consigo imaginar alguém lendo essa história e não conseguindo amá-la. (suspiros…)

“E ela não duvidava que ele a mataria. Na verdade, estava até surpresa pelo fato de não ter tentado, na semana anterior, às margens do lago Serpentine.
Lentamente, ele deu meia-volta. Então virou-se de novo. E não caminhou.
Nesse momento, Kate tentou pensar em todas as razões pelas quais morrer antes de chegar aos 21 anos não seria algo tão ruim.”

- Não há mais nada que eu possa dizer sem contar a história toda.rsrsrs… Na verdade, chego a ficar surpresa por ter conseguido me controlar bastante até agora.rsrsrs… Me sinto tão contagiada pelo livro, tão envolvida, que sinto vontade de falar de cada cena, de cada momento, contar cada pequeno detalhe que me encantou, que me emocionou. Mas juro que vou me controlar!rsrs… Nem sequer vou falar dos traumas do Anthony e os da Kate. De tudo que os tornava tão parecidos, tão conectados, tão perfeitos um para o outro. De verdade, eu não poderia imaginar ninguém que os completasse tanto. Ao ver a Kate passar por certas coisas, eu não conseguia ver ninguém sendo mais compreensivo, que conseguisse compreendê-la e apoiá-la como ele. E quando é a vez do Anthony enfrentar seus fantasmas, Kate mostra que eu estava certa ao imaginar que ela era digna de ser uma das minhas mocinhas mais queridas. Esses dois foram feitos direitinho (risos) um para o outro. Até mesmo quando tudo em que conseguem pensar é numa forma de assassinar um ao outro.kkkkkkkkk… Como eu me diverti com as batalhas desses dois!rsrs… Já sinto imensa falta deles. :(


“Seria possível apaixonar-se pela mesma pessoa sempre, todos os dias?”

14 de junho de 2014

A Ira dos Anjos - Sidney Sheldon


(Título original: Rage of Angels
Tradutor: A. B. Pinheiro de Lemos
Editora: Record
Edição de: 2011)


Jennifer Parker, filha de um advogado do interior, realiza o sonho de sua vida ao ingressar na promotoria distrital de Manhattan, em Nova York, disposta a lutar por justiça.

A brilhante ascensão da jovem, no entanto, dura pouco - tempo suficiente apenas para cair em uma cilada durante o primeiro julgamento no novo cargo. De repente, ela vê seus planos irem por água abaixo e sua vida sofrer uma inesperada reviravolta: além do risco de ter sua licença cassada, Jennifer ainda pode ir para a cadeia. 

Em meio a tudo isso, a bela advogada também precisa lidar com as questões do coração dividido entre o íntegro Adam Warner, destinado a ser um líder de seu país, e o ardiloso Michael Moretti, que lança sua maldade sobre tudo e todos.


Palavras de uma leitora...


Pensar no passado... Algo que todos nós fazemos algumas vezes nesta vida, não é mesmo? Alguns com tristeza. Outros com saudades. Alguns poucos apenas para recordar um tempo difícil, sombrio, que foi superado. Enterrado. Mas na maioria das vezes olhamos para o passado tentando recordar quem fomos. A criança inocente que acreditava num futuro. Que acreditava que o mundo pode ser mudado. Que, se fizermos nossa parte, ainda existe chances. Esperança para essa humanidade aparentemente perdida. Quantos de nós não nos recordamos com melancolia e até um certo desespero, da pessoa que outrora fomos e já não somos mais? Por mais que estejamos felizes com nossas vidas. A saudade de algo perdido nos visita em algum momento de nossas vidas. Mas quando estamos no fundo do poço recordamos desse passado, ansiando tê-lo de volta. Ansiando pelo impossível. Por uma chance de voltar no tempo e fazer tudo diferente. Tomar decisões diferentes, amar de maneira diferente. Porque o momento presente é insuportável. Porque só existe refúgio no passado perdido. Naquilo que ficou para trás. Num tempo que só podemos alcançar em nossas lembranças.

Jennifer Parker queria de volta o seu passado. Mais do que poderia ansiar por qualquer outra coisa em sua vida. Queria ser de novo aquela menina feliz, que seguia o pai por toda parte, aprendendo com ele dia após dia, fascinada com o mundo do qual o pai fazia parte. O mundo da justiça. Das leis que existiam para fazer com que todos os cidadãos vivessem em harmonia. Queria de novo sentir aquela vontade enorme de tornar-se advogada, para trabalhar ao lado do pai, defendendo aqueles que mais precisavam de justiça. Ela daria tudo para ter aquilo de novo.

“Ele morreu quando Jennifer estava no último semestre da faculdade. A cidade se lembrou e havia quase uma centena de pessoas no enterro de Abner Parker, pessoas que ele ajudara e aconselhara, pessoas de quem fora amigo, ao longo de muitos anos. Jennifer fez o seu lamento em particular. Perdera mais que um pai. Perdera um professor e mentor.”

- Quando Jennifer olhava para sua infância, só podia recordar-se de felicidade. Embora possuísse uma mãe ausente, que aproveitava toda e qualquer oportunidade para estar longe da família, tinha um pai que nunca estava sem tempo para ela. Alguém que a fazia sentir-se importante e sentir os mesmos anseios por justiça que ele sentia. Mas o mundo de Jennifer começou a desmoronar quando ela completou 16 anos e sua mãe fugiu com um rapaz de 18 anos, sem se importar com as consequências. Aquilo matara seu pai. Por mais que ele tenha respirado por mais alguns anos, tinha morrido no dia em que a esposa fugira. Tudo o que restou foi um homem destruído pelo sofrimento, que seguia em frente porque a filha precisava dele. Na época, Jennifer pensara em adiar seus planos de ir para a faculdade e preparar-se para ser advogada, mas seu pai não permitiu. A filha iria brilhar. E ele não permitiria que ela abrisse mão disso. Assim sendo, Jennifer foi para a universidade. E o pai morrera poucos meses antes dela se formar.

Desde o princípio, Jennifer fora uma aluna brilhante, esforçada e determinada, passava seus dias estudando e preparando-se para o que o futuro lhe reservava. Não tinha medo do futuro. Pelo contrário. Ansiava por ele. Desejava com toda sua alma formar-se logo e ser o que sempre sonhara em ser. Sabia que precisava disso para viver. E jamais poderia passar por sua cabeça que… no momento em que pegasse aquele diploma, todo seu destino estaria selado. Toda sua vida estaria muito além do seu controle. Estava prestes a cair numa armadilha… E talvez não fosse possível levantar-se depois.

- Logo após ter sido aprovada com louvor e aceita pela Ordem dos Advogados, uma das melhores portas de abriu para Jennifer. E ela nem pensou em deixar essa oportunidade escapar. Sendo assim, poucas horas depois ela estava viajando para Nova York. Para ocupar um lugar como assistente da promotoria. Um dos maiores erros da sua vida. Logo em seu primeiro dia de trabalho, uma armadilha fora preparada. E Jennifer, uma presa fácil num mundo perigoso, não conseguira escapar. Menos de 24 horas depois de iniciar a sua carreira como advogada, estava completamente arruinada. E pairava sobre a sua cabeça a possibilidade de ter a sua licença cassada.

- No meio do inferno no qual se transforma a sua vida, aparece no caminho de Jennifer duas pessoas que terão em suas mãos o seu destino. Adam Warner, o advogado encarregado de iniciar a investigação para a cassação da licença de Jennifer. E também o homem que a fará perder para sempre o coração. E Michael Moretti, o mafioso mais poderoso do país. Um homem cruel, que elimina sem piedade qualquer coisa que atrapalhe a sua vida. Mas também aquele que a fará se sentir viva como ninguém jamais conseguira. Ambos cruzarão o seu caminho. Cada qual de uma maneira. Mas os dois marcando profundamente os seus dias. E eles apenas provarão que a vida não passa de um jogo. No qual nem sempre existem vencedores.

“A alegria que Jennifer experimentava agora com Adam valia qualquer preço que tivesse de pagar depois. E ela sabia que teria de pagar.”

- Não sei bem o que sinto no momento. Eu conheço bem os livros do SS. De todos os que o autor teve a chance de escrever, são pouquíssimos os que ainda não li. Ah, como o conheço! Como sei o quanto suas histórias são cruas, viscerais, sem promessa de final feliz. O quanto elas se prendem às realidades da vida, aos sentimentos humanos. Às escolhas que se fazem e suas consequências. Lembro com clareza do sofrimento de Tracy Whitney, em Se Houver Amanhã. Tudo o que ela passara e como teve que se virar sozinha para lutar pelo direito de viver. Um direito que fizeram questão de negar-lhe. É verdade que ela mais tarde encontra o nosso querido Jeff Stevens, alguém que lhe devolve a esperança no amor, na vida. No futuro. Mas quem leu essa história sabe o quanto ela sofre. E o quanto sofremos com ela. E o que falar da Noelle, de O Outro Lado da Meia-Noite? Até hoje as imagens mais marcantes dessa história me perseguem e por mais que eu saiba que tudo precisava acontecer como acontecera, ainda sofro. Ainda não consigo aceitar. Mencionar O Reverso da Medalha sequer é necessário, verdade? Mas nenhuma dessas histórias, com suas realidades brutais e seus altos e baixos angustiantes, conseguiram me preparar para a confusão de sentimentos que A Ira dos Anjos me provocou. Esta é, sem sombra de dúvidas, uma das melhores obras do SS. Nos atinge a alma. E não, necessariamente, de uma forma positiva. É uma história agridoce. Perfeita, fantástica, reunindo o que fez do autor o sucesso que é e sempre será, passe o tempo que for. Mas é também uma das histórias mais dolorosas que já li. Jamais serei capaz de esquecer Jennifer Parker e sua história. Será sempre uma das minhas mocinhas mais queridas do SS. Talvez ela tenha feito escolhas erradas. Mas eu me pergunto que escolhas outras pessoas conseguiriam fazer em seu lugar. Quando paro para pensar… percebo que, na realidade, ela jamais teve uma escolha. Me pergunto quem teria em seu lugar. É muito fácil julgar as pessoas. Condená-las por seus erros. O difícil é se colocar no lugar dessas pessoas, estar na pele delas. Sempre foi muito mais fácil atirar pedras.

“Era uma advogada, como o pai. Jamais faria coisa alguma que pudesse fazê-lo envergonhar-se da filha. A selva estava ali, mas ela continuava do lado de fora.”

- Jennifer possuía ideais. Era ambiciosa, é verdade. Sonhava em ser uma grande advogada. Mas mesmo quando consegue ultrapassar os seus obstáculos e construir seu próprio caminho, com um passo de cada vez, jamais se esquece daqueles pelos quais ela havia escolhido essa profissão. O mundo precisava de justiça, mas os mais necessitados eram também aqueles dos quais a justiça parecia querer distância. Mas Jennifer não era capaz de virar as costas para essas pessoas. E ao longo da carreira que ela consegue construir das cinzas, devolve a esperança para muitos que acreditaram estar sozinhos, para lutar suas próprias batalhas no anonimato, sem real esperança de vencer. Connie Garrett, a linda jovem que perdera os braços e as pernas num terrível acidente jamais poderia esquecer o que Jennifer fizera por ela. Os anos poderiam passar e muitas coisas poderiam acontecer, mas se um dia lhe perguntassem quem foi Jennifer Parker, ela não hesitaria antes dizer: “Foi alguém que acreditou na justiça e a fez acontecer. Ela me devolveu a vida.” E o que será que Abraham Wilson e diversas outras pessoas teriam a dizer? Helen Cooper? Loreta Marshall? Ken Bailey, seu melhor amigo e também o homem que sempre a amara em silêncio? Não importava quais escolhas Jennifer faria ao longo da sua vida. O importante é que ela sempre ansiara por justiça. Lutara bravamente por isso. Não é algo que as pessoas que ela havia ajudado e aqueles que tiveram a oportunidade de conhecê-la, poderiam negar. Não é algo que eu seja capaz de esquecer. Nem quero.

“[…] Lembro-me do tempo em que você sabia quem era. É essa a garota de que quero me lembrar.”

- Não sei bem o que posso ainda falar sem revelar muitas coisas sobre a história. Como eu disse, logo no início de sua carreira, Jennifer cairá numa armadilha mortal, num laço que lhe preparam mais do que dispostos a destruí-la. Mas quando um anjo aparece em sua porta, aparentemente enviado pelo próprio coisa ruim (afinal de contas, existem anjos no inferno, não é? Os chamados anjos caídos.), Jennifer descobre-se novamente livre para ser o que sonhara, mas o preço que teria que pagar por isso poderia ser alto demais…

- Adam Warner era tudo que Jennifer poderia querer num homem. Conseguira despertar dentro dela sentimentos que nenhum outro homem jamais havia despertado, nem mesmo nos anos tumultuados da adolescência. Com Adam ela aprendera a amar, a precisar de outra pessoa. Abrira seu coração para ele e o entregara. Acreditando que ele saberia cuidar do bem mais precioso que ela possuía. Naquela época, apaixonada e cega por tal amor, não poderia dar-se conta do quanto estava enganada. Do quanto aquele amor poderia lhe machucar. E destruir.

“Jennifer foi até a janela e contemplou a cidade lá embaixo. Parecia uma selva à noite, com apenas uma fogueira agonizante para afugentar os terrores ameaçadores.
Era a selva de Michael. Não havia meio de escapar.”

- Jennifer lutara com todas as forças para não cair nas garras de Michael Moretti, o homem mais perigoso e irresistível que ela tivera a desgraça de conhecer. Mas quando se está no chão, e uma dor profunda toma conta de você, e a única pessoa que lhe estende a mão é quem você menos imaginaria, você não tem muitas opções. Ela sabia que deixar-se envolver por Michael era perigoso, que estava entrando num caminho sem volta. Que estava fazendo um pacto com o próprio diabo. Mas ninguém fizera por ela o que Michael sequer hesitara em fazer. Ninguém incendiava o seu corpo e a fazia se sentir mulher como só ele era capaz de fazer. Um dia entregara o seu coração a um homem e ele o fizera em pedaços. Ao Michael… ela estava entregando a sua vida. Mas existiria alguma vida a perder?

“Esta é a minha punição. Este é o meu inferno.”

- O que eu poderia dizer sobre Adam Warner? Bem… Se eu fosse de fato dizer tudo que gostaria, vocês ficariam bastante chocados com as minhas palavras. Mas uma palavra consegue resumir, mesmo que precariamente, o que penso dele: covarde. Dentre os mocinhos que tive o prazer (ou desprazer) de conhecer, Adam consegue ser um dos mais fracos, um dos mais malditamente covardes. Fico aqui me perguntando como ele consegue se suportar. Como consegue olhar-se no espelho, aturar-se dia após dia, sendo um maldito verme. Um completo parasita. O Michael Moretti (o diabo em pessoa, lembram?) consegue ser um anjo perto dele. Saber por quê? Porque o Michael jamais escondeu quem de fato ele era. Jamais foi um covarde incapaz de lutar por si mesmo. Ele podia ser diversas coisas, mas covarde era uma “qualidade” exclusiva do Adam. Um dos personagens que eu mais desprezo nessa história é ele. Claro que a Jennifer não pensa como eu. A venda que esteve em seus olhos nunca caiu. Mas eu sim consigo enxergá-lo bem. E se tivesse me sido dada a oportunidade de escolher qual seria o destino dele, certamente seria um bem diferente.

- Michael Moretti? É difícil falar sobre ele. Assim como a palavra “covarde” resume o Adam, eu diria que “coisa ruim em pessoa” resume o Michael. Mas isso não é suficiente para falar dele. Um dos personagens mais complexos desse livro. Por incrível que pareça, ele me lembra o Max, de A Senhora do Jogo. Claro que o Max é muito mais complexo, alguém impossível de decifrar, mas sobretudo na reta final do livro, o Max me veio à memória, e as escolhas do Michael me lembraram demais as dele. Assim como o Max mexeu demais com os meus sentimentos e me deixou completamente confusa, o Michael também fez. Não o admiro. Sequer sei se cheguei a amá-lo em algum momento da história. Lembro com certeza que o desprezei, mas no final das contas não sei o que de fato sinto por ele. Acho que nunca saberei. Como eu disse, alguém bastante complexo. E meus sentimentos por ele são exatamente a mesma coisa: complexos. E muito.

- Só sei de fato o que sinto pela Jennifer, pelo Ken, pelo Joshua, pela Mary Beth, pelo Adam, Robert di Silva e pela vida em si. Os três primeiros têm o meu amor incondicional. Jennifer, para mim, será sempre aquela jovem disposta a lutar por justiça. Que passava dia e noite acordada, disposta a derrubar os poderosos em favor daqueles que haviam sido esquecidos pela sociedade. Ela será sempre a minha heroína. Minha mocinha querida. E eu concordo com ela: é uma sobrevivente. Nada pode derrubá-la. Ou melhor, nada pode mantê-la no chão. Não importa o que aconteça, ela jamais deixará de lutar. Ken… Apesar de ele ter me magoado profundamente ao tomar uma decisão bastante dolorosa, é um dos meus personagens mais queridos desta história. Nunca esquecerei tudo que ele fez pela Jennifer. E o quanto esteve ao seu lado. Joshua… Não consigo evitar um sorriso ao pensar nele. Ah, se todas as pessoas do mundo conseguissem ser como ele! Esse mundo seria um lugar bem melhor. E muito mais cheio de sorrisos e bom humor. Quando lembro das coisas que ele conseguia dizer, e sempre quando você esperava por uma frase bem diferente, não consigo deixar de rir. De todas as pessoas que sempre acreditaram na Jennifer, que sempre a admiraram e amaram, ele era o melhor. Ninguém nunca a fez rir tanto como ele. Ninguém nunca a amou tanto. Sim. Ken a amava. Mas Joshua… Ah, o amor dele era muito maior. É verdade que no caminho de Jennifer apareceram muitas pessoas dispostas a destruí-la. Pessoas que a jogaram no chão e ainda fizeram questão de pisar e sapatear em cima. Mas também surgiram em sua vida verdadeiros anjos. Jennifer sempre foi uma mulher forte. Mas uma grande parte dessa força ela só descobriu através dessas pessoas.

- A Ira dos Anjos… Cada um interpreta esse título de uma maneira, não é? Eu tenho minha própria maneira de ver esse título. Como eu disse antes, no inferno também existem anjos. E a forma como tudo aconteceu na vida da Jennifer, me faz pensar que se teve “anjos” cheios de ira, eram os anjos que vivem lá. Desde o princípio isso passou pela minha cabeça. Antes mesmo de iniciar a leitura desta história. Toda vez que eu passava por este livro na hora de escolher um livro para ler… e parava para olhar para o título, pensava que ele significava algo “sombrio”, “cruel”, “escuro”.  Maligno. Me fazia lembrar muito de um filme bem antigo onde é mostrado o poder desses “anjos”. O filme nada tem a ver com essa história, mas eu lembro desses tais “anjos” tentando destruir aqueles que iam contra a “escuridão”. Jennifer mexera com eles. E eles trataram de fazê-la pagar. Não foram anjos do bem que se iraram. Muito pelo contrário.

- E antes de terminar essa resenha, eu não disse com clareza o que sinto pelo Adam, pelo Robert e a Mary Beth, não é? Posso resumir dizendo que gostaria de mandá-los para o inferno com uma passagem só de ida. E adoraria que a Mary Beth tivesse a oportunidade de conhecer a Noelle antes disso. A Noelle saberia lhe dar o que ela merecia. Apagaria com bastante rapidez o sorriso daquele seu rosto de anjo (só o rosto porque a alma era a de um demônio). Lembram da história dos anjos do inferno? Mary Beth representava com bastante entusiasmo um deles. É verdade que cada um usa as armas que possui. Mas se ela tivesse cruzado o caminho da Noelle e não o da Jennifer, a Noelle saberia usar suas próprias armas. 

"Ao final, todos ficavam sozinhos. Cada pessoa tinha de morrer a própria morte."
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