30 de maio de 2014

Cilada - Harlan Coben


(Título original: Caught
Tradutor: Marcelo Mendes
Editora: Arqueiro
Edição de: 2010)

Ninguém pode escapar das próprias mentiras.

Haley McWaid tem 17 anos. É aluna exemplar, disciplinada, ama esportes e sonha entrar para uma boa faculdade. Por isso, quando certa noite ela não volta para casa e três meses transcorrem sem que se tenha nenhuma notícia dela, todos na cidade começam a imaginar o pior.

O assistente social Dan Mercer recebe um estranho telefonema de uma adolescente e vai a seu encontro. Ao chegar ao local, ele é surpreendido pela equipe de um programa de televisão, que o exibe em rede nacional como pedófilo. Inocentado por falta de provas, Dan é morto logo em seguida.

Na junção dessas duas histórias está Wendy Tynes, a repórter que armou a cilada para Dan e que se torna a única testemunha de seu assassinato. Wendy sempre confiou apenas nos fatos, mas seu instinto lhe diz que Mercer talvez não fosse culpado. Agora ela precisa descobrir se desmascarou um criminoso ou causou a morte de um inocente. 

Nas investigações da morte de Dan e do desaparecimento de Haley, verdades inimagináveis são reveladas e a fragilidade de vidas aparentemente normais é posta à prova. Todos têm algo a esconder e os segredos se interligam e se completam em um elaborado mosaico de mistérios. 


Palavras de uma leitora...


" Foi então que Marcia sentiu uma pequena pedra se formar no peito. [...] Sentiu-a crescer quando examinou a escova de dentes, depois a pia e o boxe. Tudo absolutamente seco. [...] Mais ainda quando, 48 horas depois, o FBI foi chamado. Mais ainda quando uma semana inteira se passou sem que eles tivessem qualquer notícia da filha. 

Era como se Haley tivesse sido tragada pela terra.

Um mês se passou. Nada. Depois dois. Nada também.
Já haviam se passado quase três meses quando enfim eles receberam a notícia - e a pedra que havia se formado no peito de Marcia, a pedra que não a deixava respirar ou dormir durante a noite, parou de crescer."

- Haley era uma garota brilhante. O orgulho de Marcia e Ted. A filha que nunca havia dado trabalho, que era inteligente, esforçada, que corria atrás dos próprios sonhos, nunca desistindo, nunca se rendendo. A única preocupação que aqueles pais poderiam ter seria com a saudade que sentiriam dela no dia em que a filha fosse para a faculdade, e já não estivesse tão presente como antes. Eles sofreriam com a ausência dela, mas saber que a filha estaria na universidade, construindo sua própria vida, seu próprio mundo, lhes aliviava. Eles jamais poderiam imaginar, enquanto faziam planos para a filha e se preparavam para a partida dela, que Haley iria embora sim. Mas não para a faculdade. Jamais poderia lhes passar pela cabeça que um belo dia acordariam e encontrariam a cama da filha feita e nenhum sinal de que a menina passara a noite em casa. Qualquer outra família não teria se preocupado tanto com isso. Afinal de contas, adolescentes costumavam fazer essas coisas. Sair e esquecer o horário de retornar. Mas não Haley. Jamais a filha deles. Por mais que os investigadores suspeitassem de uma possível fuga, Marcia e Ted sabiam, em seus corações, que algo terrível acontecera com a menina deles. Que existia a possibilidade de que eles jamais a vissem novamente. E era algo que lhes destruía a alma. 


"Eu sabia que minha vida seria destruída se abrisse aquela porta vermelha.
[...] Era impossível afastar a sensação de perigo iminente. Cada passo me custava certo esforço, como se eu estivesse pisando não em uma calçada já um tanto gasta, mas em cimento fresco. O corpo dava todos os avisos: frio na espinha, pelos eriçados nos braços, arrepio na nunca e no couro cabeludo.[...]
[...] Aquilo não me agradava. Nada daquilo me agradava, mas o que eu podia fazer? Eu sou assim."

- Dan Mercer era o herói dos adolescentes desamparados. Órfão, crescera de uma forma bastante instável, passando de casa para casa, de família para família, nunca construindo raízes. Nunca encontrando alguém que realmente quisesse ficar com ele, criá-lo e amá-lo como a um filho. No entanto, apesar de todas as dificuldades e da solidão que o acompanhara durante toda sua vida, ele conseguira entrar para uma das melhores universidades do país e se formara com louvor. Agora passava sua vida trabalhando como assistente social, e apoiando e protegendo diversas crianças e adolescentes problemáticos, vindo de lares destruídos, maltratados por seus próprios familiares, viciados em drogas... Ele era como um anjo para aquelas crianças... até aparecer em rede nacional, surpreendido e acusado por uma repórter de um jornal sensacionalista. Graças a Wendy Tynes, ele era agora visto por toda a sociedade como um predador sexual. Um pedófilo que se aproveitava de sua profissão e do carinho de crianças desprotegidas para satisfazer os seus depravados desejos. Graças a Wendy, a vida de Dan Mercer havia sido destruída. Em todos os sentidos. E a possibilidade de ter causado a morte de um inocente, começa a atormentar a vida dela. Existiria algo por trás dos fatos? Seriam todas aquelas provas nada mais do que uma grande cilada? Ao longo da sua luta pela verdade, Wendy descobrirá que às vezes as coisas não eram exatamente o que pareciam. Que, muitas vezes, nada é o que parece. 

"Muitas vezes na vida somos obrigados a fazer julgamentos que não gostaríamos de fazer. E queremos que eles sejam fáceis. Queremos confinar as pessoas em categorias bem definidas, anjos ou monstros, mas quase sempre o buraco é mais embaixo: a verdade está em algum lugar entre os dois extremos. E esse é o problema. Os extremos são bem mais fáceis."

- Wendy Tynes não fazia aquilo porque gostava da fama, do prestígio que seus flagrantes lhe davam. Não. Ela fazia aquilo porque sentira na própria pele o que um ser humano era capaz de fazer com o outro. O quanto o egoísmo podia ser letal. Se podia fazer a sua parte para livrar o mundo de alguns lixos, por que não faria? Então, ela decidira dedicar-se ao flagrante de pedófilos, determinada a livrar crianças e adolescentes do tormento que tal escória poderia provocar. Mas quando recebe uma denúncia anônima, acusando Dan Mercer de ser o que ela tanto abominava, o choque não poderia ser maior. Uma das poucas pessoas que ela admirava no mundo, provava o que ela aprendera a acreditar: o ser humano não presta. No entanto, quando involuntariamente ela acaba provocando e sendo testemunha do assassinato de Dan, todos os seus instintos gritam que existe algo muito errado naquela história e que talvez, só talvez, ela tenha condenado um inocente à morte. Determinada a encontrar todas as respostas, Wendy decide investigar aquela história por conta própria. Não colocando apenas a sua vida em risco, mas também a vida de todos aqueles que ela ama. Porque existem segredos... que não deveriam vir à luz. Segredos nos quais não se pode mexer. 

Durante suas investigações, Wendy jamais poderia imaginar que a solução para dois casos aparentemente diferentes poderia encontrar-se nos segredos de um passado aterrorizante. Um passado do qual muitos tentaram fugir, mas que voltava para cobrar uma dívida. Porque ninguém consegue escapar do passado antes de quitar suas dívidas com ele...

"Era isso o que pessoas [...] não conseguiam entender; a fragilidade do mundo. As feridas que uma guinada do destino é capaz de abrir. O poço do desespero em que somos jogados por conta de um descuido qualquer. A irreparabilidade das coisas. 

- Eu tenho pavor da internet. Sempre tive pânico da internet, mas por diversos motivos diferentes do pânico que esse livro me provocou. Nunca antes tinha me passado pela cabeça o quanto a internet pode ser letal. Claro que não sou ingênua, claro que sei que muitos crimes são cometidos e facilitados pela internet, mas lendo Cilada eu acabei descobrindo uma outra face desse lado obscuro da internet. Algo que muitos já deveriam saber, mas que eu não sabia. Porém, meu medo da internet não é nada comparado com o terror que o ser humano me provoca. Eu poderia viver cem anos e ver de tudo neste mundo, mas ainda assim seria capaz de me surpreender. Seria capaz de ficar chocada ao ver mais uma demonstração de crueldade, egoísmo e insensibilidade. Vendo o que vi neste livro, eu fiquei chocada. Não porque não achasse possível alguém fazer tal coisa, não porque não esperasse tal resultado, mas sim porque são coisas que jamais conseguirei entender ou aceitar. É demais para a minha cabeça. E pensar que tudo acontece porque não conseguimos enxergar algo além de nós mesmos. De nossas próprias vontades, de nossas próprias vidas, de nosso próprio futuro. Mas acima de tudo, as coisas acontecem como acontecem nesta história, porque amor (e todas as consequências dele) passou a significar nada mais do que uma palavra sem sentido.


"Não é assim que as coisas funcionam. Às vezes... ou quase sempre... não existe um porquê."

- Esta história me perturbou. Porque embora pudesse adivinhar certas coisas durante a leitura e sempre estivesse esperando pelo pior, não podia imaginar como a história terminaria. Jamais passou pela minha cabeça que tudo tinha acontecido como descobrimos no final. Aquilo me abalou. Embora eu não tenha filhos, me envolvi muito pela história da Haley e me sensibilizei pelo sofrimento da família dela, que já estava há vários meses sem sequer uma só notícia da menina deles. Sem saber o que tinha acontecido. Vivendo com a esperança, por mais tênue que fosse, de que a menininha deles fosse aparecer. De que tudo não passara de um pesadelo. Por várias vezes eu pude me colocar no lugar da Marcia e imaginar o quanto era difícil para ela levantar dia após dia e lembrar que a filha não estava lá. Que ela poderia estar em qualquer parte do mundo, sofrendo todo tipo de horror, chamando pela mãe, pedindo a sua ajuda. É um desespero que não se deseja nem para o pior inimigo. E desde o início eu torci, mesmo que soubesse que as chances eram mínimas, para que a Haley aparecesse. Para que houvesse uma explicação para o seu desaparecimento. E que não fosse a pior. Que ainda houvesse esperança para aquela família. Que tudo voltasse ao normal. E quando toda a verdade é revelada, meus sentimentos ficam muito bagunçados. Até agora não consegui organizá-los. Não sei bem o que sinto. E não sei se um dia conseguirei descobrir. 

- Uma das personagens mais marcantes desta história, é a protagonista. Wendy Tynes no início não despertou muito a minha atenção. Mas quando ela começa a "se meter onde não havia sido chamada" (risos) torna-se uma personagem profundamente envolvente e corajosa, capaz de despertar a nossa admiração e também o nosso medo. Afinal de contas, não é um romance com promessa de final feliz. Começamos essa leitura (ainda mais quem já conhece os livros do autor) temendo sempre o pior, imaginando que nada é garantido e que tudo pode se perder de uma hora para a outra. Inclusive a vida dos personagens que amamos. Eu aprendi bem essa lição ao ler Confie em Mim. Não esquecerei.rsrs... No entanto, é impossível não nos apegarmos à Wendy. Ela não necessitava se meter naquela história toda, buscar respostas que ninguém tratava de buscar. Todos tinham aceitado as coisas como elas se mostravam e, ironicamente, tinha sido justamente nossa mocinha quem tinha provocado aquela "visão" dos fatos. Mas ela sentia que algo se escondia por trás de tudo aquilo. Que existia algo oculto e terrível ali, algo que precisava ser descoberto. E quando ela começa a colher as consequências de sua procura por respostas, nosso coração dispara e parar a leitura para fazer qualquer outra coisa torna-se algo impossível. Eu lembro que tinha um trabalho muito importante para concluir (e entregar justamente hoje) e tinha que interromper a leitura para terminá-lo. Justamente na melhor parte. No momento mais eletrizante da história. Tive que me forçar a fechar o livro para pegar a droga do trabalho para fazer, mas o tempo inteiro o livro permaneceu bem do meu lado enquanto eu olhava com cara feia para o trabalho, desejando fazê-lo em pedacinhos por estar atrapalhando a minha vida.rsrs... E antes mesmo que tivesse terminado o trabalho, já estava colada ao livro novamente, sem sequer saber o exato instante em que larguei tudo para voltar a lê-lo. Quando eu dei por mim, já estava com o livro nas mãos, devorando-o como se minha vida dependesse disso.kkkkk... O Harlan Coben sempre consegue fazer isso comigo. Me prende de uma forma impressionante aos livros dele, até mesmo quando eu quero (ou preciso) abandoná-los.rsrs... 

- Não há mais nada que eu possa dizer sobre a história sem revelar os segredos. Toda vez que termino a leitura de uma história do autor, penso que as respostas sempre estiveram escritas desde a primeira página. Que tudo sempre esteve dito e que o autor só fez por onde dificultar a nossa visão. E com Cilada não foi diferente. Quando lembro de tudo que li, desde o princípio, percebo que os segredos já haviam sido revelados antes. Que todas as pistas estiveram lá e que eu apenas não consegui enxergar isso. Nenhum segredo é de fato revelado no final. O autor apenas junta as respostas. E, apesar de tudo, eu amei a forma como o livro terminou.rsrs... Só lendo vocês entenderão o motivo. 

E como a sinopse mesmo diz:

"Harlan Coben mais uma vez deixa o leitor sem ar. Cilada fala de culpa, luto e perdão em uma trama repleta de reviravoltas surpreendentes. Nada é o que parece e tudo pode ser desfeito até a última página."

- É difícil encontrar uma sinopse tão completa e verdadeira como essa. Geralmente, nem confio muito nas sinopses, pois as coisas nem sempre são como são mostradas na sinopse. Mas neste caso, podem confiar. A sinopse é fiel à história e a resume maravilhosamente bem. Quem dera que todas fossem assim!rsrs...


"O que quer que tenha restado de mim, o que quer que houvesse de bom, acabou. É isso o que a vingança faz. Ela corrói a nossa alma. Eu nunca deveria ter aberto aquela porta."

26 de maio de 2014

Promessa Honrada - Lynne Graham


(Título original: Jess's Promise
Tradutora: Monica Britto
Editora: Harlequin
Edição de: 2011)


3º Livro da Trilogia Gravidez Secreta


Sedução, negócios… e um bebê por contrato…

Cesario di Silvestri não é apenas rápido com as mulheres, ele é um relâmpago! Depois de poucos minutos em sua presença avassaladora, não há uma que resista a sua sedução… A não ser a tímida veterinária Jessica Martin, que se recusava a virar um mero brinquedo de fim de semana. Mas quando parentes inescrupulosos de Jess roubaram a casa de Cesario, ele passou a ter todas as vantagens para conquistá-la. De início, Cesario iria acariciar a pele macia de Jess… e depois exigir que ela lhe desse um herdeiro!



Palavras de uma leitora…


Depois de uma experiência traumática no primeiro ano de faculdade, Jessica deixara de ser uma adolescente, e mais tarde uma mulher, normal. Abandonara todos os seus gostos, sua personalidade e passara a ser o que a experiência e o medo a tornaram. Nem sombra da menina extrovertida, despreocupada e feliz que havia sido. Tornara-se uma mulher extremamente retraída, insegura e que buscava evitar qualquer contato com o sexo oposto, sempre que percebia que as intenções não eram platônicas. Sua única tentativa de libertar-se das amarras do passado fora quando Cesario, o último homem que imaginaria que se interessaria por alguém como ela, a convidara para jantar. Mas aquela havia sido uma das piores noites da vida de ambos. Após esse único encontro, Jessica passara a evitar cruzar-se com ele pelo caminho, embora cuidasse dos animais de sua propriedade. Durante algum tempo ela conseguira manter a distância que sua mente desejava, mas quando um crime é cometido e Jessica toma conhecimento da relação direta que tal fato tem com Cesario e ela, percebe que mais cedo ou mais tarde terá que reencontrá-lo. E que não estará mais em posição de escapar. Já não terá tal chance.

Cesario nunca havia se preocupado muito com sua vida particular. Passara todo o tempo dedicando-se ao trabalho, construindo seu império e gastando energias extras na cama com mulheres das quais ele não lembraria nem o rosto. A única que o havia tocado de alguma forma não suportara o tratamento insensível que ele lhe dedicava e acabara casando-se com outro. Ele sentira no início a rejeição, porém tal sentimento nem durou muito. Mas agora, aos 33 anos, e diante de acontecimentos inesperados, Cesario percebe que está mais do que na hora de voltar-se para sua própria vida e pensar mais no futuro. De repente, a perspectiva de casar-se e ter filhos já não parecia tão assustadora. Muito pelo contrário. Naquela altura de sua vida, ele daria tudo para ter o que sempre evitara.

E não existiria momento mais oportuno para ter em suas mãos a única mulher que ele sabia que poderia lhe dar o que ele buscava. Ao ver-se diante daqueles olhos suplicantes, o primeiro sentimento que ele experimentara havia sido o gostinho da vingança, pois tempos antes Jessica o havia rejeitado sem sequer uma explicação e tratara de evitá-lo como se ele possuísse alguma praga. Mas depois, outro sentimento começara a tomar conta dele e todos os seus motivos para mergulhar num relacionamento que apenas faria Jessica sofrer no fim,tornaram-se insignificantes. Ele já não buscava mais o que queria e sim o que precisava. E se tinha uma coisa da qual ele precisava mais do que tudo era de Jessica. Apenas necessitava de uma chance de conseguir mantê-la ao seu lado. De salvar seu casamento. Só que para isso seria necessário muito mais do que força de vontade, do que apenas querer. Seria necessário muito, muito mais…

- Não tenho muito o que dizer sobre essa história. Faz já vários dias que terminei de lê-la e não sabia bem a maneira de começar essa resenha. A história não me decepcionou como a primeira. Não. Felizmente, é muito melhor do que Coração Rebelde. Mas não me marcou. Não me provocou nenhum sentimento muito intenso, não significou nada, entende? Foi apenas mais um livro. Que apesar de bem escrito e de possuir uma boa história, um tanto diferente das outras da autora, não é marcante. Não pode ser considerada uma história maravilhosa. É apenas uma boa história. Nada mais.

- Uma coisa que me “impressionou” um pouco nessa história foi o trauma da Jessica, que a impedia de ter qualquer tipo de relacionamento com uma pessoa do sexo oposto. Levando em conta o que ela havia passado (que realmente é de abalar e destruir as estruturas de qualquer mulher) eu esperava outro tipo de reação dela. Eu não esperava que ela se recuperasse tão fácil, se tantos anos tinham se passado e nem mesmo o Cesario a fizera apostar num relacionamento, recuperar sua confiança em si mesma e nos homens. Me pareceu um tanto estranho o modo como ela se recuperou, sem a menor dificuldade. Ainda mais levando-se em conta que ela supostamente estava se casando com ele sob chantagem. Que ela não queria aquele relacionamento. Que ela tinha medo dos homens. Mas enfim…

- Eu gostei desta história. Apesar de algumas coisas terem me desagradado e de outras terem feito eu olhar para o livro com ironia, gostei.rsrs… É uma história bonita, entre duas pessoas que tinham deixado o tempo passar e que só acordaram quando a realização dos seus sonhos parecia quase inalcançável. Jessica passara toda a sua juventude se escondendo dos homens e do mundo por causa de um trauma em seu primeiro ano de faculdade. Afastara-se dos homens e do convívio com qualquer outra pessoa e voltara-se para os seus animais, buscando neles o afeto, a amizade que não se permitia encontrar nas pessoas. Transferira para os seus cachorros amados o amor que gostaria de dar para um filho. Ela se isolou de tal forma que não possuía nenhum amigo. Que não tinha ninguém além dos pais. Quando eu disse mais acima que achei estranha a forma como ela se recuperou tão rapidamente do seu trauma, ao se casar com o Cesario, não foi porque não acreditava que ela possuía um trauma. Na verdade, desde seu aparecimento breve no livro anterior, dava para ver que ela possuía algum problema. O que não me convenceu foi o fato de ela se recuperar milagrosamente, como se não tivesse passado vários anos de sua vida prisioneira de tal medo, de um passado que não a abandonara. Enfim… Cesario dedicara toda sua vida ao tempo presente. Somente seu trabalho, seu império era construído visando alguma espécie de futuro. Mas na vida particular só existia espaço para o presente. Até que algumas coisas ocorrem e ele percebe que é hora de valorizar o que realmente importa, que é hora de abrir espaço em sua vida para seus próprios sentimentos, para as vontades do seu coração. Ele acorda e percebe que quer ser amado. Que quer ter uma família. Que quer dar a um filho tudo que lhe foi negado, que lhe agrada imaginar-se criando uma nova vida e ouvindo-a chamando de pai. Que gostaria de criar tal vida ao lado de Jessica, da mulher que ele não havia se permitido amar no passado. 

Como eu disse, gostei da história. Apesar de não ter chegado a amá-la, não me arrependo de lê-la. E dou quatro estrelas ao livro, pois dar três estrelas seria colocá-lo na mesma categoria que Coração Rebelde e ele é definitivamente muito melhor.rsrs...

Trilogia Gravidez Secreta

Promessa Honrada

19 de maio de 2014

Desafio do Amor - Lynne Graham

(Título original: Flora's Defiance
Tradutora: Ligia Chabú
Editora: Harlequin
Edição de: 2011)

2º Livro da Trilogia Gravidez Secreta

As mulheres se atropelavam para dizer “sim” a todos os desejos de Angelo van Zaal... e por isso a orgulhosa Flora Bennett o desafiou ao dizer “não” a seus planos! 

Afinal, ela estava decidida a adotar sua pequena sobrinha, apesar de Angelo estar certo de que teria a guarda da menina. E, ainda que estivesse bravo consigo mesmo por não resistir a Flora, ela o deixou ainda mais arredio por ignorar a atração evidente entre ambos. Para Angelo, deveria haver alguma maneira de fazer Flora obedecer a todos os seus desejos… e de fato havia - mas isso envolveria outra gravidez e mais bebês…



Palavras de uma leitora...


“ - Eu não sou linda – ela lhe disse, relutante em confiar nele ou em qualquer homem.
Angelo de repente sorriu, e o rosto bonito foi iluminado por um brilho que fez o coração dela disparar no momento em que ele abaixou-se ao seu lado na cama.
- Eu acho que você é, e só estou interessado em minha própria opinião.”
                                             
Depois de passar por um período bastante turbulento em sua vida, Flora tinha todos os motivos do mundo para não confiar mais em homem algum. Não tinha uma opinião muito boa sobre eles e decidira fazer todo o possível para mantê-los o mais longe de sua vida e de seu coração. Mesmo que no fundo seu coração e todo o seu ser ansiasse por amor e estivesse em guerra com ela desde que conhecera Angelo van Zaal, o dono dos olhos azuis que a hipnotizavam, do corpo que lhe tirava o fôlego e a fazia desejar mandar toda a prudência para o espaço… e de uma arrogância que a fazia pensar em atacar o objeto mais próximo (e pesado) em sua cabeça. Se todos os homens eram cretinos indignos de confiança, Angelo era o líder deles. Não existia ninguém que conseguisse tirá-la do sério com tanta facilidade como ele fazia. Não havia ninguém que a fizesse comportar-se como uma histérica e ao mesmo tempo a tornasse tão ciente do seu corpo e de suas vontades como ele. Mas Flora jurara que jamais se apaixonaria por alguém como Angelo. Porque não estava disposta a repetir a mesma história de sua mãe. Não queria ver-se presa a um relacionamento destrutivo, fadado ao fracasso desde o início. No entanto, seu coração tinha outros planos. E estava decidido a ignorá-la por completo.

“- A perspectiva de dormir com uma mulher pelo resto da vida o apavorava tanto como uma dose de veneno.”

Angelo não acreditava no amor. Jamais em sua vida havia se apaixonado e não acreditava que isso um dia fosse acontecer. Também não via com bons olhos o casamento e lhe dava pânico imaginar-se a vida inteira dormindo ao lado de uma mesma mulher. Era definitivamente o tipo de vida para a qual ele não havia nascido. Mas quando seu irmão e cunhada morrem em um terrível acidente, ele se vê, de um momento para o outro, com uma linda garotinha de nove meses sob sua responsabilidade e, de repente, já não importava mais o que ele desejava. Tudo passara a girar em torno da sua pequena sobrinha e do que pudesse ser melhor para ela. Algo que o faz rever seus planos para o futuro e coloca Flora, tia da menina, novamente em seu caminho. O que o desestabiliza, irrita e atormenta na mesma proporção em que desperta nele um sentimento que ele não admitiria nem para si mesmo. Um sentimento que vira seu mundo de ponta-cabeça e o faz perceber que tudo que ele tinha não era suficiente. Que no fundo, ele ansiava por mais. Pelo que Flora podia lhe dar. Com Flora a vida era sempre uma montanha-russa, com quedas bastante violentas e que muitas vezes o pegavam desprevenido. Mas, conforme o tempo passa e ela vai penetrando cada vez mais em seus dias (e pensamentos), Angelo começa a se perguntar o que faria quando ela partisse… E se seria possível convencê-la a ficar…


“Angelo suspirou lentamente.
- Que tipo de garantias você está pedindo?
- As óbvias: pare de agir como se você fosse duro como um tijolo! – gritou ela, com raiva. – Você sabe o que estou pedindo! Quão comprometido você estaria para tentar fazer este relacionamento dar certo?
- Eu não vou discutir os bons pontos de relacionamentos – declarou Angelo, fechando outra porta diante do rosto dela.
- Então, fim da conversa. Eu não vou me mudar para Amsterdã para viver com um homem tão imaturo que nem mesmo pode falar sobre o que quer e espera de mim ou de si mesmo!”


- Eu comecei a leitura desta história sem muita esperança.rs… Depois da decepção que tive com a história anterior, estava com um certo receio. Porém determinada a ler a trilogia até o final. O que se provou uma excelente decisão logo que li as primeiras páginas. Assim que iniciei a leitura pude ter certeza de que a Lynne Graham realmente estava num mau momento ao escrever Coração Rebelde. Porque Desafio do Amor é Lynne Graham no seu melhor estilo. E quando digo melhor… quero dizer uma história escrita à semelhança de A Promessa de Volakis (que é a melhor história que a LG já escreveu). A história de Angelo e Flora contém tudo o que o livro anterior não possuía. A paixão que passou há quilômetros de distância da história de Alejandro e Jemima se fez presente neste livro. Em nenhum momento deixei de acreditar no relacionamento que foi surgindo entre Flora e Angelo. A paixão que imediatamente tomou conta deles, assim que se reencontraram. A intensidade. A fúria que um despertava no outro. Se bem que para ser bem sincera, o Angelo era muito mais racional.rsrs… Ele não era de ficar fazendo cena. Mas a Flora… Fiquei até surpresa por não vê-la arremessar algo na cabeça dele. Creio que foi porque não tinha nada muito pesado por perto.rs…

- Flora não tivera o que se pudesse chamar de “infância”. Aquela havia sido a fase mais difícil e traumática de sua vida e se servira de algo, fora para ensiná-la a não confiar jamais em homem algum e lutar para ser independente. Para que jamais ficasse presa a um relacionamento destrutivo, por não ter condições financeiras para se libertar. Ela havia visto sua mãe destruir-se, dia após dia, diante das diversas traições de seu pai, que não ficava satisfeito apenas em ter alguns casos extraconjugais, mas tivera também a necessidade de formar uma nova família, enquanto ainda vivia com a esposa e a filha. Somente anos depois, quando seus pais finalmente se separaram, Flora viera a ter conhecimento de Julie, sua meio-irmã, apenas cinco anos mais nova que ela. Durante a vida inteira Julie tivera que suportar a constante ausência do pai e vê-lo com frequência fazendo compra com a esposa e a filha, e fazer de conta que ele não era seu pai. Fingir que não o conhecia. Quando ambas cresceram e Julie entrou para a faculdade, passou a morar no apartamento da irmã e assim as duas se aproximaram. Mas não o suficiente para que a menina confiasse na irmã e contasse o que de fato se passava com ela. Vivendo seu próprio pesadelo na época, Flora não conseguira perceber a tragédia que se anunciava. Quando finalmente soubera já era tarde demais. Já não havia tempo para salvar sua irmã. Ela já a havia perdido. E para sempre. O que lhe restaura havia sido as lembranças do curto tempo que passaram juntas, das afinidades, da oportunidade que se deram como irmãs. Mas, acima de tudo, lhe restaura Mariska. Sua pequena sobrinha que sobrevivera por um milagre. Que havia sido lançada para fora do carro, sofrendo nada mais que alguns arranhões. Sorte que os pais dela não tiveram…  

Determinada a levar sua sobrinha com ela para a Inglaterra, Flora viaja para a Holanda, mas ao chegar lá percebe que conseguir a guarda de Mariska não seria tão simples como ela pensava. Embora fosse a única parente de sangue que a pequena possuía, a influência de Angelo sob a menina, e todos que haviam acompanhado aquela história, era muito grande e ele possuía maiores chances de vencer nos tribunais do que ela. Além disso, Flora também percebe que a atração que sentira ao conhecer Angelo não passara como ela pensava que ocorreria. Apenas aumentara, ao ponto de ela perder qualquer possibilidade de pensar quando estava perto dele. Ele mexia com ela como homem algum jamais havia mexido. E transformava suas convicções em meras ilusões. Ela sabia que seria loucura acreditar nas promessas daqueles lindos olhos azuis. Que perder-se neles representaria de fato a sua perdição. Sabia que acabaria se machucando. Mas seu coração estava disposto a correr o risco. Talvez se ferisse. Talvez não conseguisse se recuperar das feridas provocadas por aquela paixão. Mas, ao menos uma vez na vida, ela devia dar-se ao direito de amar. Nem que fosse só por um momento.

“- Eu era totalmente independente, até que você entrou na minha vida e insistiu em interferir. Por que isso? Por que não me deixou em paz?
- Baixe seu tom de voz – ordenou Angelo.
- Não! – recusou Flora, sem hesitação, porque gritar com ele era uma forma de extravasar suas emoções, e isso estava lhe fazendo bem.”


- Uma das coisas que mais amei nesta história, é que tudo não surgiu à primeira vista. Nem da parte do Angelo e muito menos da parte da Flora. Eles não se apaixonaram logo que se conheceram. Eles se sentiram atraídos um pelo outro sim, mas não passava disso: atração física. Uma atração violenta, que os impedia de pensar em qualquer outra coisa que não fosse tirar a roupa um do outro o mais rápido possível, mas ainda não existia amor ali. O amor foi surgindo aos poucos e nenhum dos dois saberia dizer quando de fato toda aquela paixão foi se transformando em amor. Só perceberam que se amavam quando a separação se tornou a única alternativa e tal fato lhes provocou muito sofrimento. Só quando passaram a sofrer um pelo outro foi que se deram conta que ali existia amor. Que aquele sentimento doloroso, que os implorava para ignorar todas as mágoas e tentar novamente, se chamava amor. Quando eles mergulham naquele relacionamento é com muitas desconfianças e já prevendo o fim. Para ser mais sincera, eles sequer começam de fato um relacionamento. Eles próprios não saberiam nomear aquele “arranjo” que tinham.rs… Não é que o Angelo não desejasse assumir um relacionamento com a Flora (desde que fosse sem compromisso. Uma relação “aberta”, é claro), o problema estava no fato da nossa mocinha não desejar tal coisa. Por mais que quisesse o nosso mocinho, ela não o queria. Não queria se machucar. Não queria quebrar a cara como a mãe quebrara. Tinha verdadeiro pavor de relacionamentos, embora tivesse sido noiva anos antes. Lhe faltava confiança até para se entregar a um breve caso sem compromisso. Mas quando seu poder de resistência mostra-se insignificante e as coisas se complicam, nossa mocinha mostra que realmente é digna de ser considerada uma mocinha. E que sequer deveria ser uma mocinha da Lynne Graham, pois desde quando elas possuem tanta determinação em lutar pelo direito de se defenderem e de dizer “não” bem na cara dos mocinhos quando eles mereciam isso e muito mais? Flora, por mais vulnerável e perdida que se sentisse em certos momentos, não se deixa intimidar pelas circunstâncias e nem permite que o Angelo governe sua vida. Ela não lhe dá o poder de tomar decisões sérias por ela. Deixa claro desde o início quem é que mandava nela e que essa pessoa de modo algum era ele. Ela era dona do próprio nariz e jamais pedira para ele tentar interferir em sua vida, para começo de conversa. Em alguns momentos ela até relevava certas coisas, deixava o Angelo achar que estava no controle, mas quando ele começava a ficar muito engraçadinho ela puxava o freio e o fazia perceber que não… ela não estava em suas mãos. No momento em que ficar ao lado dele não fosse mais algo que lhe agradasse, ela simplesmente faria suas malas e voltaria para sua própria vida, sem olhar para trás. Por mais que isso a fizesse sofrer. Ela jamais se sujeitaria a um relacionamento sem confiança, onde tivesse que ouvir palavras ferinas e aceitar todo e qualquer comportamento do Angelo. E ele logo percebe que ela não estava de brincadeira. Que com ela seria tudo ou nada. Que se quisesse tê-la, teria que dançar ao som da música dela. E não é que o nosso mocinho começa a gostar bastante desse som? rsrs…


“ – Eu odeio você! – declarou Flora, esforçando-se para enunciar as palavras de rejeição que pareciam vir das profundezas de seu ser. – E estou indo embora.
Quando Flora foi em direção à porta, Angelo subitamente estava lá à sua frente, bloqueando-lhe a passagem.
- Eu não a deixarei partir…
- Eu não estou lhe dando uma escolha.
Olhos azuis a encararam com determinação. Ele deu um passo para mais perto, como se a desafiasse a insistir:
- Eu não permitirei isso!
- Não preciso de sua permissão para deixá-lo, Angelo! – declarou Flora com raiva. – Então, saia do meu caminho e pare de tentar me impedir!”

- Eu posso dizer, sem pensar duas vezes, que adorei esta história. Não é a melhor história da LG, mas chega bem perto. De uns tempos para cá a LG passou a criar mocinhos menos idiotas e mais racionais. Mais dispostos a ouvir o lado das mocinhas (mesmo que só fizessem isso depois de julgá-las e condená-las por seus supostos pecados), a deixar a mente aberta para outras versões dos fatos. O Angelo é assim. Inicialmente, ele me irritou muito por ter julgado a mocinha sem sequer parar para pensar que as coisas não poderiam ser bem como eram, ainda mais levando em conta que ele fazia parte do mundo dos negócios e sabia bem como as coisas funcionavam. Ele me irritou. Cheguei a ter vontade de gritar dentro do ouvido dele para ver se ele realmente tinha algum problema de audição ou era mera teimosia, mas depois, quando o medo de perder a mocinha se tornou grande demais, ele finalmente resolveu "pensar" e "ouvir". Sim. Foi sob pressão, mas pelo menos ele ouviu a mocinha e tentou ver as coisas pelo lado dela.rs... Uma coisa que me divertiu muito nesta história era o fato da mocinha estar quase sempre no controle da situação, por mais que o Angelo não gostasse de receber ordens, muito menos dela. Mas Flora tinha seu próprio jeitinho de fazer as coisas serem como ela queria.rsrs...

- Dei cinco estrelas ao livro porque apesar de ter uma ou duas coisinhas das quais não gostei muito na história, não é nada que a estrague ou tenha me impedido de amá-la. Eu simplesmente adorei o livro e estou ansiosa para ler o último livro da trilogia. :) O primeiro foi uma grande decepção, mas o segundo até me fez esquecer isso.rsrs... Já não me sinto mais com raiva da autora. Já a perdoei por seu "deslize".rsrs...


14 de maio de 2014

Coração Rebelde - Lynne Graham


(Título original: Naive Bride, Defiant Wife
Tradutora: Wilma Fernandes Mathias
Editora: Harlequin
Edição de: 2011)

1º Livro da Trilogia Gravidez Secreta

Ela havia fugido… e seu marido queria vingança!

Alejandro Navarro Vasquez, o Conde de Olivares, desejava vingança havia muito tempo… Sua esposa o traíra de uma forma que, pelo código de honra espanhol, era imperdoável. Além do mais, o fim de seu casamento era uma verdade amarga que comprometia toda a vida de Alejandro. Mas finalmente chegara o momento em que sua sede de justiça poderia ser saciada. O detetive particular contratado por Alejandro conseguira apontar o paradeiro de Jemima… E, durante as investigações, descobriu que ela era mãe de uma criança de dois anos! Parecia evidente que se tratava de um resultado de sua vida devassa… Mas isso não seria um problema. Alejandro estava determinado a resolver suas pendências com a esposa fugitiva…


Palavras de uma leitora…


Um casamento apressado, pelos motivos errados. Uma gravidez não planejada. Falta de diálogo. Falta de compreensão. Uma sogra/mãe/madrasta infernal. São só alguns dos elementos que contribuem para o término tempestuoso do casamento entre Jemima e Alejandro.

Tudo que Jemima mais queria da vida era segurança. Encontrar alguém que lhe desse a segurança que ela nunca tinha encontrado na vida. E embora desejasse muito isso, não imaginava que de fato fosse um dia encontrar. Crescera num lar totalmente desequilibrado, vendo seu pai ir para a cadeia diversas vezes e agredir sua mãe toda vez que estava em casa, culpando-a por seus problemas. Sua mãe, para suportar as agressões e a vida infeliz da qual não conseguia se livrar, passava vinte e quatro horas do dia embriagada, negligenciando a única filha. Pouco se importando se a menina teria o que comer ou não.

Como se a vida já não fosse suficientemente difícil do jeito que era, Jemima acaba por perder a mãe ainda na adolescência, ficando totalmente nas mãos de um pai que estava sempre se aproveitando de cada oportunidade para conseguir dinheiro. E por que não utilizar sua bela filha para isso? O dinheiro seria muito mais fácil e menos arriscado. Pelo menos, para ele. Quando Jemima se nega a satisfazer as vontades do pai (trabalhando num “clube” noturno e levando o dinheiro para ele) ele a espanca e depois a expulsa de casa. Poucos anos se passam até que o caminho de Jemima e Alejandro se cruze, quando ela não sonhava mais com a segurança, com a vida que só podia imaginar e que parecia totalmente impossível para alguém como ela.

Embora o que Jemima inicialmente desejasse fosse segurança e não esperasse amor, acaba se apaixonando por Alejandro e por causa dos sofrimentos provocados por tal amor, ela decide abrir mão de tudo e ir para o mais longe possível dele. E assim… dois longos anos se passam até que Alejandro consiga encontrar a esposa fugitiva, dizendo para si mesmo que tudo que deseja é vê-la para discutir o divórcio e pôr um ponto final numa história que nunca deveria ter sequer começado.


- Vocês devem estar pensando neste exato instante: “Mas que resenha é essa?! Que resenha mais fraca e fria! Insuportavelmente chata! Se era para escrever isso antes não tivesse escrito nada!” É mais ou menos o que me passa pela cabeça quando lembro dessa história. E isso reflete na minha resenha (se é que posso chamar isso de resenha), pois quando leio um livro assim de uma autora que tanto significa para mim, me bate uma tristeza e um desânimo enormes. Fico sem saber o que dizer. E sem vontade de dizer, para ser mais sincera. Não me agrada falar mal de nenhum livro. Nunca me agradou. Mas é muito pior quando é um livro de uma autora que eu amo e admiro. Que todos os anos está presente na minha lista de leitura. Que mesmo quando me faz passar muita raiva, segue sendo uma das minhas autoras queridas. Quando terminei a leitura de Coração Rebelde, pensei: “Não. Não é uma história da Lynne Graham. Apenas está levando o nome dela.” E isso não pelo fato do livro realmente não conter os elementos que os livros dela contêm e ser escrito da forma que ela escreve. Na verdade, tudo isso está presente nessa história. Mas uma coisa muito importante conseguiu passar a quilômetros de distância do livro: paixão. Intensidade. Emoção. A “fúria” típica dos mocinhos (e de algumas mocinhas) da autora. Não sei por onde anda a emoção. Tudo que sei é que ela nem sequer passou pela história. Não fez nem questão de fazer uma visitinha breve. O livro é totalmente vazio de toda e qualquer emoção e isso acaba por atingir quem o lê. Eu fiquei me sentindo muito cansada e desanimada enquanto virava uma página após a outra, com a tênue esperança de que fosse melhorar. De que, a qualquer momento, os personagens passassem a ter “vida”. Eu me lembro que uma vez eu comentei numa resenha que “um livro da LG pode ser qualquer coisa, menos chato.” Na época, vários anos atrás já, eu me senti muito ofendida, completamente indignada, quando a menina disse ter achado determinado livro da autora (que eu nem lembro qual era) chato, tedioso. Eu lembro que fiquei de boca aberta, me sentindo particularmente agredida.kkkkkk… Mas não fui mal educada com a menina não, pois sei respeitar certos limites e acredito que todo mundo tem direito de amar, odiar, ou seja o que for, qualquer história e expressar sua opinião livremente. Mas eu fiquei ofendida.kkkkk… E achei que ela não havia realmente dado uma chance para a história, pois nenhum livro da Lynne Graham podia ser considerado chato. Qualquer coisa, mas nunca isso. E agora, infelizmente, chegou a minha vez de dizer algo assim de um livro da minha autora. E sim. Eu estou arrasada. :(

O que me conforta é saber que tal coisa não se tornou uma regra. Essa história foi publicada em 2010 (lá fora. Aqui foi em 2011) e antes de lê-la eu já li livros mais recentes da autora. Livros pelos quais eu me apaixonei perdidamente. :) A autora não deveria estar com muito bom humor quando escreveu Coração Rebelde, mas voltou a ser a minha autora querida (e até se superou) ao escrever A Promessa de Volakis, minha preferida entre todas as histórias que li da LG. 

- E sim. Vou seguir lendo a trilogia Gravidez Secreta.kkkk Quem sabe o segundo livro vale a pena?!rsrs... Da Lynne Graham, eu não desisto. De nenhuma das minhas autoras preferidas eu desisto. :) 

Bjs!


2 de maio de 2014

A Culpa é das Estrelas - John Green


Hazel é uma paciente terminal. Ainda que, por um milagre da medicina, seu tumor tenha encolhido bastante - o que lhe dá a promessa de viver mais alguns anos -, o último capítulo de sua história foi escrito no momento do diagnóstico.

Mas em todo bom enrendo há uma reviravolta, e a de Hazel se chama Augustus Waters, um garoto bonito que certo dia aparece no Grupo de Apoio a Crianças com Câncer. Juntos, os dois vão preencher o pequeno infinito das páginas em branco de suas vidas.

Inspirador, corajoso, irreverente e brutal, A Culpa é das Estrelas é a obra mais ambiciosa e emocionante de John Green, sobre a alegria e a tragédia que é viver e amar.


Palavras de uma leitora...


“ – A tristeza não nos muda, Hazel. Ela nos revela.”

- Pensei sinceramente em não fazer esta resenha. Por diversos motivos, mas sobretudo porque “a escrita não ressuscita. Ela enterra.” Uma frase que conheci ao ler essa história. E que sempre será importante para mim, simplesmente por ter feito parte da história da Hazel e do Augustus. Simplesmente por ser parte desse livro. E também, porque ela possui sua própria verdade. Também pensei em não fazer essa resenha por um motivo bastante simples: ela nunca sequer chegará aos pés dessa história. Nunca será digna do Augustus e da Hazel.

 Fiquei pensando no Augustus lendo tal texto e dizendo, horrorizado: “Você realmente acredita que isso seja o suficiente para falar de mim?! Não acha que eu, com minha beleza mortal e meu carisma capaz de tirar o fôlego de qualquer mulher que possua pelo menos um pouco de inteligência em seu cérebro presumivelmente limitado (como fez com a Hazel que necessitou, literalmente, de oxigênio engarrafado para respirar) , mereço algo muito melhor que ‘isso?” E ao imaginá-lo lendo essa resenha (juntamente com a Hazel), menos vontade tive de escrevê-la e mais vontade tive de chorar (como se já não tive acabado com meu estoque de lágrimas ao longo do dia de hoje). Justamente porque ele merece muito mais do que eu jamais serei capaz de escrever. Ele merece mais do que a vida teve a oferecer para ele. E para a Hazel…

Mencionando mais um dos meus diversos motivos para não seguir em frente, para simplesmente parar essa resenha aqui e jamais publicá-la… não sei o que conseguirei dizer sem soltar spoiler. Sequer sei o que vou dizer. Sinto como se tivessem dividido meu coração em diversos pedaços e que por mais que eu tente juntá-los, ele nunca ficará inteiro de novo, pois diversos pedaços se perderam. E não posso encontrá-los…

Hoje, quando estava quase terminando a leitura do livro, peguei meu caderno de desabafos (ainda bastante vazio, pois em geral desabafo no ouvido das minhas amigas que não consigo entender como conseguem me aturar) e, entre lágrimas e soluços inconsoláveis, escrevi: “Quando cheguei à página 200 dessa história não pude evitar um pensamento bastante sensato: é estupidez ler um livro que fala de câncer quando você perdeu uma pessoa querida para a doença. É patético, irracional, totalmente masoquista, fazer tal coisa.” Não. Não escrevi só isso. Escrevi quase um livro, me criticando por minha tamanha estupidez, por ter ignorado minha inteligência e agido como uma completa idiota. Mas vocês não necessitam ler tudo que escrevi. Não é saudável. Nem de longe.

Enfim… Como eu estava dizendo, passei o dia inteiro em lágrimas.Uma excelente forma de curtir o feriado, não há dúvidas. Resolvi (apelando para minha “inteligência” novamente) terminar de ler o livro hoje (quando vocês lerem a resenha, na sexta-feira dia 02/05/14 não será mais hoje, então, não será mais feriado), pois depois não teria tanto tempo assim para me dedicar a ele. Mas agora, lembrando de cada momento que passei ao lado do livro, acompanhando, rindo e chorando com a história deles, não me arrependo. Apesar de estar destruída… apesar do livro ter “matado” um pouco de mim ao longo da leitura, não me arrependo nem por um segundo de tê-lo lido. Não é todo dia que se encontra uma história tão rica, tão cheia de ensinamentos, tão triste, mas tão bela ao mesmo tempo, entende? Não é todo dia que se tem o privilégio de conhecer uma história assim. Fico feliz por não ter desperdiçado minha oportunidade

“Faltando pouco para eu completar meu décimo sétimo ano de vida, minha mãe resolveu que eu estava deprimida, provavelmente porque quase nunca saía de casa, passava horas na cama, lia o mesmo livro várias vezes, raramente comia e dedicava grande parte do meu abundante tempo livre pensando na morte.”

- Hazel Grace era apenas uma adolescente comum de treze anos. Até ser diagnosticada com câncer na tireoide e de descobrir que se chegasse aos quatorze anos, já seria um milagre. O câncer foi descoberto quando já não se podia fazer mais nada. Se é que se poderia ter feito algo antes. Ele já havia se espalhado e atingido os pulmões que eram incapazes de trabalhar o suficientemente bem para mantê-la viva. Ela e seus pais viram sua vida virar de ponta à cabeça, e qualquer perspectiva de futuro tornar-se assustadora. Hazel sequer tinha tido a oportunidade de sonhar ou saber o que era ser adolescente. Sequer teve chance de saber o que queria para sua vida, amar pela primeira vez, sofrer a primeira decepção amorosa, comportar-se tal como uma aborrecente… Tudo isso lhe foi roubado quando ela entrou naquele consultório e ouviu o diagnóstico. Porque ali também, de certa forma, se encerrou a sua vida. Mas, ao se tornar uma cobaia daqueles médicos ansiosos por descobrir uma forma de prolongar a vida das vítimas do câncer, ela já tinha conseguido alcançar os 16 anos. É verdade que ninguém se enganava (nem ela, seus pais ou os médicos). Todos sabiam que ela iria morrer, que dificilmente chegaria aos 18 anos. Estava em estado terminal. No entanto, já era um privilégio enorme conseguir aquela pequena vitória sobre o câncer. Ainda mais quando tal vitória lhe dava a chance de conhecer Augustus Waters, o cara mais carismático, convencido, arrogantemente ciente de sua beleza e, “na boa (palavras dela), mais gato do que ela jamais teria a possibilidade de conhecer. 

“ – Às vezes sonho que estou escrevendo minha autobiografia. Um livro como esse seria a melhor forma de me perpetuar no coração e na memória do público que me idolatra.
- Por que você precisa desse público quando tem a mim? – perguntei.
- Hazel Grace, quando se é charmoso e fisicamente atraente como eu, é fácil seduzir quem você conhece. Mas fazer com que completos desconhecidos o amem… isso sim é um desafio.”

- Augustus Waters era um adolescente de 17 anos que já tinha enfrentado duas perdas em sua vida: primeiro perdera sua perna e seu amor pelo basquete graças a um osteossarcoma desgraçado. Depois perdera sua namorada para um câncer desgraçado, que não apenas a levou, mas fez questão de destruir todo o seu cérebro antes disso. Outras pessoas em seu lugar talvez tivessem perdido a esperança na vida e vivessem em profunda depressão, só aguardando o momento de morrer. E sim, talvez isso tivesse passado por sua cabeça em algum momento (que ele não conseguia recordar), mas a vida era boa demais e ele queria vivê-la. Como se não houvesse amanhã. Queria olhar para a vida com os olhos daqueles que estiveram prestes a perdê-la. Queria enxergar o que ninguém, com a correria do dia a dia e o fato de estar sempre ocupado demais para isso, conseguia ver. Queria amar aquela menina sexy e inteligente (e que apenas estava morrendo de câncer), invadir seu mundo e se tornar o centro dele. Queria dar-lhe tudo e estar com ela para vê-la sorrir, chorar, sofrer e se alegrar da forma que somente ele tornava possível. Só queria estar com ela. Apenas isso. Porque não existia ninguém no mundo que o compreendesse e lhe fizesse tão bem como ela fazia. Ele amava Hazel Grace. E iria ensiná-la a amá-lo. 

“ – Estou apaixonado por você – ele disse, baixinho.
- Augustus – falei.
- Eu estou – ele disse, me encarando, e pude ver os cantos dos seus olhos se enrugando. – Estou apaixonado por você e não quero me negar o simples prazer de compartilhar algo verdadeiro. Estou apaixonado por você, e sei que o amor é um grito no vácuo, e que o esquecimento é inevitável, e que estamos todos condenados ao fim, e que haverá um dia em que tudo o que fizemos voltará ao pó, e sei que o sol vai engolir a única Terra que podemos chamar de nossa, e eu estou apaixonado por você.”

- Estou aqui tentando escrever uma resenha que eu sei que jamais será aquilo que desejo. Tentando colocar em palavras o que apenas posso sentir e jamais escrever. E sinto novamente os meus olhos encherem-se de lágrimas (para minha surpresa, elas não se esgotaram) porque queria apenas ter passado mais tempo com eles. Acompanhar só mais um pouquinho da história que eles construíram juntos, que era só deles e ninguém nunca seria capaz de perceber o quanto tinha sido profunda e especial. Eu queria que o livro não tivesse terminado como terminou, embora não tenha sido nenhuma surpresa. O autor nunca nos enganou. Nunca disse que escreveria uma história cor de rosa, com um final cor-de-rosa. Não disse que a história seria fácil, por mais leve que tenha sido a narrativa dela. A sinopse deixou bem claro que a história era sobre uma doente terminal. No entanto… eu apenas queria um pouco mais, entende? Uma esperança. Um milagre. Ou, talvez, um pouco mais de tempo. Pelo menos isso. Mas, bem antes de terminar de ler o livro, eu já sabia que qualquer esperança era inútil. Que qualquer batalha estava perdida antes que eles tivessem a chance de lutar. E por saber disso eu entrei em prantos bem antes do fim, fechando o livro e murmurando que não era justo. Que nada era justo e a vida era uma maldita droga. Até mesmo quando eles faziam piada sobre certos assuntos, eu chorava. Porque sabia que em breve não os veria mais juntos. Porque em breve uma doença desgraçadamente parasita, iria separá-los. Chorei. Porque isso era tudo que eu poderia fazer por eles. Que qualquer pessoa poderia fazer

“Passei a maior parte da minha vida tentando não chorar na frente das pessoas que me amavam, por isso sabia o que o Augustus estava fazendo. Você trinca os dentes. Você olha para cima. Você diz a si mesmo que se eles o virem chorando, aquilo vai magoá-los, e você não vai ser nada mais que Uma Tristeza na vida deles. Você não deve se transformar numa mera tristeza, então não vai chorar, e você diz tudo isso para si mesmo enquanto olha para o teto. Aí engole em seco, mesmo que sua garganta não queira, olha para a pessoa que ama e sorri.”

- Talvez não seja muito certo dizer isso (já que o Augustus tem 17 anos e isso o torna menor de idade), mas eu me apaixonei perdidamente por esse garoto descaradamente convencido e possuidor de uma inteligência (e maturidade) de causar inveja em qualquer pessoa. Me sinto bastante ignorante e imatura perto dele. Nem se eu vivesse cem anos conseguiria ser tão madura e tão consciente das realidades da vida, como ele sempre foi. Nem tenho a ilusão de vir a ser tão especial como ele é para mim. Tão inesquecível… tão tudo. E se me visse dizendo isso, ele diria: “Nem tente. Só eu sou capaz.” E daria aquele sorriso torto, de quem aparentemente vivia de forma inconsequente, mas que no fundo considerava a vida uma raridade e os seres humanos um inevitável efeito colateral do universo. Em sua simplicidade tão única, com seu charme e seu sorriso torto… suas reflexões que me deixavam de queixo caído e seu imenso amor pela Hazel, o Augustus arrebatou o meu coração e conquistou a posição do mocinho mais especial que tive o privilégio de conhecer. E isso talvez os deixe impressionados e os faça perguntar: “E o Roger?! Você não disse (milhares de vezes, para milhares de pessoas) que ninguém jamais conseguiria ocupar o lugar dele?” Sim. Eu disse. Até perdi a conta de quantas vezes fiz isso.rs Mas, enquanto eu tinha uma conversa bem séria com o Roger sobre o assunto, ele entendeu porque cedi o lugar dele ao Augustus. E concordou comigo: ele (o Roger) não precisava desse lugar. Nunca precisou. Merecia, mas não precisava. Já o Augustus, sim.Tanto merece quanto precisa. E só lendo a história vocês serão capazes de entender. Não posso contar. Não com todas as letras, pelo menos. Só posso dizer que ele merece. E que deve ter se virado, neste exato instante, para a Hazel e dito, com aquele seu característico sorriso torto: “Eu sempre soube disso. Só faltava os outros perceberem.”

“ – Esse é o problema da dor – o Augustus disse, e aí olhou para mim. – Ela precisa ser sentida.”

- Não faz nem vinte e quatro horas que terminei a leitura, e já estou “curtindo” uma profunda DPL (Depressão Pós-Livro), que me lembra bastante a DPL que vivi ao término de Mensagens de Esperança, A Menina que Roubava Livros, A Cabana, O Diário de Suzana para Nicolas, entre alguns outros… Me faz lembrar com clareza da dor insuportável que esses livros me provocaram. E a revolta que nunca consigo evitar ao olhar, através desses livros, para a vida e ver como ela é uma completa droga, que nada tem de justa. Que sequer sabe o significado da palavra “justiça”. Que, como alguém no livro diz, é uma meretriz que nos “f…” a todos. Na verdade, a pessoa se referia ao tempo, mas dá no mesmo. Ler histórias assim é um privilégio, um presente maravilhoso. Mas também é doloroso. Insuportável. Te joga no chão sem estender a mão para que você possa levantar depois. Te destrói. E, ironicamente, te ensina a construir. 

"Às vezes, um livro enche você de um estranho fervor religioso, e você se convence de que esse mundo despedaçado só vai se tornar inteiro de novo a menos que, e até que, todos os seres humanos o leiam. E aí tem livros como [...], do qual você não consegue falar - livros tão especiais e raros e seus que fazer propaganda da sua adoração por eles parece traição."

"[..] era o meu livro, do mesmo jeito que meu corpo era meu corpo e meus pensamentos eram meus pensamentos."

- Eu aprendi muito com essa história. Mais do que gostaria de ter aprendido. E sofri além do que imaginava sofrer. Mas, como eu disse antes, não me arrependo. Valeu a pena ler essa história. Valeu a pena conhecer a Hazel, o Augustus e todas aquelas outras pessoas (para mim, são pessoas) que passaram pela minha vida através desse livro e deixaram saudades. Uma das coisas que aprendi com essa história (ou reaprendi, para ser mais sincera) é que não importa o quanto uma pessoa te fere ao passar por sua vida e não permanecer. Não importa o quanto doa a ausência dela, o quanto a saudade te arranque lágrimas que doem ao escorrer por seu rosto... Não importa... Só o que importa é tê-la amado. É ter tido o privilégio, a oportunidade única de conhecê-la e amá-la. Só o que importa é o pequeno infinito de tempo que a vida, o destino (ou o próprio Deus), lhe permitiu viver ao lado daquela pessoa. Só o que importa é que um pedaço dela sempre permanecerá com você. Porque a morte não encerra o amor. Você não deixa de amar alguém somente porque essa pessoa morreu. Você não "amava" alguém que partiu. Você segue amando. E ela segue existindo em algum lugar desse imenso universo. E mesmo que sua mente já não possa recordar seu rosto, sua voz, seu sorriso, o que ela mais gostava de fazer ou o que lhe causava repulsa, seu coração será incapaz de esquecê-la. Porque todos nós, mesmo que sejamos nada mais que um efeito colateral desse mundo, desse universo ou do que quer que seja, continuamos sentindo. E amando. Os outros efeitos colaterais desse mundo. Aqueles que apenas passaram por nossas vidas. Aqueles que continuam presentes, mas que um dia também passarão. Nós amamos. E isso o universo não pode tirar de nós.

"Não dá para escolher se você vai ou não vai se ferir neste mundo, meu velho, mas é possível escolher quem vai feri-lo. Eu aceito as minhas escolhas. Espero que a Hazel aceite as dela."

- A resenha se encerra aqui. O que virá depois será apenas uma conversa entre alguém do livro e eu, carregada de spoiler. Se você não leu o livro, é melhor não ler o que virá agora.



- Augustus Waters (você não parecia gostar muito que te chamassem de Gus), as pessoas racionais me dirão que você não passou de um personagem. Um lindo personagem, inesquecível, mas ainda assim um personagem. E eu irei olhar para as pessoas e sorrir, dizendo para mim mesma que não importa. Que não quero o que é racional. Que quero apenas o que sinto... e o que sinto é que, nem que seja só para mim, você foi real. Você existiu. Passou pela minha vida e me marcou, deixando não só saudade, mas ensinamentos que sempre carregarei comigo. Me ensinou a manter os pés no chão sem esquecer das emoções. Me fez enxergar esse universo estúpido (que você tanto venerava, mas eu não consigo) com os olhos de alguém que não possui nenhuma ilusão sobre ele, que sabe o que ele de fato é e não se engana... e ainda assim, fazia questão de lutar contra o que tal universo determinava. Sua morte arrancou um pedaço do meu coração. Sinto como se tivessem tirado de mim alguém essencial, com quem não passei tempo o suficiente. Quem não poderia perder. E o que mais me dói é saber que nem todos os seus sonhos se realizaram, mas como você bem diria: "a vida não é uma fábrica de realização de desejos". Não podemos fazer tudo que desejamos. E por mais que vivêssemos cem, duzentos, trezentos anos, ainda assim, ao término de nossa história, seguiríamos ansiando pelo que não conseguimos realizar, nos arrependendo e lamentando pelo que deixamos escapar, pelos sonhos que nunca passaram disso: sonhos. Você lamentou, chorou, sofreu, gritou pelo que nunca teria. Porque sabia reconhecer que no fundo não passava do que somos: seres humanos (efeitos colaterais ou não), com todos os defeitos e qualidades característicos da nossa raça. Mas embora tenha lamentado, soube apreciar, até o último instante possível, a companhia daqueles com os quais se importava. Aqueles que você amou sem condições, sem reservas. Para os quais você fez questão de mostrar que o câncer nunca vence por completo. Que ele até pode determinar quanto tempo você terá de vida, até pode destruir o seu corpo, mas que não possui o poder de determinar o que você fará com o que sabe que lhe resta. Você decidiu o que faria com sua vida e quais oportunidades faria questão de aproveitar. Fez questão até de participar do seu próprio enterro e escrever um elogio fúnebre para a Hazel, embora soubesse que partiria antes dela (mas teria que estar presente quando ela partisse, mesmo que fosse através das palavras escritas naqueles pedaços de papel). Fez questão de mostrar para ela que, quando sua vez chegasse, ele estaria ali. Não a deixaria sozinha naquele momento. Enfim... Antes que eu comece a chorar de novo, o que você com certeza vai achar uma grande tolice, quero dizer o que quis dizer desde o princípio: embora seu maior medo sempre tenha sido ser esquecido... Embora o assustasse a possibilidade de não vir a ser lembrado, saiba que não apenas seus pais, a Hazel e todos que tiveram a oportunidade de conhecer o verdadeiro Augustus, jamais o esquecerão... Não apenas eles... Eu também jamais serei capaz de esquecê-lo e na minha vida você ocupa o lugar do mocinho mais especial, único e sábio que tive o privilégio mais privilegiado de conhecer. O Roger entende. E concorda comigo: você, mais do que ninguém, merece tal lugar. Sim. Pode abrir seu sorriso torto agora e dizer que eu sou "Ridiculamente sentimental", mas eu apenas te amo. E sempre vou amar. 

"Nós vivemos num universo dedicado à criação e à erradicação da consciência. Augustus Waters não morreu depois de uma longa batalha contra o câncer. Ele morreu depois de uma longa batalha contra a consciência humana, uma vítima - como você será - da necessidade do universo de fazer e desfazer tudo o que é possível."

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