Tradutora: Maria Fernanda Abreu
Editora: Nova Fronteira
Edição de: 2009
Páginas: 336
24ª leitura de 2020
Sinopse: Uma fotografia que se recusa a ficar parada. Retratada nela, uma casa que parece flutuar em um rio caudaloso de águas escuras... Com essa bela e instigante metáfora de sua própria narrativa, Anuradha Roy inicia o relato da história de três gerações de uma família bengalesa, de seus desejos e amores, seus dramas e correntezas mais profundas. Tudo começa na pequena cidade indiana de Songarh, onde Amulya e a esposa, Kananbala, constroem sua casa junto a um rio, com um belo jardim e um poço profundo, que nunca seca. Ali, a família vê crescer o número de vizinhos na rua pouco movimentada, envelhece, fala sobre amenidades durante o jantar... Certo dia, em 1927, Amulya salva Mukunda, uma criança nscida da relação entre o filho de um emprgado seu e uma moça de uma tribo, deixando-o num orfanato. Nesse meio-tempo, Nirmal, filho caçula de Amulya, casa-se com shanti, cuja casa paterna, em Manoharpur, também se situa às margens de um rio. É nessa casa que Shanti morre ao dar à luz Bakul. Quando a menininha está com quatro anos, Nirmal traz para a casa da família o garoto Mukunda, agora com seis anos. Apesar da oposição ferrenha de seu irmão e sua cunhada, uma vez que ninguém sabe a que casta o menino pertence, Mukunda passa a viver com eles, morando numa cabana no quintal e cuidando das tarefas domésticas. Bakul e Mukunda tornam-se amigos inseparáveis, mas, quando chegam à adolescência, essa amizade vai se transformando num sentimento mais profundo e as manobras familiares conseguem enfim afastar o rapaz da casa. Treze anos vão se passar até que Bakul e Mukunda voltem a se encontrar. E, a essa altura, a vida de todos mudou radicalmente.
Um livro do qual eu pensei em me desfazer várias vezes. Eu o tinha adquirido através de uma troca em junho de 2013 e nunca sequer tinha ouvido falar da história. Creio que, na época, o que me chamou a atenção foi a capa melancólica, mas nem passou pela minha cabeça colocá-lo logo na lista de leituras. Simplesmente fui deixando o tempo passar... Cheguei a separar o livro algumas vezes, no intuito de trocá-lo ou doá-lo. Até o tirei da estante... Mas sempre sem entender o motivo, voltava atrás e decidia mantê-lo comigo. Talvez, bem lá no fundo, eu soubesse que não poderia abrir mão deste livro sem lê-lo. Talvez sentisse que ele se tornaria especial na minha vida. Que me marcaria.
"Um dia ela desapareceria entre as árvores de verdade, e ninguém nunca mais a encontraria."
Não sei como falar de um livro tão complexo e intenso. Tão cheio de camadas, de dramas familiares, de escolhas equivocadas... Três gerações de uma mesma família. Mais de quarenta anos de uma história contada em 336 páginas. Ainda estou impressionada com o talento da autora em ter criado algo tão profundo, percorrendo tantos anos, em tão poucas páginas. Por incrível que pareça, elas foram suficientes...
Tudo começou em 1907. Amulya, sem se importar com a opinião de sua jovem esposa, resolveu se mudar de Calcutá para a pequena Songarh e ali estabelecer-se, construindo uma bela e sólida casa, que sobreviveria, quase sem deterioração, ao passar dos anos e guardaria em suas sombrias paredes os segredos daquela família. Aquele foi o começo do fim de Kananbala, a esposa de Amulya. O fim dos seus sonhos, das suas ilusões. Mas o início da história de seus dois únicos filhos: Kamal e Nirmal, que cresceriam juntos e cujos laços de sangue seriam colocados à prova pelos caminhos da vida.