27 de junho de 2022

Cartas a um jovem poeta - Rainer Maria Rilke

 

Literatura austríaca
Título Original: Briefe an einen jungen Dichter
Tradutor: Pedro Sussekind
Editora: L&PM Pocket
Edição de: 2006
Páginas: 96

Sinopse: Paris, fevereiro de 1903. Rainer Maria Rilke recebe uma carta de um jovem chamado Franz Kappus, que aspira tornar-se poeta e que pede conselhos ao já famoso escritor. Tal missiva dá início a uma troca de correspondência na qual Rilke responde aos questionamentos do rapaz e, muito mais do que isso, expõe suas opiniões sobre o que considerava os aspectos verdadeiros da vida. A criação artística, a necessidade de escrever, Deus, o sexo e o relacionamento entre os homens, o valor nulo da crítica e a solidão inelutável do ser humano: estas e outras questões são abordadas pelo maior poeta de língua alemã do século XX em algumas das suas mais belas páginas de prosa. 




Estou apaixonada. Como é incrível descobrir-se amando assim, do nada! E logo depois de conhecer o objeto do seu amor, aquele que despertou suas emoções... Eu o conheci faz menos de uma hora e já o quero comigo até o fim da minha existência aqui nesta Terra. Preciso comprá-lo. Tê-lo como meu, para carregá-lo comigo sempre que precisar

Estou falando do livro Cartas a um jovem poeta, do autor austríaco, Rilke. Não estava em minhas metas. Na verdade, nunca tencionei lê-lo. Mas hoje, enquanto passeava pelo site da Amazon, o livro apareceu como indicação e resolvi lê-lo, assim, de impulso. Peguei emprestado pelo Kindle Unlimited e fui arrebatada logo nas primeiras páginas. 

Como explicar os sentimentos que esta obra de arte epistolar despertou em mim? Não dá! É simplesmente inexplicável. 

"[...] e mais indizíveis do que todos os acontecimentos são as obras de arte, existências misteriosas, cuja vida perdura ao lado da nossa, que passa."

Depois de tudo o que se passou comigo no sábado, perdida em minhas emoções, sozinha com meus pensamentos e dores, este era exatamente o tipo de livro que necessitava ler. 

Não é o que se passa no exterior que vai ditar quem somos. É preciso nos voltarmos para dentro, onde estão todas as respostas que buscamos. Não é o que o outro pensa de nós que importa. Temos que aprender a ignorar as vozes que gritam do lado de fora, com acusações e falsas promessas. Que gritam tanto querendo calar justamente a voz que mais importa, aquela que fala baixinho, quase com timidez, de dentro de nós: a nossa voz interior, a voz da nossa essência. 

No sábado, eu permiti que todas as outras vozes gritassem. Na verdade, venho fazendo isso há muito tempo. Está na hora de parar. Espero encontrar dentro de mim toda a força necessária para ser diferente. Preciso mudar. Está mais do que na hora. 

"Investigue o motivo que o impele a escrever; comprove se ele estende as raízes até o ponto mais profundo do seu coração, confesse a si mesmo se o senhor morreria caso fosse proibido de escrever. Sobretudo isto: pergunte a si mesmo na hora mais silenciosa de sua madrugada: preciso escrever?"

Como pode um livro te despertar do nada? Sempre disse que os livros são mágicos. Que assim como salvaram minha vida treze anos atrás, seguem me salvando dia após dia. Sem a literatura eu já teria retornado ao pó do que qual fui feita, do qual todos fomos criados. Eu já não seria nada. A literatura é parte de mim; necessito dela como do ar que respiro. 

"Não há meio pior de atrapalhar esse desenvolvimento do que olhar para fora e esperar que venha de fora uma resposta para questões que apenas seu sentimento íntimo talvez possa responder, na hora mais tranquila."

O dia de hoje, tão nublado e triste, chuvoso e frio, me presenteou com este livro. Acordei sem saber que o leria. E agora me sinto mais leve, até um tanto feliz. 

E, como eu disse, não dá para explicar o motivo para tanto amor por um livro tão simples, tão curto!

"Obras de arte são de uma solidão infinita, e nada pode passar tão longe de alcançá-las quanto a crítica. Apenas o amor pode compreendê-las, conservá-las e ser justo em relação a elas."

As palavras acima não fariam parte de uma resenha. Foram escritas no meu diário, na data de hoje, 26 de junho de 2022, logo depois de concluir a leitura deste maravilhoso livro. Eu senti a imensa necessidade de compartilhar com alguém tudo o que estava sentindo e que não conseguia explicar... A maneira como as palavras do autor se cravaram em mim. Como me impactaram. E eu sou aquela que, mesmo aos quase 28 anos de idade, tem o hábito de escrever num diário. 

Escrever me faz bem. Escrevo resenhas porque me sinto bem ao falar dos livros que li. Escrevo contos e até já concluí um romance (embora ainda não o tenha dividido com vocês) porque necessito disso. Do mundo das palavras. Da literatura, da escrita. E quando eu abro o meu diário, pego uma caneta e começo a escrever... consigo reorganizar minhas emoções. Me sentir viva de novo. 

Quando comecei esta leitura eu não fazia a menor ideia do que encontraria. Acreditava que era um simples livro em formato epistolar, que nos possibilitaria conhecer as cartas que Rilke trocou com o jovem poeta Kappus ao longo de alguns anos. 

Franz Kappus decidiu um dia escrever ao poeta Rilke, já bastante famoso em sua época, pedindo conselhos para se aventurar pelo mundo da poesia e acredito que nem ele imaginava tudo o que aprenderia com essa correspondência, a maneira como o autor abriria seu coração e compartilharia sua visão sobre diversos assuntos, capazes de despertar inúmeras reflexões em todos nós. E eu não sei, realmente não sei, colocar em palavras a maneira como ele consegue mexer com nossas emoções. Só posso recomendar que você reserve uma hora do seu dia para dar uma chance a este livro. E espero de verdade que ele te faça tão bem como me fez!

"Viva por algum tempo nesses livros, aprenda com eles o que lhe parecer digno de aprendizado, mas sobretudo os ame. Esse amor lhe será retribuído milhares e milhares de vezes, de modo que, seja qual for o rumo tomado pela sua vida, tenho certeza de que ele percorrerá o tecido de seu ser como um dos fios mais importantes entre todos os fios que compõem a trama de suas experiências, decepções e alegrias."





19 de junho de 2022

A Casa do Penhasco - Agatha Christie

 
Literatura Inglesa
Título Original: Peril at End House
Tradutor: Otávio Albuquerque
Editora: L&PM Pocket 
Edição de: 2016
Páginas: 192

Sinopse: Uma semana de férias no ensolarado litoral da Cornualha... Esse parecia ser o cenário perfeito para coroar o fim da brilhante carreira do detetive Poirot, ao lado de seu inseparável companheiro, o capitão Hastings. 

No entanto, o clima de tranquilidade é quebrado quando eles conhecem a srta. Buckley, a jovem de ar rebelde herdeira da Casa do Penhasco, que lhes diz ter escapado da morte diversas vezes nos últimos dias. Seriam meros acidentes? Ou haveria alguma explicação sinistra por trás disso? Empolgado, Poirot decide abandonar os planos de aposentadoria e volta à ativa em A Casa do Penhasco, publicado em 1932, para mais um intrigante caso que testará todas as suas habilidades. 




Será que estou de volta? Ainda não sei. Esta é minha primeira tentativa de retorno às resenhas desde que perdi o meu anjo. Faz mais de seis meses que não escrevo uma resenha sequer, algo que nunca tinha acontecido em todos os doze anos de blog. 

Sabe quando você pega um livro para ler bem ao acaso? Não que a história não estivesse na minha lista de futuras leituras e até mesmo nas metas para 2022. A questão é que não pretendia lê-la agora. Estou com diversas leituras em andamento e bem atrasadas. Não fazia nenhum sentido iniciar algo sem ter finalizado pelo menos uma das que estão um tanto paradas.

"Minha massa cinzenta ainda funciona, a ordem, o método, tudo ainda está lá."

Depois de uma brilhante carreira como detetive, Hercule Poirot decide "sair de cena", pois não há nada "mais grandioso do que descer do pedestal no auge da fama" (página 10) e resolve curtir sua vida de aposentado com o seu grande amigo Hastings numa viagem para o litoral da Cornualha, onde só quer descansar. Nada de crimes. Nada de investigações. Somente paz e sossego... Até uma bala passar voando, quase atingindo uma jovem que se encontrava no jardim do hotel no qual ele estava hospedado. 

A quase vítima, uma jovem muito bonita e extrovertida, não chega a perceber o perigo. Acredita que o que passou perto da sua cabeça foi simplesmente uma abelha. Mas Poirot sabe o que viu e logo localiza a prova do fato: a pequena bala, que poderia ter colocado um ponto final na vida daquela moça. 

Sem ter visto o autor do disparo, a inquietação de Poirot só aumenta quando descobre que a moça havia escapado da morte três vezes nos últimos três dias, vítima de supostos "acidentes". Sabendo que nenhum ser humano poderia ser tão azarado ao ponto de sofrer três acidentes quase fatais num curto período de tempo, nosso amado detetive decide achar o autor daquelas tentativas de homicídio antes que ele finalmente conseguisse o que desejava. Mas qual seria a motivação? Quem poderia querer assassinar aquela jovem que não parecia possuir inimigos? E... por quê?! Dinheiro? Inveja? Ciúmes? Fosse qual fosse o motivo... era preciso correr contra o tempo, pois nada poderia garantir que Nick escaparia da quinta tentativa...

13 de junho de 2022

Leituras concluídas - Maio/2022

 

Olá, queridos!


Estamos em junho e até agora eu só li nove livros. Sim. Inacreditável! Acho que nunca existiu um momento, desde que me tornei leitora, em que tenha lido tão pouco num período de seis meses. Nem mesmo nos anos mais difíceis da faculdade, quando tinha que conciliar diversas coisas e gerir o tempo da melhor forma possível. 

Porém, também nunca vivi um sofrimento como o que estou suportando ao longo destes meses. Já sofri demais nesta vida, coisas que não gosto de recordar e que tento ao máximo esquecer. Mas perder a Luana... Só quem tem um filho pode entender o que sinto. Embora ela fosse um "animal", um pequeno anjo de quatro patas, eu a amei e cuidei como a uma filha. Ela é minha filha. A morte não pode mudar isso. 

Luana me dava forças para enfrentar qualquer coisa. Amá-la me tornava melhor. Eu aprendi o real significado da palavra "amor" com a minha pequena. E quando ela adoeceu, me anulei para apenas cuidar dela, lutar por sua vida. Eu deixei de existir... minhas vontades, meus planos para o presente e futuro, minha carreira... tudo deixou de importar. Passei a girar em torno do meu anjo. Ela se tornou o centro de tudo. Eu só queria salvá-la. Mas Deus decidiu levá-la. Sabendo que estaria levando um pedaço de mim... e que eu jamais conseguiria ser a mesma. 

Quase seis meses depois... Não estou inteira ainda. Nunca estarei. Tenho feito o melhor que posso. Sorrio, brinco, estudo, trabalho. Faço tudo com o máximo de dedicação. Mas por dentro? Estou despedaçada. Levanto todos os dias da cama porque tenho que levantar

Dizem que nunca devemos expor nossas fraquezas. Que devemos esconder ao máximo o que realmente pensamos e sentimos e fingir que está tudo bem mesmo quando o mundo está desabando. Mas eu não consigo fazer isso. Sou transparente. Quando minha boca não fala, meus olhos o fazem por mim. Sempre fui muito mais emoção que razão. Isso faz parte da minha essência e não sei se um dia conseguirei ser diferente. 

Muitas vezes digo durante as conversas particulares que tenho comigo: "Bruna, não fale de sua dor no blog. O sofrimento é pessoal, ninguém quer saber do inferno que você está vivendo em seu interior." O blog é para resenhas, para dividir com vocês o meu passeio pela literatura. 

Mas... Desde 2010 eu sempre disse: o blog é parte de mim. É como se fosse uma extensão do que sou. E vou continuar sendo transparente e sincera como sempre fui. Ninguém é feito só de momentos bons. Quem não quiser ler posts como este, basta não ler! É muito simples, verdade?! Nenhuma pessoa é obrigada a ler o que escrevo.




Sinopse: Como ler Machado de Assis (1839-1908), o grande escritor brasileiro, autor de uma obra tão rica quanto múltipla, que tanto disse sobre o Brasil e sobre a natureza humana? Esta nova edição de Casa Velha tem o objetivo de auxiliar o leitor a penetrar no mundo e a conhecer a mente de Machado de Assis. Além de notas abundantes e de fácil com­preensão, traz um farto material que possibilita um melhor entendimento sobre o autor e sua obra: uma biografia, uma cronologia, um panorama cultural do Rio de Janeiro e um mapa da época.

O autor nunca chegou a ver Casa Velha publicado em formato de livro, o que ocorreu somente em 1944. Lançado em 25 episódios entre 1885 e 1886 na revista carioca A Estação, este texto sempre foi um enigma para estudiosos e leitores. Classificado ora como romance, ora como conto, Casa Velha narra a polêmica história de um amor incestuoso a partir das lembranças de um padre, que faz um balanço das perdas e ganhos dessa paixão. Por meio dessa obra, Machado de Assis sugere que há um grande paralelo entre as esferas públicas e privadas da vida e mostra como um drama familiar pode ser um retrato acurado do Brasil do século XIX.





Mergulhar numa leitura de Machado de Assis é sempre reconfortante. Amo demais a escrita do meu querido autor, as diversas camadas que existem com frequência em suas histórias e personagens. E não foi nenhuma surpresa ter apreciado tanto a leitura de Casa Velha

Confesso que não estava nos meus planos ler este livro agora. Eu estava tentando participar de um projeto no Instagram, de uma leitora que tenciona ler Machado em ordem cronológica. Algo fascinante e que me atraiu imediatamente. Claro que por causa de todo o inferno interior que estou vivendo, não consegui acompanhar o cronograma. Pretendo me organizar ainda. Não abandonei a intenção de participar do projeto, mesmo que com atraso. 

Mas Casa Velha eu li por causa de um projeto de uma outra leitora: a Isa, do canal Ler Antes de Morrer. Ela criou um podcast do seu canal e fez toda a leitura deste pequeno romance em voz alta. Era como se estivéssemos ouvindo um audiobook, sabe? Eu gostei muito. E se tratando de Machado, nunca que apenas "ouviria" a história!rs Eu acompanhei os áudios, enquanto fazia a leitura do livro e foi uma experiência divertida, relaxante e, por vezes, inquietante. 

É uma pena que eu ainda não me sinta preparada para voltar às resenhas... Este livro merecia muito. :( 











Sinopse: Em Mentes depressivas, a dra. Ana Beatriz Barbosa Silva ajuda a compreender e identificar um quadro depressivo, explica os diferentes tratamentos e suas associações. Além disso, fala sobre suas causas e trata separadamente sobre a depressão na infância, na adolescência, na terceira idade e a depressão feminina. Com uma linguagem simples e acessível, a médica psiquiatra e escritora disseca a depressão de forma inovadora ao abordar a doença do século por meio de suas três dimensões: física, mental e espiritual.





Ler Mentes depressivas foi um desafio. Embora eu tenha apreciado muito a maneira sensível como a autora aborda um tema tão atual e complexo, em diversos momentos eu me sentia pesada. Como se o livro piorasse o meu estado emocional. Chorei com alguns capítulos, me senti "sufocar"... por vezes estive à beira de um ataque de ansiedade. Mas, de modo geral, foi uma leitura que valeu muito a pena, pois tocou com precisão cirúrgica na essência da depressão e suas inúmeras interligações. 

E esta foi uma "leitura" que fiz em audiobook através do app Skeelo. Ou seja, eu não li o livro, mas o ouvi através da narração de Larissa de Lara. Estou curtindo bastante este novo modo de ler uma história. Nunca irei abandonar os livros físicos ou os e-books, mas os audiobooks vieram para ficar e são essenciais quando a falta de tempo é grande e é impossível ler determinados livros nos momentos que gostaríamos. 

Já adquiri os audiobooks de outros livros da autora e pretendo ouvi-los em breve! Só preciso me preparar emocionalmente e, claro, organizar minhas leituras que estão bagunçadas demais.kkkk... Estou atrasada com tantas histórias que vocês não têm noção! Mas um dia, quem sabe quando, conseguirei me organizar de novo.



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