22 de fevereiro de 2014

Vingança da Maré - Elizabeth Haynes

(Título Original: Revenge of the Tide
Tradutor: Mauro Pinheiro
Editora: Intrínseca
Edição de: 2013)


Depois de trabalhar arduamente por muito tempo – alternando um emprego como executiva de vendas durante o dia com o de dançarina de pole dance à noite -, Genevieve finalmente conseguiu juntar dinheiro para realizar seu sonho: comprar e reformar um barco e mudar-se com ele para Kent, bem longe da estressante vida em Londres que tanto a aborrece.

Tudo parece enfim perfeito. Até que, na festa de inauguração do barco, enquanto amigos de sua antiga vida parecem zombar do que agora lhe é tão caro, um corpo aparece boiando próximo ao ancoradouro, e Genevieve reconhece a vítima.

Ao perceber seu santuário flutuante maculado, e convencida de que sua vida também está em risco, Genevieve se vê novamente envolvida com o perigoso submundo de corrupção, crimes e traição do qual pensava ter finalmente escapado. E está prestes a descobrir os problemas de se misturar negócios e prazer. 



Palavras de uma leitora…



- Ao terminar de ler essa história, a primeira coisa que senti foi alívio. Afinal de contas, tinha sobrevivido ao livro. Não é qualquer pessoa que consegue algo assim, acreditem.rs Mas também me senti muito arrependida. E triste. Arrependida por ter apostado nessa história, por ter investido meu tempo nela, por ter acreditado nela. E triste porque dói ver uma autora tão talentosa, com um dom tão especial, jogar o nome na lama ao escrever uma coisa como essa. Peço perdão a quem gostou da história, mas não é qualquer pessoa que está falando isso desse livro, gente. É uma fã da autora. Alguém que a adora. Alguém que conhece o trabalho dela e a admira muito. Não estou falando nada com a intenção de ofender os fãs (estaria me ofendendo também) ou a autora. Estou falando isso porque me sinto revoltada, porque não posso aceitar que uma autora como a Elizabeth Haynes, que me arrebatou com o livro No Escuro, fez eu me apaixonar por sua história e ficar ansiosa por suas próximas histórias, tenha me decepcionado tanto ao escrever Vingança da Maré. Porque não é uma história digna dela. Não é um trabalho que mereça levar o nome dela! Isso sequer parece escrito por essa autora. Está muito abaixo dela, entendem? Não dá para não se revoltar com isso. Porque quem nunca leu No Escuro, quem conheceu a autora com Vingança da Maré, provavelmente vai querer passar bem longe dos trabalhos dela daqui por diante. Não vai confiar em nenhuma história da autora, por ter começado pelo livro errado. E se ela não tivesse escrito essa “coisa” nada disso aconteceria. Não canso de me perguntar o que se passou pela cabeça da autora quando ela decidiu escrever essa “história”. Como pôde se manchar assim?! 

Se era para escrever “isso”, antes não tivesse escrito nada, sabe? Até agora permaneço com aquele sentimento de incredulidade… Não consigo acreditar que essa história foi escrita pela minha autora. Pela Elizabeth Haynes. Não parece de modo algum uma história dela. Eu preferia jamais ter lido Vingança da Maré. Não queria sequer ter tomado conhecimento da existência dessa história. Mas sabe o que acontece? Quando você ama demais uma autora, fica aguardando os lançamentos de seus próximos livros, fica pesquisando para saber se a autora já escreveu uma nova história. Ao entrar numa livraria, fica passeando os olhos pelos lançamentos, procurando pelo nome da autora em algum deles. Foi algo assim que se passou quando encontrei essa história. Eu tinha visitado a Bienal do Livro pela primeira vez na vida e fui direto atrás de livros dessa autora, da Chevy Stevens (autora de Identidade Roubada) e James Patterson (autor de O Diário de Suzana para Nicolas). Na verdade, já tinha em mente quais livros queria. Estava muito cheio o local, algo que certamente deveria me fazer dar meia volta e cair fora dali.rs Porque detesto multidões. 
Lembro que quando vi Vingança da Maré, ele estava bem perto de No Escuro. Tinha um grupo ali lendo as sinopses dos livros e uma menina com No Escuro nas mãos, comentou: “Parece uma história interessante”. Eu lembro que eu sorri toda feliz por ela estar levando aquele livro com ela e comentei que era um livro maravilhoso, que ela não iria se arrepender de ler. Peguei Vingança da Maré. Verdade que achei o título estranho e a sinopse não me atraiu muito, mas pensei comigo mesma: “É da Elizabeth Haynes. Então é óbvio que é uma história tão incrível quanto No Escuro.”  Infelizmente, não fazia ideia do quanto estava enganada…

- Toda pessoa possui defeitos. Algo que as torna humanas, pessoas de carne e osso, imperfeitas como todos nós. Mas no caso de Genevieve, a coisa era bem mais grave. Ela não era apenas humana. Era um desastre em forma de gente. Alguém que pedia aos gritos para morrer. Que cada coisa que fazia na vida, era com a clara intenção de se prejudicar (e muito), por mais que, conscientemente, não tivesse a noção disso… Se ainda estava viva, era por pura questão de sorte. Ou de azar, dependendo do ponto de vista. 

- Ela era uma jovem executiva de vendas. Bem-sucedida, com uma vida que muitos invejariam. Mas não encontrava satisfação em seu trabalho. Pelo contrário, era um trabalho muito competitivo, dominado pelos homens e desgastante. O dinheiro que ela conseguia com ele não compensava todo o estresse mental e a frustração que o acompanhavam. Sua paixão sempre tinha sido dançar. Era na dança que ela encontrava algum sentido para sua vida. Na dança e no sonho que sempre compartilhara com o pai: o sonho de ter seu próprio barco. De construir um lar nele. Durante anos de sua vida, ela ia para a oficina do pai, ajudá-lo e sonhar com ele. Faziam planos, imaginavam como reformariam o barco dos seus sonhos; folheavam uma revista atrás da outra, sentindo-se felizes apenas por sonhar com aquilo. Mas o tempo passou e as responsabilidades da vida, a afastaram um pouco do pai. Mas ela ainda era capaz de lembrar que no dia em que fez a última prova na faculdade, ligou para casa. Apenas para descobrir que seu pai havia morrido. Justamente naquele dia. Após a morte de seu pai, sua mãe descobriu o que eles tanto faziam na oficina e sem piedade, destruiu todas as revistas. O tempo passou e Genevieve resolveu voltar para a dança. Pelo menos nos tempos livres. Seus anos de ginástica e aulas de dança, a fizeram se sentir em casa com o pole dance, como se tivesse nascido para isso. Tinha imensa facilidade para aprender e criar novos movimentos; sentia-se livre e viva. E através de sua professora ela descobriu que poderia ganhar muito dinheiro com o pole dance. Desde que trabalhasse na boate certa. Sua professora conhecia o lugar perfeito e a indicou. Mesmo não levando aquilo muito a sério, Genevieve foi à “entrevista” sendo contratada logo após mostrar que dominava o pole dance. E ela não fazia a menor ideia, na época, do quanto aquilo mudaria para sempre a sua vida. Se é que ela teria uma vida por muito mais tempo…

De início, tudo parecia perfeito. Ela só precisava fazer o que gostava: dançar e dançar. E ganhava uma fortuna por isso. Mas com o tempo, ela foi percebendo que havia se metido em algo muito mais perigoso. Arriscado. No entanto, o dinheiro, a ambição, a fizeram fechar os olhos para tudo e aceitar fazer qualquer coisa por mais e mais dinheiro, se metendo numa situação da qual não haveria a menor saída…

“Era dinheiro sujo, eu tinha me dado conta depois. Mas para mim, era apenas dinheiro. Uma bela soma que poderia investir no meu barco. E eu me enganara em relação a Dylan, é claro. Eu me enganara em relação a tudo, na época.”

- Isso é o máximo que posso fazer por essa história, gente. Esse resumo sem sal e sem açúcar. Totalmente sem graça.rsrs… Na verdade, o gosto amargo foi tão forte quando fechei essa droga de livro, que sequer tinha vontade de escrever uma resenha sobre a história. Eu estava muito decepcionada (e ainda estou), muito triste com a autora e queria atirar o livro pela janela. Mas achei que eu merecia pelo menos desabafar nem que fosse só um pouquinho do que eu estava sentindo. O que de modo algum, está fazendo eu me sentir melhor. 

- Talvez eu ainda não tenha dito com clareza o que tanto me incomodou nessa história, não é? Foi o fato da mocinha não possuir um cérebro, nenhuma inteligência? Foi o fato de ela ser dançarina de pole dance e aceitar ser prostituta nas horas vagas, desde que fosse bem remunerada? Dessas hipóteses, eu descarto só o pole dance. Na verdade, acho uma dança muito interessante e já vi (através da TV) pessoas dançando-a. Até mesmo homens arriscam hoje no pole dance e conseguem arrasar. É uma dança que se bem feita consegue ser sensual, sem ser vulgar. Então, o fato da Genevieve dançar não me incomodou nada. Mas a quantidade de besteiras que ela fez por conta da sua falta de cérebro, da sua incrível capacidade para ser burra e o fato de agir como uma prostituta, sim. Sem mencionar o início admirável dessa história. Afinal de contas, não há como não admirar o esforço que a autora fez para estragar toda a história, desde o princípio. Fazia tempo que eu não lia um início de livro tão sem graça. Tão absurdamente chato. Eu lembro que tive que fazer um esforço enorme para seguir com a leitura, sempre cheia de esperanças de que a história fosse melhorar a qualquer momento. Mas quanto mais eu lia, mais remota se tornava tal esperança. O livro estava perdido desde o início. Eu só demorei bastante para aceitar esse fato. 

- Quem leu essa história sabe o quanto o início dela é chato. O quanto dá vontade de fechar o livro e se livrar dele. E aposto que muita gente deve ter feito isso. Provavelmente as pessoas que seguiram com a leitura, foram aquelas que já conheciam o trabalho da autora e apostaram na história por isso. As outras devem ter desistido nas primeiras páginas. Eu gostaria muito de ter feito o mesmo. Se arrependimento matasse…

- Tirando o início entediante da história (um início que não é bem somente um início. Por mais de 200 páginas a história é puro tédio), a segunda coisa que me desagradou foi a porcaria de protagonista que essa autora conseguiu criar. Não consigo imaginar de onde diabos ela tirou a Genevieve. Ainda por cima deu para essa cópia mal feita de mocinha um nome do qual eu gosto. A quantidade de besteiras que a Genevieve faz deveriam dar a ela o prêmio como a mocinha mais tapada que tive o desprazer de conhecer. No momento, ela supera todas as outras retardadas que conheci ao longo do meu tempo como leitora. Nunca encontrei na minha vida mocinha mais estúpida do que essa. Mais insuportável! Além de ter ido dançar numa boate que ela percebeu que não era flor que se cheirasse, ela desceu ao nível mais baixo para conseguir a porcaria do dinheiro para comprar a droga do barco. O que ela foi capaz de fazer… me provocou náuseas. Tudo bem que eu não tenho nada a ver com a vida dela. Se ela estava disposta a vender o próprio corpo por dinheiro, era problema dela, não é verdade? Mas um direito que ela não tinha era de envolver mais pessoas nisso! Um direito que ela não tinha era de trair o que ela chamava de melhor amiga! Uma coisa da qual eu tive a certeza depois de ler certas cenas, é que eu jamais iria querer ser amiga de alguém como ela. Esse projeto de mocinha é pior que amiga da onça. Por dinheiro era seria capaz de trair alguém que lhe estendeu a mão, que lhe deu apoio, que a aceitou como amiga. E após ler os pensamentos dela sobre essa amiga (logo após ela ouvir os elogios que faziam ao que a amiga dela era) eu percebi a inveja dela, algo que eu deveria ter notado muito antes, pois a Genevieve é péssima para esconder qualquer coisa. Ela nunca foi amiga daquela menina. Tudo na Genevieve sempre foi falso. E não sei se a culpa é dela ou da autora. Nem quero saber. 

- Acho que não estou conseguindo colocar em palavras o que sinto por essa protagonista, não é?kkkkk… Dizer que não a admiro seria pouco. Dizer que ela me provoca náuseas, jamais seria suficiente. Eu a detesto. Porque a culpo por tudo de errado que aconteceu nessa história. Porque ela foi responsável por cada vida colocada em risco nesse livro, porque a estupidez dela tirou a vida de alguém que não merecia morrer. Porque tirou a vida de alguém que estava perfeitamente bem antes dela aparecer. A detesto porque ela é tão absurdamente burra que após tentarem matá-la, teve a coragem, a inteligência de ajudar a pessoa que queria matá-la. Creio que nunca vi isso na minha vida. Uma pessoa tenta te matar, mas acaba sofrendo um acidente durante a tentativa. O que você faz? Ajuda essa pessoa? Para ela terminar depois o que tinha começado? Para ela te matar depois???!!! Foi isso que essa idiota fez. O cara era assassino por dinheiro! Pago para matar. Se ela estivesse só arriscando a vida dela, tudo bem. Não me importo nada com ela mesmo. Mas não. Ela nunca destrói a vida dela e só. Tem sempre que destruir a vida de outras pessoas também. 

- Mas sabe o que mais me irritou acima de tudo nesse livro? O fato da autora melhorar a história a partir da página 214, somente para destruir totalmente o livro com aquele final absurdo. Não sei nem como dizer o que senti depois de ler aquele final… Parecia que eu estava assistindo um filme policial de péssima categoria. O livro tinha ficado eletrizante páginas antes, para terminar daquele jeito ridículo. A cena de ação merece total destaque. Foi uma verdadeira comédia. Mas aquela comédia que não tem a menor graça. Que te deixa com uma cara que diz: “Você realmente está de brincadeira com a minha cara.” Provavelmente esse livro marcará o ano de 2014. Como o pior livro que li. 

- Eu estava aqui pensando no fato de ter dado 3 estrelas ao livro no Skoob... Não foi justo. O livro não merece sequer três estrelas. Mas que fique claro aqui que essas estrelas foram pelo fato de eu ainda admirar essa autora. Essas três estrelas não foram por esse livro, pois essa coisa não é sequer uma boa história. As três estrelas foram pela autora e não pela história. Mas mudei de ideia. Vou dar as estrelas que o livro merece.rsrs...

- Bem… é isso. Depois dessa resenha que em nada aliviou a minha revolta e que deve estar parecendo uma resenha escrita por uma pessoa bastante louca (essa resenha não deve estar fazendo o menor sentido, não é?), vou procurar uma história que tire esse gosto ruim da minha boca. O livro ainda não voou pela janela. Prestem bem atenção nisso: ele ainda não voou. Provavelmente voará antes do término deste final de semana. Quero esse livro longe de mim!!!! 

10 de fevereiro de 2014

O Príncipe do Deserto - Iris Johansen

(Título Original: And The Desert Blooms
Tradutora: Adriana di Pietra
Editora: Nova Cultural
Edição de: 2009)

Não me procure... Voltarei quando estiver pronta...

Pandora Madchen escreveu essas palavras quando fugiu, seis anos atrás. Nesse meio tempo, ela se tornou uma famosa cantora de rock e viajou pelo mundo inteiro, mas nunca se esqueceu da promessa que fez a si mesma. Agora ela está pronta para voltar à desértica Sedikhan e para o homem por quem se apaixonou cedo demais... e nunca conseguiu esquecer.

O sheik Philip El Kabbar é um homem poderoso e influente. Contudo, durante seis longos anos não conseguiu encontrar a garota a quem ainda considera ser seu dever proteger. Pandora está de volta, e não é mais uma garota, mas sim uma mulher linda e atraente, determinada a envolvê-lo num jogo de sedução, de onde ambos podem sair de coração partido...



Palavras de uma leitora...



Olá, queridos!

 - Sim. Eu sei. Estou negligenciando muito o blog, vocês e os meus livrinhos, de uns tempos para cá. De bastante tempo para cá, na verdade. E é algo que me deixa muito triste. Mas realmente não tenho outra opção. Minha vida está uma confusão completa; têm horas que sinto como se estivesse numa montanha-russa, subindo e descendo com tanta rapidez que mal consigo me acompanhar.kkk... Enfim... Viver não é nada fácil.rs

"Ele a estudou por um longo momento.
- Você mudou, Pandora.
- Eu cresci. Acontece com todos nós eventualmente."

- Seria o tempo capaz de pôr fim ao amor? Ou, na verdade, o que acaba com o amor não é o tempo, mas sim as atitudes das pessoas às quais doamos nosso amor? Fazia seis anos que eles não se viam. Seis anos de saudades, lembranças, arrependimentos e mágoas. Seis anos perguntando-se o que estariam fazendo de suas vidas, seis anos imaginando se o outro estaria nos braços de alguém, quando era nos braços um do outro que deveriam estar... Seis anos de uma distância planejada. Ao menos, por Pandora, que para estar para sempre ao lado do homem que amava, teve que ir para longe dele. Crescer e mudar. Para ter a coragem necessária de lutar pelo amor dele, para ir contra a dureza do seu coração e destruir todas as suas defesas. Para fazê-lo perceber que ela era importante para ele, até mesmo quando ele achava que tudo que desejava era tê-la o mais longe possível. Para fazê-lo enxergar que era possível ser amado. Que nem todas as mulheres estavam interessadas em seu dinheiro, em seu poder ou em partir seu coração. Tudo que ela queria da vida era doar-se a Philip. E receber dele o amor que ninguém nunca foi capaz de lhe dar. 


" - Roubou de mim os últimos seis anos... Tenho o direito de saber com quem passou esse tempo. Afinal, ele me pertencia. 

- Roubei? - Ela não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Precisava se controlar ou poria tudo a perder. - Você é mesmo impossível, Philip. Continua achando que o mundo gira ao seu redor. O tempo era meu, não seu. É de minha vida que estamos falando."


- Pandora era apenas uma criança quando despertou a atenção de Philip. Ela tinha se metido numa encrenca, algo que já era até rotina em sua vida, e Philip decidiu tornar-se o seu protetor. Por algum motivo que ele desconhecia, aquela menina mexia com as suas emoções e provocava nele uma ternura que nenhuma outra pessoa tinha conseguido provocar. Por esse motivo, ele decide lhe dar um medalhão, cujo desenho representava a sua marca. Tal atitude dava um aviso claro: qualquer um que fizesse mal àquela menina, estaria fazendo mal ao próprio Philip e pagaria caro por isso. Dessa forma, ele a colocava debaixo de sua proteção. E por esse motivo, também se achava no direito de decidir sua vida. Para ele, Pandora lhe pertencia. Mesmo que ele jamais tenha imaginado que um dia a desejaria como mulher. 

" [...] Como Helena não podia descontar a raiva em seu pai, descontava em você. - Apertou os lençóis com força. - Eu a teria matado, sabia?

- Teria? - Havia uma ponta de ternura na voz de Philip. - Sempre foi protetora, não é, Pandora? Mas isso foi há  muito tempo. - A ternura transformou-se em frieza. - Não preciso que se vinguem por mim, muito menos que sintam pena de mim - adicionou, amargo. - E também não preciso de você.

Ela sentiu uma pontada no peito.

- Precisa, sim. Apenas ainda não se deu conta disso. Mas farei com que o perceba."


- Ela o compreendia. E enxergava o que ninguém mais era capaz de enxergar. Conhecia os sentimentos que Philip ocultava dentro dele, sentimentos que o faziam tratar as mulheres com distância e desprezo, sentimentos que o faziam parecer cruel, insensível e egoísta. Ela sabia por que ele agia assim. Porque dentro dela habitavam os mesmos sentimentos: a dor, a mágoa que a rejeição é capaz de provocar. A ferida profunda que um pai ou uma mãe pode provocar dentro de um filho. As cicatrizes que tempo algum consegue apagar. O medo que somente um amor muito forte e corajoso pode superar. Por isso Pandora estava disposta a lutar por ele. Porque o conhecia. Porque sabia que dentro dele, em algum lugar bem profundo, estavam presos os sentimentos que ela conseguia despertar nele. Ela apenas precisava libertá-los. Porque a outra opção seria abrir mão de Philip, algo que ela jamais teria coragem de fazer. Não importava o quão mal ele fosse capaz de tratá-la, ela suportaria tudo e mostraria que jamais iria ser como a mãe dele. Que não brincaria com os seus  sentimentos. Que não o tornaria dependente dela somente para depois partir, deixando-o com o coração em pedaços.


"[...] O que aconteceu aqui foi sublime e sabe disso, Philip.

- Foi bonito - ele concedeu a contragosto. - Mas não significa que estávamos no paraíso. Sexo não é amor, Pandora.

- Sei muito bem a diferença. Sempre soube. Mas entre nós é diferente, Philip. É o mais puro amor... Tire a venda dos olhos e enxergue a realidade. Já perdemos muitos anos, e estamos envelhecendo. 

Philip não conseguiu conter o riso, vendo-a enrolada nos lençóis, os enormes olhos a encará-lo. Pandora não parecia muito mais que uma criança.

Já não sentia mais raiva dela. A fúria de momentos antes estava desaparecendo. Por que não conseguia se manter firme quando o assunto dizia respeito àquela menina?"


- Eu nunca esqueço de uma história, quando de alguma forma ela se tornou especial, querida por mim. E muito menos esqueço personagens. Posso até não lembrar de todos os detalhes de uma história, mas os sentimentos que a história me provocou, eu sempre lembro. E é por isso que nunca esqueci Philip e Pandora. Apesar de tê-los conhecido quase quatro anos atrás. 

- Eu estava lendo Sob o Sol do Deserto - Iris Johansen, quando a autora decidiu colocar Philip e Pandora na história. Eles não eram os protagonistas, mas tinha algo neles que os tornava especiais, ao ponto de desejarmos ler a história deles. Na época, eu sequer sabia que eles realmente possuíam a própria história. Descobri isso um tempo depois e aí fiquei completamente louca pelo livro. Mas não o encontrava em parte alguma, de modo algum. Passaram-se os anos... E, um dia, sem esperar, enquanto eu estava olhando alguns livros antigos que estavam sendo vendidos numa banca de jornal, esbarrei nesse livro. Imediatamente eu soube que era a história que eu tanto tinha procurado anos antes e aí, não pude deixar de trazê-la para casa. :) Mas só agora tive a oportunidade de lê-la. E a única coisa que lamento é não tê-la lido antes. 

- Em Sob o Sol do Deserto, encontramos dois personagens secundários marcantes. Pandora era pura vida naquela história, estava sempre cheia de energia e querendo chamar a atenção de Philip que fingia (apenas fingia) não perceber o interesse dela por ele. Philip era um homem cínico, insensível (aparentemente, é claro), egoísta e que tratava as mulheres da forma que achava que elas mereciam: com claro desprezo. Não que ele as maltratasse, mas não as considerava dignas de coisa alguma, além de alguns momentos na cama com ele. Exceto Pandora. Apesar de ela ser mulher e por tal motivo, não merecer nenhum segundo de sua atenção, ela o fascinava. E despertava nele um sentimento que ele não sentia por ninguém: ternura. Ela era apenas uma criança rebelde, disposta a sempre encarar o perigo de frente e necessitava de proteção. Não existia, na mente de Philip, ninguém mais capaz de protegê-la do que ele próprio. E assim os anos se passam e os laços entre os dois vão se tornando mais e mais fortes, ao ponto de Philip perceber que necessita mandá-la para longe. Para o bem de ambos. 

- Pandora, profundamente magoada pelo que ela considera uma fria rejeição, não aceita ir para longe, estudar na droga de lugar que fosse. Se não podia estar com Philip, também não iria para outro lugar, debaixo da proteção dele. Se ele a queria longe, ela iria. Mas da maneira dela. E assim, Pandora escapa, decidindo que voltaria quando estivesse pronta para conquistá-lo. Quando estivesse disposta a sofrer o que tivesse que sofrer, para mostrar a ele o quanto o amava. Seis anos antes, ela não passava de uma menina de quinze anos que não sabia como mostrar àquele homem que o amava. Mas agora, aos vinte e um anos, ela sabe exatamente como mostrar a Philip que ele não pode viver sem ela. Que sem ela, sua vida não passa de uma triste escuridão. 


- Em O Príncipe do Deserto, ocorre o reencontro entre os dois. Um reencontro que não é lá muito agradável, levando em conta que Philip havia sido contrariado e tinha passado seis anos imaginando onde aquela pestinha estaria; se estaria passando fome, se estaria sofrendo maus-tratos, se estaria viva ou morta. Seis anos desejando ver de novo o seu sorriso, a alegria que ela deixava transparecer cada vez que o via chegar... Desejava ver de novo algum de seus empregados procurando-o às pressas para contar que Pandora havia se metido numa nova encrenca. Ele tinha passado tempo demais sentindo falta. E isso o incomodava, pois fazia muito tempo que ele não sentia falta de alguém. Porque para sentir falta é necessário nutrir por alguém um sentimento profundo, um afeto. E Philip, desde criança, tinha se proibido de sentir tal coisa. Porque doía amar. E ele sabia bem o quanto. 

- É muito bonita a história entre os dois. Apesar de Pandora tê-lo amado muito cedo e de nós leitoras percebermos claramente que de alguma forma Philip assumiu o lugar de pai na vida dela, não duvidei do amor que ela sentia por ele. Possa ser que no início tenha sido apenas uma espécie de "transferência". O pai dela não a amava e fazia questão de mostrar isso claramente. Ele a queria sempre o mais longe possível. Ele desejava que ela sequer existisse. Então, aquela menina tão carente de amor, tão necessitada de carinho, viu em Philip um substituto do pai. Isso é evidente. Mas com o tempo tal sentimento se modificou e ela já não o viu mais como uma espécie de pai, mas sim como homem. O homem que a atraía, que despertava o seu desejo e o seu amor. Que a fazia sentir coisas que ela nunca tinha sentido antes. E corajosa e determinada como só ela sabia ser, ela luta por ele. Com todas as suas forças. Com todas as armas que a natureza lhe deu.rsrs... Eu gosto demais da Pandora e do Philip. Apesar do Philip ter me deixado fervendo de raiva em determinados momentos, eu o compreendi. Ele nunca foi deliberadamente cruel com ela, até mesmo quando ele próprio acreditava que tinha sido. Cada coisa que ele faz é sempre pensando no que ele julga melhor para ela, pois se importa. Se importa com ela como nunca se importou com ninguém. Ele sente ternura por ela e com o tempo descobre que isso é o mais intenso amor. Que demorou a amadurecer... Philip aprende de forma amarga a valorizar o que a vida lhe deu. É com dor que ele aprende, queridos. E no fundo eu penso que ele mereceu.kkkkkkkk... Se a Pandora tinha sofrido tanto, ele merecia sofrer também.rsrs... 

- Em resumo, posso dizer que essa é uma história leve, divertida e deliciosa. Uma história simples e comovente, para ser lida sem muitas expectativas, exceto se deliciar com um doce romance. E que mesmo assim, simples, consegue ser especial. A beleza dessa história está justamente em sua simplicidade. É uma bonita história, para ser lida com o coração. :)

"Philip cerrou o maxilar, sentindo-se ultrajado.

- Nunca fui comparado a um cavalo antes, muito menos a um tão perigoso - comentou em voz baixa, enquanto a segurava para ajudá-la a desmontar.

- Apenas algumas vezes ele me lembra você - ela corrigiu, tensa. - Em outras é adorável."

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