30 de janeiro de 2018

Sorrisos Quebrados - Sofia Silva

(Título Original: Sorrisos Quebrados
Editora: Valentina
Edição de: 2017)


Série Quebrados - Livro 1


- A escuridão nos ajuda a falar o que na luz temos receio.
- Por que motivo?
- A verdade reluz, mas durante o dia seu brilho não é forte o suficiente para fazer as pessoas olharem para ela. É na penumbra que a verdade é soberana. E mesmo quem não quer ver é obrigado, pois é a única que brilha.




Palavras de uma leitora...



- Foram muitas as vezes em que ouvi falar desta história. Sobretudo no final do ano passado, quando acompanhei as listas de melhores do ano de blogueiros e youtubers e vi este livro ser muito mencionado. Pensei: "O que será que ele tem de tão especial? Por que tantas pessoas o amam?" Então esbarrei na história um dia e, impulsivamente, decidi que iria lê-la. Porque eu também queria me apaixonar. Também queria sentir a emoção que o livro havia provocado nos outros leitores. Queria conhecer todas as cores de Paola e André. Mergulhar no mundo deles. 

Quem conhece a história sabe que caí de cabeça. Que foi uma queda bem feia, sobretudo no início. Que me machuquei, me feri profundamente com a dor dos protagonistas. Que sofri com eles. Que não havia outra opção. 

"Como alguém vai acreditar em mim se ele parece ser um príncipe: alto, louro, olhos claros e sorriso apaixonado? As mesmas fotografias em que, se alguém analisar com atenção, perceberá que o meu sorriso, com o passar do tempo, vai diminuindo e a mão dele na minha cintura vai aumentando, apertando, sufocando... Esmagando.
Matando."

 Aos 18 anos de idade, Paola acreditava que estava vivendo seu próprio conto de fadas. O homem que ela amava e poderia ter escolhido qualquer pessoa entre todas as suas amigas que nutriam uma paixonite por ele, também estava apaixonado por ela. A escolhera quando ninguém julgava que isso fosse possível. Nunca imaginou que pudesse ser tão feliz. Mas viveu um dos momentos mais especiais de sua vida quando ele a pediu em casamento. Quanto romantismo! Quanto carinho e atenção! Todos a parabenizaram por sua sorte. E ela, loucamente apaixonada, acreditou que aquele era o início de toda uma vida de amor e felicidade. Que juntos construiriam uma família e se apoiariam em seus sonhos. Nunca passou por sua cabeça que ao lado dele, daquele príncipe encantado de sorriso e olhos amorosos, mergulharia no inferno... e por suas mãos morreria. 

"Passei a ter receio de respirar perto dele, ou parar de respirar nas mãos dele."

O conto de fadas chega ao seu fim ainda na lua de mel. Paola não entendia por que ele se comportava de maneira tão estranha, como se não a quisesse, como se não a desejasse. Tentando compreendê-lo, ela vai relevando seu comportamento e não demora para que pedidos aparentemente provocados por ciúmes normais de um homem apaixonado sejam feitos: não saia hoje, fique comigo. Não vista essa roupa. Não prenda o cabelo assim... Pedidos que se tornam exigências. Palavras de carinho que se tornam agressões verbais até que o primeiro tapa vem. Logo os socos, os chutes, a vida de medo. 

Ela percebe que está presa num relacionamento abusivo. Que o homem que ela amava e um dia a tratou com carinho, não existia mais. Ou, talvez, jamais tivesse existido. Era obrigada a esconder as marcas da família, dos amigos. Não sabia como pedir ajuda, não ia a lugar algum sem ele, pois quando não estava, Roberto soltava os cachorros.... que não hesitariam em atacá-la se ela tentasse sair. Como escapar? Como deixar aquela vida de tormento? Sabia que o tempo estava contra ela. Que não demoraria para que ele resolvesse matá-la. 

"Choro com a certeza de que estes são os meus últimos minutos de vida. Vou morrer. Meu Deus, vou morrer pelas mãos do homem que amei."

Sem saber mais o que fazer, temendo cada passo, cada respiração, cada palavra que pudesse sair de sua boca e provocar novas agressões, Paola resolve fugir. Estava apostando muito, tudo na verdade. Mas continuar não era possível. Com o coração quase saindo pela boca, ela entra no carro... faltava tão pouco! Mais alguns segundos e estaria livre... Só que, o que era para ser o fim de tantos anos de sofrimento, desencadeia acontecimentos que destroem o que restava de sua vida. 

"- Por favor - peço entre lágrimas e choro, sem nunca parar de tentar sair daquele cárcere infernal. 
Desespero e medo. Dor e falta de esperança desabam sobre mim."

O homem a quem ela tinha dado tudo, se entregado por inteiro e aberto mão de sonhos, naquele dia resolveu roubar também a sua respiração. Por mais que implorasse, que gritasse e tentasse fazê-lo pensar, Paola sabia que morreria. Que ele estava decidido, que não existiria piedade. Mas ela luta até o fim. Cada golpe, cada sangue derramado a aproximava mais da morte, porém em nenhum momento ela deixou de tentar escapar, de tentar sobreviver. Até seu coração falhar uma batida e parar. 

"Hoje, cada passo dói. Talvez a dor seja maior porque é aniversário da minha morte."

Seis anos tinham se passado... Seis anos desde o momento em que seu coração parou e os médicos consideraram um milagre que ela tenha voltado, que tenha sobrevivido a todo dano que Roberto causara ao seu corpo. Finalmente estava livre. Não apanhava mais, não vivia presa dentro de sua própria casa. Todavia, agora enfrentava uma prisão diferente. Porque não era possível livrar-se dos fantasmas do passado e de todas as marcas físicas e emocionais que ele lhe deixara. 

Ela tinha apenas vinte e quatro anos quando ele a matou. Agora, com trinta anos de idade, vivia num quarto dentro de uma clínica que cuidava de pessoas que possuíam problemas como os dela, que carregavam cicatrizes de uma vida passada... marcas que recordavam a dor que o amor podia provocar, o dano que tal sentimento causava. Estava naquela clínica porque não tinha coragem de atravessar seus muros e retomar as rédeas de sua vida. Criara um mundo próprio ali, onde as pessoas não ficavam assustadas com sua aparência, onde era compreendida. Onde ninguém podia machucá-la. 

Naquele dia, aniversário de sua morte, a dor estava especialmente mais forte. Tantas lembranças... tanto desespero trancado dentro de si mesma... tentando sair, tentando encontrar consolo. Então ela foi fazer o que sempre lhe dava paz: pintar... colorir a tela com as cores que gostaria de ter em sua vida. Passar para a tela o que sentia. 

"Pinto e grito.
Passado muito tempo, paro.
Fico respirando fundo, olhando para tudo, e rio alto. Não consigo parar de rir. Rio com tanta força que acabo chorando ainda mais descontroladamente. 
Choro e rio ao mesmo tempo.
Sou livre, mais neste dia estou mais presa a ele."

É quando ele a vê pela primeira vez... André convivia com seus próprios demônios e conhecia bem aquela clínica, pois nela sua filhinha de quatro anos passava bastante tempo. Doía até mesmo recordar... saber o que levara seu bebê, sua preciosa menina, a necessitar de tratamento. Sentia o golpe de cada uma das suas falhas, de como não estivera presente quando ela mais precisou. Agora, sua garotinha não era capaz de conviver com outras pessoas, de ser uma criança normal. Vivia com medo, trancada dentro de si mesma. Será que algum dia seria diferente? Ela poderia ser curada? 

Naquele dia, perdido em seus próprios pensamentos, ele mal conseguiu acreditar no que via. Uma mulher estava no jardim da clínica, gritando e jogando tinta sobre si mesma. A cena era perturbadora, mas quando ela o viu, algo ainda mais chocante aconteceu: ela desmaiou. 

Sem saber o que fazer e não tendo ninguém próximo para pedir ajuda, André se aproxima e a pega nos braços, tentando despertá-la. Não consegue perceber que fora a causa do seu desmaio. Que, por algum motivo, ela entrara em pânico ao vê-lo. 

"- Eu não vou te fazer mal. Não sou mau. Não tenha medo. Está tudo bem. Respire. Não vou te fazer mal. Nunca te faria mal."

Aquele era para ser o fim de algo que sequer começara. Por tudo o que tinha passado, Paola instintivamente sente pavor do André ao conhecê-lo. Associá-lo ao Roberto era inevitável. Quanto mais perto ele ficava pior era a sensação de que, a qualquer momento, ele a atacaria e terminaria aquilo que seu marido iniciara. André, por sua vez, quando finalmente entende os sentimentos que provoca naquela desconhecida, se afasta, disposto a nunca mais encontrá-la em seu caminho. Tinha seus próprios dramas e realmente não necessitava fazer mal a ninguém. Porém, a vida tem seus próprios planos e não demora para o caminho dos dois se cruzar novamente... 

Poderiam dois corações quebrados voltar a amar? É possível confiar outra vez quando ainda carregamos as feridas causadas por uma decepção? E seria o amor suficiente para arriscarmos de novo? Para saltarmos mesmo sabendo que talvez não sobrevivamos à queda? 

"Posso estar sendo uma mulher que comete erro atrás de erro, mas há algo nele que vejo em mim. Algo quebrado."

- Não saberia nem como começar a falar desta história. De todos os sentimentos que ela provocou, da enorme angústia que senti ainda nas páginas iniciais quando fui obrigada a assistir tudo o que a Paola enfrentou, sem poder ajudá-la, sem fazer nada para tirá-la dali, para impedir tanta maldade. Eu lia a cena e tremia, sentindo-me no chão, desesperada porque sabia que ninguém a salvaria, que não era possível apagar o que estava acontecendo. Foi horrível. E pensei sinceramente em interromper a leitura. Porque eu não suportei tanta dor. Porque foi uma cena extremamente pesada para mim. 

Porém, se não podia salvá-la, o mínimo que eu poderia fazer pela Paola era acompanhar sua história. Vê-la voltar à vida, renascer das cinzas que o desgraçado, aquele maldito demônio a tornou. Então eu segui em frente com a leitura, mesmo que ainda estivesse trêmula e gelada. E temesse muito o que ainda estava por vir. 

"Será que estamos irremediavelmente quebrados? E se sim, qual dos dois está mais?"

Foi quando eu conheci o André e a pequena Sol... e todo o medo que eu pudesse sentir desapareceu. Sim. Eu sabia que ainda existia a possibilidade de enfrentar cenas traumáticas, de chorar com os personagens, mas estava disposta a suportar tudo se pudesse me encantar mais e mais com a presença deles na vida da Paola. Me angustiou o medo inicial que ela teve dele, embora fosse perfeitamente compreensível. André era um homem forte, de aparência agressiva, embora fosse incapaz de fazer mal para qualquer pessoa. Ela não o conhecia, tudo que via era o seu exterior e isso somado com os traumas que ela carregava era suficiente para fazê-la sentir medo. 

Mas Sol era a ponte para aproximá-los. A garotinha ferida, que não confiava em ninguém, que paralisava sempre que outro ser humano se aproximava dela... esse pequeno anjinho abre seu coração pela primeira vez ao conhecer a Paola. Ao ver as cicatrizes que tomavam um lado inteiro do seu rosto, Sol compreendeu que ela não lhe faria mal... que estava tão machucada quanto ela e se identificou. Enxergou em Paola a si mesma. Embora Sol não carregasse cicatrizes em seu corpo, viu nas marcas dela a sua própria dor. 

O amor entre as duas é natural e inesperado. Forte como se estivessem destinadas a se conhecer e curarem as feridas uma da outra. A inocência com a qual Sol confia nela, desperta em Paola sentimentos há muito adormecidos. Ela se torna responsável não mais apenas por si mesma, mas por outro ser humano, por uma criança que lhe suplicava ajuda. E assim se aproxima também do pai dela, daquele homem que ela temeu, mas estava tão destruído quanto elas duas. Talvez mais, pois a culpa é um dos sentimentos mais destrutivos que existem. 

"Minhas mãos fazem carinho no que alguém quebrou, e digo o que ela precisa ouvir:
- Paola, o lado feio não existe em você. Não para mim."

- É belíssimo acompanhar o relacionamento entre esses três. Lindo e muito emocionante. Nós choramos sem nem percebermos quando a primeira lágrima caiu. Sorrimos em momentos inesperados. Somos atingidos por toda a carga emocional deste livro. 

Quando pensamos que sobrevivemos ao pior no momento em que acompanhamos o pesadelo da Paola, enfrentamos também tudo o que se esconde no passado do André e da Sol, os tormentos que eles viveram, as marcas interiores que carregavam. Quando a autora finalmente revela o que fez com que uma criança de quatro anos ficasse tão traumatizada... Nossa! A raiva que eu própria senti! A vontade de gritar, de socar alguma coisa! Sempre digo que essa humanidade está perdida. Que esse mundo já não me surpreende. Mas ainda fico chocada ao ler coisas assim, ao ver o quanto o ser humano pode ser perverso e fazer mal até mesmo a uma criança, a um ser que não tem como se defender. Chorei muito pela Sol. E meu alívio era saber que a Paola tinha aparecido na sua vida. Que ao lado do André poderia fazê-la voltar a viver, a ser uma criança saudável de novo, feliz. 

"Beijo suas cicatrizes em vez do outro lado liso. Porque é este que me entende, que vê que, por dentro sou igual."

- O relacionamento entre Paola e André é profundo, real, doloroso e restaurador. Eles estavam intensamente quebrados, em vários pedacinhos. Qualquer um que olhasse de fora diria que seria impossível juntar todas as partes, que não havia conserto. Mas juntos eles se curam. Eram o que necessitavam para recomeçar, para acreditar de novo na vida, no amor, nas pessoas. 

O livro é escrito de maneira belíssima. Dolorosa em alguns momentos, não nego, mas linda. A escrita é poética, como se a autora não estivesse escrevendo de fato, mas pintando as cenas, colorindo como a Paola coloria com o pincel. Nunca li algo tão bonito! As cenas nos "chamam", fazem com a gente se sinta realmente parte da história. É como se estivéssemos lá, acompanhando tudo em primeira mão. E as cores... eu realmente as enxergava. Pura poesia! 

"É no meu encostar de lábios com os dela que a dor some completamente e todo o vazio é preenchido por ela. E só ela."

- Não recomendar este livro seria impossível! Já estou perdidamente apaixonada por esta série, pela escrita incrível da autora, pelo cuidado que ela tem na construção dos personagens, nas doses certas de emoção, no desenrolar dos acontecimentos... Ela criou uma história única utilizando um tema verdadeiro e atual. A violência contra a mulher e contra as crianças. A violência doméstica tão presente em tantos lares neste mundo em pleno século XXI. Quantas notícias não vemos diariamente? Quantas mortes? A autora criou uma personagem que sofre uma violência terrível e a partir disso construiu o seu romance, fazendo nossa protagonista recomeçar do que restou. Dando a ela o final feliz que ela merecia. Fazendo com que ela percebesse que merecia sim ser feliz, que tinha o direito de ser mulher, de ter sonhos, de ter voz e vontades, de dizer sim ou não para quem quisesse. Esta autora é maravilhosa! 

"- Eu sou como aquela Caixa, Paola. Sou grande e dou abrigo a todos que amo, mas sou oco por dentro. Eu era escuro, vazio... até você entrar e me iluminar. E... e eu não quero mais viver sem cor."

- Recomendo MUITO este livro! Não consigo imaginar que alguém possa ler esta história e se arrepender. É aquele tipo de livro que amamos ou amamos. :D 

Estou ansiosa para conhecer as outras histórias da série! Espero que a editora Valentina nos encante logo com o lançamento do segundo volume. Desesperada para lê-lo! 

28 de janeiro de 2018

Coragem de Mãe - Marie-Laure Picat

(Título Original: Le Courage d'une Mère
Tradutora: Inez Cabral
Editora: Fontanar/Objetiva
Edição de: 2010)


Em parte uma carta de amor, em parte o testemunho de uma vida de muita superação, Coragem de Mãe narra a luta de uma mulher que, condenada a morrer dentro de alguns meses, fez de tudo para encontrar uma família para seus quatro filhos. Sua história de vida, seu bom humor, sua convicção e sua força de espírito diante da adversidade já comoveram milhares de pessoas.




Palavras de uma leitora...



- Se você me perguntar como este livro veio parar em minhas mãos não saberei lhe responder. Não consigo recordar! Já tentei várias vezes e não me lembro. Acho (não tenho certeza) que o troquei quando fazia curso na rua em que existia uma loja onde você levava um livro e o trocava por outro. Não eram vendidos livros lá. Você simplesmente deixava um livro no lugar daquele que desejava. Sei que encontrei verdadeiros tesouros naquele lugar, mas a verdade é que não lembro de jeito nenhum se foi assim que encontrei Coragem de Mãe. Mas uma coisa é certa: jamais esquecerei esta história. Por mais que minha memória esteja uma grande porcaria, os anos poderão passar e nunca poderei deixar para trás todas as coisas que aprendi com a protagonista, com sua história real, com sua força. 

"Existem coisas que não mudarão nunca. Mesmo morta, continuarei sendo a mamãe de vocês para sempre."

Esta é a autobiografia de Marie-Laure Picat, uma mulher que, aos 36 anos de idade, descobriu que estava com câncer no fígado. Dona de um otimismo e desejo de viver contagiantes, ela não entregou os pontos de primeira. Lutou contra o câncer. Deu tudo de si para sobreviver. Tinha quatro filhos que dependiam dela e morrer não era bem uma opção. Todavia, após quimioterapias que não produziram o menor efeito sobre a doença e diante da impossibilidade de eliminar o tumor através de uma cirurgia, teve que encarar a dura realidade: não havia cura, ela estava em estado terminal. Os médicos, por mais relutantes que estivessem, tiveram que ser sinceros: ela tinha poucos meses de vida. Não duraria até o próximo ano. Aquele era o ano de 2008. 

"Assim que soube que ia morrer, tive apenas uma obsessão: que suas vidas mudassem o mínimo possível depois que eu partisse, que vivessem juntos, criados pelas pessoas que amam vocês."

Mesmo destroçada por dentro, não foi em si mesma, na injustiça de morrer tão jovem que ela pensou. Seus pensamentos foram para os seus filhos. O que seria deles? Quem cuidaria de suas crianças de 11, 9, 5 e 2 anos quando ela já não estivesse mais ali? Seriam separados? O governo se encarregaria do destino deles? Ela já aceitara o fato de que iria morrer, mas não aceitaria que seus filhos ficassem desamparados. Assim, aproveitou seus últimos meses de vida para buscar um lar seguro para suas crianças e, ao encontrá-lo, viu-se diante de uma porta fechada. Porque o governo e o sistema jurídico do país não permitiam que um pai ou mãe em estado terminal escolhesse com quem seus filhos ficariam. Ela não possuía o direito de decidir qual seria a família adotiva. Tinha encontrado o lar perfeito, mas o governo lhe disse que não. Não interessava que a família estivesse mais do que disposta a receber as crianças e tivesse estrutura para manter os quatro juntos. Tampouco importou o fato daquele ser o último desejo de uma mãe que sabia que iria morrer e tudo que queria era que seus filhos ficassem seguros. A resposta era um simples e terrível "não". 

"Quem melhor que eu podia julgar com que pais meus filhos seriam mais felizes?"

Uma pessoa menos forte talvez tivesse entrado em desespero e tivesse visto naquilo mais um motivo para desistir de tudo, entregar os pontos. Mas não Marie! Era a vida dos seus filhos que estava em jogo e ela faria o que fosse necessário para que eles ficassem exatamente com a família que ela escolhera. 

"A família dos meus filhos já estava escolhida. Julie, Thibault, Matthieu e Margot iriam para lá, ou eu não me chamaria Marie-Laure."

Sabendo que tinha pouquíssimo tempo para assegurar um futuro feliz aos seus filhos, Marie não ficou de braços cruzados. Se a lei e o governo diziam que não, ela levantaria a voz e faria aquele "não" virar um sim e se para isso seria preciso gritar na mídia, não hesitaria. E foi exatamente o que ela fez. De um momento para o outro ela deixou de ser uma "simples" mãe morrendo jovem demais e deixando quatro crianças órfãs e se transformou num caso de interesse nacional. Sua história emocionou e envolveu milhares de pessoas em toda a França e finalmente fez aqueles que não queriam ouvi-la, prestarem atenção. 

"Quando a PMC me disse 'não', vi uma porta se fechar para mim. Decidi arrombar essa porta, porque me pareceu o certo para meus filhos. Ainda não estava morta, podia agir: enquanto há vida, há esperança, não é? Hoje quero dizer a todos os que virem uma porta se fechar para não desistirem, para insistir, continuar a lutar."

O interesse da mídia incomodou o governo e o sistema jurídico do país. De repente, o telefone começou a tocar, Marie foi visitada pelo próprio prefeito e promessas de que seus filhos seriam recebidos pela família que ela escolhera foram feitas. A França não queria passar uma imagem errada, uma imagem de pura insensibilidade e falta de importância com o futuro de quatro crianças. Assim, o sistema começou a andar, papeladas foram sendo preparadas e quanto maior era a pressão da mídia e da população mais rápido as coisas corriam. No fim das contas, as crianças foram entregues à família substituta escolhida por Marie, sem terem que mudar de escola, sem terem que abandonar seus amigos e sua cidade. 

"De tanto levantar a voz, fiz com que as coisas se mexessem, burlei todas as regras, passei por cima da lei, essa lei estúpida que diz que é o juizado de menores que decide onde irão viver os órfãos."

Tudo o que essa mãe queria era que a mudança fosse o menos traumática possível, que seus filhos não perdessem os laços que tinham conquistado, que não fossem parar em abrigos e depois adotados em separado. Ela queria manter os quatro juntos e próximos daqueles que os conheciam de toda a vida. Será que era pedir demais? Era algo tão impossível para necessitar se desgastar em seus últimos meses? 

- É revoltante, sinceramente! A história inteira da Marie me causou diversos níveis de revolta e choque, mas senti vontade de gritar com todo o estresse que ela teve que passar porque uma lei estúpida não permitia que ela pudesse escolher a família dos seus filhos. É inacreditável algo assim! A vontade dela não importava, a felicidade de seus filhos era insignificante para aquele sistema. Só queriam seguir as "regras" e que se danasse amor, laços de sangue ou humanidade. Como se não bastasse lutar o máximo para se manter viva por alguns meses, para estar com seus filhos mais tempo e prepará-los para sua partida, Marie foi obrigada a travar uma guerra contra a lei e a política do país. Teve que gritar na mídia para que seus filhos tivessem o direito de permanecer juntos e com uma família em quem ela confiava. 

"Uma mãe ou um pai à beira da morte deveria passar o tempo que lhe resta aproveitando o contato com seus filhos, e não gastando suas forças num combate estúpido."

- Não consigo nem imaginar tudo o que a Marie passou. Me dá um nó na garganta me colocar no lugar dela. Não tenho filhos ainda, mas se um dia os tivesse e de repente me visse diante de uma doença terminal, da certeza de que iria morrer e não poderia criá-los, estar presente quando eles precisassem de mim, certamente enfrentaria a pior dor da minha vida. Uma dor que viria acompanhada de um total desespero, de uma sensação de impotência. Como deixar um filho pequeno sozinho? Como morrer sabendo que não teria ninguém para cuidar dele? Uma mãe jamais deveria passar por algo assim. É muito injusto, uma crueldade sem tamanho. E nenhum filho deveria perder seus pais ainda criança, quando mais necessitava deles, quando dependia inteiramente deles. O mundo é cheio de injustiças assim. Este livro não é ficção. Isso realmente aconteceu com a Marie, com seus filhos, com sua família. Uma doença maldita simplesmente um dia veio e destruiu tudo. Ela teve que fazer o máximo com os cacos que restaram. Teve que lutar para proteger seus filhos mesmo depois de sua morte. 

"O que meus filhos guardariam na memória de todos esses artigos publicados nos jornais? Foi por eles que eu quis dar meu depoimento nestas páginas, para que me conhecessem melhor, para que entendessem minha luta. Quando forem mais velhos, não estarei mais aqui para lhes dizer quem fui, quanto os amei e tudo que fiz por eles."

- Através das páginas deste livro não conhecemos apenas a luta dela pela segurança de seus filhos. Como este livro é uma espécie de lembrança para eles, para que soubessem quem foi a mãe deles quando estivessem mais velhos, Marie começa contando as coisas desde o princípio. Conhecemos a bebezinha abandonada pela mãe, que ficou horas e horas gritando com uma fralda suja que lhe deixou uma cicatriz por conta de uma queimadura provocada pelas horas em contato com sua pele. Conhecemos a infância miserável que ela teve sendo criada por um pai que a ignorava, mas que quando finalmente a notou foi para começar a violentá-la e manter esse padrão durante vários anos. Conhecemos a menina desesperada que confessou o que se passava para uma professora, mas que não recebeu a ajuda de ninguém, nem mesmo da lei e teve que retornar para o lado de um pai que abusava sexualmente dela enquanto a "justiça" fechava os olhos. Também somos levados até o passado de uma jovem que se viu grávida pela primeira vez e foi obrigada a enfrentar a dor de perder o primeiro filho. Conhecemos seus sonhos, suas dores, suas conquistas e perdas. Nos envolvemos profundamente e nos perguntamos como alguém que sofreu tanto, que passou por tantos pesadelos e sofria outro terrível golpe ao ser condenada à morte por uma doença terminal ainda podia sorrir, fazer piadas, ter um bom humor como o dela. Como ela conseguia?! Como tinha forças para tirar o melhor de tudo aquilo e não se entregar nunca? No lugar dela, eu jamais teria conseguido. Não mesmo. 

"Consegui para eles um novo lar e me assegurei de que não fossem separados, que crescessem juntos com pessoas formidáveis, no lugar que sempre conheceram. Essa luta eu a ganhei para eles."

- Marie-Laure Picat foi um exemplo. De mãe. De superação. De ser humano. Um exemplo que todos deveríamos seguir. Cresceu sem mãe, mas aprendeu sozinha a ser a melhor que seus filhos poderiam ter. Lutou por eles até o final. E não se permitiu perder. Foi violentada pelo pai dos 11 aos 14 anos de idade e poderia ter encontrado nessa grande tristeza, nessa monstruosidade motivos para se revoltar, para destruir a si mesma, mas não. Deu a volta por cima e não permitiu que aquele homem que jamais mereceu ter filhos afetasse toda sua vida. Viu o sistema falhar com ela quando procurou uma professora para pedir ajuda e foi obrigada a retornar à casa do seu agressor e viver com ele vários outros anos, mas nem por isso permitiu que aquele mesmo sistema calasse sua voz quando foi para proteger seus próprios filhos. Não pode fazer nada por si mesma quando criança, mas garantiria que seus filhos crescessem seguros, que fossem criados por boas pessoas. Não dá para aceitar, gente! Que alguém assim, que uma pessoa tão incrível e guerreira tenha morrido tão jovem. Por quê? Nunca vou entender. Nunca vou aceitar. Ela morreu em agosto de 2009, com 37 anos de idade. 

- É irônico e revoltante que uma mãe que tudo que desejava era criar seus filhos, amá-los e protegê-los tenha morrido dessa maneira enquanto certas desgraçadas que jogam seus filhos em latas de lixo, os afogam em banheiras ou fazem diversas outras monstruosidades fiquem por aí, muito bem a vida inteira. Que mundo é este?! 


- Com esta leitura eu concluí a Maratona Literária de Verão. Ele foi minha escolha para o terceiro tema que consistia em: ler um livro que aparentemente só você conhece. Como nunca tinha ouvido ninguém falar desta história, me pareceu uma excelente escolha. E realmente foi! Um livro incrível, que nos enche de lições maravilhosas e nos faz perceber o quanto somos ingratos. O quanto não valorizamos a sorte que temos por ter saúde, por ter tempo, por ter oportunidades que outras pessoas não têm. O simples fato de respirarmos, de podermos nos levantar dia após dia já é um privilégio enorme. 

Se quiserem conhecer os quatro livros que li para a maratona, basta clicar neste post aqui. Nele estão os links para todas as resenhas. A maratona possuía dois desafios extras, lembram? Eles não eram obrigatórios, a pessoa lia apenas se quisesse ou tivesse tempo. Os desafios oficiais eram os quatro que cumpri. Mas isso não significa que não lerei a minha escolha. :D Em breve vocês poderão conferir minha resenha sobre Sorrisos Quebrados, livro de Sofia Silva, uma portuguesa muito querida aqui no Brasil, que conquistou milhares de leitores com essa história emocionante. 

27 de janeiro de 2018

O Dia da Caça - James Patterson

(Título Original: Cross Country
Tradutor: Fabiano Morais
Editora: Arqueiro
Edição de: 2011)

Alex Cross está diante do criminoso mais cruel que já enfrentou. 

Quando o detetive Alex Cross é chamado para investigar um caso de assassinato, depara-se com a cena de crime mais terrível que já viu em toda a sua carreira: uma família inteira foi morta dentro de casa. Tudo fica ainda mais chocante quando ele descobre que uma das vítimas é Ellie Cox, sua ex-namorada dos tempos de faculdade. 

Furioso, Cross decide pegar o assassino a qualquer custo

 Logo depois outro crime acontece, novamente envolvendo uma família inteira, só que dessa vez alguns membros dela estavam nos Estados Unidos e outros, na África. A investigação leva a crer que o assassino, conhecido apenas como Tiger, viajou para a Nigéria. Sem hesitar, Cross vai atrás dele. 

O detetive entra numa caçada implacável, numa terra sem lei. 

Ao chegar lá, Cross se vê diante de um terrível cenário de miséria, violência e guerra civil iminente. Sem nenhuma ajuda, ele se envolve numa luta contra a corrupção e contra uma conspiração que parece não ter fronteiras, que pode pôr em risco sua vida e a de todas as pessoas que ele ama.




Palavras de uma leitora...



- Não dá, gente! Simplesmente não dá! Os suspenses do James Patterson não funcionam para mim. E nem se pode dizer que eu não tento. Lutei para chegar até o final deste livro, por mais que quisesse arremessá-lo longe e pegar algo realmente útil para ler. Este livro é uma grande porcaria!

Na última vez que eu li um suspense do autor, nem me dei ao trabalho de resenhar o livro. E considerando que eu sempre faço resenha das histórias que leio, dá para ter uma noção de como o livro era ruim. O nome dele era Eu, Alex Cross. Foi uma enorme decepção e desde então fiquei com pavor de ler outro suspense dele. Prometi para mim mesma que nunca mais perderia meu tempo lendo tais histórias, que tinha muitos livros na lista para ler. Mas aí veio a maratona literária de verão e O Dia da Caça se encaixou bem num dos temas. 

A vontade que eu tenho é de não perder meu tempo fazendo resenha dessa "coisa" que o autor escreveu, mas vou fazer um esforço.rs E desta vez é sério: nunca mais leio outro suspense dele. Para mim já deu! Chega!

"- Você sabe quem eu sou - disse ele - Então sabe como isso vai terminar. Sempre soube. Veja só o que arranjou para você e para sua família. Foi você quem fez isso com eles."

Tudo começa com o assassinato brutal de toda uma família. Assassinos de aluguel invadem uma residência e transformam a casa num grande inferno onde ninguém é poupado nem mesmo as crianças. O crime havia sido encomendado, segundo o líder dos assassinos, por culpa da mãe das crianças, uma escritora que parecia ter mexido com gente importante.  

Após executar a todos os moradores da casa, eles deixam a cena o mais macabra possível, na intenção de passar uma mensagem, um aviso. E então partem para a próxima casa. 

Alex Cross, detetive famoso por solucionar crimes aparentemente impossíveis de serem resolvidos, é chamado para investigar aqueles homicídios e leva um choque quando descobre que uma das vítimas foi sua namorada na faculdade e a primeira mulher que ele amou. 

"Mas eu não imaginava o que estava à minha espera. O assassinato daquela família era muito pior do que eu havia pensado."

Transtornado por ver alguém que também tinha sido uma grande amiga assassinada daquela maneira, ele decide que vai pegar o assassino a qualquer custo, esteja ele onde estiver. E após outras famílias serem executadas, Alex Cross segue o rastro do criminoso, conhecido como Tiger, até a África. 

Logo ao chegar na África, ele é sequestrado e torturado por pessoas que se identificaram como policiais. O que estaria acontecendo? Quem estava por trás de todos aqueles assassinatos? O que levaria um assassino de aluguel a deixar seu país e ir até os Estados Unidos para executar famílias? Alguém importante estava tentando esconder algo... e não hesitaria em matar qualquer um que cruzasse seu caminho. 

"Uma grande piada. É isso que você é, detetive Cross, uma piada."

- Por mais que eu deteste o psicopata deste livro, tenho que concordar com o que ele diz no trecho acima. Também considero o detetive Alex Cross uma grande piada. É o pior detetive que já conheci em todos os meus anos como leitora. Nunca vi um tão patético, tão imbecil e um fracasso total como protagonista. Ele só sobrevive para protagonizar um milhão de outros livros do autor porque o James Patterson assim deseja. Porque a quantidade de porcarias que ele faz ao longo das histórias seriam mais do que suficientes para mandar este "detetive" desta para outra vida. Ele não sabe investigar droga nenhuma, necessita sempre ser salvo por alguém e cai em toda e qualquer armadilha dos vilões da história. E isso porque ele é um ótimo detetive, famosíssimo! Imagina se não fosse! 

O meu maior problema com os suspenses do autor é justamente o Alex Cross. Não o suporto! Não dá para tolerar um protagonista tão estúpido e inútil. E o fato dele narrar as cenas em que aparece só piora as coisas. As cenas do livro que não são narradas por ele são boas, mas quando ele começa a narrar... Minha nossa! É impossível de suportar, sério! Os pensamentos dele são infantis, tem um senso de humor totalmente fora de lugar e que não te dá a menor vontade de rir. É uma tortura ler um livro protagonizado por ele. 

A história tem uma premissa maravilhosa. Toca num tema que muitos autores não se atrevem a mencionar: a situação na África. As guerras civis, a participação de outros países nos conflitos internos, os genocídios, estupros, torturas, assassinatos mais do que cruéis. O uso de crianças para praticarem homicídios... Uma autora que já se atreveu a falar sobre isso foi minha querida Florencia Bonelli no livro Cavalo de Fogo - Congo, uma história que me causou fortes emoções e me fez sofrer imenso com os personagens. Também já vi algo semelhante no filme Diamante de Sangue. Então, o autor tinha um tema muito interessante para desenvolver, estava em suas mãos fazer um ótimo trabalhar e tornar O Dia da Caça mais do que um livro de suspense. Todavia, ele escolheu o Alex Cross como protagonista e destruiu uma história que tinha tudo para ser incrível. E é claro que isso apenas me irritou mais. Ver todo um potencial desperdiçado assim!

Enfim... Foi o pior livro que li neste início de ano. Recebeu duas estrelas no Skoob e provavelmente me livrarei dele. Devo trocá-lo no sebo, tirá-lo de perto de mim o mais rápido possível. Vocês sabem que não sou de me desfazer de livros, para que isso aconteça necessito realmente desprezar muito a história. 


- Esta foi minha escolha para o quarto tema da Maratona Literária de Verão. Como membro do reino de Galtano (cliquem aqui para entender), meu quarto desafio era: ler um livro que você sempre teve medo de ler. Dá para saber por que escolhi O Dia da Caça, certo?rsrsrs Eu tinha muito medo de ler o livro, pois sabia que ele era protagonizado pelo Alex Cross e que possivelmente odiaria a história. 

Como vocês podem ver, eu pulei o terceiro desafio. Isso porque a minha escolha para o terceiro tema é um livro mais profundo, forte e real. Eu passei esta semana inteira doente, muito mal mesmo e não tinha estrutura física e emocional para ler um livro como esse. Então, eu o pulei. Devo iniciar a leitura dele hoje e não sei se o concluirei antes da meia-noite. A maratona termina hoje, infelizmente. :( Ficar doente estragou meus planos porque me impediu de ler como eu gostaria. Mas enfim... O importante é que estou melhor e posso recuperar o tempo perdido. 

P.S.: Se vocês repararam, várias vezes eu disse que não gosto dos "suspenses" do autor. Deixei isso claro porque quando se trata dos romances dele as coisas são muito diferentes!rsrs Um dos meus livros preferidos de toda a vida é O Diário de Suzana para Nicolas, escrito pelo James Patterson. Ou seja, não tenho problemas com o autor. Sou fã dos seus romances! Tenho problemas apenas com os seus suspenses.rs

21 de janeiro de 2018

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban - J.K. Rowling

(Título Original: Harry Potter and the Prisoner of Azkaban
Tradutora: Lia Wyler
Editora: Rocco
Edição de: 2000)


Agora com 13 anos, Harry Potter torna-se mais rebelde, desafiando os tios e os professores. Nas aulas com o professor Lupin, ele aprende como enfrentar os terríveis dementadores, que se alimentam da alma das pessoas, e são os guardiões da prisão de Azkaban, de onde fugiu Sirius Black.

Há indícios de que o prisioneiro possa estar na escola e, o que é pior, de que haja um traidor em Hogwarts. Inúmeras surpresas mostram que é preciso cuidado para reconhecer a distância entre a versão de alguns fatos e a verdade.

A autora ainda presenteia o leitor com emocionantes partidas de quadribol, novas e assustadoras criaturas mágicas e um final surpreendente.




Palavras de uma leitora...



- A sinopse acima foi encontrada no Skoob. Como vocês sabem, a edição que eu possuo da história não vem com sinopse. 

Bem... Se eu conseguir terminar esta resenha será um feito e tanto. Na quinta-feira tomei a vacina contra a febre amarela e desde então não me sinto muito bem. Foi difícil concluir a leitura do livro por conta disso e está sendo complicado escrever. Ainda não estou legal. Espero estar melhor nos próximos dias, mas começo a achar que não conseguirei ler todos os livros da Maratona Literária de Verão até o dia 27. :( 

- O filme Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban nunca foi um dos meus preferidos. Pelo contrário! Sempre evitei revê-lo, pois não gostava. Era o único filme da série que não me agradava. Por isso, fiquei muito surpresa ao perceber que até agora este é o meu livro preferido! Simplesmente amei tudo o que se passou aqui! Como as coisas foram se desenrolando... Quanto mais eu lia mais queria ler e me irritava tremendamente que o fato de não me sentir bem me atrapalhasse. Foi uma leitura tão prazerosa, tão boa! É o primeiro livro do ano que ganhou passagem para os meus favoritos. 

- Depois das descobertas e aventuras de Harry Potter e a Câmera Secreta, quando nosso protagonista enfrentou um Voldemort (Lorde das Trevas e assassino dos seus pais) mais jovem e letal (porque contava com a ajuda de um basilisco), finalmente iniciaram-se as férias e com elas os tormentos de Harry ao retornar ao lar de seus tios, que o desprezavam profundamente e não desperdiçavam nenhuma oportunidade de fazer de sua vida um inferno. 

E é quando está na casa deles que é divulgada a notícia da fuga de um assassino extremamente perigoso, que estava armado e era totalmente desequilibrado. Qualquer um que o visse deveria fugir imediatamente e chamar as autoridades. Naquele momento, Harry não poderia imaginar a ligação que um criminoso do mundo dos trouxas poderia ter com sua vida... e a morte dos seus pais. 

- Após um forte desentendimento com seus tios, ele perde a paciência e resolve ir embora, mesmo não tendo para onde ir até a volta das aulas. Enquanto está nas ruas, sem saber bem o que fazer, acaba avistando um animal estranho que quase o faz ser atropelado por um ônibus. Ainda em choque, Harry percebe que o ônibus que quase o matara pertence ao mundo dos bruxos e embarca nele, indo parar no Beco Diagonal. E ao ser recebido pelo Ministro da Magia em pessoa, começa a suspeitar que algo muito estranho esteja acontecendo. Pouco tempo depois entende: o assassino que era uma ameaça para os trouxas era também o bruxo mais temido naquele momento pelos demais bruxos, pois, cerca de doze anos antes, ele havia assassinado brutalmente diversas pessoas ao tentar escapar das autoridades... por ter sido cúmplice na morte dos pais de Harry. Agora, ele escapara da prisão e tinha um propósito bem definido em mente: matar Harry Potter custasse o que custasse. Estava na hora de terminar o jogo de traição que ele iniciara mais de uma década atrás. 

E é nesta atmosfera de medo, com todos os professores tentando manter Harry a salvo dentro dos muros do colégio, que as aulas recomeçam e novos desafios são traçados. Disputas acirradas no quadribol, aparecimento de um Sinistro que é presságio de morte, novo professor de Defesa contra As Artes das Trevas, Dementadores que afetam Harry como nada no mundo e são outra ameaça à sua vida, amizades que são colocadas à prova e segredos terríveis revelados são apenas algumas das coisas que recheiam as páginas deste livro e tornam a leitura maravilhosa. 

- Como eu disse, amei muito este livro. É o melhor até agora e me deixou mais do que louca para ler o próximo. Não consigo entender como pude demorar tanto para dar uma chance a esta série. Sempre fico furiosa comigo mesma quando adio muito a leitura de um livro e depois descubro que ele era incrível e que eu deveria ter lido antes! 

- Destaque especial para a amizade cada vez mais forte entre Harry, Hermione e Rony. Nunca me canso de amar estes três. É inspirador o laço que os une, a maneira como sempre estão juntos para o que der e vier, mesmo quando estão irritados uns com os outros. Também não posso deixar de mencionar o novo professor, Lupin, que realmente foi bem útil em diversos momentos e ensinou bastante ao Harry... além de ter tido um papel significativo em toda a história. 

Perebras, o rato de Rony, conseguiu me surpreender. Eu não lembrava muito do filme, então, isso era até presumível. Realmente fiquei chocada. O Bicuço, o bicho de estimação do Hagrid, protagonizou uma das cenas que me deixou com um nó na garganta. Felizmente, Harry e Hermione conseguiram consertar as coisas. Há que ter um pouco de justiça nesta vida, não acham?rs 

Não dá para não mencionar também o papel desagradável do Snape. Ele foi especialmente imbecil neste livro. Me causou uma raiva como nunca tinha conseguido! Estou me cansando de seu ressentimento sem sentido, totalmente infantil. Fala sério! Está na hora dele crescer! 

- Enfim... Dei 5 estrelas ao livro e passagem para os preferidos sem pensar duas vezes! Amei, amei e amei! :D

E deixo aqui um trecho que me emocionou bastante:

"Você acha que os mortos que amamos realmente nos deixam? Você acha que não nos lembramos deles ainda mais claramente em momentos de grandes dificuldades? O seu pai vive em você, Harry, e se revela mais claramente quando você precisa dele."


- Esta foi minha escolha para o segundo tema da Maratona Literária de Verão. Como membro do reino de Galtano (cliquem aqui para entender), meu segundo desafio era: ler um livro comprado em uma promoção. Restam dois desafios e dois extras!

14 de janeiro de 2018

Simplesmente o Paraíso - Julia Quinn

(Título Original: Just Like Heaven
Tradutora: Ana Rodrigues
Editora: Arqueiro
Edição de: 2017)


Honoria Smythe-Smith sabe que, para ser uma violinista ruim, ainda precisa melhorar muito...

Mesmo assim, nunca deixaria de se apresentar no concerto anual das Smythe-Smiths. Ela adora ensaiar com as três primas para manter essa tradição que já dura quase duas décadas entre as jovens solteiras da família. Além disso, de nada adiantaria se lamentar, então Honoria coloca um sorriso no rosto e se exibe no recital mais desafinado da Inglaterra, na esperança de que algum belo cavalheiro na plateia esteja em busca de uma esposa, não de uma musicista.

Marcus Holroyd foi encarregado de uma missão...

Porém não se sente tão confortável com a tarefa. Ao deixar o país, seu melhor amigo, Daniel, o fez prometer que vigiaria sua irmã Honoria, impedindo que a moça se casasse com pretendentes inadequados. O problema é que ninguém lhe parece bom o bastante para ela. Aos olhos de Marcus, um marido para Honoria precisaria conhecê-la bem (de preferência, desde a infância, como ele), saber do que ela gosta (doces de todo tipo) e o que a aflige (como a tristeza pelo exílio de Daniel, que ele também sente). Será que o homem ideal para Honoria é justamente o que sempre esteve ao seu lado afastando todo e qualquer pretendente?

Com seu estilo inteligente e divertido, Julia Quinn enfim apresenta ao público o Quarteto Smythe-Smith, o terrivelmente famoso e adoravelmente desafinado grupo musical que conquistou os leitores antes mesmo que as cortinas se abrissem para ele.



Palavras de uma leitora...


- A última vez que eu tinha lido um livro da minha querida Julia Quinn foi em janeiro do ano passado, a história que encerrou a série Os Bridgertons, uma das minhas séries mais amadas. E eu até sabia do lançamento, ainda em 2017, dos livros do Quarteto Smythe-Smith, mas com tantos livros que necessitava comprar, a série infelizmente não poderia ser uma prioridade. :(

E não é surpreendente que, menos de um mês depois de comprar os dois primeiros (e ganhar de presente os outros dois), eu esteja resenhando Simplesmente o Paraíso.rsrs Não posso ter livros da autora em casa que eu acabo passando-os na frente de outras histórias. Impossível resistir!

- Quem leu os livros dos Bridgertons certamente esbarrou neste quarteto musical. Eram as mais famosas (e desastrosas) musicistas da Inglaterra, apresentando-se todos os anos para horror da sociedade. Ninguém podia entender como elas ousavam se apresentar ano após ano. Será que eram surdas? Que não percebiam que torturavam a todos os convidados e assassinavam as músicas? Toda vez que eu as via serem mencionadas nos livros, era sempre num momento doloroso para os personagens.rsrsrs E eu chegava a me encolher, pois a descrição deles era tão precisa que era como se eu própria estivesse escutando. 

Mas confesso que, fora isso, não notava muito as meninas que se apresentavam. Para mim, eram como personagens que a autora apenas colocava na história dos protagonistas, para preencher alguma cena, mas sem serem importantes de fato. Jamais passou pela minha cabeça que a autora fosse escrever uma série sobre elas. Todavia, quando soube do lançamento dos livros, tive muita curiosidade. Seria interessante conhecer as mocinhas por trás daquelas apresentações. Entender, pelo menos, por que elas não paravam.rs

- Honoria e Marcus, protagonistas deste livro, se conheciam desde crianças. Desde quando ela tinha seis anos e ele, doze. Sendo filho único de um conde frio que só via nele um herdeiro para dar continuidade ao nome da família, Marcus foi um menino muito solitário. Até ser enviado para o colégio e conhecer Daniel, irmão de Honoria. Uma amizade forte surgiu entre os dois garotos e Marcus passou a aproveitar cada convite que recebia para passar as férias com sua família. Com o tempo passou a se sentir parte daquele mundo, daquele lar. 

" - Marcus - disse Honoria. Ela se virou para fitá-lo, mas também para dar as costas ao irmão. - Gostaria de tomar um chá de bonecas comigo?
Daniel abafou o riso.
- Levarei minhas melhores bonecas - informou a menina, muito séria. 
Santo Deus, tudo menos isso.
- E haverá bolos - acrescentou ela, em uma vozinha formal que assustou o rapaz."

E aquele foi o início de tudo. Como era a caçula dos irmãos, havendo uma grande diferença de idade entre eles, Honoria também era uma criança solitária, desesperada por atenção. Assim, sempre que o irmão e o melhor amigo dele estavam em casa, ela os seguia para todas as partes, não importando o quanto Daniel tentasse evitá-la. Ainda que os meninos fossem grosseiros com ela, pois ela definitivamente sabia ser uma peste, Honoria seguia insistindo. Com o passar dos anos, e sua presença sempre constante, Marcus poderia dizer sem hesitar que a conhecia. Bem demais para o seu próprio gosto. 

Anos mais tarde, quando Daniel precisou fugir às pressas do país, Marcus se viu responsável por Honoria como jamais imaginou que estaria. Seu amigo, antes de partir, o fez jurar que cuidaria dela, que assumiria o seu lugar na vida de sua irmã, para garantir que ela faria um bom casamento. Ele assumiu sua obrigação com determinação, embora não fizesse ideia do quanto seria difícil cumprir sua missão... Sobretudo, quando os olhos dela, seu riso contagiante, sua tagarelice encantadora e a maneira como ela parecia enxergar a alma dele começam a fazê-lo questionar se ele próprio não seria o marido ideal. 

"- Eu estava olhando para você - disse ele, tão baixo que Honoria não teve certeza de ter ouvido. - Estava olhando só para você."

- A história entre esses dois é realmente muito fofa, deliciosa de acompanhar! É lindo ver uma amizade de infância se transformar aos poucos num sentimento mais forte até que os dois descubram que estão apaixonados. Que há tempos deixaram de ver-se apenas como amigos. O amor não surge num rompante, nada semelhante a "à primeira vista". Na verdade, até demora. Sempre existiu afeto entre eles, mesmo nos momentos em que ela poderia jurar que o odiava. Mas quando eles se reencontram de verdade (porque quando se viam nas temporadas sociais só se falavam educadamente) e têm a oportunidade de realmente conversar como no passado, as coisas começam a mudar. Devagar e de uma forma convincente. É possível enxergar como as coisas aconteceram, os olhares que foram se tornando mais significativos, os sentimentos que os surpreenderam. É muito bonito ver o desenvolver das coisas. E eu nem precisei torcer pelo casal, pois não existia nada contra eles... só o que precisavam era de tempo para descobrir que tinham nascido um para o outro. :)

"- Por favor, não morra - sussurrou ela."

- Acredito que realmente descobrimos o quanto amamos uma pessoa quando nos vemos diante da possibilidade de perdê-la. É algo assim que se passa com a mocinha desta história. Ela sabia que amava o Marcus. Que ele era um grande amigo, alguém que ela considerava parte de sua família. Porém, é só quando algo muito ruim acontece com ele e tudo indica que talvez ele não resista, que ela percebe... que nota que sua vida não seria a mesma sem ele. Que não suportaria. Que Marcus era seu porto seguro, parte do seu coração. Seria aquilo amor? Estaria apaixonada por ele? 

"Ainda sentia o beijo dela. Sua boca ainda pulsava com o toque dos lábios dela. 
Honoria ainda estava com ele.
E Marcus tinha a estranha sensação de que sempre estaria."

- Fiquei tão envolvida pela história dos dois que devorei o livro inteiro em menos de 24 horas. Comecei a leitura no final da noite passada e na tarde de hoje já havia terminado. Considerando as horas que parei para dormir, tomar banho, comer, concluí a leitura em pouquíssimas horas mesmo.kkkkkkkk... Foi realmente uma leitura muito prazerosa, divertida e fofa! Honoria e Marcus formam um casal que vale a pena conhecer. É um livro recomendado para aqueles momentos em que só queremos relaxar, esquecer um pouco do mundo e das leituras pesadas. Quando tudo o que queremos é apreciar uma bela história de amor com a garantia de final feliz. 

- Não posso deixar de mencionar que me deixou muito feliz rever Colin Bridgerton! :D Como sempre, ele estava causando com aquele sorriso irônico e irresistível, que tinha a clara intenção de fazer com que os pretendentes de certas damas o desafiassem para um duelo.rsrs E o que falar de lady Danbury? Sempre com sua bengala ameaçadora, disparando frases ferinas e dando uma de casamenteira.rsrs Eu sentia falta dela, confesso.kkkkkkk...

"Ele a amava.
Ele a queria.
Ele precisava dela."

- Como eu disse, recomendo muito a história! E só não começo a ler o segundo da série neste exato instante, porque preciso seguir em frente com a maratona literária. E por falar nisso...

Esta foi minha escolha para o primeiro tema da Maratona Literária de Verão. Como membro do reino de Galtano (cliquem aqui para entender), meu primeiro desafio era: ler um livro de um autor popular. Restam três desafios e dois extras! Sigam me desejando sorte! :D

Na verdade, estou muito feliz, queridos. Eu tinha como meta mensal ler pelo menos dois livros. Já li quatro e se tudo correr bem, até o final de janeiro terei lido uns oito. Se seguir assim nos próximos meses terei lido quase 100 até o final do ano. Seria realmente maravilhoso! Suspiros...


Quarteto Smythe-Smith

1- Simplesmente o Paraíso
2- Uma Noite como Esta
3- A Soma de todos os Beijos
4- Os Mistérios de Sir Richard

12 de janeiro de 2018

Destino Tentador - Nora Roberts

(Título Original: Tempting fate
Tradutora: Daniela Rigon
Editora: Harlequin
Edição de: 2017)


Os MacGregors - Livro 2


Uma mulher determinada e corajosa, que deseja conquistar o mundo. Um homem intenso, arrogante e sedutor. Um encontro do destino que vai transformar as suas vidas. 

Cansada de priorizar as ordens da tia e deixar de lado os próprios sonhos, Diana Blade está disposta a trilhar o próprio caminho e conquistar o seu lugar ao sol. Mas ao visitar o irmão, Diana conhece Caine MacGregor, um advogado workaholic que, assim como ela, parece querer muito mais do que a vida atual oferece. Nenhum dos dois estava preparado para lidar com um romance nesse momento, mas não querem abrir mão do tempo que passam juntos. 

No segundo livro da saga dos MacGregor, Nora Roberts narra a história de mais um membro dessa família que parece ter o mundo aos seus pés, mas ainda não descobriu o verdadeiro amor.




Palavras de uma leitora...



"A menina que idolatrava Justin cegamente não existia mais. Ela tinha a própria vida e a própria carreira, duas coisas que estiveram estagnadas por muito tempo. Era um ano novo, recordou Diana. O momento perfeito para começos."

Quem quer que a olhasse seria incapaz de perceber o tumulto que se passava em seu interior. Toda uma vida de regras a forçou a adquirir o equilíbrio necessário para jamais deixar transparecer o que estava sentindo ou pensando. Por fora, era uma completa dama, do jeito que sua tia a educou para ser. Mas por dentro... Queria gritar, quebrar alguma coisa, fazê-los entender o quanto ainda doía. E que nenhum convite educado seria suficiente para apagar tantos anos de rejeição e abandono. 

Um dia, ela havia considerado Justin o seu herói. O irmão mais velho que sempre a protegeria, que estaria ao seu lado nos momentos que mais precisasse. Todavia, aos seis anos de idade, se viu privada de tudo o que dava como certo. Seus pais foram embora, vítimas de um acidente. E em meio a toda confusão e dor pela perda repentina, ela se viu levada para outro lugar e entregue, pelas mãos do irmão, a uma tia que desconhecia e não fazia o menor esforço para esconder que apenas a aceitava por obrigação, por um dever moral. 

No início, ela acreditou que seus pais não tinham morrido de verdade. Que se fosse uma boa menina, eles voltariam. Ao ser abandonada também pelo irmão, prometeu a si mesma que seria educada, que obedeceria a tia e assim seu irmão voltaria para lhe buscar, que ele só tinha feito aquilo porque ela era uma criança difícil. Porém, o tempo passou e nenhum bom comportamento bastou para trazê-lo de volta. Foram anos e anos de ausência. Nem mesmo uma carta, um telefonema... nada. Era como se ele a tivesse apagado de sua vida. 

Agora, tantos anos depois, ela já não necessitava mais dele. Aprendeu a se virar sozinha, tornou-se forte para suportar a vida ao lado de uma parente que a via como uma boneca sem sentimentos. Formada em Direito, finalmente via-se livre das amarras que a prenderam por tanto tempo. E então veio o convite. Inesperado e certeiro. Todo o necessário para despertar antigas mágoas. 

Levada por um impulso, Diana resolveu aceitar a passagem que a cunhada lhe enviou e passar alguns dias no hotel de seu irmão. O que para Serena talvez fosse uma oportunidade de aproximação, para Diana nada mais era que a chance de satisfazer uma curiosidade. Já não pensava mais em Justin. Iria, cumpriria o seu dever e depois iria embora, sem olhar para trás. Porque era impossível sentir falta de algo que nunca se teve. 

Porém, todos os seus planos de manter-se fria durante aqueles dias sofrem sérios abalos assim que ela coloca os pés para fora do avião. Enviado para buscá-la, Caine MacGregor parecia capaz de lê-la com um simples olhar. Ninguém jamais a encarara daquele jeito... como se pudesse despi-la física e emocionalmente. Como se a conhecesse mais profundamente do que ela própria. 

"Diana sentiu um desejo de ser segurada, guiada e possuída aparecer inesperadamente. De alguma forma, sabia que Caine poderia lhe dar tudo o que desejava. Não haveria perguntas sem resposta ou incertezas, apenas inundações de prazer e paixão. Com apenas um toque, poderia entrar num mundo inebriante e proibido onde não havia razão, pensamentos ou justificativas."

Talvez fosse fácil lidar com o irmão que já não conhecia. Mas como lidar com Caine? Como suportar sua aproximação, suas palavras provocantes e beijos roubados? Como não se render? Não sabia o que acontecia quando ele estava por perto, mas realmente não estava preparada para confiar em alguém, muito menos nele. Fosse o que fosse que estava começando, precisava acabar.

E nessa luta entre razão e coração não é sequer necessário anunciar o vencedor...

- Ao longo da leitura de Jogo de Sedução, conhecemos um pouco da história entre Justin (protagonista do primeiro livro) e Diana, sua irmã. Mas nada se compara a ver as coisas através dos olhos dela, enxergando a menininha perdida e assustada que ela foi, abandonada duas vezes e desejando que tudo não passasse de um pesadelo. Senti muito por essa menina e cheguei a sentir raiva do Justin, embora entenda que ele não teve escolha, que fez o que considerou melhor para ela. Acaba por ser muito triste imaginar tudo o que perderam, uma relação entre irmãos destruída por uma separação inevitável, pelo desastre da morte de seus pais. 

E enquanto Serena tinha crescido num lar cheio de amor, querida e atormentada pelos irmãos, Justin foi obrigado a se criar sozinho, após deixar a irmã aos cuidados de uma tia, sabendo que não poderia mais buscá-la, que talvez jamais voltasse a vê-la. Assim, duas pessoas com passados opostos, mas personalidades parecidas se envolvem e se apaixonam, provocando muita confusão em suas próprias vidas antes de finalmente admitirem que desejam construir uma relação juntos. Da mesma forma tem início o relacionamento entre Caine e Diana, mas aqui as coisas são mais complicadas. 

"Só havia uma pessoa em que podia confiar e depender completamente: ela mesma. Percebera isso anos atrás, quando tinha conhecido a dor da perda e o medo da solidão. Ela não passaria por isso novamente."

Dona de uma personalidade e tanto, Diana é uma mocinha forte, que sabe o que quer e luta por isso. Não quer apenas um cantinho no mundo ou uma vida pacata. Quer viver fortes emoções, construir uma carreira de sucesso e travar desgastantes e fascinantes brigas nos tribunais. Não era à toa que escolhera o Direito, sobretudo a área penal. E homem algum a impediria de chegar onde desejava. Não importava o quanto ele mexesse com ela, como fossem irresistíveis ou seus beijos e carícias. Tinha um objetivo. E Caine não fazia parte dos seus planos. 

Em contrapartida, Caine sabia bem onde queria Diana. E manter distância era algo que estava fora de cogitação. Percebera uma ligação forte com ela assim que seus olhos se cruzaram pela primeira vez. Conheceu seu momento de maior vulnerabilidade e a consolou contra o seu peito mesmo quando ela lutou para manter a imagem de mulher fria. E quanto mais se envolvia mais desejava tê-la em sua vida. Só que derrubar as defesas daquela bela e teimosa mulher não seria a tarefa mais fácil do mundo. Que bom que ele amava grandes desafios... 

"Eu pedi mais de uma vez que confiasse em mim. Não sou eu que assusto você, Diana. São seus fantasmas e suas dúvidas."

- Eu amei os protagonistas desta história! Não que eu não tenha chegado a desejar esganar a Diana em nenhum momento (risos), mas pude entender suas reservas, seu medo, sua falta de confiança num homem que estava lhe oferecendo tudo. Que a aceitava como ela era sem tentar mudá-la. Que sabia dar conforto em silêncio, ouvir suas palavras, entender sua profissão e angústias. Caine era completamente perfeito para Diana, mas o passado a fazia construir muros e mantê-lo do lado de fora. Somente um homem tão teimoso como ele seria capaz de ultrapassar cada barreira que ela levantava. Aquilo não era para qualquer um.rsrs

O livro é muito bom, divertido, leve, ótimo para livrar-se do estresse deixado por histórias mais complicadas. :)



Segundo a internet, os livros que fazem parte da série Os MacGregors são:

1- Jogo de Sedução 
2- Destino Tentador
3- Orgulho e Paixão
4- Encanto da Luz
5- Hoje e Sempre (flashback do romance entre Daniel e Anna, os pais de Serena)
6- Rebelde (histórico!)
7- Um Mundo Novo (histórico!)
8- Instinto do Amor
9- Beijos que Conquistam
10- Amor Nunca é Demais

11- Um Vizinho Perfeito
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