1- Nunca antes tinha confessado minha idade aqui no blog. Porque detesto falar quantos anos tenho.kkkkk...
2- Sou do signo de câncer e quando era mais nova lia tudo o que podia sobre o meu signo. E outros mais. Era uma expert no assunto.rs
3- Luna é meu pseudônimo. E também um apelido. Surgiu porque algumas amizades mais próximas diziam que eu era "de Lua". Quando decidi criar o blog não hesitei antes de adotar o nome de Luna, pois me identifico muito com ele e sou tanto chamada por meu nome verdadeiro quanto por Luna.
4- Já finalizei um livro, mas ainda não me sinto satisfeita com a maneira como o escrevi. Tentei reescrevê-lo várias vezes e até hoje ele não ficou como eu gostaria.kkkkkkk... Mas os personagens se tornaram de tal maneira parte de mim que penso que um dia ainda voltarei para a história e encontrarei o que procuro nela.
5- No momento, escrevo contos. E quando terminar todo o caderno, os registrarei e publicarei. Mas com um novo pseudônimo. Sim, adoro o mistério.kkkkkkk...
6- Um dos meus maiores defeitos é o perfeccionismo. Porém, hoje em dia, estou mais "moderada". Mais ou menos. Talvez. Quem sabe.rs
7- Meu blog é um dos meus maiores segredos. No início, dava para contar nos dedos de uma mão, e ainda sobrariam dedos, quantas pessoas da "vida real" sabiam da existência dele. Era meu refúgio secreto. Meu cantinho especial. E continua sendo, mas um número um pouco maior de pessoas com as quais convivo já sabem sobre ele.
8- Se pudesse escolher apenas uma série para ver e rever a vida inteira escolheria Lei e Ordem: SVU. Sou fã incondicional desta série. :)
9- Tenho fobia de altura. Estou melhor, mas não num ponto suportável ainda. Venho trabalhando para melhorar há muitos anos e acredito que um dia conseguirei ficar 100% sem pavor de alturas. Não custa nada sonhar.rs
10- Minha cor favorita é azul. Mas não em roupas.
11- Gostaria de conhecer TODAS as bibliotecas públicas do mundo.
12- Se pudesse conhecer apenas três países nesta vida, escolheria Portugal, Espanha e Argentina. Mas quebraria a regra e conheceria a Escócia também.kkkkkk Uma palavra explica o motivo: Outlander.
13- Meu conto preferido é o da Cinderela. Mas tenho uma queda pelo da Bela e a Fera também. Antes de me tornar a leitora que sou hoje, já conhecia todos os contos que tinham parado em minhas mãos. No início da escola, abria os livrinhos de contos não só para olhar as imagens bonitas, mas também para lê-los. Foi assim que surgiu meu amor pelo da Cinderela.
14- Sempre fui louca pelas palavras. Antes mesmo de aprender a ler. E antes de me apaixonar pela leitura eu já amava escrever.
15- Na pré-adolescência fui obcecada pela mitologia greco-romana. Ainda amo, mas não como antes.
16- Meus livros preferidos são os de romance, mas leio coisas variadas e tenho toda uma queda pelos suspenses.rs
17- Não vivo sem músicas assim como minha vida não teria cor sem livros. Ambos são essenciais. E sim, consigo ler ouvindo músicas. E é comum que livros me lembrem letras de canções. Que algumas músicas pareçam feitas especialmente para certos livros.
18- Não tenho religião. Cresci na igreja evangélica, mas um dia, e com motivos, decidi sair. O livro A Cabana, de muitas maneiras, reflete a imagem que tenho de Deus. Um Pai que é a pura essência da palavra Amor. Um Pai que nos ama e perdoa, que não procura apenas nos julgar, que não escolheu nos permitir sofrer e que se pudesse se sacrificaria quantas vezes fosse necessário por nós, ainda que não mereçamos. A religião, para mim, era um obstáculo entre eu e Deus.
19- Acreditem ou não, O Morro dos Ventos Uivantes é um dos meus livros mais queridos. Sei de cor os trechos mais marcantes. :D
20- Meu idioma preferido é o espanhol. Adoro ouvi-lo.kkkkk... E ler também, é claro. Acho as palavras tão lindas quando escritas em castelhano. Mas ouvi-las... Não tem preço!rs Me emocionam muito. E as músicas... Acredito que conheço mais canções em castelhano que em português.rs Meu cantor preferido? Luis Fonsi!!! E sim, AMO Despacito. Mas ainda prefiro:
"Music video by Luis Fonsi performing Respira. (C) 2011 Universal Music Latino"
21- Ainda não decidi se nasci na época errada ou não. Por vezes, penso que sim. E outras, penso que não.kkkkkkk...
22- Sou um tanto dramática. E me preocupo muito, criando tempestades em copos de água.rsrs
23- Necessitaria de várias vidas para ler todos os livros que desejo. E se vivi outras vidas, em todas elas sei que fui apaixonada por livros.
- Este é meu quarto texto para o Projeto Escrevendo Sem Medo. Eu quase não participei deste tema, pois tenho o blog há sete anos e NUNCA tive coragem de revelar minha idade.rs Mas acabei por decidir dividir um pouco mais sobre mim com vocês. Espero que tenham gostado! :)
Este projeto foi criado pela Thamiris do blog Historiar. Clique aqui para conhecê-lo melhor.
*Todas as imagens utilizadas no post foram encontradas no Google Imagens. ** O vídeo foi encontrado no Youtube e compartilhado com o link fornecido pelo próprio Youtube.
Cintia é uma princesa dos dias atuais: antenada, com opiniões próprias, decidida e adora música!
Essa princesa pop morava com os pais em um castelo enorme de onde via toda a cidade. Todas as noites ela olhava pela janela, de onde ficava admirando a vista e sonhando... com um príncipe que ainda não conhecia.
Porém, um dia, o castelo de Cintia desmoronou e com ele tudo à sua volta.
Desiludida, ela deixou de acreditar em romances e teve que reconstruir cada parte de sua vida, sem deixar o mínimo espaço para o amor.
Ela só não contava com um detalhe... Havia mesmo um belo príncipe em sua história. E tudo o que ele mais queria era descongelar o coração da nossa gata (nada) borralheira!
Palavras de uma leitora...
- Não. Eu não vou dizer (de novo!) que o conto da Cinderela é o meu preferido. Claro que não irei dizer.rsrs
Cintia era uma adolescente como outra qualquer. Ou quase. Tinha uma vida perfeita e despreocupada, com as paixonites típicas dessa idade, muita música, amizade e diversão... até pegar seu pai na cama com uma mulher. Que não era sua mãe.
Naquele instante, seu mundo desmoronou. Tudo o que ela dava como certo na vida, seguro, se transformou numa grande confusão e seu coração se partiu. Porque ao trair sua mãe, seu pai também a tinha traído e jogado fora todos os anos que passaram juntos.
"Meu pai não havia sido infiel a ela, apenas. Ele havia jogado fora a nossa família inteira. Todo aquele nosso mundo perfeito. Destruiu o nosso castelo encantado. E os meus sonhos foram embora com ele."
A partir daquele momento, nada mais foi igual. Sua mãe, que costumava viajar a trabalho, começou a passar todo o tempo fora, até que arranjou uma oportunidade única no Japão, onde deveria ficar por três anos. Seu pai, ao perceber que a mãe não desistiria do pedido de divórcio, não demorou a colocar a amante para viver na casa deles, onde Cintia passara toda a sua vida. E com ela, a madrasta ainda levou duas adolescentes insuportáveis, que não demoraram a roubar o lugar que ela possuía na vida do pai.
Sem saber que rumo tomaria sua vida dali pra frente, Cintia se hospedou na casa da tia e trocou os vestidos que um dia amara por roupas pretas e tênis. E se afogou ainda mais na música que antes apenas a divertia e agora se transformara num refúgio. Mas tudo volta a sofrer uma reviravolta quando ela conhece o rapaz que a faria voltar a acreditar no amor...
Será que sua música e a magia que parecia tomar conta do ambiente quando ela olhava em seus olhos... conseguiria curar um coração que tinha medo de amar? Cintia não queria se apaixonar. O amor era ilusão. Mas... aqueles olhos... aquela voz... Será que existia uma chance, por mais remota que fosse, do amor não ser uma completa mentira? Existia isso... em algum lugar? Existiria... para ela?
- Eu já tinha ouvido falar da Paula Pimenta antes. Muitas vezes, na verdade. Tenho uma amiga que é bem exigente com suas leituras e costuma ler coisas mais clássicas. E essa mesma pessoa nunca cansou de me recomendar as histórias desta autora. Tanto que passei a dar os livros dela de presente para a minha prima (um dos anjos da minha vida... meu tesouro que eu vi nascer e crescer) mesmo sem jamais ter lido um livro da autora antes. Eu imaginava que ela devia ser muito boa. E agora que li Cinderela Pop, entendo porque ela é tão querida entre o público infantojuvenil e até mesmo entre os adultos.
O livro me pegou ainda na primeira página. Eu tinha expectativas, mas estava com os pés no chão, pois sou extremamente crítica quando se trata de releituras do meu conto querido. Mas conforme fui lendo, mais e mais envolvida eu ficava e fui devorando página após outra louca para ver como tudo terminaria.... como seria o "felizes para sempre" da Cintia e do seu príncipe encantado que ela odiava antes mesmo de conhecer. E não me decepcionei. Claro que existiram coisas que eu desejava que tivessem acontecido de maneira diferente, mas ainda assim a história é maravilhosa e valeu muito a pena!
- Eu senti uma ternura muito grande pela Cintia. A menina ingênua e sonhadora que não imaginava que algo pudesse atingir a vida que ela conhecia, que ela dava como certa. E muito menos pensaria que seu próprio pai partiria seu coração e mostraria não amá-la tanto como ela acreditava. Não pude deixar de pensar que as atitudes daquele verme são muito comuns na vida real. Existem aos montes por aí! Homens como ele! Que ficam encantados por uma vadia qualquer e trocam a família e os próprios filhos por uma vida ao lado delas.
Que ele tenha percebido que não era feliz com a mãe da Cintia, tudo bem. Não era obrigado a ficar com alguém que ele não amava. Mas ele deu as costas para a própria filha. A Cintia ficou em último plano em sua vida. Tudo passou a girar em volta de sua nova mulher e das filhas dela. Filhas que ele passou a ver como dele. "Filhas" que ele permitiu que invadissem o lugar da verdadeira filha dele, que entrassem em seu quarto e "apagassem" de cada canto as lembranças de que um dia ela tinha vivido naquele lugar. Ele permitia que a mulher dele tratasse a nossa mocinha como se ela fosse um nada, como se estivesse sobrando na vida do próprio pai. E, em todo tempo, ele se fazia de cego, como se não percebesse que a mulher odiava a Cintia e se pudesse a faria desaparecer.
Cada vez que o pai da mocinha se manifestava, era para tomar as piores decisões em relação à ela. Sempre manipulado pela vaca que ele ousava chamar de sua mulher. Eu senti um desprezo enorme por aquele projeto malfeito de pai. E o que mais me enojou foi saber que existem muitos como ele. Existem pessoas que não merecem ter o privilégio de serem pais...
- A autora não se concentra tanto nos dramas envolvendo o relacionamento da Cintia com os pais, pois a intenção é que a história seja leve, divertida e romântica, com apenas um toque dramático. Ainda assim, não pude ignorar a forma como ela foi negligenciada. Não só por um pai cego e egoísta, mas também por uma mãe que estava bem mais preocupada em viver a própria vida do que estar ao lado da filha no pior momento da vida dela. Não costumo me fazer de cega e ignorar coisas assim. O que eu mais desejei foi que a Cintia desse um passo em direção ao seu príncipe e fosse para bem longe daquele lugar com ele. Viver a própria vida.
"Cinderela Pop... Nem tive a chance de me despedir. Você realmente desapareceu às doze badaladas!"
- Achei bem fofa a história dela com o Fredy! :) Não posso contar muita coisa nem como eles se conhecem, pois o livro é bem curtinho e apreciei muito lê-lo sem saber certas coisas... Foi bom simplesmente descobrir tudo com os personagens e ver como ia fluindo... Os dois são realmente lindos juntos! E não pude deixar de pensar que mereciam mais páginas, uma chance de nos mostrar mais do que puderam. Eles tinham enorme potencial, mas o livro é realmente um conto. E a gente fica apenas imaginando o que aconteceu depois...
"Meu amor. Aquelas palavras, ainda que ditas apenas em pensamento, me assustaram. Mas era exatamente aquilo. Em poucos dias, aquele menino tinha se tornado parte do meu mundo e mudado tudo, mas meu amor teria que ficar ali. Escondido no meu coração."
- Eu gostaria de comentar mais coisas, mas falaria demais.rsrs Por isso, paro por aqui. E claro que recomendo a história! Eu apreciei muito! Pretendo seguir lendo esta série de releituras de contos de fadas. E aí vocês podem perguntar por que não comecei pelo primeiro cujo título é Princesa Adormecida. É simples: nunca fui fã da Aurora, do conto A Bela Adormecida. É o meu conto menos querido. Qualquer um vem antes dele, gente.rs Não sei o motivo. Não sei bem por que não gosto. Simplesmente não é um conto que tenha me conquistado.
Cinderela Pop foi minhas escolha para o tema deste mês do Desafio 12 Meses Literários. Em abril o tema é uma releitura de conto de fadas. Não havia a menor possibilidade de eu escolher outro que não fosse o da Cinderela.kkkkkkk... E foi bem fácil escolher este livro, pois há tempos eu queria ler algo da Paula Pimenta, além de ter decidido que preciso conhecer mais autores brasileiros. Até agora, dei imensa sorte com os meus escolhidos para o desafio. :)
Um amor que transcende tudo que ousaríamos imaginar conseguirá resistir a um futuro incerto?
No início da guerra, em 22 de junho de 1941, o dia em que Alexander e Tatiana se conheceram, havia três milhões de civis em Leningrado. Na primavera de 1942, apenas um milhão de pessoas permaneciam ali. E o cerco não havia terminado.
Depois de deixar Tatiana e Dasha Metanova dentro de um caminhão que seguia pela Estrada da Vida com destino a Molotov, Alexander não tinha nada além de esperanças. Não havia uma única correspondência sequer de Dasha ou Tatiana, nada que indicasse que ambas haviam chegado em segurança a seu destino.
Na segunda parte de uma das maiores sagas de amor de todos os tempos, será praticamente impossível conter a emoção ao acompanhar a busca obstinada do ilustre oficial do Exército Vermelho, Alexander Belov, por sua Tatia. E ainda mais arrebatador presenciar se eles conseguirão viver esse intenso amor diante de tantas ameaças, em meio ao cruel cenário da Segunda Guerra Mundial.
Palavras de uma leitora...
"Por favor, Deus, Alexander orava, não permitas que ela continue a me amar, mas permitas que ela viva."
Deveria ser proibido por lei que um livro terminasse desta maneira... Sinto-me tão destroçada que mal tenho forças para escrever. Paullina Simons sabe bem como acabar com o coração de seus leitores. E eu que achava que a Florencia Bonelli era a mais sádica de todas, seguida bem de perto pela Diana Gabaldon! Mas depois deste livro... cheguei à conclusão de que elas fazem parte do mesmo clube e provavelmente se reúnem e tomam chá (ou algo mais forte, quem sabe) enquanto pensam em formas de nos torturar.
"Quando Alexander finalmente caminhou em direção a Lazarevo, sem saber se Tatiana estava viva ou morta, sentiu-se um homem caminhando para sua própria execução."
Antes de tudo... A resenha, sem sombra de dúvidas, terá spoilers. Tanto sobre a primeira parte da história quanto sobre a segunda. Não há maneira de eu conseguir me controlar, gente. Portanto, se não querem saber segredos do livro, parem de ler imediatamente esta resenha!
"- Ver você - disse Tatiana - traz tudo de volta, não é mesmo? As feridas ainda estão abertas.
Então, ergueu os olhos e olhou para ele. E Alexander viu as feridas."
- Em minha estúpida ingenuidade, acreditei que tudo de pior que poderia acontecer nesta história já tinha acontecido na primeira parte. Foram tantos momentos de dor e lágrimas, tantas perdas insuportáveis que eu pensei: "Agora, o que quer que venha, será tolerável. Não doerá tanto." Que burra eu fui, não é? Tudo o que se passou na Parte 1 não passou de preliminares. A autora estava só se aquecendo. Porque esta segunda parte... depois de algumas páginas "tranquilas" (por assim dizer) veio com tudo, nos destruindo de novo. No lugar da Tatiana, eu já não teria forças para nada. Ela é uma das mais corajosas e guerreiras mocinhas que tive o privilégio de conhecer.
"- Por favor, me perdoe, Tatiana - disse Alexander -, por ter machucado seu coração perfeito com o meu rosto frio e indiferente. Meu coração sempre esteve transbordante de você e nunca foi indiferente. Você não merecia nada do que recebeu, do que teve que suportar. Nada de nada. Nem de sua irmã nem de Leningrado e, com certeza, nem de mim."
- Quem leu minha resenha sobre a primeira parte sabe quais eram minhas críticas ao Alexander, o mocinho desta história. Conhece todos os problemas que tive com ele e quanto desejei que a Tatiana o mandasse para o inferno. Então, não irei repetir o que já disse na outra resenha. Mas, Luna, sua opinião sobre ele mudou? Não sobre o que ele fez com a Dasha, não sobre suas mentiras. Mas... algumas coisas mudaram. Algo dentro do meu coração mudou sem que eu desejasse, antes mesmo de chegar a perceber... Só soube que meus sentimentos pelo Alexander tinham se alterado quando doeu tanto o final do livro. Ali é que eu percebi que eu me importava com ele. Muito.
"- Alexander, você estava me procurando?
- Minha vida inteira."
- Durante o cerco feito pelos alemães à cidade de Leningrado, milhares e milhares de pessoas morreram não só vítimas dos bombardeios de uma guerra insana, mas, sobretudo, de fome. Entre essas pessoas, estava boa parte da família de Tatiana. No fim, só restava Dasha e ela. E Dasha estava morrendo. Enquanto seu estômago vazio já não tinha forças nem para suplicar por comida, a tuberculose começou a tomar conta de seu corpo, matando-a lentamente. Era o último parente que restava a nossa Tatiana. E ela lutou até o fim pela vida da irmã, chegando a colocar ar de seu próprio corpo na boca de Dasha, numa das cenas mais tristes que já li.
"Por intermináveis minutos, Tatiana respirou na boca de Dasha, para dentro dos pulmões de Dasha, o raso sussurro de vida." [O Cavaleiro de Bronze - Parte 1]
Mas nada foi suficiente... E, depois de uma luta perdida, Dasha partiu e com ela todas as coisas que as irmãs ainda poderiam ter partilhado se a guerra não tivesse feito dela mais uma vítima. Tudo o que restou foram as lembranças de um passado que já parecia bem distante. Lembranças de uma jovem alegre e apaixonada, alguém que amava viver e durante quase toda a vida protegeu a Tatiana, sendo a primeira a amá-la quando ela nasceu, enquanto todos rodeavam o filho menino. Sendo quem lhe ensinou boa parte das brincadeiras e a poupou das verdades da vida. Se a guerra a tornou egoísta, isso em nada apagava tudo o que viveram e construíram juntas, um laço que ia além do de sangue.
"Naquela noite, Tatiana e Dasha deitaram abraçadas.
- Não me abandone, Tania. Não posso seguir adiante sem você."
- Elas tinham conseguido escapar de Leningrado quando Dasha se foi. Quando finalmente foi possível para Alexander conseguir tirá-las daquela cidade que parecia só cheirar a dor, medo e morte àquela altura, já era tarde demais para Dasha. E Tatiana também não estava em boas condições. A travessia foi extremamente difícil e a irmã dela já agonizava quando finalmente estavam em "segurança". E eu nunca, jamais mesmo, serei capaz de esquecer aquelas cenas. Sei que muitas pessoas preferiram se concentrar no romance entre Tatiana e Alexander ao longo de todo o livro, mas eu não fui uma delas. Eles não eram os únicos a sofrer, a sentir, a querer viver e ser feliz. Muitos outros personagens foram importantes para mim e a Dasha foi uma das principais. Aquela cuja lembrança vai estar sempre comigo. A morte dela foi um dos golpes mais duros deste livro. Ainda não superei. E creio que isso não vai acontecer um dia.
"Querido Deus, por favor, deixe a minha única irmã Dasha nadar em paz e nunca sentir frio outra vez, e por favor... deixe que ela tenha todo o pão diário que possa comer, lá em cima no céu..." [O Cavaleiro de Bronze - Parte 1]
- Apenas lembrar... já me deixa em lágrimas de novo. Me entristece demais que ela não tenha conseguido ser feliz. O que me conforta é saber que, apesar de qualquer coisa, ela desejava que a Tatiana tivesse a chance que ela não teve. Pois, independente de tudo e de todas as mentiras, ela amou a irmã até o fim. Que a prece de Tatiana tenha sido atendida. Que ela tenha conseguido descansar em paz...
"Eu sei quem sou, pensou ela [...] Eu sou Tatiana. E eu acredito, tenho esperança e vou amar Alexander por toda a vida."
- Não duvido, nem por um segundo, disto. São poucos os casais, mesmo nos livros, que se amaram com tanta intensidade e entrega como Alexander e Tatiana. Tudo o que suportaram juntos... Se uma coisa sempre foi verdade e conseguiu passar por cima de cada traição, mentira e segredo, foi o amor deles. Algo que nem a morte conseguiria destruir.
A segunda parte desta história se inicia seis meses após a morte de Dasha. Seis meses de loucura para o Alexander que não fazia a menor ideia se sua amada tinha conseguido ou não sobreviver. Durante todo esse tempo, Tatiana não lhe escreveu uma só vez e enquanto lutava para sobreviver à guerra, no único intuito de voltar a vê-la... de estar novamente ao seu lado, o desespero era sua constante companhia... sem mencionar o medo terrível de que ela não tivesse suportado. Ele não seria capaz de viver num mundo em que ela não estivesse. Ela era sua luz. O seu milagre. A prova de que realmente existia um Deus. Sem ela, ele não conseguiria seguir respirando. De nada valeria a vida.
"Ela o perdoaria? Por deixá-la, por morrer, por matá-la?"
- Já não suportando mais aquele silêncio, Alexander suplica por um período de licença para ir até Lazarevo, onde Tatiana planejava ir quando ele a tirou de Leningrado. E esta simples decisão... sela mais uma vez o destino dos dois. Porque se tinha um amor que parecia condenado, era o deles. Porque não importava o quanto eles buscassem apenas um ao outro e a felicidade que encontravam quando se abraçavam e se amavam, não só Dimitri, Hitler o fantasma de Dasha estava entre eles, mas a própria União Soviética... Naquela vida, eles não eram livres para se amar.
"Vou flutuar na minha dor e no meu coração; vou flutuar e não sentir mais nada. É tudo o que eu quero. Não sentir mais."
- Quando chega a Lazerevo, Alexander encontra uma Tatiana diferente. Não só recuperada fisicamente, mas também bem mais madura do que a jovem menina por quem ele se apaixonou num ponto de ônibus em Leningrado, quando a guerra apenas começava. E em seus olhos... estavam todas as marcas de um passado recente. De cada pessoa amada que ela enterrou, de cada saudade, de todos os horrores que ela foi obrigada a testemunhar e que a perseguiriam para sempre. E embora naqueles olhos também existissem mágoas por tudo o que se passou entre eles, naquele triângulo amoroso no qual traíram sua própria irmã, ainda existia amor. Porque nem mesmo o mais insuportável sofrimento foi capaz de apagá-lo de seu coração. Ele era seu primeiro amor. E seria o último.
"- Tania, quando eu encontrei você, eu senti intensamente aquelas uma ou duas horas que passamos juntos... antes de Dimitri, antes de Dasha... que eu estava encontrando a minha vida"
Da dor, eles constroem uma ponte de volta um para o outro. Porque só juntos seriam capazes de se curar. E com o passar do tempo, preenchem cada dia com toda a felicidade que conseguiam sentir. Com toques, carícias, amor... Se entregam como não puderam em Leningrado. Se amam como não foram capazes de demonstrar antes. Ali em Lazarevo, a guerra parecia distante... e os perigos que antes eram tão ameaçadores já não poderiam alcançá-los. Durante aquelas poucas semanas, eles disseram, mesmo sem palavras, que se amavam naqueles momentos e se amariam para sempre, não importava o quanto o futuro fosse incerto. Mas... quando tudo chega ao fim...
"- Tania... você e eu tivemos só um momento... - disse Alexander. - Um único momento no tempo, no seu tempo e no meu... um instante, quando uma outra vida ainda podia ser possível"
- Ainda na primeira parte, nós conhecemos o grande segredo que Alexander carregava. Um segredo capaz de condená-lo à morte, levando com ele aqueles que ele amava. Um segredo que condena nossa mocinha, quando o amor deles é forte demais para que consigam ficar separados.
"Aonde quer que seja, eu vou com você. Mas se você ficar, eu também fico."
Muitos anos antes... quando nosso mocinho era apenas uma criança, seus pais, dois americanos com uma vida perfeita, decidiram que estavam cansados do capitalismo e da política de governo dos Estados Unidos. Eles tinham outras ideologias e a União Soviética parecia o único lugar capaz de permitir que eles fossem exatamente o que desejavam. Dariam adeus aos privilégios que tinham em seu país e renunciariam à sua cidadania americana. Começariam do zero. E foi o que fizeram... o que não conseguiram perceber, cegos pelo que acreditavam, é que, ao sair da segurança dos Estados Unidos para um país dominado por uma ditadura, estavam assinando a própria sentença de morte.
Os primeiros anos até foram agradáveis. Todos pareciam recebê-los de braços abertos, como se ignorassem que eles eram americanos. Mas então... as dificuldades começaram. E conforme as coisas ficavam piores, os olhos dos pais de Alexander se abriam. Só que não existia mais volta. Era impossível fugir. E assim, acusados de traição e sem direito a um julgamento justo, seus pais foram fuzilados. Alexander, ainda bem novo, apenas um adolescente, também foi condenado.
Ainda em luto pela morte dos pais, Alexander consegue escapar dos soldados de Stálin, o ditador que governava o país naquele momento, assumindo uma nova identidade. Mas ele escapa apenas da morte e não da União Soviética. E tudo poderia ser um recomeço... se ele não tivesse confiado seu maior segredo à pessoa errada: Dimitri.
Ao descobrir que seu pai ainda estava vivo e querendo revê-lo pela última vez, Alexander se aproxima de Dimitri, com quem faz amizade. Isso porque Dimitri era filho de um dos homens que "guardava" o pai de Alexander na prisão. Confiando toda a verdade ao amigo, Alexander consegue se despedir do pai... mas o preço por esta despedida não demoraria a se tornar alto demais...
A partir daquele instante, Dimitri se tornou sua sombra. Não existia um só segundo em que ele pudesse ter paz. Dissimulado, fingia sentir por Alexander um carinho enorme, como se fossem irmãos, mas de seus olhos transbordava a inveja por cada conquista do Alexander com o passar dos anos. Tudo o que ele tivesse, o Dimitri cobiçava. E se ainda não tinha entregado o seu "grande amigo" às autoridades, para ter o privilégio de vê-lo ser torturado e fuzilado, era porque queria usá-lo para sair da União Soviética. Alexander, como americano, era seu passaporte para uma outra vida.
Mas... quando Tatiana se mete em seu caminho... é só uma questão de tempo para a verdade explodir. E quantos seriam os atingidos?
"Ele sabia qual era o preço por Tatiana."
- Eu realmente preciso contar tudo o que se passa no final deste livro? Qualquer um consegue adivinhar que uma hora aquele segredo tão ameaçador vem à tona... e as consequências... são insuportáveis, gente.
Embora eu tenha sido capaz de imaginar (e até sabia de fato o que aconteceria, pois já conhecia alguns segredos da história), nada me preparou para o que aconteceu. Eu senti tanta raiva e uma sensação de impotência tão grande! Quis gritar para eles fugirem. Para largarem tudo e escaparem. Ou, pelo menos, tentarem. Juntos. Sempre juntos. Por que de que valeria tudo? Depois de tudo pelo que passaram, eles tinham que ficar juntos. Não seria aceitável nada diferente. E quanto mais eu lia... mais desesperada ficava. E não há dúvidas de que desejei matar o Dimitri com minhas próprias mãos. Lenta e dolorosamente.
"Alexander sussurrou para ela: Tatiana! Não terás medo do terror da noite... nem da flecha que voa durante o dia... nem da peste que caminha na escuridão... nem da destruição que ataca ao meio-dia. Um dia, mil cairão ao teu lado, e dez mil à sua direita, mas nada se aproximará de ti."
- Sei que desprezei o Alexander durante boa parte desta história. Sei bem disso. Eu sentia uma antipatia muito forte por ele. E não sem razão. Tinha meus motivos e não mudei de opinião sobre eles. Mas mesmo enquanto o desprezava, nunca disse que ele não era uma boa pessoa. E ao longo desta segunda parte, pude conhecê-lo melhor... suas escolhas, seu caráter, a forma como ele se importava com os outros e abria mão de si mesmo por aqueles que precisassem. Mas, acima de tudo, o quanto o seu amor pela Tatiana era forte. Tudo o que ele seria capaz de fazer por ela. A vida que ele seria capaz de dar por sua pequena Tania. Aquela que era o seu coração. E ver os sacrifícios que ele faz para que ela tenha uma chance... é mais do que doloroso. Não estava preparada para as emoções que me invadiram, para o desespero que eu senti. Foi um final inaceitável. E não estou nada feliz com esta autora. As coisas não podiam terminar assim! Sei que vai existir uma continuação... mas irei ver algo semelhante ao que encontro em Outlander: dor, dor, dor, longas separações e mais dor. Uma luta constante contra uma vida que vai tentar mantê-los separados. Uma luta contra os fantasmas que os traumas deixam, um amor mais uma vez machucado.
"Adeus, minha canção da lua, ar que eu respiro, minhas noites brancas e dias dourados, minha água doce e meu fogo. Adeus, que você tenha uma vida melhor, torne a encontrar consolo e o seu sorriso incansável. E, quando sua face adorada se iluminar mais uma vez ao nascer do sol do Ocidente, tenha a certeza de que o que senti por você não foi em vão. Adeus e tenha fé, minha Tatiana."
- Este final me deixou muito mal. Triste é pouco. Me sinto lançada no chão por esta autora e o que ela teve a coragem de fazer com os protagonistas. Será que já não bastava tudo o que eles tinham passado? Não foi suficiente para o desejo dela de fazê-los sofrer? E só de pensar que isso é só o início...
Esta história mexeu comigo bem mais do que eu sabia que ela mexeria. Foram tantas coisas que vivi ao lado dos personagens... Não só dos protagonistas, mas de todos aqueles que ficaram pelo caminho, vítimas de uma guerra que, na vida real, também levou milhões de pessoas pelo mundo. Tantos sonhos destruídos em vão... Tantas vidas perdidas por nada...
"Uma lágrima escapou do olho de Tatiana, por mais que ela tentasse ser forte.
- Por favor, não morra - murmurou ela. - Eu não conseguiria enterrá-lo. Eu já enterrei todos os outros."
- Ah, Tatiana... Ninguém merece passar por toda a dor que esta mocinha passou. Todas as mágoas, todas as vezes em que seu coração foi feito em pedaços e cada familiar que ela teve que enterrar, cada pessoa querida que ficou para trás. E mesmo quando ela acreditava já não ter forças, sempre seguia em frente, levantando-se das cinzas. Porque um dia ela prometeu a ele que viveria... e mesmo quando desejava desistir e deixar que a morte a levasse... ela mantinha sua promessa. Respirava por ele. Vivia por ele.
No fim, foi impossível não dar 5 estrelas a este livro. E ele já tem seu lugar entre os preferidos do ano e de toda a minha vida. E claro que o recomendo! Mas esteja ciente de que esta história vai provocar uma enorme bagunça dentro de você. E que você vai chorar muito. Muito mesmo.
Durante um viagem de fim de semana, a filha mais nova de Mack Allen Phillips é raptada e evidências de que ela foi brutalmente assassinada são encontradas numa cabana abandonada.
Após quatro anos vivendo numa tristeza profunda causada pela culpa e pela saudade da menina, Mack recebe um estranho bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o a voltar à cabana onde aconteceu a tragédia.
Apesar de desconfiado, ele vai ao local numa tarde de inverno e adentra passo a passo o cenário de seu mais terrível pesadelo. Mas o que ele encontra lá muda o seu destino para sempre.
Em um mundo cruel e injusto, A Cabana levanta um questionamento atemporal: se Deus é tão poderoso, por que não faz nada para amenizar o nosso sofrimento?
As respostas que Mack encontra vão surpreender você e podem transformar sua vida de maneira tão profunda como aconteceu com ele. Você vai querer partilhar este livro com todas as pessoas que ama.
Palavras de uma leitora...
"Quase sem pensar e sem afastar os olhos da televisão, Mack estendeu a mão para a mesinha de canto, pegou um porta-retrato com a imagem de uma menininha e o apertou contra o peito."
- Faz oito anos que li esta história. Numa época em que nunca tinha ouvido sequer falar do livro. E no momento em que mais necessitava dele. Quando folheei suas páginas e iniciei a leitura... não tinha ideia de tudo o que encontraria, das lágrimas que insistiriam em rolar pelo meu rosto, das lições que levaria para sempre comigo. Me marcou de uma forma que... não dá para explicar. Este é um dos motivos para eu ter demorado tanto em escrever sobre ele. E mesmo agora... enquanto tento colocar em palavras o que sinto, penso em desistir. Como falar de uma história que transformou minha vida? Que mudou minha maneira de ver o mundo e me deu o conforto que eu tanto precisava? Como falar dele se o simples fato de recordar já me deixa em lágrimas?
"Desesperado e derrotado, Mack se deixou cair no chão, perto da mancha de sangue. Tocou-a com cuidado. Era tudo o que restava de sua Missy. Deitado junto dela, os dedos acompanharam com ternura as bordas descoloridas e ele sussurrou baixinho:
- Missy, desculpe. Desculpe se não pude proteger você. Desculpe se não pude encontrar você."
- Quando penso na pior dor que existe neste mundo, não tenho dúvidas de qual é. Sei que não existe nada pior que perder um filho. É uma dor que apenas posso imaginar e só isso... o simples fato de imaginar... já me deixa destroçada. E pior que perder um filho... é perdê-lo porque alguém um dia acordou e decidiu que iria tirar-lhe a vida. Pior que enterrar um filho... é você não poder sequer fazê-lo. É jamais ter encontrado o corpo para chorar sobre ele. É não ter nem mesmo o direito de dar a esse filho um enterro adequado. É imaginar onde seu corpo poderia estar, a maneira como ele morreu... se ele pediu por socorro, se chamou por você. Mackenzie passou por tudo isso. Não só perdeu a sua menininha de apenas seis anos, como jamais teve a chance de enterrá-la. Porque o psicopata que a assassinou deixou apenas o vestido ensanguentado. Todas as buscas não foram suficientes para localizar o corpo. Tudo o que ficou de sua filha foram as manchas de sangue numa cabana abandonada.
"Bom, estou aqui, Deus. E você? Não está em lugar nenhum! Nunca esteve quando precisei, nem quando eu era pequeno, nem quando perdi Missy. Nem agora!"
- Não sei o que conseguirei escrever sobre esta história. Nem sei se terminarei esta resenha. Minhas emoções estão de novo uma bagunça. Sinto-me levada de volta ao passado, ao dia em que recebi este livro de presente, ao dia em que o abri e iniciei a leitura. Sinto tudo aquilo de novo. E não faço ideia do que escrever. Mas aviso que, se você ainda não leu o livro ou assistiu o filme, o melhor é parar de ler este post imediatamente. As chances de spoilers são enormes.
"Seria tão fácil, pensou. 'Chega de lágrimas, chega de dor...' Quase podia ver um abismo preto abrindo-se no chão atrás da arma para a qual estava olhando, uma escuridão que sugava os últimos vestígios de esperança do coração. Matar-se seria um modo de contra-atacar Deus, se Deus ao menos existisse."
Mackenzie era apenas um menino quando se viu sozinho, suplicando pela ajuda de um Deus que parecia não ouvi-lo. Já havia perdido a conta de quantas vezes ouvira os gritos da mãe, enquanto o pai a surrava embriagado como de costume. Sua infância há muito tinha se perdido e tudo o que ele desejava era que Deus pudesse livrar sua mãe daquela dor. Se existia um Deus, por que não o escutava? Por que não impedia tanta dor? Desesperado, Mackenzie buscou socorro na igreja e o resultado foi que seu pai quase o matou depois de amarrá-lo e surrá-lo até já não ter mais forças para isso. Após se recuperar, ele fugiu. Implorando o perdão da mãe e desejando não mais olhar para trás. Nunca mais.
"Eu te amo, Missy. Sinto saudades demais."
- Marcado por um passado impossível de esquecer, Mackenzie não acreditou que um dia poderia encontrar alguém que o entendesse e completasse, que lhe desse a chance de viver a vida com a qual já não era capaz sequer de sonhar. Seu coração estava destruído. Não conseguia sonhar. Mas, então, ela apareceu. Uma mulher que poderia ter escolhido alguém melhor que ele, mas que o amou. De uma forma que ele não merecia. Mas da única maneira capaz de restaurá-lo. De curar as feridas ainda abertas. Nan acreditou nele, enxergou em seu interior algo que ele próprio não via e ao seu lado ele passou os melhores anos de sua vida. Anos de alegria, de risos, de esperança. Ela o ensinou a amar e este amor só foi crescendo conforme seus filhos nasciam. Ao lado dela e daqueles pequenos que o enchiam de um sentimento tão forte, ele soube o que realmente era viver. E reencontrou Deus. Nan foi a ponte para um relacionamento com aquele com quem Mackenzie já tinha rompido. Aquele que ignorou sua dor. Aquele em quem ele não queria acreditar. Mas mesmo após fazer as pazes com Deus, a distância permaneceu. Enquanto Nan tinha um relacionamento profundo com Papai, Mack temia confiar outra vez.
"Quando ia se inclinar para lhes dar um beijo, uma vozinha com um tremor perceptível rompeu a quietude.
- Papai?
- Sim, querida?
- Algum dia eu vou ter de pular de um penhasco?
O coração de Mack doeu quando ele entendeu a verdadeira questão. Abraçou a menininha e a apertou. Com a voz um pouco mais rouca do que o usual, respondeu gentilmente:
- Não, querida. Nunca vou pedir para você pular de um penhasco, nunca, nunca, jamais."
Este foi um dos últimos momentos que Mackenzie passou ao lado de sua filha, de seu pequeno anjinho de seis anos. Se soubesse tudo o que aconteceria nas próximas horas, teria pego o seu bebê nos braços e retornado. Para casa. Para o lado de Nan e de seus outros filhos. Para longe de toda a maldade. Mas como poderia saber? Como imaginar que um monstro lhe tiraria a sua princesa? Que alguém olharia para sua filha e decidiria assassiná-la?
"Ah, meu Deus, me ajude a achá-la... Ah, meu Deus, por favor, me ajude a achá-la."
- Eles estavam acampando. Era para ser um final de semana de diversão e risos, ao lado de três de seus filhos. Daquela vez, Nan não pôde ir com eles. Era só ele e as crianças e tudo estava correndo bem... até ouvir o grito de Kate. Ele estava perto de Missy, enquanto a filha pintava. Mas quando Kate gritou e ele percebeu que Josh estava se afogando, todos os seus instintos o empurraram na direção do filho, do menino que ele precisava salvar. Apavorado, ele correu para a água, sabendo que Missy estava segura. Mas quando retornou, sua filha não estava mais ali. E ele nunca mais a viu.
"Santo Deus, por favor, por favor, por favor, cuide da minha Missy, proteja-a, não deixe que nada de mal lhe aconteça."
As buscas iniciaram. Todos fizeram o possível para encontrá-la e conforme o tempo passava, o desespero aumentava. E não demorou para que os investigadores conectassem aquele novo desaparecimento aos quatro anteriores. Ao desaparecimento de outras meninas com mais ou menos a mesma idade de Missy. Meninas que jamais tinham sido encontradas, mas que todos sabiam que tinham sido assassinadas pelo Matador de Meninas, um psicopata que a polícia ainda não tinha sido capaz de capturar. Missy era sua quinta vítima.
"Mack viu imediatamente o que viera identificar. Virando-se, desmoronou nos braços dos dois amigos e começou a chorar incontrolavelmente. No chão, perto da lareira, estava o vestido de Missy, rasgado e encharcado de sangue."
- Naquele dia, a ponte se rompeu. Ele havia perdoado Deus pelo seu passado... Tinha recomeçado. Tinha construído uma nova vida. Tentava não olhar para trás e nunca deixou de agradecer por todos os presentes que recebeu, pela família que tanto amava, por cada dia. E então... Deus lhe tirou sua filha.
Ao ver o vestido que a filha usava ao desaparecer, largado numa poça de sangue em uma cabana abandonada, Mackenzie sentiu algo se rasgar dentro dele. E virou as costas para Deus.
Quatro anos depois, tomado pela depressão e pelas lembranças da filha que já não estava ao seu lado, tudo o que ele não fazia era viver. Sabia que estava respirando, que o mundo estava seguindo em frente, que sua esposa e seus outros filhos precisavam dele, mas... existia um torpor. Ele só queria que tudo chegasse ao fim. Como seguir em frente quando um pedaço do seu coração ficou para trás? Como voltar a viver... se sua filha estava morta, abandonada num canto qualquer? A verdade é que ele não queria se recuperar. Ele já não queria nada.
Estava nevando quando o convite chegou. Um bilhete em sua caixa de correios. Nenhuma pegada na neve, nenhum rastro. Apenas um bilhete assinado por Papai. Aparentemente escrito por Deus, o convidando a retornar à cabana... onde tudo terminou. Onde ele ainda estava preso. Onde sua filha tinha morrido.
Sem saber no que acreditar e duvidando que Deus tivesse realmente lhe escrito alguma coisa, Mackenzie toma a decisão de ir até aquele lugar... de voltar à cabana. Talvez, por menor que fosse a possibilidade, o assassino tivesse escrito. Talvez ele finalmente pudesse fazer algo contra aquele que matou a sua filha.
"Podia sentir o calor das lágrimas em seus olhos, como se estivessem batendo à porta de seu coração."
E nada poderia prepará-lo para o que ele encontraria naquele lugar... Ao aceitar aquele convite, Mackenzie aceitou muito mais do que esperava. Após aquele final de semana, ele nunca mais seria o mesmo. Todo o seu passado, todas as suas lembranças, as dores que carregava em seu interior, as lágrimas que falavam mais que qualquer palavra... a raiva, o desespero, o sentimento de traição e vazio... Durante todo o final de semana, ele enfrentaria todas as questões que o atormentavam, ao lado de três pessoas que ele já nem sabia se acreditava que existiam.
Quantas pessoas nesta vida podem dizer que tiveram um encontro com Deus? Mackenzie era uma delas. Ele não apenas tivera um encontro com Deus, com aquele que ele considerava um inimigo. Ele também, duvidando da própria sanidade, se via diante daquele de quem um dia ele ouviu falar... do Filho, que se sacrificou numa cruz, muitos e muitos anos antes dele existir. E ainda... do Espírito Santo, o consolador prometido. Naquela cabana, os três o esperavam. Deus, uma mulher negra enorme. Jesus Cristo, um jovem comum com quem Mackenzie sentiu-se imediatamente conectado. E o Espírito Santo, uma mulher pequena e asiática, colecionadora de lágrimas. Seria um sonho? Estaria ele louco? Estaria ele... morto?
"Não sou quem você acha, Mackenzie - As palavras dela não eram raivosas nem defensivas."
- Eu própria estava com a minha fé profundamente abalada quando este livro chegou às minhas mãos. Já nem lembrava o que era sorrir, o que era acreditar. Estava cansada de religião, cansada daquela visão que as igrejas me passavam. De um Deus que eu deveria temer, no sentido de realmente ter medo. De um Deus que parecia se preocupar apenas em punir as pessoas por suas falhas, por seus pecados. Eu me sentia sozinha e muito ferida. Meu mundo estava desabando e não parecia existir saída. Tudo o que eu tinha sonhado estava se desfazendo. Me sentia no fundo do poço, querendo implorar a Deus por ajuda, mas sem forças para isso. E sem acreditar que Ele fosse realmente me escutar. Sem acreditar que Ele se importasse. Meu relacionamento com Deus sempre tinha sido complexo, mas eu nunca tinha me sentido tão abandonada como naquela época. E então... A Cabana.
"Você vê a dor e a morte como males definitivos, e Deus como o traidor definitivo, ou talvez, na melhor das hipóteses, como fundamentalmente indigno de confiança. Você dita os termos, julga meus atos e me declara culpado."
- A Cabana é um livro de ficção, sem nenhuma intenção de apoiar uma outra religião. É a história de um homem que perde aquilo que tinha de mais precioso e que é obrigado a não só lidar com a dor da perda, da saudade, mas também com a culpa que insiste em persegui-lo. A culpa por não ter estado ao lado da filha. Por ter sido incapaz de protegê-la do mundo e... protegê-la de Deus. É a história de um homem golpeado pela vida, traído por aqueles que deveriam cuidar dele quando ainda era criança... que teve sua infância arrancada brutalmente dele e teve que se virar sozinho num mundo mais do que disposto a destruí-lo. Alguém que tinha medo de confiar e mesmo assim se entregou ao amor. Alguém que se reaproximou de Deus apenas para sofrer o pior golpe possível. Alguém que, como muitos de nós, ao estar tão profundamente magoado, culpou a Deus por tudo de ruim que lhe aconteceu, culpou a Deus por não ter protegido a sua filha. Ele poderia ter impedido a morte de Missy, então por quê? Por que permitiu que uma garotinha inocente fosse assassinada? Por quê? Por que não fez nada?
"- Não, eu amo Papai, quem quer que ela seja. Ela é incrível, mas não é nem um pouco como o Deus que eu conheço.
- Talvez sua ideia de Deus esteja errada.
- Talvez. Simplesmente não vejo como Deus pudesse amar Missy com perfeição."
- A Cabana é uma viagem para dentro de nós, para a parte mais necessitada do nosso coração. Ao lado de Mackenzie, Elousia, Jesus, Sarayu e, ainda, a Sophia, nós somos obrigados a enfrentar sentimentos que muitas vezes não temos coragem de deixar vir à tona. Dúvidas e mágoas, arrependimentos, lembranças... É uma história que nos toca a alma e faz com que muitas lágrimas rolem. Lágrimas pela Missy, lágrimas pelo Mackenzie, por aquela família em pedaços... lágrimas por nós mesmos e pelas diversas pessoas que são vítimas da crueldade de outros seres humanos. Choramos pelo que não podemos mudar. Choramos pela esperança, por mais remota que seja, de que algo um dia mude... que este mundo venha a ser melhor. E choramos... também pela linda visão de Deus que este livro nos passa. Uma imagem distante daquela pregada nas igrejas que eu conheci, limitada pela religião. Neste livro, as limitações se rompem. Vemos Deus de uma maneira linda e confortante. Da maneira que eu sempre quis ver. Da maneira que eu acredito que Ele seja. Um Deus que é puro amor. Um Pai que não abandona os seus filhos e não está interessado em sair punindo todo mundo, sendo sempre um juiz e julgando a todos por suas falhas. Um Deus que ama e jamais ignora a nossa dor. Que está sempre ao nosso lado, passando por tudo com a gente.
"- Mack, ela jamais esteve sozinha. Eu nunca a deixei. Nós não a deixamos sequer por um instante. Eu não poderia abandoná-la, nem você, assim como não poderia abandonar a mim mesmo."
- É muito difícil falar desta história. Expressar tudo o que sinto... o quanto ela é importante para mim. Existem livros dos quais não conseguimos falar. Livros que se tornam tão especiais que nos roubam as palavras. Sempre falei desta história para as pessoas, sempre insisti para que a lessem, mas nunca consegui colocar em palavras tudo o que sinto, o tanto que ela mexeu comigo, com as minhas emoções, com as minhas crenças. O quanto ela me transformou e confortou. Chorei demais lendo este livro. Choro sempre que me lembro dos momentos que passei ao lado dos personagens, de tudo que aprendi com eles.
Não concordo completamente com a frase que diz que somos aquilo que lemos. Leio muita coisa.kkkkkk... E não sou tudo que leio. Mas, não tenho dúvidas, que os livros são capazes de nos modificar. Não tenho dúvidas que existem histórias que nos atingem de tal modo que nunca mais somos os mesmos. A Cabana é um destes livros.
"Você já notou que, em sua dor, presume sempre o pior a meu respeito? Estive falando com você durante longo tempo, mas hoje foi a primeira vez que você pôde ouvir."
- Este é um livro que jamais me cansarei de recomendar. É uma história que deve ser lida com o coração, de mente aberta e livre de religiões e pré-conceitos (sim, eu quis escrever exatamente assim). Quando indico a história para alguém sempre digo que, enquanto durar a leitura, ela deve manter afastado aquilo que aprendeu com a religião (seja qual for a religião) e apenas ler o livro. Mais nada. Só ler. Com o coração. Porque, como eu disse antes, ainda que defenda a Trindade e tenha ensinamentos que nos recordam os ensinamentos cristãos, esta história não é sobre religião. É sobre Deus. Amor. Perdão. Recomeço.
"- Por favor, perdoe-me - disse finalmente.
- Já fiz isso há muito tempo, Mack. Se não acredita, pergunte a Jesus. Ele estava lá."
- Eu não quero contar tudo sobre a história. Não falei nem metade de toda a experiência que Mack tem em seu encontro com Deus. Nem se eu quisesse saberia colocar em palavras tudo aquilo. É forte. É lindo. E vocês só poderão ter uma ideia de como nos toca lendo o livro ou assistindo o filme. Sim. Agora irei falar do filme. :)
Quando eu soube que este livro viraria filme mal pude conter a emoção. Foram gritos, pulos, danças e mais gritos. Quis dividir a notícia com todo mundo, ansiando para que o tempo passasse mais rápido para que eu pudesse assistir logo o filme.rsrs E então, o livro foi relançado. Com a capa do filme. Claro que corri para a livraria e com um imenso sorriso no rosto, adquiri o meu novo exemplar, que contém uma nota do autor sobre os dez anos da história e cenas do filme. E tudo o que mais queria era que o filme chegasse logo ao Brasil. Estava cheia de medo de terem estragado a história, confesso. Mas nada me tirava a esperança de que talvez, apenas talvez, tivessem conseguido captar a essência do livro.
O lançamento foi no dia 06 de abril. E no mesmíssimo dia eu estava lá, mal conseguindo me controlar. rsrsrs... A sessão era a do último horário e eu pensei comigo mesma: "Não vai ter quase ninguém na sala. Já está tarde e o filme nem foi muito divulgado." Entrei, escolhi meu lugar e tentei me concentrar em esperar o filme começar. Mas aí... as pessoas foram entrando. E quando olhei para os lugares... a sala estava lotada. Com um sorriso no rosto e um sentimento incrível, esperei. Assim que o filme começou eu soube: ele iria superar todas as minhas expectativas.
Ainda que eu não tivesse lido o livro antes, teria me emocionado. Do início ao fim, a história nos envolve. As cenas mais importantes, mais delicadas e fortes do livro estão todas ali, interpretadas de maneira brilhante pelos atores que dão um show de sensibilidade e talento. Quanto mais eu via mais emocionada ficava. Chorava pelas cenas e também chorava de felicidade por terem tido todo o cuidado de passar a mensagem do livro. Por terem sentido a história, entrado nos personagens, por nos fazerem sentir tudo aquilo com eles, numa das experiências mais lindas da minha vida.
Já vi muitos filmes maravilhosos. Filmes que recordarei para sempre com carinho. Mas poucos foram os que conseguiram me atingir como a adaptação de A Cabana. Cada cena é construída de maneira cuidadosa, cada diálogo, cada lembrança dos personagens... a construção do relacionamento do Mackenzie com Deus, seu amor pela filha, seu sofrimento, sua depressão. Tudo é construído de maneira perfeita, de forma a nos levar para dentro do filme, para dentro da vida do protagonista. E quando a cena mais impactante do livro e do filme é mostrada... Nossa! A sala foi às lágrimas! Eu me abracei em prantos e podia escutar outras pessoas chorando juntas. Todos fomos atingidos pela emoção daquele momento. Nem o livro conseguiu mostrar com tanta verdade a dor do protagonista como o filme mostrou naquela cena especial e dolorosa.
Se recomendo o filme?! Para todos!!! Para quem leu o livro e amou, para quem leu o livro e odiou. Para quem pretende ler a história e até para quem já decidiu que jamais irá ler. Acredito que o filme merece uma chance. Mesmo se você não tiver lido o livro. Pense nele como um filme como vários outros. Um filme que você simplesmente decidiu ver, sem expectativas. Deixe que ele te surpreenda. :)