29 de julho de 2013

Cavalo de Fogo (Congo) - Florencia Bonelli


Trilogia Cavalo de Fogo - Segunda Parte


Ele era um senhor da guerra. Ela lutava pela paz. 

A cirurgiã pediátrica Matilde Martínez viajou de Paris com destino ao Congo guiada por um objetivo: aliviar o sofrimento das crianças castigadas pela violência e pela fome que reinam nesse país africano. Atrás de si, ela deixou uma história de amor complicada, que não consegue esquecer. 

Por sua parte, o soldado profissional, Eliah Al-Saud, chega ao Congo movido por uma ambição: conquistar uma mina de coltan, o mineral mais cobiçado pelos fabricantes de celulares, que lhe renderá grandes benefícios econômicos. Porém, sobretudo, chega ao Congo para recuperar Matilde, quem ele considera a razão de sua vida. Os traumas e segredos que os separaram em Paris seguem latentes e, rodeados por um contexto cruel e carente de justiça, a reconciliação parece impossível. 

No marco da Segunda Guerra do Congo, mais conhecida como Guerra do Coltan, e ameaçados por grupos guerrilheiros muito poderosos, Matilde e Eliah farão de tudo para que o amor triunfe sobre a guerra. 




Palavras de uma leitora...



- Sim. Quatro meses depois de ler Cavalo de Fogo - Paris, eu finalmente consigo continuar a leitura desta trilogia. Mas por que não fiz isso antes? Se amo tanto essa história (como creio que deixei claro com a resenha sobre a primeira parte) por que não segui com a leitura imediatamente após terminar a primeira parte? Por amor. Sim. Exatamente por isso. Eu cheguei a começar a leitura da segunda parte da história, mas as obrigações diárias me roubavam tempo. Quando eu chegava em casa, não tinha tempo para me dedicar de corpo e alma ao livro. Fosse por cansaço ou outras obrigações. E eu não aceitava de modo algum ler aos pingos dessa vez. Estava me estressando. Porque essa história não é como uma história qualquer, que eu posso ler aos poucos. Para ler a trilogia Cavalo de Fogo é necessário mergulhar de corpo, alma, mente e coração. É preciso tempo. E aí... chegaram minhas férias (apenas 10 dias, mas é melhor que nada.kkkkkkk...). E a primeira coisa na qual pensei foi: Eliah e Matilde!!!!!!! Vou poder estar com eles!!!!! Eu quase pulava de felicidade pela casa (na verdade, dei alguns pulos e gritinhos aqui.kkkkkkk...). Era chegada a hora que eu tanto tinha aguardado: o momento de estar novamente com eles. Sentindo tudo com eles. Vivendo tudo com eles. A emoção que eu senti não pode ser descrita. É impossível. Só quem ama muito uma história de amor profunda, inesquecível, arrebatadora como essa, pode me entender. 

- Antes de começar é necessário que eu diga algo: nesta resenha existirá spoiler sobre a primeira parte da história (Cavalo de Fogo - Paris). Quem ainda não leu esse livro, é melhor não seguir lendo a resenha. :) Existirá spoiler também sobre a segunda parte? Não!!!!!! Não quero ser uma estraga-prazeres, desta vez.rsrsrs...


- Livro NÃO recomendado para menores de 18 anos. 



"Sem minha Matilde, não. É simples assim: não vivo sem minha Matilde. Sem ela, só respiro e subsisto."


- Quanta dor uma pessoa pode suportar nesta vida? E aos 16 anos de idade? Matilde não saberia dizer, só sabia que o que sentia era insuportável. Tudo... Tudo estava acabado. Toda a sua vida. Todos os seus sonhos. Destruídos. Por causa de uma doença cruel. Por causa de um câncer em seus ovários. 

Aos 16 anos de idade, Matilde já tinha conhecido o sofrimento. Através do lar desajustado no qual vivia, a tirania da avó, as brigas e o divórcio dos pais, a prisão do pai... Não teve uma infância normal. E a adolescência foi pior ainda. A insegurança e a timidez a dominavam, mas tudo se tornou um verdadeiro inferno quando aquele câncer tomou conta de sua vida, tragando com ele tudo que ela havia sonhado. E sobretudo, o maior sonho da sua vida: o sonho de ser mãe. Ela havia lutado e vencido a doença, mas no final das contas a doença também venceu, pois roubou dela sua razão de viver. Seu maior sonho.

 Para sobreviver ao câncer, Matilde teve que ser submetida a uma cirurgia que lhe tirou os ovários, trompas e útero. Tudo que, segundo os pensamentos dela, a tornavam mulher. Lhe davam sentido. E mesmo depois de todos aqueles anos, a dor ainda era sufocante. Nunca. Nunca ninguém a chamaria de mamãe. Nunca carregaria dentro de seu ventre um bebê. Um fruto de seu amor. Nunca sentiria o que é dar à luz, nunca colocaria o filho para dormir ou o veria dar os primeiros passos. Nunca teria um filho. Nunca saberia o que é ser mãe. Somente uma mulher cujo o sonho de ser mãe lhe é arrancado sem piedade, poderia realmente compreender a sua dor. Poderia entender o vazio que ela sentia em seu interior e o desespero que tomava conta dela. 

Matilde sobreviveu ao câncer e ao sofrimento que a acompanhou (e continua acompanhando) depois que ela soube que seus ovários e útero haviam sido arrancados. Embora fosse uma pessoa insegura e aparentemente vulnerável, carregava dentro de si uma força que nem ela própria sabia possuir. Uma força que a fez continuar e construir novos sonhos. Que a fez lutar, dia após dia, para viver, para superar. Um novo sonho a impulsionou a seguir adiante: ela seria médica. Não tinha vindo a esse mundo à toa. Embora jamais pudesse ter filhos, através dela, da sua dedicação, do seu amor, das suas mãos, vidas seriam salvas. Ela salvaria vidas de pessoas que haviam sido esquecidas por todos. Ela curaria os mais necessitados. Ela não desistiria. E assim, dez longos anos se passam... E ela realiza o seu sonho. Se torna uma brilhante cirurgiã pediátrica e é através de sua profissão, de seu desejo de ajudar os outros, que seu caminho se cruza com o de Eliah Al-Saud, um homem misterioso e perigoso, sedutor, apaixonante...  alguém que poderia lhe levar ao céu, mas também ao inferno. E pela primeira vez em sua vida, Matilde decide arriscar, sem se importar com as consequências. Decide se deixar ser amada. Nem que fosse só uma vez. Uma única vez. Para carregar com ela em sua memória. Pois existia algo em Eliah, alguma coisa que a atraía, que a fazia caminhar para ele mesmo quando toda a razão gritava para ela fugir correndo, mesmo quando toda a razão dizia "não". Existia algo nele... em seu olhar, em seu sorriso, em seu toque, em seu cheiro... que a fazia pensar que de algum modo já o conhecia. Já o amava. Que só ele poderia curá-la. Que só ele poderia livrá-la da dor que a perseguia durante todos aqueles anos, da dor que não a deixava em paz nem por um segundo. Que só em seus braços poderia encontrar a felicidade, o consolo que tanto necessitava. Valeria a pena? Valeria a pena ceder só essa vez? Isso... só o tempo é capaz de dizer...


Eliah Al-Saud nunca foi uma pessoa fácil. As brigas com o pai foram frequentes durante a sua infância, pois o pai não conseguia compreender o seu espírito livre, sua rebeldia, sua independência. A única pessoa que era capaz de entendê-lo nesta vida era Francesca, sua mãe. E o trauma que viveu ainda muito jovem, quando sua mãe e sua irmã estiveram prestes a serem sequestradas e ele ficou parado, impotente, o impulsionou a se rebelar mais e mais e o levaram a jurar que nunca mais ficaria numa situação como aquela. Nunca mais ficaria vulnerável ou deixaria sua família desprotegida. Com a ajuda de alguém que enxergou o seu potencial e compreendeu os medos e a raiva presos em seu interior, Eliah se tornou uma arma mortal, alguém que com apenas um golpe poderia mandar uma pessoa para o inferno. Apaixonado por aviões, ele fez parte de algumas guerras, sempre saindo vitorioso. Dentro de um avião, distante da terra, ele se sentia livre e encontrava (será?) a paz que não conseguia encontrar em parte alguma. Existia algo dentro dele, algo que ele nunca foi capaz de controlar, que o fazia desejar se arriscar mais e mais. Que o fazia desejar ir além dos seus limites. Ser livre como ninguém jamais conseguiu ser. Só que na verdade, ele nunca conseguiu isso. Nunca conseguiu realmente encontrar a liberdade que tanto buscava. Fosse dentro de um avião, fazendo manobras arriscadas, atirando contra inimigos na guerra, arriscando sua vida por ideais nos quais não acreditava ou saindo pelas ruas de Paris com seu carro em alta velocidade. Fosse fazendo o que fosse, se arriscando como fosse, Eliah nunca encontrou o que realmente buscava. E será que ele sabia o que sua alma ansiava? O que ele realmente sempre buscou? Seria a liberdade? Ou algo um tanto diferente? 


Aos dezoito anos, resolveu se casar com a amiga de infância. Não importava que dissessem que ainda não era o momento para isso. Ele não quis saber. Casou-se com Samara e encontrou uma nova espécie de inferno para si próprio. Embora amasse Samara, embora tenha desejado aquele casamento, não suportava a prisão que ele significava. Não conseguia ficar em paz com a esposa e as brigas começaram. E foi apenas um passo para as traições... 

Sufocado pelo casamento, Eliah não mediu as consequências (ou se importou com elas) ao começar a trair a esposa. Foram muitas mentiras, muitas traições. Até que um desastre aconteceu. 

Enquanto buscava pelo Eliah, para contar que esperava um filho, Samara sofreu um sério acidente, que acabou com a sua vida e a vida do filho que esperava. Enquanto a esposa e o filho morriam naquele acidente, Eliah se encontrava nos braços de Céline, uma modelo brilhante, e sua amante nas horas vagas. A culpa pela morte da esposa era como um veneno que não o matava, mas tornava sua vida vazia, triste, dolorosa. Era impossível para ele encontrar a felicidade, quando se considerava o assassino da mulher e do filho. E assim, os anos foram passando... 

Eliah fundou, juntamente com seus amigos e parceiros de outros trabalhos, a Mercure, uma empresa de segurança, infalível, que existia para garantir a segurança de quem necessitava e pudesse pagar por isso. Embora fosse essa, aparentemente, a função da empresa, na verdade, ela era apenas uma fachada para algo muito mais perigoso. Embora realmente garantisse a segurança de muitas pessoas importantes (incluindo a segurança de sua própria família), por trás daquela empresa existiam os soldados profissionais, chamados vulgarmente de mercenários. Aqueles que trabalhavam pelo maior valor, acreditassem ou não nos ideais das pessoas para as quais trabalhavam. Aqueles que necessitavam que a guerra existisse para que seu trabalho fosse feito. E o Eliah fazia parte deles. Era um mercenário, embora poucos soubessem disso. 

Para ele não importava o que era politicamente correto. Não se importava com a opinião dos outros e nem sempre conseguia as coisas de maneira limpa em sua vida. Estava satisfeito em viver como vivia. Ou pelo menos, era o que dizia para si próprio... Isso... até vê-la pela primeira vez...

Um senhor da guerra e uma guerreira pela paz... Um mercenário e uma médica. Um homem que provocava mortes e uma mulher que salvava vidas. Poderá existir futuro para eles? Apenas o amor bastará? Ou os traumas dela e os segredos dele destruirão, cedo ou tarde, esse amor? Nesta história, não é somente Matilde que possui feridas, cicatrizes que ainda doem. Não é somente ela que necessita ser salva. Mas ela será capaz de colocar de lado todos os seus princípios por amá-lo? Será capaz de salvá-lo, de curá-lo de feridas que ele próprio não sabe possuir? Ou a escolha dela será bem diferente?

Talvez, com o tempo, ela descubra que nesta vida nem sempre amamos quem queremos amar. Mas sim... quem, por algum capricho dos deuses ou do destino, precisamos amar. E talvez, só talvez, com o tempo, Eliah descubra que nesta vida ninguém é perfeito, que todos temos o direito de cometer erros e aprender com eles. Que todos merecemos uma segunda chance. Até mesmo ele.


"— Matilde, Santo Agostinho dizia: 'Se queres conhecer a uma pessoa, não lhe perguntes o que pensa, mas sim o que ela ama.' E eu te amo, com todas as minhas forças. E por isso, sou uma pessoa melhor. Por te amar, por amar alguém tão bom e puro como você."


- Sabe... eu acredito nessa frase. Penso que as coisas que a pessoa ama podem dizer muito sobre ela. Pelo menos, é bom acreditar nisso.rsrsrs... Durante a leitura do primeiro e do segundo livro dessa história, a Matilde não foi a única que teve que bater de frente com princípios, que teve que ir contra aquilo no que costumava acreditar. Só que, apesar de muitas coisas com as quais tive que me chocar, não tive a menor dificuldade para perdoar ou me coloquei como juíza do Eliah. Eu não sou ninguém para condená-lo por seus pecados quando eu própria sou uma pecadora, verdade? E nem tentei julgá-lo. Não digo que foi porque sou uma pessoa que costuma ter consciência sempre de que não deve julgar os outros (na verdade, existem vezes que, mesmo sem ter intenção, eu esqueço disso e acabo julgando. Horrível admitir, mas é a verdade.), mas sim porque eu amei o Eliah muito antes de conhecê-lo.rsrs... Só as palavras das minhas amigas sobre ele, as coisas que eu ficava sabendo sobre ele... não sei explicar. Apenas posso dizer que foi semelhante ao que eu senti antes de conhecer o Roger. E o Carlo. Aquele amor que você não sabe o motivo de sentir, compreende? Eu o amei e liguei o "dane-se" antes mesmo de conhecê-lo.rsrsrs... Dane-se o passado dele e qualquer coisa que ele tenha feito de errado! Eu não me importo. Meu amor não é condicional. Nunca esperei que o Eliah fosse perfeito. Até porque perfeição não existe e se ele fosse alguém perfeito, não seria real. 


"— Me deixou, sensei.

— Por quê?


Al-Saud levantou os olhos e ficou em silêncio durante alguns segundos, não porque hesitasse em lhe contar o que ocorreu, mas sim porque tentava acomodá-lo em sua mente; na verdade, ainda não compreendia os motivos de Matilde.


— Não sei. — admitiu — Aconteceram coisas terríveis, todas ao mesmo tempo, que a endureceram e a afastaram de mim."



- Em Cavalo de Fogo - Paris, Matilde e Eliah se conheceram quando ambos estavam indo para Paris. Eliah vivia em Paris e estava voltando para lá após sua visita à Argentina, terra de sua mãe. Seu humor não era dos melhores, pois o avião particular dele havia tido um problema que o impedia de viajar nele. Sendo assim, Eliah teve que usar um avião "normal."rsrs... O tipo de avião que as pessoas normais costumam usar. E para piorar ainda mais a situação, só havia vaga na classe executiva. A primeira classe já estava lotada. Ele, Eliah Al-Saud, membro de uma família rica e poderosa, dono de uma empresa de sucesso e podre de rico, iria viajar em classe executiva?! Teria que aparecer uma vaga para ele na primeira classe! Nem que para isso ele tivesse que perturbar o seu cunhado. Porque é claro que existia alguém na família para "ajeitar" as coisas.rsrsrs... Sim! Ele é arrogante e muito exigente, mas isso só aumenta o charme dele. Ele não faz isso por mal, não.rsrs... Só que nem tudo foi tão simples assim. Eliah teria que embarcar e ir para a classe executiva até que a situação fosse consertada e ele pudesse ser transferido para a primeira classe. Mas será que ele vai desejar a transferência? rsrs... 


Matilde embarcaria no mesmo avião que Eliah. Ela viveu toda sua vida na Argentina, mas agora estava indo para Paris para um curso intensivo antes de seguir caminho para o Congo, onde trabalharia para as Mãos que Curam, curando crianças vítimas de meningite, cólera, malária, tiros, bombas, fome, estupro, mutilação... Graças ao seu pai, ela e a amiga tinham conseguido vaga para a classe executiva, embora para Matilde isso pouco importasse. Tudo que ela desejava era chegar logo em Paris e de lá seguir o mais rápido possível para o Congo. Havia esperado muito tempo para isso e mal via a hora de finalmente realizar o seu sonho. 
Ao embarcarem, para surpresa de Eliah, seu lugar era exatamente ao lado do lugar da jovem que havia chamado a sua atenção na sala de espera. E de repente, a classe executiva tinha se tornado muito interessante. Era preferível descansar na primeira classe ou conhecer melhor a mulher que o tinha atingido em algum lugar que ele ainda não conseguia identificar, momentos antes? Isso não necessita de resposta.rsrs...


- A atração inicial se tornou algo muito mais profundo com o passar do tempo. Ao se despedir dela, ao saírem daquele avião, Eliah sentiu que era necessário revê-la. E ele não pôde evitar provocar situações que os fizesse se encontrar. Mas sequer havia necessidade disso já que o destino desses dois havia se unido muito, muito tempo antes... antes mesmo deles nascerem... 

- Com muita insistência e guiado por um sentimento que nunca tinha sentido em sua vida, Eliah consegue derrubar as defesas de Matilde que resolve se entregar de corpo e alma ao que Eliah a fazia sentir... que decide arriscar seu coração pela primeira vez na vida. Ambos mergulham de corpo e alma numa relação intensa, complexa e recheada de altos e baixos. Uma relação que ao mesmo tempo que os curava, os machucava. Que ao mesmo tempo que os levava ao céu, os fazia terem uma queda violenta em direção ao inferno. Porque havia muita coisa entre eles... Muita dor, muitos segredos, muitas mentiras, muitos traumas... e eles não tinham a força necessária, naquele momento, para vencer tudo que estava contra eles. Para superar todos os problemas, para suportar todas as dores. A cura era um processo mais longo do que eles poderiam imaginar. E ela provocaria muita dor... Então, sem outra opção, Eliah e Matilde se separam ao final do primeiro livro. Uma separação que não parte somente o coração deles, mas também o de nós leitoras que não conseguimos entender o porquê daquilo e não sabemos exatamente na direção de quem atirar os nossos insultos e nossa frustração.rsrs... Até que percebemos que eles estão sofrendo tanto (porque são dois idiotas teimosos e orgulhosos) que não necessitam do nosso castigo. Já estavam se castigando o suficiente. 


"Soy culpable, ya lo sé. Y estoy arrepentido, te pido... Imagíname sin tí, y regresarás a mi. Sabes que sin tu amor, nada soy. Que no podré sobrevivir. Imagíname sin tí. Cuando mires mi retrato. Si algo en tí, queda de mí. Regresa por favor."



- Não é fácil ver uma relação tão linda e tão cheia de sentimentos chegar ao seu fim, da forma que chegou. E como se não bastassem todas as mentiras e segredos que preencheram essa relação, ainda vemos mais mentiras serem ditas ao final. Porque na verdade, Matilde, principalmente, não era capaz de abrir seu coração da forma que desejava que o Eliah abrisse. Ela exigia tantas verdades dele, exigia tanto que ele dividisse sua alma, seus pensamentos, tudo com ela, quando ela própria não tinha coragem para fazer o que exigia. Sabia desde o princípio que não seguiria adiante com ele, mas não pôde ser sincera, não jogou limpo. Quem era ela para exigir algo do Eliah, quando ela própria não podia cumprir o que exigia? É muito irônico. E hipócrita também.

Quando o romance entre Eliah e Matilde tem início, ele também já tem data marcada para terminar. Embora a Matilde tenha aceitado se arriscar pela primeira vez na vida, embora ela tenha aceitado o Eliah de corpo e alma e tenha se apaixonado perdidamente por ele... ela ainda possuía traumas... traumas que não era capaz de dividir com ele. Traumas que não desejava dividir com ele. Sua infertilidade, a doença que a afetou aos 16 anos e provocou um estrago à longo prazo, a impedia de fazer o que ela realmente desejava: estar com o Eliah para sempre. Por isso, mesmo enquanto gemia de amor em seus braços, mesmo enquanto dividia sua vida com ele, vivia na mesma casa e, aparentemente, compartilhava tudo, ela sabia que quando o momento de viajar para o Congo chegasse, ela diria adeus ao Eliah. Para sempre. Não existiria futuro para eles. Era impossível. Mas não foi algo que ela quis compartilhar com ele. Ela sabia que a relação teria fim com a viagem. Ele, não. 

- Se aproveitando da oportunidade que surgiu (quando revelações chocantes sobre o passado do Eliah são feitas, pela irmã dela), ela rompeu com ele e embarcou no avião que a afastaria definitivamente (Até parece!!!rsrsrs...) dele, mas não sem antes dizer mais mentiras. Mas apesar de reconhecer os erros que a Matilde cometeu, eu a compreendo e não a considero a única culpada pelo fim da relação. 

- É incrível como o passado às vezes não pode ser tão facilmente sepultado, não é? Sim. É incrível e terrível também. Algo que aconteceu tão antes do Eliah ter conhecido a Matilde se volta contra ele e contribui (bastante) para a separação inevitável. Porque a mulher com quem o Eliah traía a esposa... a mulher que continuou fazendo parte da vida dele mesmo após a morte da esposa, era irmã da Mat. Como??????!!! Sim. Por uma ironia do destino (o destino adora se divertir às nossas custas, já perceberam?) o Eliah havia conhecido e se envolvido com a irmã da única mulher que ele seria capaz de realmente amar nesta vida. E isso era algo que não podia ficar enterrado. Era algo que sairia à luz em algum momento, quisesse ele ou não. Porque Celia (não gosto de chamá-la de Céline. Celia é seu nome verdadeiro e ela odeia esse nome. Por isso fico satisfeita em chamá-la de Celia.rsrs...) não era uma mulher qualquer, uma estranha. Ela era irmã da Matilde e imaginá-los na cama não seria a coisa mais agradável do mundo para a Mat. Até porque Celia era tudo que ela não conseguia ser: extrovertida, despreocupada, deslumbrante e possuía o que ela não possuía... a capacidade de gerar uma criança. Saber que o homem que ela amava havia traído a esposa com a Celia e que durante anos manteve um relacionamento (na verdade não foi bem um relacionamento. Foi algo puramente carnal. Era sexo. Mas nada.) com ela foi um golpe duro demais para a Mat. Como se não bastasse descobrir isso (da forma mais dura possível), no mesmo dia, Celia resolve revelar ao Eliah o segredo que Matilde mantinha trancado a sete chaves... a doença que ela teve e suas consequências. E o momento, gente, é de partir o coração de qualquer um. :( Ao me colocar no lugar da Matilde eu pude sentir, um pouquinho, da dor dela. E compreendê-la não foi difícil. 

" - Desviou o olhar para Juana e Matilde. - Sabem com quem é que o Eliah estava na tarde em que Samara morreu? Estava na cama comigo!

Al-Saud lançou-se sobre ela, agarrou-lhe nos ombros e sacudiu-a. Matilde deu um grito e tentou intervir. Juana deteve-a. 

- Chega! Cala-te, Céline! Porque é que vieste? Quero que te vás embora e que não voltes!

- Larga-me! Estás a magoar-me!

- Estou farto de ti!

- Claro! Farto de mim! Não era o que dizias quando fazíamos amor e me juravas que ias deixar a tua mulher porque não podias viver sem mim?

Al-Saud não se atreveu a a olhar na direção de Matilde. O lamento que a ouviu proferir foi suficiente para saber que a sua felicidade estava à beira do abismo." (Cavalo de Fogo - Paris, página 557)

" - Para que é que ias querer ao teu lado uma mulher que não te podes dar filhos?

- Não!

O grito de Matilde perturbou Al-Saud. Virou-se para olhar para ela e reconheceu na sua expressão o pânico mais cru e visceral que recordava ter visto; nem sequer durante o ataque à porta da escola de línguas parecia tão fora de si. Sem se virar para Céline, com os olhos postos em Matilde, perguntou-lhe:

- O que é que queres dizer com isso de não me poder dar filhos?"

"- Do facto de a minha querida irmãzinha não ser uma mulher completa. Do facto de estar vazia porque lhe tiraram os genitais. Não tem ovários nem útero nem trompas nem nada. Tiraram-lhe tudo aos dezasseis anos devido a um cancro feroz.

Al-Saud ouvia o pranto de Matilde sem o registar de maneira consciente, porque estava concentrado nas palavras de Céline. Um golpe nas costas não o teria deixado tão atordoado como aquela revelação. 

- Estás a mentir - disse, como numa exalação.

- Não, não estou a mentir. Pois não, Matilde?

Matilde viu, através do véu de lágrimas, que Céline se aproximava, e teve medo dela. O seu corpo irradiava uma força perigosa e desapiedada. Al-Saud meteu-se no seu caminho e impediu-a de continuar a avançar. 

- Não te aproximes dela. Se não queres que dê cabo de ti, é melhor que te vás embora agora mesmo." (Cavalo de Fogo - Paris, páginas 558 e 559)


- Como eu disse a separação foi inevitável e a culpa não estava apenas de um lado. A culpa foi de ambos. Mas haverá chance para a reconciliação? O amor que nasceu aos poucos, começando com aquela primeira troca de olhares, terá sido capaz de resistir aos traumas e revelações feitas? E se sim, será capaz de suportar mais segredos, mais mentiras? Será capaz de suportar o que a vida ainda reserva para eles?... Será capaz de superar o Congo? Bem... Isso vocês só saberão se lerem Cavalo de Fogo - Congo, pois spoilers desse segundo livro eu disse que não daria. Minhas revelações se resumiriam, como eu disse, ao primeiro livro.rsrs...E pretendo cumprir a minha promessa. :D


"— Matilde - sussurrou ele, com ardor. — Meu Deus... Por que preciso tanto de você?  — e não pronunciou em voz alta, mas também se perguntou:

Por que o que tem a ver com você vem com uma quota tão grande de angústia? Por que me transformo no que não sou quando se trata de você?"


- Um reencontro intenso espera por eles nesta segunda parte de uma história linda, arrebatadora, que nos rouba o coração sem pedir licença. Que nos transforma e nos preenche sem que consigamos perceber quando exatamente isso aconteceu. Uma história intensa e profunda como poucas. Uma história que não se resume a uma simples história de amor. Que vai bem além disso e se crava dentro de nós de uma forma impossível de se remover. De uma forma que não desejamos remover, por mais que alguns momentos machuquem. Um reencontro que provocará lágrimas aos olhos daqueles que aguardaram com desespero para vê-los juntos novamente. Mas... significará esse reencontro um recomeço? Bem... acho melhor vocês não começarem a leitura dessa história com a esperança de ver as coisas se solucionarem de forma simples. Muito ainda vai acontecer, gente. E nossos mocinhos precisarão estabelecer prioridades e deixar de lado muitas coisas se realmente desejarem estar juntos. Nem sempre basta somente amar, não importa o tamanho desse amor. Não existe relação sem confiança, sem respeito. E recheada de segredos e mentiras, muito menos. A insegurança, o medo e outras barreiras que eles levantam de forma tão inconsciente, podem ser os maiores perigos que esses dois enfrentarão no Congo. E olha que uma guerra está prestes a estourar nessa continuação da história.rsrs... 

- Já escrevi muito, não é?!rsrsrs... E ainda sinto que não foi suficiente. Tudo que eu queria ao começar a escrever essa resenha era fazê-los desejar ler a história também, era fazê-los quererem conhecer o Eliah, a Mat e a história de amor deles. Porque apesar do passado do Eliah e das coisas que vocês podem pensar sobre ele por causa de algumas revelações que fiz aqui, ele é um dos melhores mocinhos que tive o prazer de conhecer. Sei que ele cometeu erros, mas eu também cometi muitos erros na minha vida dos quais me arrependo amargamente. E tenho certeza que todos neste mundo cometeram os seus erros. Porque a imperfeição faz parte de nós. Não existe perfeição. Isso é fato. E penso que não devemos pagar para sempre por erros que cometemos lá atrás, erros pelos quais já pagamos bastante e que nos causaram arrependimentos. Penso que não é justo o Eliah ser condenado e ele próprio continuar se condenando por algo que não tem volta, quando existe uma beleza dentro dele que ele procura ocultar, por não ser achar digno de amor. Por não se achar merecedor de felicidade. Por não acreditar que exista alguém que possa realmente amá-lo. Se você ler essa história com a mente aberta, se estiver disposta a olhar para o Eliah sem pré-conceitos será capaz de ver o que eu vi e será capaz de amá-lo de uma forma intensa e incondicional. Será capaz de se emocionar e de chorar toda vez que ele chorar, de sorrir sempre que ele sorrir, de querer pegá-lo no colo e protegê-lo de qualquer coisa.rsrs... De defendê-lo com unhas e dentes também.rsrs... Acho que não importa o quanto eu tente transmitir pra vocês o que sinto por ele, não serão capazes de sentir se não lerem. Precisam ler a história se quiserem conhecer o Eliah e a Matilde. Se quiserem viver uma história mágica com eles. Uma história que apesar de ser mágica, possui toques de realidade capazes de nos fazer questionar Deus, de fazer com que nos revoltemos de forma intensa e de provocar lágrimas que vêm direto do coração. Principalmente nesse segundo livro cujo cenário é um Congo recheado de conflitos raciais, rivalidades sangrentas, fome, violência e todo tipo de miséria. Durante a leitura dessa história, não vou te enganar, você presenciará coisas que lhe deixará de boca aberta e uma raiva que você não saberá na direção de quem lançar. Mas acredite: no final das contas, não se arrependerá de ter lido uma só cena, de ter deixado de fazer o que quer que seja para estar com eles. Eu me sinto triste por ter terminado de ler o livro (e só Deus sabe quando conseguirei ler a terceira e última parte da história), pois me separar novamente do Eliah e da Mat dói. Dói muito. Mas também me sinto feliz, pois foi precioso cada instante que estive com eles. Porque tudo valeu a pena. :) 

- Acho que é o momento de eu parar, não concordam?rsrs... Sequer há necessidade de eu dizer com todas as letras se recomendo ou não a história!kkkkkkkk... O que eu penso é que quem ainda não leu esse livro, está perdendo muito. Minha vida é muito melhor depois que conheci os livros da Florencia Bonelli. Para mim, mesmo que existam autoras sensacionais que eu própria tive a oportunidade de conhecer, não existe uma autora capaz de me encantar e emocionar tanto, como a Florencia Bonelli. Os livros dela mexem demais comigo. 


"Tua vida... Tua vida... é minha vida. Não... Não quero nada mais."


"— Te amo de um modo que não é bom para mim, muito menos para você. Às vezes penso que é uma obsessão que acabará com nós dois."

16 de julho de 2013

Tempestade de Verão - Penny Jordan


(Título Original: A STORMY SPANISH SUMMER
Tradutora: Marina Boscato
Editora: Harlequin
Edição de: 2011)


Unidos pelo dever, atraídos pelo desejo... 

Felicity Clairemont havia viajado à Espanha para reivindicar sua herança. Infelizmente isso significaria gastar seu tempo com o duque Vidal y Salvadores. Afinal, com seu misterioso charme ele sempre deixara claro o que pensava a respeito dela. Na última vez em que Vidal a encontrou, as emoções foram fortes: ele percebeu que a odiava e a desejava na mesma medida. Mas agora sua honra exigia ajudá-la. Quando a verdade sobre a família de Felicity se tornou pública e a atração revelou-se inegável, poderia Vidal admitir o quanto estava errado a respeito dela?



Palavras de uma leitora...


- Nem sei por onde começar...rsrs...Sabe aquele livro entediante? Pois é. Esse livro é exatamente assim. Talvez o problema seja eu (que não tenho estado com muita paciência para certas histórias), mas eu duvido muito disso. Esse livro é simplesmente mais do mesmo. O casal parece ser formado por duas crianças birrentas e mimadas, que ficam fazendo cena por coisas ridículas e não esquecem a porcaria do passado. Eles têm a necessidade de repetir e repetir várias e várias vezes a mesma coisa. É muito irritante. Durante a leitura eu me arrependi amargamente de ter começado a ler essa história. Sinceramente, eu ficaria muito bem se passasse a vida inteira sem conhecer Felicity e Vidal. Acho até que seria mais feliz assim. 


- Felicity odiava profundamente seu lado espanhol da família. Ela havia crescido sem pai, pois sua avó tinha descoberto o romance proibido entre o pai de Felicity e a mãe dela, que não passava de uma pobre babá. Furiosa, a avó despediu a mãe de Felicity e proibiu o pai da menina de entrar em contato com ela. Como era um fraco, que não conseguia enfrentar a mãe adotiva, ele abaixou a cabeça e jamais tentou entrar em contato com a única mulher que havia amado na vida. E que morreu amando. Mesmo ao saber que seu romance com Annabel teve fruto, ele continuou em silêncio. Até o dia de sua morte. Algo que feriu profundamente Felicity, que jamais perdoou a família paterna pelo fato de não ter tido um pai. De jamais ter sentido os braços do pai ao seu redor, de jamais tê-lo ouvido dizer que a amava. Ela só vivia das lembranças que a mãe possuía de seu pai. Mas o que mais havia ferido Felicity foi a experiência detestável que teve aos 16 anos. Por culpa de um membro da sua família paterna. 

Aos 16 anos, Felicity finalmente tomou a coragem de enviar uma das cartas que tinha escrito para o pai. Durante muito tempo ela escrevia para ele, mas jamais antes tinha chegado a enviar alguma das cartas. Até aquele dia. Ela ficou ansiosa, aguardando uma resposta. Que jamais recebeu. O que ela recebeu em troca foi a visita de Vidal, sobrinho do seu pai, que tinha ido até a casa dela só para deixar claro que ela nunca mais deveria tentar entrar em contato com o pai, pois qualquer tentativa seria frustrada. Era para ela colocar na cabeça, de uma vez por todas, que não tinha pai. 

Mas o pior... não foi a mágoa que ela sentiu ao ouvir as coisas que Vidal tinha para lhe dizer por ela ter enviado aquela carta. O pior foi o que veio depois. 

Sete anos mais tarde, com sua vida inteira muito bem resolvida, Felicity leva um choque quando um membro da sua família paterna entra em contato com ela. Seu pai havia falecido e, para sua completa surpresa, ela era mencionada no testamento dele. Junto com esse aviso, veio outro: ela não precisaria ir até a Espanha para reclamar a herança. Tudo seria acertado através dos advogados e ela poderia continuar levando sua vida normalmente, sem o inconveniente de uma viagem indesejada. Em outras palavras: mesmo com o testamento do pai, o reconhecimento tardio, ela ainda não era digna sequer de colocar os pés na Espanha. Furiosa com isso, Felicity decide largar tudo e viajar, somente para provocar Vidal, alguém que ela odiava profundamente desde os 16 anos e culpava por todos os seus problemas. 

O reencontro não é muito bom. Nenhum dos dois tinha esquecido o episódio de sete anos atrás (quando Vidal a viu na cama com um rapaz e deixou claro que tipo de mulher, ou menina, a considerava por isso. Um tipo de mulher, que na opinião dele, valia menos que lixo), nem o ódio que juravam sentir um pelo outro. E por esse motivo mesmo que eles não demoram muito para ir para a cama. Afinal de contas, que forma melhor de se vingar de Vidal do que fazendo-o enlouquecer de desejo por ela só para provar o quanto ele estava equivocado no passado?! 

- A história é muito chata, gente.rsrsrs... No início, tem até graça quando Felicity diz algumas verdades para o Vidal. Mas depois eles ficaram voltando tão frequentemente ao assunto e ela sempre dizia as verdades para depois cair aos pés dele, como uma idiota, que eu fiquei bastante entediada e torcendo com intensidade para chegar ao final da história. É o mesmo de sempre: mocinho tem uma opinião equivocada sobre a mocinha, a humilha até dizer chega por causa disso (se bem que o Vidal não é tão cretino como outros mocinhos que já conheci. Ele é mais "tranquilo".rsrs...), depois transa com ela, a humilha um pouco (muito) mais e no final diz que sempre a amou e era exatamente por isso que a maltratava.rsrs... Fim de papo. Sinceramente, eu não estou num humor para isso.rsrs... 

- Como podem ver, detestei a história e não a recomendo de modo algum. Se vocês quiserem arriscar a leitura, tudo que posso desejar é que tenham boa sorte!rsrs... E que tenham muita paciência também, é claro.rsrs...


Bjs!

11 de julho de 2013

Essas Coisas Ocultas - Heather Gudenkauf


(Título Original: THESE THINGS HIDDEN
Tradutor: Bruno Casotti
Editora: Harlequin
Edição de: 2011)


"Uma história tão real e arrepiante que poderia ter saído de uma das últimas manchetes." Publishers Weekly, crítica estrelada.


Allison Glenn tentou ocultar os acontecimentos daquela noite... 
E falhou. Com apenas 16 anos foi mandada para a prisão.
Cinco anos mais tarde ela estava livre. Mas ainda se sentia prisioneira dos próprios segredos...

Quando Allison foi condenada por um crime hediondo, não perdeu apenas sua reputação de garota de ouro de Linden Fall. Ela foi renegada pelos pais, e seus amigos se regojizaram com sua derrota.

Brynn, sua irmã caçula, teve de suportar todos os dias os cochichos de colegas nos corredores da escola. Afinal, era ela, uma garota quieta e tímida, quem precisava carregar o estigma do que realmente havia acontecido. Seu maior desejo era esquecer Allison e deixar para trás um passado assombroso.

Mas quando Allison foi levada para um centro de reabilitação, ela decidiu que falaria com Brynn de qualquer maneira.

Agora, um legado de segredos recai sobre um garotinho de apenas 5 anos. E se a verdade for revelada, as consequências serão avassaladoras sobre quatro vidas: a de sua mãe adotiva, a da menina que tentou protegê-lo e a de duas irmãs que detêm a chave para a revelação de coisas ocultas.




Palavras de uma leitora...



- Ao terminar de ler essa história, um sem-número de perguntas atormentaram minha mente. "E se...?", "E se...?" São tantas perguntas que começam desta forma! De quem, afinal de contas, foi a culpa?! De todos, um pouco. Todos os envolvidos poderiam ter impedido o desastre anunciado. Mas ninguém o fez. Porque pensar em si mesmo é muito mais confortável, porque não se importar com os outros é conveniente. Nos faz bem, sabe? Por que deveríamos nos importar? Por que deveríamos ajudar quem dizemos amar? Ah, não! Que a pessoa se dane, não é verdade? Não podemos perder nem um instante sequer da nossa vida nos importando com alguém além de nós mesmos. A vida é curta demais para isso, verdade? 

- Deu para perceber? A raiva borbulhando em minhas palavras? O nojo, a revolta? Não????!!! Eu podia jurar que está saindo até mesmo fogo das minhas palavras. Que qualquer leitor que abrir essa página pode sentir a quentura insuportável. Voltada para quem? Para que pessoa/personagem/falso ser humano?????!!! Bem... É uma pergunta que prefiro responder da seguinte forma: "Embora doa, nada fiz para mudar." "Embora doa, não me faz perder o sono." "Embora doa, não me sujo desse sangue. Embora doa, há sempre outro canal.". 

Quantos de nós fazem isso? Quantos de nós chegam a perceber sinais em alguém... sinais que mostram que alguém está à beira do abismo e mesmo assim nada fazem para salvá-la? Quantos????!!! É tão mais fácil depois do desastre virarmos e dizermos: "Nossa, como fulano de tal pôde fazer isso???!!!", "Eu bem que sabia que ela não valia nada!"  ou então: " "Eu tinha percebido que fulano de tal estava indo por esse caminho.", etc, etc, etc... É tão fácil falar depois. Com choque. Repulsa. Raiva. Tristeza. Ou o que quer que seja! Tivemos a chance de evitar o desastre?! Tivemos?????!!!! Se a resposta for sim, somos tão ou mais culpados do que a pessoa. E como podemos conviver com nós mesmos?! Fácil! Não nos importando. Afinal de contas, não vale a pena se importar. Não é conveniente, de modo algum. 

- Sim. Estou revoltada. Bastante. Sinto tanta raiva dentro de mim. E aquela sensação terrível de que não houve justiça. De que uma grande injustiça foi cometida. Tudo poderia ter sido diferente se parassem de pensar neles mesmos e olhassem mais atentamente para alguém que eles diziam amar. Mas isso, para eles, era perder tempo. E não podiam fazer isso, é claro. O mais revoltante é saber que é algo que não fica somente entre os muros da imaginação. É algo que acontece com uma frequência assustadora, por esse mundo afora. Por nossa culpa. Por culpa dos chamados seres humanos. Não é à toa que quando olho para os meus gatos ou para qualquer animalzinho nas ruas, vejo neles mais humanidade do que quando olho/observo muitos seres humanos no meu dia a dia. Quem é humano e quem é animal (um gatinho ou uma pessoa?)? Às vezes, é difícil saber... 


- E de quem terá vindo a maior prova de amor nesta história? É uma pergunta para a qual ainda não encontrei resposta. Talvez... Talvez... Talvez... eu jamais saiba. Mas é uma questão que me faz refletir muito. De quem veio a maior prova de amor? A resposta não é simples. E muito menos universal. Depende de muita coisa, inclusive da opinião de quem leu a história. A resposta, no fundo, no fundo, é pessoal. Eu, sinceramente, não formei uma opinião sobre isso. Não me atrevi a fazer tal coisa. Só... refleti. Refleti bastante sobre as escolhas, os pensamentos e atitudes de muitos personagens. 


"Depois de cinco anos, estou livre para deixar Cravenville. [...] Estou indo morar num lugar onde nunca estive, com pessoas que nunca vi. Não tenho dinheiro, nem emprego, nem amigos e minha família me renegou. Mas estou pronta. Tenho que estar."

"Nunca falei com ninguém sobre o que aconteceu naquela noite, e ninguém parece muito interessado em saber os detalhes exatos. [...] Todos sabem em linhas gerais o que eu fiz. Isso para eles é o suficiente."


Cinco anos depois de ter cometido um crime hediondo, Allison Glenn, agora com 21 anos, está saindo da prisão. Ela foi condenada há 10 anos de prisão, mas lhe foi concedida uma liberdade condicional por bom comportamento. Um prêmio... ou uma chance para reencontrar-se com um passado que a atormenta dia após dia? Uma chance de terminar de destruir o que tinha começado a destruir 5 anos antes? Ou talvez (só talvez) seja uma oportunidade para finalmente consertar tudo o que ainda pode ter conserto? 

Ao sair da prisão, Allison não sabe bem o que fará da sua vida. Finalmente está livre... Ao menos, fisicamente. E está mais só do que nunca esteve em toda sua vida. Seus pais não a querem de volta na vida deles. Sua irmã sequer atende seus telefonemas ou responde suas cartas. Para todas as pessoas que a conheceram naquela época, ela estava morta. Ela tinha sido riscada da vida deles. Todos tinham retirado de suas vidas qualquer coisa que pudesse fazê-los lembrar-se dela. Era como... se ela nunca tivesse existido. E queriam que as coisas continuassem assim. Não havia lugar para Allison na vida deles. Não importava se ela havia mudado ou não. Para eles, ela não existia mais. Estava morta e enterrada há cinco anos. 

Sozinha num mundo disposto a devorá-la, odiada por um passado que não pode mudar, Allison tenta dia após dia entrar em contato com a irmã caçula, pedir perdão e reconstruir o relacionamento que um dia as duas tinham tido. Juntas elas compartilharam sorrisos e dores. Brynn sempre esteve por perto quando Allison precisou dela. E Allison também tinha feito muitas coisas pela irmã na infância. Ela sentia falta. Ela queria voltar no tempo e ter aquilo que tinha destruído. Aquela relação. E não suportava a dor que a rejeição de Brynn lhe causava... 

No meio disso tudo, ela se vê, frente a frente, com uma parte importante e assustadora de seu passado. Uma parte que ela preferia ter esquecido... E as consequências desse choque... podem ser desastrosas. Para muitas vidas. 


"Sinto falta de minha irmã, aquela que segurou minha mão enquanto eu chorava a caminho da sala de aula no primeiro dia do jardim de infância, aquela que me ajudaria a escrever as palavras até eu aprendê-las de trás para a frente, aquela que costumava tentar me ensinar a chutar uma bola de futebol. Sinto falta dessa Allison. Da outra... nem um pouco. Eu poderia passar o resto da vida sem ver minha irmã de novo e ficaria bem assim."


Brynn tinha apenas 15 anos quando a irmã foi presa. Ela estava transtornada e durante um tempo teve esperanças de ver a irmã entrando pela porta de casa, voltando para perto dela. Mas isso não aconteceu. Allison havia partido de vez e as coisas nunca mais seriam as mesmas. 

Para sentir-se perto da irmã, Brynn costumava ir para o quarto dela, onde estavam suas lembranças, suas coisinhas preciosas, tudo que era importante para sua irmã, tudo que ela guardava com carinho. Então, Brynn se deitava na cama da irmã e assim podia senti-la perto, como se ela estivesse de fato ali. Ela fez isso frequentemente até a mãe descobrir. Depois, ao tentar entrar no quarto da irmã, Brynn passou a encontrar a porta trancada. 

Foi um inferno para ela suportar as piadas dos colegas, os olhares maldosos, o desprezo, depois que todos descobriram o que sua irmã havia feito. Dia após dia, ela era perseguida, atormentada pelos erros da irmã. Cada dia era um inferno pior do que o outro. Não suportando mais tudo aquilo, ela decidiu que era necessário colocar um ponto final naquela história. Não podia suportar ter sua vida destruída por um erro que não tinha cometido, não suportava a decepção dos pais que preferiam que ela tivesse partido e Allison tivesse ficado, não suportava mais saber que seus pais preferiam até mesmo que ela estivesse morta, desde que Allison estivesse com eles. Tudo era demais para sua cabeça ao ponto dela decidir acabar com a própria vida. 

Após a tentativa de suicídio mal sucedida, Brynn foi enviada para a casa da avó, onde encontrou um pouco da paz que procurava. E conseguiu construir uma vida própria, descobrir seu lugar no mundo. Até... receber a notícia de que Allison havia saído da prisão. Ela sabia que Allison a procuraria, que a irmã tentaria destruir tudo aquilo que ela tinha conseguido construir com tanto sofrimento... Tantos segredos... Tantos anos lutando contra o passado. De que tinha valido? Será que jamais conseguiria se libertar dos fantasmas do passado? Por que Allison não podia simplesmente esquecê-la? Deixá-la viver em paz? Mas não... Mais uma vez, a irmã a carregaria com ela, não lhe dando nenhuma oportunidade de escolha. Sempre tinha sido assim. Sempre seria. Era inútil acreditar que ela poderia realmente ter uma vida. Recomeçar. Era uma piada, até. 


"Quando Dana pôs Joshua nos braços de Claire, foi como se ela ficasse curada. Como se todos os abortos espontâneos e cirurgias nunca tivessem acontecido. A dor e a perda se tornaram uma lembrança fraca."

"Às vezes, ela imagina como seria a mulher que deu Joshua à luz. Seria de Linden Falls ou teria vindo de longe? Seria jovem, uma adolescente que não sabia o que fazer? Seria uma adulta que já tinha vários filhos e não podia cuidar de mais um? Talvez em algum lugar Joshua tenha irmãos e irmãs parecidos com ele. Talvez sua mãe seja uma viciada em drogas ou tenha sofrido abuso sexual. Claire não sabe e não quer realmente saber. É grata por essa garota ter optado por desistir dele. Nesse simples ato de altruísmo ou egoísmo - ela nunca saberá qual dos dois - essa garota lhe deu tudo."


- Claire já havia passado dos quarenta anos e durante boa parte de sua vida tinha tentado ter um filho. Um bebê para amar, proteger... Um filho que a chamasse de "mamãe" e corresse para os seus braços fosse para chorar ou rir. Mas por algum motivo que ela não conhecia ou compreendia, Deus havia decidido que ela nunca daria à luz. Não importava o quanto ela tentasse. Foram muitos os filhos que ela perdeu antes mesmo de poder ver seus rostinhos, sentir o corpo quente deles. Foram muitas as cirurgias, os tratamentos para engravidar. Mas nada deu resultado. E quando Claire finalmente desistiu de tentar, sentindo um vazio profundo dentro do seu útero, um vazio que jamais seria preenchido, ela decidiu adotar uma criança. Na verdade, não importava se seria um filho biológico ou não. Ela só queria um filho. Ela precisava ser mãe. Esse era o sonho da sua vida. Seus braços vazios estavam quase enlouquecendo-a. Ela não suportava mais aquela dor. Foi aí... que ele apareceu. Um bebê... Um bebezinho abandonado. Um ser rejeitado por um motivo que ela jamais conheceria. Mas de alguma forma, era como se Deus finalmente tivesse olhado para ela e notado que era demais. Que ela não poderia continuar vivendo se Ele não tivesse misericórdia dela.

Ao sentir aquele pequeno bebê em seus braços, Claire sentiu como se a vida tivesse voltado para ela. Mesmo temendo, dia após dia, que a mãe biológica do menino voltasse para buscá-lo, Claire não conseguiu evitar ligar-se ao bebê. Quanto mais tempo passava com ele, mais o amava e mais dependente daquela pequena vida ela se tornava. Mas os anos foram passando... e a mãe de Joshua jamais retornou. Aquele bebê era definitivamente o seu presente de Deus. Mas... seria ela capaz de protegê-lo de um passado assombroso? 


"Ela precisava fazer o impossível, desistir da única coisa que já a amara à primeira vista e sem nada pedir em troca."

" Ela queria se aproximar o suficiente para se certificar de que ele estava bem, sendo bem cuidado. Queria dizer com um simples olhar: Você é um menino que foi amado. Você nasceu numa noite fresca de verão e, quando o segurei em meus braços pela primeira vez, eu já não era uma criança, mas sim uma mãe - sua mãe, ainda que tenha sido apenas por pouco tempo. Você era um bebê que gostava de ter sua cabeça careca acariciada, que adorava ser acalentado por um homem doente e ninado por uma jovem. Você chorava até que todas as lágrimas fossem espremidas de seu corpo. Mas então olhava para mim como se eu fosse a única pessoa do mundo, e aí não importava que eu tivesse tido apenas duas horas de sono na noite anterior. O segredo de ter você era pesado demais. Eu queria que você tivesse uma infância terrivelmente maçante com uma mãe e um pai. Era isso que seu olhar diria.

E o olhar do menino diria: Eu conheço você. Não sei bem como, mas conheci você certa vez, em algum lugar, e esse lugar era quente e bom."


Aos 15 anos, Charm fez a escolha mais difícil de sua vida. Ela abriu mão do bebê que amava, do bebê que tinha amado desde o primeiro instante. Mas fez a única escolha possível. Jamais poderia dar a ele o que ele merecia. Jamais seria uma mãe ideal. Só que repetir para si mesma dia após dia, semana após semana, mês após mês... ano após ano... que tinha feito a escolha certa, não diminuía o vazio que ela sentia dentro dela, não fazia a dor desaparecer. Em sua casa, ainda existiam lembranças de que ele esteve ali. Em sua memória e em seu coração, ela sentia sua ausência. E a vontade de saber o que havia sido da sua vida a fez, aos 18 anos, tomar a coragem de procurar por ele. Só para vê-lo. Só para acompanhar, mesmo que fosse de longe, o seu crescimento. Para vê-lo sorrir. Para saber se tinha realmente valido a pena aquele sacrifício. Ela sabia que não era a ideia mais sensata, mas precisava vê-lo. Precisava daquilo para continuar vivendo. 

E quando um perigo enorme começa a ameaçar seu menino, Charm percebe que será capaz de qualquer coisa para mantê-lo em segurança. Só que... qualquer coisa... será suficiente? 


- Esta é a primeira história que leio da Heather Gudenkauf. Fazia muito tempo que eu desejava ler esse livro, desde que li sobre seu lançamento (dois anos atrás), para ser mais precisa. A sinopse dessa história tinha despertado minha curiosidade e eu tinha sentido que esse era um livro que eu não poderia deixar de ler. Eu soube, desde que li a sinopse, e tive certeza absoluta ao ler o primeiro capítulo, que esta história seria uma daquelas histórias mais perturbadoras e inesquecíveis que já li. E não estava errada.

- É incrível o talento dessa autora. Sua capacidade de nos manter grudadas no livro até mesmo quando queremos com todas as nossas forças fechá-lo e mantê-lo longe de nós. Quanto mais lemos, mais vamos descobrindo coisas e mais chocadas ficamos... e isso nos faz desejar abandonar a leitura. Mas basta fecharmos o livro e o deixarmos num canto... para logo corrermos de volta para ele, pedindo perdão por nossa fraqueza.rsrs... Não dá para abandoná-lo. É impossível. E eu tentei. Realmente tentei deixar o livro de lado, pois não estava aguentando mais a carga emocional dele. Só que não consegui. Mesmo sofrendo, mesmo temendo profundamente o que ainda viria pela frente, eu continuei lendo. E, sabe... Eu não me arrependi. O livro dói? Com certeza. É chocante? Sem sombra de dúvidas. Você vai sofrer ao lê-lo? Sim, vai. Mas no fundo, é um livro que todos deveríamos ler. Ele tem muito para mostrar. Ele tem histórias marcantes para contar. Histórias que eu, você e você também, precisamos conhecer. 

- Querem saber o que, afinal de contas, eu achei das quatro protagonistas da história? Seria complicado demais falar o que penso delas. Nem sei ao certo o que penso. Muitas coisas ainda estão tentando se arrumar na minha mente. Meus pensamentos ainda não estão quietos. São tantas cenas... tantas falas... tantas escolhas e pensamentos das personagens... se misturando na minha mente. Me pergunto se um dia conseguirei me libertar totalmente deles. Não digo esquecer, mas sim me libertar. Ou... sempre levarei essa história comigo? Sempre lembrarei deles como se os tivesse conhecido pessoalmente, como se um dia tivessem feito parte da minha vida e depois tivessem ido para bem longe, deixando somente suas lembranças? No momento, eu não sei. Estou confusa ainda. E muito triste. 

- Como disse no início da resenha, tudo poderia ter sido diferente se pensar em si mesmo não fosse uma prioridade. Se alguém, ao menos uma pessoa, tivesse estendido a mão e segurado com força a mão de quem estava caindo e caindo, num buraco profundo. Nós seres humanos somos tão egoístas... e sabemos ser tão cruéis! Por que será que, ao ver/ler/ouvir certas coisas, eu ainda me surpreendo? Ainda consigo ficar chocada? Não deveria. Eu sei até onde podemos ir para conseguir o que queremos, sei o que somos capazes de fazer... vejo todo dia na TV, na internet, nos jornais... Mas... mesmo assim, bem lá no fundo, ainda fico chocada. Por quê? Porque, no fundo, ainda tenho esperanças...


- Somos especialistas em julgar, não é? Não concordam comigo? Eu, pelo menos, vejo todo santo dia, um sem-número de julgamentos. E me isento disso? Não. Não tenho a cara de pau de dizer que eu também não o faço. Mas muitas vezes, até mesmo depois de eu própria julgar alguém, paro para pensar. E me pergunto: "O que há por trás disso?", "O que levou tal pessoa a agir assim?" Em Identidade Roubada, a Annie se faz uma pergunta parecida. Ela se pergunta quem terá pisado com o calcanhar da bota e esmagado a vida do cara que a sequestrou e a dela, no processo. Onde terá ocorrido o problema, em que fase da vida dele, e por quê. É claro que nenhuma explicação seria suficiente. Ainda assim, ela teria sido apenas uma vítima de um erro cometido contra outra pessoa, mas que a atingiu. Mesmo assim... nem sempre é só uma pessoa que detém a culpa. Muitas e muitas vezes, existem outros culpados, que levam suas vidas normalmente, como se nada tivesse acontecido, como se nada tivessem feito... como se não tivessem destruído a vida de alguém. Ou ao menos, contribuído para a destruição dessa vida. E sabe o que é mais... interessante? São pessoas tão egoístas que muitas vezes "não sabem" o que fizeram. 

- Voltando à questão de que somos especialistas em julgar...rsrs... Me pergunto que direito temos de fazer isso. E encontro a resposta, clara como água pura: nenhum. Esse direito não é nosso. Somente Jesus Cristo, aquele homem, lembram? Que morreu na cruz para nos salvar (sempre me pergunto se valeu a pena), que suportou todos os nossos pecados para que recebêssemos perdão, possui esse direito. Só Ele. Mas é claro que isso não nos impedirá de continuar julgando, condenando e pouco nos importando se possuímos esse direito ou não. É mais fácil julgar do que tentar ajudar a pessoa. É muito mais simples. Gastamos menos tempo assim. Nada nunca vai mudar... É uma triste verdade.

- Por que será que estou tão revoltada e tão triste? Apesar da leitura valer muito a pena e eu não ter me arrependido nem por um segundo de ter lido esse livro... é uma história tão real e que aconteceu de tal forma por puro egoísmo de outras pessoas... que eu não consigo evitar esses sentimentos. O que mais dói é justamente isso. Saber que tudo poderia ter sido evitado se o ser humano fosse menos cruel, se importasse mais com alguém além de si próprio. Isso é revoltante. 


"Ela tentara fazer a coisa certa, ser uma boa mãe, mas será que isso foi suficiente? Seria tarde demais?"

7 de julho de 2013

Um Estranho no Espelho - Sidney Sheldon


(Título Original: A Stranger in the Mirror
Tradutora: Ana Lúcia Deiró Cardoso
Editora: Círculo do Livro
Edição de: 1976)


Hollywood, a grande fábrica de ilusões. É na capital mundial do cinema que o jovem comediante Toby Temple fez de tudo para conseguir colocar seu nome no lugar mais alto dos letreiros luminosos. Uma posição que não se alcança apenas com talento, mas à custa de muito trabalho sujo, sexo por interesse e intrigas nos bastidores. Bem-sucedido, mas solitário, ele se apaixona por Jill Castle, uma candidata a estrela que se submetia aos desejos mais pervertidos dos produtores em troca de pequenos papéis. Um segredo que Toby ignora, e que ameaça a sua sonhada felicidade.
(Sinopse retirada do site Saraiva.)


Palavras de uma leitora...


- Sim. Estou num período Sidney Sheldon. Matando a saudade.rsrs... Mas penso que depois desse, darei um tempo. SS direto não é saudável. Muita angústia, nervos à flor da pele, são prejudiciais quando em excesso. E a Jill me provocou tamanha raiva que eu desejei atacar o livro pela janela ou dá-lo para os meus gatos comerem. Não fiz isso por dois motivos: o primeiro (e principal) é que o SS é o MEU autor. E nunca destruiria um livro dele. O segundo motivo é que eu acho pecado, um crime imperdoável, a destruição de um livro, de uma história. Sendo assim, meus gatos ficaram só na vontade. Tenho certeza de que o Alejandro, principalmente, teria transformado o livro num banquete. Ele considera meus livros seus inimigos mortais. Os odeia profundamente.rsrsrs...

Mas vamos falar da história agora. E caso estejam se perguntando se haverá spoiler, a resposta é... SIM!!! Não quer spoiler? Fuja correndo dessa resenha!rsrs... É que simplesmente preciso muito desabafar. E me controlar é impossível. É algo que independe da minha vontade, compreendem? Lo siento! :)

Valerá a pena se apaixonar? Ou, às vezes, o melhor que podemos fazer é fechar nosso coração para qualquer tipo de amor? Penso que... às vezes... amar é algo venenoso. Que nos mata por dentro, lentamente... Ou nos destrói antes que possamos saber de onde partiu o golpe.

Frida estava apaixonada. Queria muito que seu pai aceitasse o pedido de casamento que Paul havia feito. Mas ela sequer precisaria ter se preocupado já que o pai dela desejava livrar-se de sua presença fazia já bastante tempo. Ele nem pensou duas vezes. Entregou sua filha para o jovem aprendiz de açougueiro e ainda aumentou o dote, pois assim o jovem casal deixaria a Alemanha para ir viver na América e ele, ficaria livre da filha para sempre, que é o que realmente queria. 

Frida casou-se com Paul cheia de sonhos, acreditando ser amada pelo marido. Mas não demorou muito para ela cair na real. Na noite de núpcias Paul já mostrou o quanto a "amava" e com o tempo a menina amorosa e sonhadora acabou por se transformar numa mulher amargurada e controladora. Cansada de ver o marido destruindo o seu dote e sua paz de espírito, Frida resolve assumir as rédeas da situação. Com o sucesso na área financeira ela passou a controlar tudo e todos à sua volta. E percebeu que precisava de um novo projeto: um filho. Ela engravidou e teve um menino, que era exatamente o que desejava. Toby Temple seria o que ela não conseguiu ser, realizaria os sonhos dela e a levaria para uma vida de fama e fortuna. Ela não sabia como... só o que sabia era que seu filho havia nascido para brilhar e fazê-la brilhar. Era destino.

Toby cresceu com essa certeza, sabendo que seria uma pessoa muito importante e não demorou muito para que todos descobrissem como. Além do rosto de anjo, Toby possuía o dom de fazer as pessoas rirem até não aguentarem mais. Ele podia contar a piada mais ridícula ou mais ofensiva do mundo, ainda assim fazia as pessoas se acabarem de rir. E conforme foi crescendo mais talentoso foi ficando. Inclusive entre as garotas que o adoravam e se entregavam sem reservas. Fossem solteiras ou... não. E com isso a fama de Toby entre os lençóis também cresceu. Ao ponto de uma jovem tímida e cristã também desejar... "experimentá-lo". Só que essa não teve a sorte (ou inteligência) de sair ilesa. Acabou engravidando e metendo os dois em sérios problemas. O pai da jovem, indignado e furioso, queria metê-lo na cadeia, pois a idade da garota transformava aquela relação em algo proibido e Toby podia ser preso como estuprador. Não importava se ela quis, implorou ou pediu por mais. Só que se ele se casasse com a menina, o pai perdoaria sua "ofensa". Toby, amedrontado, aceitou. Odiava a ideia de ter que se prender a alguém e jogar todos os seus sonhos fora. Mas ele nem deveria ter se preocupado. Sua mãe jamais permitiria que seu filhinho querido caísse numa "armadilha" (pois é claro que ele não tinha nada a ver com aquela gravidez. Somente o... "amigo" dele) e já tinha arranjado o jeito perfeito de fazer aquilo não acontecer. 

Assim que chegaram em casa, Frida começou a arrumar as coisas do filho. Toby iria embora. Para Hollywood. Estava na hora de Deus cumprir a promessa que lhe havia feito. 

Josephine Czinski parecia ter sido amaldiçoada antes mesmo de nascer. Havia perdido o pai no dia do seu nascimento e ela própria quase morrera, presa ao útero da mãe. Havia ficado por tempo demais sem oxigenação no cérebro e o médico quase a declarara morta, mas no último instante seu coração voltou a bater. Uns diriam que ela sobrevivera por um milagre. Outros diriam que foi graças ao demônio. Sua mãe pertencia ao segundo grupo. 

Desde pequena Josephine era atormentada por dores de cabeça terríveis, dores essas que a faziam sentir vontade de bater com a cabeça em algo. Dores que faziam sua mãe acreditar que a filha estava sendo castigada por Deus por ser má, perversa, pois nenhum exame acusava nada. Todos davam o mesmo resultado: normal. Sendo assim, além das dores infernais, que a impediam de dormir e a faziam gritar, Josephine ainda foi obrigada a suportar o fanatismo religioso da mãe, que a obrigava a assistir cultos aterrorizantes onde as pessoas diziam coisas horríveis e faziam coisas horríveis, em nome de Deus, é claro. Segundo eles. 

Os de fora, diriam que ela teve uma infância normal. Mas somente ela sabia o sofrimento que suportava desde bebê. E ainda por cima existiam as famílias do petróleo. As famílias ricas para as quais a mãe dela trabalhava. A beleza da pequena criança havia feito as mães do petróleo resolverem permitir que a menina convivesse com seus filhos, participasse das festas deles e até comemorasse os aniversários com eles. A menina vivia em dois mundos totalmente diferentes e tudo aquilo era demais para sua cabeça. Era como se ela possuísse duas vidas, fosse duas pessoas diferentes. 

Mesmo sendo levada para o mundo das famílias ricas, ninguém nunca permitia que ela se esquecesse de sua origem. Se esquecesse que só estava ali por caridade. Permitiam que ela participasse até mesmo dos concursos de beleza, pagavam para ela participar, mas nunca permitiam que ela ganhasse, mesmo que ela fosse a menina mais linda da região. Era sempre a filha de alguém importante que ganhava. Nunca ela. Os mesmos amigos que brincaram com ela quando criança, foram aqueles que lhe viraram as costas quando a menina foi ficando mais e mais bela. Aquilo era uma afronta, uma ofensa terrível e ela acabou por se excluída definitivamente do mundo deles... ou não. Não podemos esquecer de David Kenyon. 

David havia ido estudar fora e quando finalmente voltou, Josephine já estava com 17 anos. Nessa época, ela trabalhava como garçonete e ansiava por uma vida diferente, longe daquele lugar, longe das privações e da mãe fanática. Isso tudo até David voltar. Ela já se sentia atraída por ele no passado, mas quando o reviu... aqueles sentimentos se intensificaram ao ponto de ela só pensar nele. Entre os dois surgiu um sentimento muito bonito e forte. David não se importava com a situação financeira de Josephine nem com o fato dela ser uma simples garçonete. Ele a amava e queria se casar com ela. Só que as coisas nem sempre são como a gente quer.

A influência de outras pessoas, de pessoas muito poderosas e manipuladoras, faz com que o jovem casal se separe e David se case com uma outra menina. Alguém que "combinava" mais com ele. Josephine, destroçada por dentro e sentindo novamente as dores que sempre a perseguiam, vai embora da cidade. Disposta a não voltar nunca mais. Tudo que ela queria era uma nova vida. Um reconheço. Longe de quem um dia ela tinha sido. Ao partir, ela assume uma nova identidade. Jill Castle. Uma jovem que via em Hollywood a sua chance de brilhar. Mas... será que ela realizará os seus sonhos? Conseguirá realmente brilhar? Se sim... qual será o preço? Ela estaria disposta a fazer qualquer coisa (até mesmo vender sua alma ao diabo) para conseguir o que queria? E a pagar qualquer preço? Nunca podemos esquecer que... o preço pode ser alto demais. E as consequências... terríveis. 

É em Hollywood que os caminhos de Toby Temple e Jill Castle se cruzarão. De uma forma que mudará para sempre a vida deles dois... 

- O quê???????!!! Cadê o spoiler???????!!! rsrs... Eu contei muita coisa, não contei?!rsrs... Só que achei que não teria muita graça contar tudo. Existem coisas que são necessárias descobrir lendo. E hoje não estou com vontade de ser uma completa estraga-prazeres.rsrsrs...

"Era uma grande história de amor, mas era muito mais do que isso: continha todos os elementos do drama e da tragédia clássica gregos."

- Eu gostaria de comentar sobre muitas coisas, mas para isso teria que revelar mais do que o necessário, por isso... Falarei somente o necessário.rsrs...

- Durante boa parte do livro eu desprezei Toby Temple. Pelo filho que ele deixou para trás e jamais procurou saber se estava vivo ou morto, passando fome ou não. Pela forma como ele chegou aonde chegou, a quantidade de pessoas que ele manipulou em sua vida e a forma como sabia ser cruel. Ele era um filho da pontualidade. Não valia um centavo. E não. Suas piadas não me divertiam nem um pouco. Não sei o que tanto as pessoas viam de engraçado nelas. Eu não enxergava a graça. E quando ele zombava ou manipulava as pessoas que tinham lhe estendido as mãos, que gostavam verdadeiramente dele, eu tinha vontade de surrá-lo. Como ele era arrogante e cretino! E não se importava com ninguém além dele próprio. Mas as coisas começaram a mudar... no momento em que Jill apareceu em sua vida. 

- E o que eu penso da Jill? Também a desprezei? Vamos começar falando da Josephine. Eu admirava aquela garotinha. Tão inocente e corajosa, suportando bravamente as dores torturantes, sonhando com uma vida melhor. Ela era uma princesa que não merecia a quantidade de sofrimento que suportava. E muito menos a traição do homem no qual confiou. Eu queria proteger aquela criança, salvá-la da mãe louca, daqueles cultos terríveis, daquelas famílias que a viam como um bichinho de estimação que tiravam de suas vistas quando se cansavam, da traição do David. Eu ainda a via como a criança assustada que não tinha ninguém que realmente se importasse com ela. E durante muito tempo eu me preocupei com a Jill e torci por ela (lembram de A Senhora do Jogo? Sim. O mesmo tipo de decepção), desejei vê-la vencer, vê-la ser feliz. Até mesmo quando ela fez coisas degradantes eu ainda acreditava que ali, em algum lugar, a Josephine ainda existia e que em algum momento ela apareceria. Mas ela não apareceu. Nunca. E respondendo a pergunta inicial: sim. Eu desprezei a Jill. E jamais a perdoarei por ter matado a Josephine. 

- Apesar da quantidade de coisas que me deixaram angustiada e arrasada, é uma história que vale a pena ser lida. Talvez não para todos, mas quem é fã do SS talvez goste da história. Eu gostei bastante, pois como todo livro do meu autor, esse também é bem escrito e viciante. Não conseguimos abandonar a história enquanto não chegamos ao seu final. Quanto mais lemos mais queremos ler.

"Numa mesa de cozinha com tampo de mármore, estava um lindo bolo de casamento de seis camadas, e no topo delicados bonequinhos feitos de açúcar, representando um noivo e uma noiva.
Alguém tinha esmagado a cabeça da noiva.

'Foi naquele momento', Dessard costumava dizer aos clientes, no seu bistro, 'que eu soube com certeza que alguma coisa terrível estava para acontecer."

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