31 de março de 2020

A Dama das Camélias - Alexandre Dumas Filho

Literatura Francesa
Título Original: La dame aux camélias
Tradutora: Caroline Chang
Editora: L&PM Pocket
Edição de: 2004
Páginas: 224
16ª leitura de 2020

*Lido no Kindle Unlimited

Sinopse: Armand Duval é um jovem estudante de Direito na Paris de meados do século XIX. Jovem recatado, vindo de uma respeitável família burguesa interiorana, apaixona-se por Marguerite Gautier, nada mais nada menos que a mais cobiçada cortesã dos salões e teatros parisienses. Marguerite – vendida, corrompida, perdulária, amante de vários homens – corresponde ao amor do jovem, que provoca uma reviravolta na vida da jovem prostituta. Mas o futuro dos dois amantes enfrenta os mais rígidos obstáculos.
Escrito pelo francês Alexandre Dumas filho a partir da sua experiência autobiográfica com a cortesã Marie Duplessis, A dama das camélias é uma das mais célebres narrativas longas do século XIX – o próprio século de ouro do romance europeu. No livro, lançado em 1848 com enorme sucesso, assim como em toda a sua obra, Alexandre Dumas filho – filho bastardo do autor de O conde de Monte Cristo, Os três mosqueteiros – faz um ajuste de contas com a sociedade que o humilhara. A dama das camélias foi adaptado para o cinema e teatro inúmeras vezes, entre as quais na ópera La Traviata, de Giuseppe Verdi. A engenhosidade da estrutura, a limpidez e beleza do estilo, a honestidade no tratamento de uma das mais antigas facetas da sociedade humana – a prostituição – e a pungência com que desvenda as hipocrisias humanas fazem-na a obra-prima de Alexandre Dumas filho, que ainda hoje se lê de um fôlego só.



Não sei nem como começar a falar deste livro que mexeu tanto com as minhas emoções e me fez ficar um longo tempo refletindo, "viajando" para bem longe do "agora". Fiquei perdida em pensamentos ao final desta leitura, tentando entender como a vida pode nos levar para tão longe dos nossos sonhos. É comum dizerem que a vida é feita de escolhas, que você colhe o que plantou. Mas... Nem sempre isso é verdade. Muitas vezes o destino, ou seja lá que nome você prefira dar, nos aprisiona numa realidade na qual "escolha" é utopia, na qual colhemos não o que plantamos, mas as consequências do que foi plantado por outras pessoas. 

"Exorto o leitor a se convencer da veracidade desta história, da qual todos os personagens, com exceção da heroína, ainda vivem."

Filho bastardo do grande escritor de O Conde de Monte Cristo, Alexandre Dumas filho foi afastado da mãe ainda pequeno e matriculado em ótimas instituições de ensino para que lhe fosse assegurada uma boa educação. Se por um lado a dor de sua mãe lhe serviu de inspiração para a criação de suas personagens femininas, por outro lado, o talento de seu pai e os círculos aos quais teve acesso o incentivaram a tornar-se escritor. Em sua juventude, apaixonou-se por uma famosa cortesã com quem manteve um relacionamento por alguns poucos anos, até perceber que seria impossível continuar. Pouco tempo mais tarde, ainda muito jovem, ela veio a falecer de tuberculose e o impacto de sua morte serviu de fonte de inspiração para que o autor escrevesse aquela que se tornaria a sua mais famosa obra: A Dama das Camélias, romance de cunho autobiográfico, que até hoje emociona milhares e milhares de leitores no mundo todo. 

25 de março de 2020

A Megera Domada - William Shakespeare

Literatura inglesa
Título Original: The Taming of the Shrew
Tradutor: Millôr Fernandes
Editora: L&PM Pocket
Edição de: 2013
Páginas: 84 (em e-book)
15ª leitura de 2020

*Lido no Kindle Unlimited

Sinopse: Batista é um rico mercador, pai de duas filhas ainda solteiras. Quando ele decide que sua filha mais velha, Catarina, dona de um temperamento forte e uma língua afiada, deve se casar antes de Bianca, os pretendentes da caçula propõem a Petrúquio, rico viajante recém-chegado à cidade, que tente conquistar a megera. Nesta tradução de Millôr Fernandes, o  humor, a poesia, o sarcasmo e o drama do amor de Catarina e Petrúquio não estão apenas intactos e fiéis ao texto original: estão vivos.



A Megera Domada sentiu muita vontade de ser a primeira história no ano para a qual eu daria 2 estrelas. E ela conseguiu o que tanto queria!

Minha relação com as peças de Shakespeare não é das melhores. Mesmo quando li Romeu e Julieta pela primeira vez, na adolescência, tive problemas com o autor. Poucos anos atrás, já adulta, apostei na leitura de Hamlet, acreditando que poderia dar certo... Não deu. Então, pensei que em vez de ler as tragédias escritas por ele, poderia ler suas comédias, em mais uma tentativa de gostar de suas obras. O resultado foi desastroso.kkkkkk... E aí vocês podem pensar: "Ah! Você simplesmente não gosta de ler peças!". O que não é verdade: apreciei muitíssimo a leitura de Édipo Rei, Antígona (maravilhoso!) e Medeia.

*Pode ter spoiler (embora seja um livro clássico e bem conhecido, adaptado várias vezes, inclusive para a TV)

"Catarina: (A Batista) Eu pergunto, senhor, é seu intuito transformar-me em brinquedo desses pretendentes?"

Forte o trecho acima, não acham? Catarina, protagonista desta história, faz essa pergunta ao próprio pai. O trecho me provocou a sensação de que essa jovem já estava cansada de conhecer tantos idiotas e que por isso mesmo ela passou a ser chamada de "megera", entre outros termos pejorativos. Por simplesmente estar cansada de ser vista como objeto (e fonte de riqueza para quem a desposasse, já que levaria um belo dote) e ter resolvido tratá-los da maneira que eles, de fato, mereciam.

A história de Catarina e do traste do Petrúquio está dentro de outra história. O livro começa com um prólogo no qual um homem humilde, que vivia embriagado, vira objeto de piada de um grande nobre, um poderoso entediado que queria se divertir às custas dos outros (e eu não achei nenhuma graça de sua palhaçada). Por ordens dele, o pobre homem é levado para os aposentos do "poderoso" e é preparado um grande "teatro", no qual todos, quando o homem acordasse (ele tinha desmaiado de bêbado) iriam fingir que ele era o soberano, o dono de toda aquela riqueza. Iriam dizer que ele achava que era pobre apenas porque tinha sido vítima de uma doença, de um desvario, uma loucura, que o deixou naquele estado mental, mas que na verdade ele era rico, casado, tinha muitos servos... Enfim... Tudo isso para fazer o homem de idiota. Como todo mundo ali insistiria que ele era o dono de tudo, ele começaria a duvidar de sua própria mente e de suas certezas e acreditaria neles.

E é exatamente o que acontece. Sly acredita naqueles trastes e eles dão continuidade ao joguinho estúpido. No meio disso tudo, chegam uns comediantes que, para entreter os nobres, decidem representar uma comédia, um espetáculo que deveria divertir a todos. E esse espetáculo é justamente a história de Catarina e Petrúquio.

"Sou vendaval e ela que se curve. Sou homem rude; não cortejo ninguém como criança."

Na história de Catarina e do traste, sabemos que ela é intratável e, como eu disse, acredito que a protagonista é assim por estar já sem paciência com tantos homens interesseiros e com o pai tentando empurrá-la como mercadoria. Acontece que ela possui uma irmã mais nova, a bela Bianca, tão doce e delicada, tão linda e sensível, que todo moço quer como esposa. Mas Batista, pai das duas, decide que Bianca não poderá se casar enquanto Catarina for solteira. Não que pareça que ele goste da filha mais velha ou algo parecido. Eu fiquei com a impressão que ele não queria ter que suportar Catarina sem ter Bianca em casa para aliviar seus dias com sua suposta meiguice.

Os pretendentes de Bianca, então, decidem se unir temporariamente para encontrar algum tolo que aceite aquele "demônio" (é assim que se referem à Catarina, pois ela trata todos os homens com muita "gentileza" para não dizer o contrário) como esposa, e o caminho deles fique livre para cortejar a jovem desejada, que estava proibida até mesmo de sair de casa enquanto a mais velha não se casasse.

E eis que surge Petrúquio, homem rude, mas de posses, que tudo que deseja é se casar com uma mulher rica, para poder assim aumentar sua fortuna. Ele não quer saber se ela é bela ou não, muito menos se é meiga ou insuportável, isso porque ele se garante, se julga capaz de domesticar qualquer mulher como se se tratasse de um animal.

"Eu sou aquele que nasceu para domar-te e transformar a Cata selvagem numa gata mansa. Mas, aí vem teu pai: não recuses nada, pois eu quero e terei Catarina como esposa."

Para surpresa de todos nós leitores, apesar de tratar o Petrúquio muito mal, e até mesmo agredi-lo fisicamente, Catarina não resiste quando ele afirma que vai se casar com ela. Ela não luta contra aquela ideia, ela parece aceitar. O que fez eu pensar que algo não estava bem em sua cabeça. Que ela tinha sofrido algum surto momentâneo. Não consegui entender o que se passou com ela. Não era possível que tivesse se apaixonado à primeira vista e acreditado realmente que poderia ser feliz com aquele verme.

O interessante e revoltante, é que Petrúquio percebe o controle que já exercia sobre Catarina e decide humilhá-la antes mesmo do casamento. No dia marcado para a cerimônia, ele se atrasa muito, muito, muito! Para que ela ficasse envergonhada diante dos outros. E como se não bastasse, se veste da pior maneira possível. Os outros chegam a tentar convencê-lo a se trocar, mas ele afirma que vai se casar daquele jeito e ponto final. E após o casamento não permite que ela participe da festa. A leva para sua propriedade e deixa os convidados com o pai dela, pois Catarina não tinha permissão para participar da sua própria festa de casamento. E aí são muitas situações desagradáveis e chocantes.

Petrúquio agride o seu criado na frente dela, para deixá-la nervosa e forçá-la a implorar que ele pare. A deixa sem comer e sem dormir, supostamente "porque a ama" (????!!!) e a ilude fingindo que vai comprar coisas para ela, apenas para fazê-la ver o lindo chapéu e vestido para depois inventar uma desculpa qualquer para não permitir que ela tenha nada daquilo. Ele joga com o emocional dela o tempo inteiro e usa os criados para ajudá-lo em suas crueldades. Para ter o mínimo de paz, Catarina é obrigada a fazer o que ele quiser. Se ele diz que o sol na verdade é a lua, ela tem que concordar, senão não terá paz. Se ele disser que o céu é verde, então tem que ser verde para ela. Onde que não há abuso nesta história??? Nem todo abuso é físico. Petrúquio abusa psicologicamente da Catarina a história inteira. E o que senti vontade foi de mandar a história para o quinto dos infernos.

"Meu falcão agora está faminto, de barriga vazia. E, enquanto não ficar bem amestrado, não mandarei matar a sua fome. Assim, aprenderá a obedecer ao dono."

No trecho acima o traste está falando da Catarina. Não sei como ela, que parecia tão forte e decidida, pôde cair numa armadilha como era este casamento. É algo que foge a minha compreensão. Pior é o autor dar a entender que o casamento dá certo e que ela é feliz nesta relação. O monólogo dela ao final da história é chocante. E embora existam estudiosos, especialistas e leitores que acreditam que havia muita ironia ali (e eu, de certa forma, concorde que foi uma fala bem irônica), como se Catarina quisesse dizer "finjam que obedecem enquanto os homens acham que mandam", não deixa de ser um trecho problemático. Porque quando lembramos de tudo o que passou nas mãos dele, ficamos com a certeza que aquela foi a forma que ela encontrou de ter alguma paz e "espécie" de felicidade na relação. E isso não é engraçado, mas sim muito triste.

Imagino que Shakespeare teve seus motivos para escrever esta história. Possivelmente teve a intenção de criticar a sociedade da época (século XVI), os costumes, enfim... Mas eu não gostei do livro. Só não dei 1 estrela (uma estrela significa ruim; duas estrelas "livro regular") porque reconheço que a história flui bem, que é envolvente, bem escrita, que algumas cenas chegam a divertir e de modo geral, se você conseguir ignorar todo o problema dessa relação abusiva, pode agradar muitos leitores.

Quando criança, eu assisti "O Cravo e a Rosa", uma novela que eu lembro de ter amado muito e que foi inspirada neste livro. Não consigo lembrar da novela em si, mas apenas do sentimento que eu tinha por ela, que era de amor e que eu me divertia com a história dos protagonistas. E ao ler A Megera Domada e me revoltar tanto com toda a crueldade do Petrúquio, fiquei tentando recordar cenas da novela, para ver se minha mente de criança na época não percebeu essas violências ou se a história na novela foi contada de maneira diferente. Infelizmente, não consigo lembrar.


23 de março de 2020

5 livros para aliviar o coração...


Olá, meus queridos!

Todos nós estamos passando por um período muito difícil. Sei que não é fácil ter esperanças quando tudo é tão incerto e sentimos medo. Mas eu acredito que tudo dará certo. Que ficaremos bem, se Deus quiser!

Prometi que daria algumas indicações de leituras para ajudar a passar por tudo isso. Ler nos faz viajar mesmo quando não podemos sair de nossas casas. A leitura nos possibilita esquecer, nem que seja por alguns minutos, a realidade da vida. Principalmente se for um livro leve. 

É por isso que nesta lista que preparei não estão necessariamente os melhores livros que já li na vida, nem o Top 5 dos mais amados. Não. Porque vocês que me conhecem sabem que meus livros preferidos geralmente possuem histórias mais densas e um tanto dolorosas, mesmo que com finais felizes e muito emocionantes. Ou são livros que ainda nem foram publicados no Brasil ou foram publicados pela extinta Nova Cultural e já não são mais fáceis de encontrar. 

Eu quero indicar livros leves, para relaxar. Para aliviar o coração. E que sejam de fácil acesso aos leitores, de preferência com e-book disponível na Amazon. Foi pensando em tudo isso que separei os livros abaixo, que apesar de não serem os favoritos da vida, são sim histórias que amo muito. 


Ok. Não é bem cinco livros que vou indicar.rsrs Mas sim três livros separados e duas séries completas. :) E nada melhor do que começar indicando a maravilhosa série Os Cupidos, da minha diva Candace Camp! Sim! A Candace é uma das minhas autoras preferidas de toda a vida, que eu sonho que volte a ser publicada no Brasil, pois existem histórias inéditas dela que a editora nunca publicou aqui, para meu desespero como fã e leitora. 

Embora, regra geral, os livros dela tenham certo drama, mas com uma narrativa leve e divertida, existem alguns livros que são mais fortes, tensos, e esses são justamente os meus preferidos dela, por serem bem mais profundos e emocionantes, do tipo inesquecíveis. Um exemplo é Audácia, que é um queridinho do meu coração. Mas, como eu disse, vou indicar os livros leves. E Os Cupidos é uma série deliciosa que depois que começamos a ler é impossível parar!

Nela temos uma casamenteira. Uma mulher que pertence à alta sociedade inglesa e vive uma "fachada" de tranquilidade enquanto na realidade sua vida é bem diferente da que todos pensam... Ou melhor, quase todos. Por diversos motivos, ela não pôde se casar com o homem que realmente amava e acabou presa a um casamento que deu completamente errado. Viúva, esconde de todos os seus problemas, mas o homem que jamais conseguiu esquecer aquela que tanto amou possui os próprios motivos para iniciar um jogo divertido, no qual aposta com nossa Francesca que ela de modo algum conseguiria que uma jovem solteirona fizesse um bom casamento. Tudo estava contra aquela moça, mas Francesca prometeu a si mesma que seria capaz de ajudá-la. 

Embora tenhamos a Francesca e o lorde Sinclair como personagens secundários importantíssimos nos três primeiros livros da série, cada um dos livros tem seus próprios protagonistas, com histórias que começam e terminam num único livro. Assim, em cada livro há um casal diferente, com seus próprios dramas, passado e sonhos. Eu amo todos os casais da série!kkkkkkkk... E claro: o último livro nos traz nossa casamenteira como protagonista (é o MELHOR livro da série!).







Ainda nos romances de época, minha segunda indicação é Ilusão, um livro que li há quase dez anos e que me deixou saudades. Engraçado que eu não lembro da história toda, mas sim dos sentimentos bons que sinto por ela, dessa vontade de reler e reencontrar os personagens.

Eu disse que não indicaria histórias fortes, mas pelo que lembro este livro tem um drama mais profundo, os personagens se apaixonam na adolescência, mas são obrigados a se separar. A mocinha acaba se casando com alguém que só a faz sofrer até que a vida trata de colocar o seu amor novamente em seu caminho. É uma história muito bonita, mas que nos faz derramar algumas lágrimas.






E a terceira indicação é... Romance de época outra vez!kkkkkk... Ele faz parte da série As Quatro Estações do Amor e é um livro daqueles que nos fazem rir muito, bem como sonhar acordados... Suspiros! E olha que eu ODIAVA o mocinho (por coisas que ele tinha feito no segundo livro da série, protagonizado por outros personagens) e jurava que nunca o perdoaria. Mas ele me mostrou que até os maiores cafajestes são capazes de se transformar por amor...

Aqui temos uma mocinha que está presa, sufocada por uma família abusiva, que faria qualquer coisa para colocar as mãos na herança dela... Para escapar desse inferno, ela resolve pedir o maior libertino de Londres em casamento.rsrs Como ele precisava muito de dinheiro para continuar levando a boa vida, é claro que aceita. Mas nenhum dos dois poderia imaginar que logo o amor tomaria conta da situação. Amo demais este livro!




Saindo dos romances de época, minha quarta indicação é a trilogia As Irmãs Keyes! Não dá para expressar todo amor que sinto por essas três irmãs e a história delas. Embora cada livro seja protagonizado por uma irmã diferente, com seu próprio par romântico e final feliz, a série toda gira em torno das três e das mágoas que as separaram, que as fizeram perder tantos anos de relacionamento, de um contato do qual sempre sentiram falta, uma distância que as marcou profundamente. É um livro melhor que o outro e é bem dificil escolher um favorito.kkkkkk... A trilogia se encaixa no gênero chick-lit, é bem leve e deliciosa, do tipo que nos conquista por inteiro e nos dá esperança.





E por último e não menos importante...rsrs Quer esquecer que o mundo está uma grande confusão?! É só passar raiva com algum mocinho da Lynne Graham! Sério! Toda vez que eu quero me enfurecer com algo que não seja a vida real, procuro um livro da autora. Tanto que acho que já li todos os livros dela publicados no Brasil. Para representá-la escolhi Desafiando o Destino, que é o quarto livro da série Noivas Desafiadoras. Aqui temos um mocinho que se acha o dono da verdade e é lindo vê-lo quebrar a cara. Sabe aquelas pessoas que criam toda uma imagem de alguém e dão aquilo como certo, sem sequer conhecer a outra pessoa? Este mocinho é assim. O que ele acredita é o certo e ponto final. Isso nos faz passar raiva, mas como a autora criou uma mocinha capaz de enfrentá-lo, de dizer as verdades que ele não quer ouvir e de impor limites, para que ele perceba que não é irresistível, as coisas ficam equilibradas. É fascinante ver a Topaz colocando-o em seu devido lugar, fazendo-o descer do pedestal. Livro maravilhoso!





É isso, queridos! Se cuidem! Vamos todos nos manter saudáveis não só fisicamente. Precisamos cuidar também da nossa saúde mental. Façam tudo o que puderem para se distrair, para aliviar a mente e o coração! Leiam, assistam filmes, séries, novelas! Em breve sairemos dessa situação. E ficaremos bem.


18 de março de 2020

Dilacerada - Helô Delgado

Literatura Brasileira
Autora: Helô Delgado
Editora: Coerência
Edição de: 2017
Páginas: 254
14ª leitura de 2020

"O que você faria se alguém do seu passado voltasse para a sua vida e você tivesse que enfrentar seus traumas?

Sinopse: Uma família peculiar. Uma mãe rigorosa. Um romance. Aos 27 anos, Vivian é uma adulta marcada por seu passado e leva uma vida reservada. Não confia em quase ninguém e acredita ser incapaz de amar. Quando menos espera, depara-se com uma situação delicada, a qual evita por vários anos: a necessidade de buscar ajuda profissional para falar sobre seu passado, seus sentimentos e enfrentar seus conflitos mais profundos. 



Eu achava que 2019 tinha sido um ano extremamente difícil. E realmente foi. Mas acredito que muitos de nós estão sentindo falta dele, não é? :( Ninguém, ninguém mesmo, poderia imaginar que 2020 nos traria um pesadelo tão grande.

Só neste início de ano já tivemos chuvas fortíssimas, enchentes, desabamentos, mortes causadas por essas chuvas e agora esse vírus maldito, que está tirando a vida de milhares de pessoas pelo mundo. Eu estou completamente chocada e muito, muito angustiada. Minhas leituras, que já estavam afetadas por conta de tudo o que passei com as chuvas, ficou ainda mais prejudicada. Isso porque eu já sofro de ansiedade e essa grande quantidade de informações sobre o coronavírus me fez ter crises de ansiedade. E é uma luta para conseguir controlá-las e ficar bem.

Mas de nada nos adianta entrar em pânico. É momento de mantermos a calma e seguirmos as orientações do Ministério da Saúde e dos especialistas. Por isso, peço POR FAVOR, que todos que puderem ficar em casa, fiquem!!! Não saiam! Lavem as mãos com frequência (com água e sabão), passem álcool em gel a 70%, evitem aglomerações, evitem contatos físicos, tenham cuidado especial com idosos e pessoas com doenças crônicas e/ou que afetem a imunidade e tornem essas pessoas mais vulneráveis a complicações causadas pelo vírus. Vamos todos ter amor a nós mesmos e ao próximo!

Tentando manter a normalidade, na medida do possível, continuarei lendo (é momento para lermos ainda mais, pois os livros são ótima companhia para mantermos a sanidade mental durante a quarentena) e postando resenhas no blog. Talvez eu faça também um post com dicas especiais de leituras para aliviarmos nosso coração durante esse período.

"- Mesmo quando pessoas muito próximas nos machucam, não conseguimos extinguir os sentimentos que temos por elas."

Quando comecei a leitura deste livro não fazia ideia do que esperar. Imaginava que tinha um certo drama, algo envolvendo acontecimentos do passado da protagonista. Mas não sabia que o livro abordaria assuntos como relacionamentos familiares abusivos. E que a Vivian, mocinha da história, passaria por um trauma tão, mas tão grande.

Ela tinha apenas quinze anos quando o conheceu. Filha de uma mãe controladora e perfeccionista, não tinha contato com o mundo além de sua casa e o quintal da propriedade. A única outra pessoa que via além da mãe e da irmã mais nova (com Síndrome de Down), era a dona Célia, responsável por dar aulas às duas adolescentes diariamente, no interior da casa. Vivian passava cada dia sob o controle da tensão, pois antes de sair para trabalhar a mãe sempre deixava uma lista de afazeres, que a adolescente precisava cumprir com PERFEIÇÃO, caso contrário existiriam consequências. Ela precisava ter um comportamento perfeito e abrir a boca para dizer sempre o que agradasse à mãe. Sentia em seu coração muito medo de desafiar as regras impostas por ela. Não por si mesma, mas pelo que a mãe poderia fazer com Valéria, sua irmã mais nova. Vivian fazia tudo o que podia para protegê-la.

"Existem algumas passagens das nossas vidas que são complicadas de serem lembradas. Muito mais simples deixá-las trancafiadas no fundo de nossa memória."

Ela o conheceu numa tarde, durante os breves momentos em que sua mãe a deixava ir ao quintal "respirar" um pouco antes de ficar presa novamente em casa. Nunca o tinha visto por ali e ficou bastante surpresa, mas também de certa forma atraída. Tinham a mesma idade e Vivian ansiava por poder conversar com alguém além da irmã, da mãe e de dona Célia. Seria tão errado assim fazer amizade com outro adolescente?

Mesmo que sentisse que seu contato com Lucas não deveria provocar reprovações, sabia que precisava esconder aquela relação da mãe. Ela não era uma pessoa normal. Nunca se sabia como poderia reagir e Vivian faria todo o possível para ser amiga dele pelo máximo de tempo que conseguisse.

"Você já quis voltar no tempo e poder mudar alguma coisa?"

Ao lado de Lucas, ela vive os momentos mais lindos de sua vida. Ainda que se encontrassem escondidos e por poucos minutos, ainda que sentisse que tudo poderia acabar abruptamente, Vivian não desperdiçou nenhum instante que o destino lhe deu. Mas quando tudo chegou ao fim.... foi mais traumático do que qualquer pessoa poderia imaginar. Nada. Nada a preparou para um trauma tão grande.

Agora, aos vinte e sete anos, formada em biologia marinha e com um futuro promissor pela frente, o aparecimento de alguém de seu passado a força a revisitar antigos sofrimentos e encarar as feridas deixadas por toda aquela dor.

"Era tão complicado processar tudo, que, na maior parte do tempo, me recusei a pensar."

A história não é dividida em capítulos, mas em "semanas", conforme acompanhamos as sessões de tratamento da nossa protagonista que decide procurar ajuda psicológica para finalmente conseguir lidar com todas as marcas emocionais deixadas por seu passado (que é realmente muito doloroso). É através de cada consulta que conhecemos os acontecimentos de mais de dez anos atrás, ao passo que Vivian vai se abrindo e contando tudo o que aconteceu até que ela chegasse àquele ponto.

Tudo é contado bem aos poucos, ao longo de trinta e uma semanas. Então, quando a protagonista chega à cena mais dolorosa, não é só a psicóloga que sofre um grande golpe (pois ela também era humana), mas também nós leitores, que ficamos chocados e precisamos interromper por uns minutos a leitura, tentando entender como aquilo poderia ter acontecido. Eu me senti sem chão. Naquele momento a autora conseguiu me fazer chorar, sentir muitíssimo por tudo o que a Vivian passou, sendo apenas uma adolescente.

"Eu me sinto como se estivesse quebrada, sabe? Falta alguma coisa..."

Eu detestei profundamente a mãe da Vivian. Mulher desequilibrada, doentia. Tratava as filhas como prisioneiras, como se fossem propriedades dela, como se não tivessem sentimento nem nada. Fica mais que evidente, em diversos momentos das lembranças da protagonista, que ela vivia presa a um relacionamento abusivo com a mãe. Não são só companheiros (as), namorados (as), maridos/esposas, que podem prender uns aos outros numa relação tóxica, abusiva. Familiares também podem ser tóxicos. Uma mãe ou um pai pode sim exercer tal controle físico e emocional sobre os filhos ao ponto de se tornar uma relação nociva, doentia.

Conforme Vivian vai lembrando do dia a dia, do medo terrível que sentia, imaginando sempre que a mãe poderia ser capaz de fazer algo muito ruim, nós vamos nos sentindo "sufocados", como se estivéssemos dentro daquela casa com ela, como se passássemos pelas mesmas coisas. É horrível. E aí começam os meus motivos para ter dado 3 estrelas ao livro e não 5 ou 4.

A história da mocinha me atingiu profundamente. É comovente, dolorosa, nos provoca empatia, nos faz sofrer com ela. E torcer para que ela consiga se recuperar e ter o seu sonhado "felizes para sempre". E eu não gostei da maneira como certas coisas foram conduzidas.

Sei que é uma história de perdão e recomeço. De livrar-se de um passado que influenciava toda a vida da protagonista. De conseguir se libertar para ser feliz. Ainda assim, não havia, na minha opinião, necessidade de construir certas cenas. Algo que não posso explicar direito, pois precisaria dar spoilers. Mas o que posso dizer é que senti que todos os personagens (tirando os amigos da Vivian e uma outra personagem) jogavam com ela. O tempo todo. Manipulando, fazendo da vida dela o que bem entendiam. E ela permitia isso. Aquilo não era cura, era se deixar fazer de idiota. Desculpa, mas é assim que penso.

Primeiro, o suposto amor do Lucas pela Vivian não me convenceu. Nem por um instante. Se ele realmente a amava, não sabia como de verdade se ama alguém. O que já me fez tirar uma estrela do livro, pois eu enxergava algo de errado naquela relação. Algo que não era muito saudável (lembrando que é apenas a minha opinião). Mesmo assim, como era acima de tudo a história da Vivian e da sua superação, eu ainda pretendia dar quatro estrelas. Eu já tinha lido 90% do livro e seguia confiante de que daria quatro estrelas. E aí veio a revelação bombástica do livro. Algo que me pegou completamente de surpresa. E a história desandou.

Por quê? Porque foi aí que vi o quanto os personagens jogaram com a Vivian. O quanto brincaram com ela, manipularam, fizeram o que bem entenderam, sem se importar com sua dor, com seus sentimentos. Não se faz algo como aquilo. Nunca. É muito grave. Se eu já não acreditava no amor de certos personagens, depois daquilo se tornou impossível qualquer tentativa de eles me convencerem do contrário. Não tinha mais retorno, sobretudo, porque o livro chega ao fim poucas páginas depois, com a Vivian aceitando como "normal" e "justificável" o grande mal que aquelas pessoas lhe fizeram. Como assim, pelo amor de Deus?! Isso foi surreal para mim.

"Pretendo deixar para trás tudo o que vivemos de ruim. Sei que não posso fugir de quem sou e do que passei, porém, posso escolher ao que me apegar."

Isso não significa que acho a história ruim. Na verdade, de modo geral, é muito boa. Extremamente envolvente, faz com que nos apeguemos à protagonista. Sofremos com ela, torcemos para que seja muito feliz. E é provavelmente por isso que me revoltei tanto. Que não aceitei o que fizeram com ela. Seria impossível. Eu queria era socá-los.

Fiquei com raiva da Vivian por permitir que aquela gente fizesse parte de sua vida, quando não eram dignos disso. Fiquei com muita raiva. Mas ao mesmo tempo reconheci que não sou ninguém para julgá-la pelas decisões que ela tomou diante de tudo o que passou, de tudo o que teve que enfrentar. Se era assim que ela conseguiria recomeçar, se era desse jeito que ela encontraria a felicidade, eu precisava aceitar, mesmo desejando esganar aqueles infelizes. Ela era livre para fazer as escolhas que considerasse as melhores para a própria vida. Era um direito dela.

Eu amei a escrita da autora e a admiro por ter conseguido construir toda a história através de semanas de tratamento psicológico da protagonista. É uma maneira diferente de narrar, de conduzir uma história, algo que eu já vi parecido apenas nos suspenses psicológicos da Chevy Stevens (e mesmo assim é um tanto diferente). É muito fácil ler o livro, a narrativa é deliciosa e fiquei com muita vontade de conhecer outras histórias dela.


-> DLL 20: Um livro de autora brasileira


11 de março de 2020

Poliana - Eleanor H. Porter

Literatura norte-americana
Título Original: Pollyanna
Tradutor: Paulo Silveira
Editora: Nova Fronteira
Edição de: 2018
Páginas: 192
13ª leitura de 2020

*Publicado originalmente em 1913

"A Poliana é uma garota fantástica. Ela sempre vê o lado bom das coisas e, apesar de ainda ser novinha, acaba ensinando todos ao redor com seu jeito sensível e amoroso. Todo mundo deveria conhecer essa história, que passa uma mensagem tão positiva. 
É muito legal poder viver a personagem na televisão, depois de ter me encantado com ela nas páginas do livro. E esta edição está muito fofa, tem tudo a ver com a Poliana. Simplesmente incrível."  Sophia Valverde, atriz




Sabe aquele livrinho que te deixa com um quentinho no coração? Que te deixa leve e te dá esperanças? Poliana é exatamente assim. Uma história que me fez muito bem. Não apagou toda a tristeza causada pelos acontecimentos da semana passada, mas fez eu me sentir melhor, disposta a tentar o jogo ensinado pela pequena menina de 11 anos, que tinha mais sabedoria do que muitos adultos.

"Respirar somente não é viver."

Poliana é uma criança de onze anos que perdeu recentemente a única família que lhe restava: seu pai, um missionário muito pobre, mas que passou a vida inteira se dedicando aos outros, aos ensinamentos cristãos de amor e compaixão, de ajuda ao próximo. Os irmãos da menina tinham ido para o céu, sua mamãe também e agora o seu papai. Dependente da caridade das cristãs auxiliadoras, ela não tinha quem se responsabilizasse por ela... até que entraram em contato com sua tia, irmã de sua mãe, uma pessoa que Poliana ainda não conhecia.

Paulina Harrington era a última sobrevivente de uma família muito rica, que não sabia o que era passar por necessidades na vida. Joana, sua irmã mais velha (e mãe de Poliana) foi deserdada por ter escolhido se casar com um pastor pobre, em vez de aceitar a proposta de alguém "adequado", de família tão tradicional quanto a dela. Paulina detestava o cunhado por ter levado sua irmã, mas o dever, algo que sempre levava muito a sério, a fez aceitar receber a sobrinha em sua casa, mesmo que na realidade quisesse distâcia dela.

"Paulina Harrington nem se ergueu da cadeira para receber a sobrinha. A arrogante senhora olhou para a menina por cima do livro que lia e só estendeu a mão, como se a palavra dever estivesse escrita em cada dedo."

Mesmo morando numa mansão com muitos quartos lindos e confortáveis, Paulina colocou a criança num quartinho no sótão, feio e abafado, onde era praticamente impossível dormir, por conta do calor insuportável. Ao saber que tinha uma tia tão rica, Poliana, que nunca teve nada de confortável na vida, chegou a sonhar com o lindo quarto que teria, com tapetes e quadros, mas a realidade se mostrou bem distante de tudo o que ela poderia desejar.

No entanto, Poliana era uma menina diferente. Educada por um pai que aprendera a encontrar motivos na vida para ser feliz, mesmo não tendo condições de comprar nada para sua princesinha, ela aprendeu o "jogo do contente", que consistia em encontrar em cada situação ruim um motivo para sorrir.

4 de março de 2020

Conto com o carinho de vocês...

Mesmo diante da tempestade e do mar agitado, eu confio em Deus.


Olá, meus queridos!

O ano mal começou e tanta coisa já aconteceu... Tem sido bem difícil, mas venho me mantendo forte, pedindo ajuda a Deus. E me refugiando no blog que faz parte da minha vida há dez anos e é o cantinho para o qual sempre pude correr nos momentos de dificuldades, para aliviar meu coração. 

Desde 2007 que eu compro livros. Era uma adolescente ainda, uma estudante. Naquela época, juntava todos os dias o dinheiro que minha mãe dava para o lanche e na sexta-feira (de cada semana) comprava pelo menos um livro de banca. Qualquer dinheiro que eu tivesse era para livros. Qualquer presente que alguém fosse me dar já sabia que deveria ser livro. Todos que me conhecem sabem o quanto eu sou apaixonada pela literatura. 

Nunca me importei com coisas materais. Maquiagem, roupas, celular, qualquer coisa do gênero. Sempre vi como coisas que precisava usar, mas que não me enchiam os olhos, nunca liguei para nada disso. As únicas coisas materiais que me importavam eram os livros. Nos livros há magia, esperança, conhecimento, amor, empatia... Os livros nos fazem bem. Nos fazem crescer como pessoas, como seres humanos. São indispensáveis. E eu passei todos esses anos (desde 2007) adquirindo livros. Ganhei muitos livros, mas também comprei a maioria deles. 

Ano passado comecei a trabalhar o desapego. Entender que eu não precisava de todos os livros que tinha, até porque existia uma parcela de livros que eu tinha lido e nunca mais voltaria a ler, poderia passá-los adiante, para que outras pessoas tivessem a chance de lê-los e por isso doei muitos livros em 2019, ao todo foram 76. Sabia que em 2020 desapegaria de mais alguns livros e os reservaria para doação. Seria algo espontâneo, pelo prazer de saber que outras pessoas iriam lê-los. Mas aí vieram as chuvas dos dias 29 de fevereiro e 01 de março. 

Essas chuvas causaram um estrago enorme na minha casa. Algo que ninguém aqui esperava. Um verdadeiro pesadelo. Só Deus sabe quantas lágrimas eu já derramei, mas é Ele também quem tem me dado forças para seguir em frente, para suportar e não desistir. Nessas chuvas eu perdi 67 livros de banca, o que foi como uma facada no meu coração. Ver as chuvas destruí-los foi insuportável. Não desejaria uma dor assim nem para um inimigo. Com a água das chuvas se foram os livros que eu comprava na minha época do colégio. Livros que me iniciaram como leitora. Livros que eram especiais para mim, que continham uma parte da minha história. Não eram simples papéis. Eram importantes demais para mim. Algo irrecuperável. E eu preciso aceitar isso. 

Como eu não suportaria que outra chuva como aquela destruísse os livros que tinham me restado, peguei 77 livros de banca que não chegaram a ser atingidos pela enchente e os doei. Fiquei apenas com 17 livros de banca para recordação. 

Embora nenhum livro de livraria tenha chegado a se perder na chuva (os livros de banca ficavam dentro do baú, os de livraria na estante e no armário), a experiência de perder os de banca me fez decidir separar vários de livraria e doar. Deles saíram 70 livros, destinados em sua maioria para a biblioteca pública, algo que conforta meu coração, imaginar que muitas pessoas poderão lê-los. Este é meu único consolo. 

Ainda tenho muitos livros aqui em casa e vários deles não foram lidos. Isso não diminui a dor causada pelos que perdi, mas me conforta, porque ainda estou rodeada de muito amor, de muitos amigos. Os livros são grandes amigos na minha vida, são parte de mim. Se estou rodeada por eles, então estou bem. 

Se estou triste? Muito. Meu coração está ferido. Mas sei que vou ficar bem. Precisarei apenas passar por todo esse processo que vem quando perdemos algo importante. Logo me recuperarei. 

Não pararei de ler. Não pararei de fazer resenhas, de compartilhar com vocês o meu amor pela literatura. Por onde quer que eu passe sempre falarei de livros. Só deixarei de incentivar a leitura, só deixarei de falar de todo esse amor, quando morrer (e talvez até depois da morte eu continue falando de livros, né?rs). Falarei de livros até meu último suspiro, queridos. 

O que pode acontecer é durante algum tempo eu não conseguir ler e resenhar com a mesma frequência de antes. Este mês ainda não iniciei nenhuma nova leitura, pois passei os últimos dias lidando com os estragos da chuva, limpando a casa, jogando fora algumas coisas que foram perdidas. Mas em breve me reorganizarei e trarei novas resenhas. 

Hoje ainda passei por um outro desgosto. Com uma pessoa da minha família, que já é especialista em me decepcionar. Eu já deveria estar acostumada, mas depois de tudo o que passei nos últimos dias, tudo o que definitivamente não precisava era de uma nova decepção e uma tão grande assim. Foi mais um golpe no meu coração, mas minha vida está nas mãos de Deus. Sempre esteve e sempre estará. Enquanto Ele estiver no controle de tudo e me sustentando em suas mãos, eu vou conseguir seguir em frente. E tenho o amor da minha mãe, da minha irmã, da minha tia, dos meus priminhos (que sempre considero os meus anjos) e de todos vocês que sempre me apoiaram e me presentearam com tanto carinho, com palavras sempre tão lindas e que me fazem sorrir. Esse amor é muito importante para mim. Conto com o carinho de vocês, com toda essa luz e energia positiva que sempre me enviaram. Agradeço muito por tudo, queridos. O blog não existiria há tanto tempo se não fosse por vocês. 

E só imploro que peçamos juntos por aqueles que foram ainda mais prejudicados pela chuva. O que perdi não é absolutamente nada perto do que tantas pessoas perderam. Existem pessoas que perderam tudo o que tinham nas chuvas. Existem pessoas que perderam até mesmo a vida. Aqui no RJ quatro pessoas morreram vítimas das chuvas. É muito triste, gente. Em São Paulo já são mais de vinte mortes. Peço a todos que, independentemente de qual seja a religião, mesmo quem não tenha religião, que implorem para que isso pare. Eu peço a Deus que tenha misericórdia. Que faça essas tragédias pararem. 

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