30 de outubro de 2017

Harry Potter e a Pedra Filosofal - J. K. Rowling

(Título Original: Harry Potter and the Philosopher's Stone
Tradutora: Lia Wyler
Editora: Rocco
Edição de: 2000)

Harry Potter é um garoto comum que vive num armário debaixo da escada da casa de seus tios. Sua vida muda quando ele é resgatado por uma coruja e levado para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Lá ele descobre tudo sobre a misteriosa morte de seus pais, aprende a jogar quadribol e enfrenta, num duelo, o cruel Voldemort. 

Com inteligência e criatividade, J. K. Rowling criou um clássico de nossos tempos. Uma obra que reúne fantasia e suspense num universo original atraente para crianças, adolescentes e adultos.




Palavras de uma leitora...



Resgatado por uma coruja?! Sério isso, gente?rsrs Eu não devo ter lido muito bem a história, pois não me recordo do Harry Potter ter sido resgatado por uma coruja. 

Há muitos anos sou apaixonada pelos filmes da saga Harry Potter. Desde bem novinha. Perdi a conta de quantas vezes assisti o primeiro filme e ele segue sendo o meu preferido. Creio que os únicos que ainda não vi foram os dois últimos: As Relíquias da Morte - Parte 1 e 2. Lembro que quando eu era menina as crianças se emocionavam e ansiavam pelo lançamento dos filmes. Harry Potter era febre e eu não fazia a menor ideia, naquela época, que os filmes tinham sido baseados em livros. 

Descobri que existiam os livros quando já era bem mais velha, mais ou menos quando criei o blog. Os meus primeiros leitores comentavam bastante numa resenha que fiz sobre o terceiro livro da série Os Imortais. E me recomendaram muito os livros da saga Harry Potter, não deixando de me alertar para o fato de que muitas coisas eram distintas dos filmes e que perderíamos pessoas queridas na reta final dos livros. Eu desejei ler os livros naquele ano, logo após as indicações, mas não os tinha e, infelizmente, com tantos livros que necessito comprar, Harry Potter não era prioridade. :(

Mas... este ano, ao participar do Desafio 12 Meses Literários, eu arrisquei colocar o primeiro livro da série no tema do mês de outubro. De duas uma: ou eu seria forçada a comprar o livro ou teria que pegá-lo emprestado com alguém. Escolhi a segunda opção.rsrs

- Fico aqui me perguntando como fazer um resumo de uma história tão conhecida e amada por tantas pessoas... Se bem que me surpreendi muito ao perguntar para duas amigas, numa mesma semana, se elas conheciam esta história e elas dizerem que nunca sequer tinham ouvido falar. Como assim?!?! Nem mesmo os filmes! Tive que perguntar em que planeta elas vivem, sinceramente!kkkkkkkkkk... Todavia, penso que, além de desnecessário, meu resumo sequer chegaria aos pés do livro.  É sempre muito complicado falar de uma história que amamos e pior ainda quando é um livro tão famoso. Mas tentemos!rsrs

"Dumbledore e a Profa. Minerva curvaram-se para o embrulho de cobertores. Dentro, apenas visível, havia um menino, que dormia a sono solto. Sob uma mecha de cabelos muito negros caída sobre a testa eles viram um corte curioso, tinha a forma de um raio.
- Foi aí que... ? - sussurrou a professora.
- Foi - confirmou Dumbledore. - Ficará com a cicatriz para sempre."

Ainda bebê, Harry Potter sofreu duas perdas irreparáveis. Seus pais, que tanto o tinham amado e protegido, foram assassinados, vítimas de um bruxo cruel e sedento por poder. Harry não sobrevivera porque o assassino teve pena dele, mas sim porque sua mãe deu a vida para que ele vivesse, sacrificando-se e marcando-o para sempre com este amor. O monstro ainda tentou assassinar a criança, mas não conseguiu. Existia algo no menino que era mais forte que ele e que o enfraqueceu quase até a morte. Então, sem alternativa, ele desapareceu, deixando um alívio por sua partida e um medo de que, a qualquer momento, ele iria retornar mais forte e continuar de onde havia parado. 

Em todo lugar, entre os bruxos, havia alegria e tristeza naquela noite. Festas comemoravam a partida de Voldemort, mas era impossível livrar-se da tristeza pelo alto preço que foi pago. Dois bruxos queridos e bondosos tinham morrido e uma criança ficara órfã. O que seria daquele pobre menino? E que poder teria ele para ser a única pessoa que cruzou o caminho de Voldemort e conseguiu sobreviver? 

Deixado na porta dos parentes trouxas de sua mãe (pessoas que não eram bruxas), Harry foi criado com desprezo, por tios que não o queriam e se ressentiam por serem responsáveis por ele. E nunca teve conhecimento de sua verdadeira história. Pelo menos até seu aniversário de 11 anos. 

Uma carta havia sido deixada para ele. A primeira que ele recebera em toda sua vida. Mas, impedido pelos tios, não chegou a tomar conhecimento do seu conteúdo. Aquele foi apenas o início da grande aventura que se aproximava. 

Como se o remetente pudesse adivinhar que a carta não chegara às mãos de Harry, outras cartas idênticas se seguiram. E quanto mais seus tios lutavam para impedi-lo de lê-las mais e mais cartas chegavam. Num ato de desespero, resolveram viajar de última hora... para o mais longe possível de tudo. Onde nenhuma carta pudesse chegar. Onde a verdade pudesse continuar a ser negada. Porque eles sabiam exatamente o que aquelas cartas significavam... 

"Deitado, ele viu seu aniversário se aproximar, perguntando-se se os Dursley se lembrariam, perguntando-se onde estaria o remetente das cartas agora."

Contando os minutos para o seu aniversário, um tanto triste por passar mais uma vez sozinho, sem que ninguém se importasse muito com a data, Harry não poderia imaginar que alguém do seu passado, que conhecia muito bem a sua história, estava prestes a entrar pela porta, mudando para sempre a sua vida. Apresentando-lhe um mundo novo. Um mundo que lhe pertencia, do qual ele fazia parte, ainda que não soubesse. O mundo dos seus pais. 

"- Eu sou o quê? - ofegou Harry.
- Um bruxo, é claro - repetiu Hagrid, recostando-se  no sofá, que gemeu e afundou ainda mais -, e um bruxo de primeira, eu diria, depois que receber um pequeno treino. Com uma mãe e um pai como os seus, o que mais você poderia ser?"

- Levado repentinamente para uma outra vida, Harry viverá momentos inesquecíveis. Conhecerá pessoas que farão de tudo para fazê-lo desistir ou ter o mesmo fim que seus pais, bem como encontrará também em seu caminho amigos de verdade, que estarão ao seu lado para o que der e vier. Ao lado de Rony e Hermione enfrentará uma batalha mortal: contra Voldemort, o Lorde das Trevas, aquele que assassinou seus pais. E descobrirá que a magia pode ser importante e útil, mas que não existe nada mais forte que o amor. O amor e a lealdade de seus amigos. Mas, principalmente, o amor de quem deu a vida por ele. O amor de sua mãe

- Quando comecei a leitura, estava preparada para encontrar cenas bem diferentes do filme, pois geralmente é assim. E como sou 100% fã do filme, imaginei que resistiria um pouco ao livro. Todavia, nada foi como pensei. A história narrada é extremamente parecida com a adaptação que fizeram para o cinema. Eles foram muito fiéis ao livro e isso me encantou. Eu me sentia como se estivesse vendo as cenas enquanto prosseguia na leitura. Era delicioso! Os rostos dos personagens passavam por minha mente, as falas, os momentos decisivos... estava tudo ali. E a Hermione, que sempre foi a minha preferida, continuava sendo Hermione!kkkkkkkkk... Quem conhece essa personagem, entende o que estou dizendo.rsrs Quando eu era criança e assistia as cenas interpretadas por ela, sempre me pegava desejando ser como ela. Se chegasse um pouquinho perto da grande personagem que ela foi, já me sentiria muito bem.rsrs

Senti uma imensa falta dos filmes, gente. :( Não estranhem se eu de repente fizer uma maratona, revendo todos os filmes e assistindo os dois últimos que ainda não vi. Deu uma baita saudade! :( 

- Apreciei muito a leitura deste livro. Foi uma experiência daquelas que nos deixam mais leves, que nos fazem rir, que ensinam lições importantes. No final das contas, não foi o que Harry e seus amigos aprenderam durante os estudos de magia e defesas contra as trevas que os salvaram. Ajudou sim, é claro. Mas o que realmente venceu aquela guerra foi o amor. O mal não podia tocar nosso pequeno Harry Potter porque o amor de sua mãe o protegeu. Que lição mais linda, não é mesmo? :)

Sem falar nas lições de amizade e de fazer o que é certo, nos importando com os demais, ainda que as consequências pareçam ruins no momento. Por diversas vezes, Harry, Hermione e Rony tiveram que fazer escolhas difíceis, abrindo mão de algo pelo que realmente importava, pelo que era realmente certo. 

"A boca de Hermione estremeceu e ela correu de repente para Harry e o abraçou."

- É um livro de fantasia, um faz de conta como diversos outros, como meus amados contos de fadas, por exemplo. Mas, assim como eles, contém lições que eu considero essenciais para as crianças aprenderem ainda bem pequenas. A lição da amizade, de que não nos bastamos por nós mesmos, que precisamos do outro e devemos nos importar com o outro, sabe? Que o amor é o maior poder que podemos desejar, que é aquilo que possui mais magia e valor. Que devemos buscar fazer o bem e o que é correto, ainda que tentem nos convencer do contrário. Que o bem vai vencer sempre não importando o quanto o mal pareça forte. Porque os heróis sempre vencem. Criança tem que ser criança e aprender os verdadeiros valores ainda pequenas. Porque é a criação, a educação que elas recebem nessa idade que vai contribuir e muito para formar o caráter que terão quando adultas. Se mais pais incentivassem seus filhos a lerem e se importassem mais com a educação que estão lhes passando talvez nossa sociedade fosse melhor. 

"[...] Se existe uma coisa que Voldemort não consegue compreender é o amor. Ele não entende que um amor forte como o de sua mãe por você deixa uma marca própria. Não é uma cicatriz, não é um sinal visível... ter sido amado tão profundamente, mesmo que a pessoa que nos amou já tenha morrido, nos confere uma proteção eterna."

- Este ano já não dá mais tempo, pois tenho que correr para fazer outras leituras. Mas ano que vem, se Deus quiser, farei uma maratona de leitura dos livros do Harry Potter. Uma das minhas metas pro ano que vem é ler toda a série. :D 




Harry Potter e a Pedra Filosofal foi minha escolha para o tema deste mês do Desafio 12 Meses Literários. O tema de outubro é ler: um livro infantil. Por causa do mês das crianças, claro! Mas também acaba sendo uma leitura apropriada para o Dia das Bruxas, certo?!kkkkkkkk... Afinal de contas, o protagonista e seus amigos são bruxinhos, feiticeiros. Do bem, óbvio!!! 

É isso, gente! Até breve!

Bjs! 

27 de outubro de 2017

Lançamentos Harlequin - Novembro/2017



Olá, queridos!

Que tal virem comigo conferir os lançamentos da Harlequin Books Brasil do mês de novembro?! :D




TOQUE PERIGOSO -  Maya Banks
Harlequin Livraria

Só o amor será capaz de protegê-los. 

Criada em um rigoroso culto religioso durante toda a sua juventude, Jenna não conhece nada do mundo exterior além de vagos flashes de memória, que sequer parecem ser desta vida. Memórias que servem como consolo, principalmente quando os líderes do culto descobrem que Jenna possui uma extraordinária habilidade de cura – e isso se torna motivo para que Jenna seja punida por um dom proibido: anos sendo castigada e colocada à reclusão por ser diferente. Jenna se torna uma mulher frágil e tímida, pelo menos é a maneira que ela encontrou de sofrer menos, enquanto busca o momento perfeito para fugir.

Isaac é o recruta mais rebelde da Devereaux Security e mal consegue conter a sua ira quando alguém tenta roubar sua picape, mas quando descobre que o ladrão é na verdade uma jovem aterrorizada, sua raiva se transforma em compaixão e empatia. Isaac está disposto a ajudá-la, porém será Jenna a sua verdadeira protetora. E com apenas um toque, ela salvará sua vida e seu coração.

Em Toque Perigoso, a autora best-seller Maya Banks nos oferece mais uma história do mundo Slow Burn e mais personagens belos, perigosos e sedutores.



A FAMÍLIA MONTORO
Harlequin Desejo

SEDUZIDA PELO HERDEIRO - Andrea Laurence 
De ovelha negra a rei... com uma ajuda muito especial!
O pesadelo de Gabriel Montoro se torna realidade quando seu irmão abdica do trono de Alma, deixando Gabe como o novo herdeiro. Agora, o playboy se tornará rei! Para isso, vai contar com a ajuda de Serafia Espina. A ex-top model pode ensiná-lo as regras de etiqueta, mas enquanto se adapta ao protocolo real, Gabe começa a ver essa antiga amiga sob uma luz muito diferente. Mas em breve ele não terá mais uma vida privada, e Serafia esconde segredos que podem colocar o relacionamento em risco.

UMA PAIXÃO INESPERADA - Kat Cantrell
Ela se apaixonou pelo irmão errado!
Agora que sua família irá governar Alma, Bella Montoro é candidata a um casamento real. Mas uma mulher de espírito livre como ela não vai ser um peão nos jogos políticos do pai. Apesar de estar prometida para o filho mais velho de um barão de petróleo, Bella gosta mais do seu rebelde irmão gêmeo. James Rowling é conhecido por seu histórico com as mulheres, mas será que Bella irá mudar isso? Ou a reputação de James - e uma pequena surpresa - vai entrar no caminho do "felizes para sempre"?



A PRINCESA REBELDE -  Jennifer Hayward
Harlequin Paixão

O homem que ela ama odiar...

Muitas mulheres matariam para se casar com o rei Kostas Laskos. Stella Constantinides não é uma delas. Mas, pela paz do reino, concordou em se unir ao homem que foi capaz de se aproveitar de seu momento de vulnerabilidade e partir seu coração. Mesmo com a decisão tomada, Stella se recusa a ser seduzida pelo charme do marido. Porém, a primeira noite como casados prova que Stella não é imune a Kostas. Em pouco tempo, ela começa a ver a verdade por trás dos erros do passado... e faz o que jurou nunca voltar a fazer: se apaixonar por Kostas! 



SEDUÇÃO IMPLACÁVEL - Sarah Morgan
Hlarequin Coleção Paixões Clássicas

Em busca da recompensa!

Seduzida por Angelos Zouvelekis, a garçonete Chantal aceita fingir ser sua noiva. Em troca, ela receberá presentes e outros mimos... mas Angelos também terá sua recompensa! Mesmo acreditando que Chantal é uma golpista, ele não consegue deixar de desejá-la. Porém, sua arrogância se desfaz quando descobre que Chantal é virgem. Agora, consciente de sua inocência, Angelos vai ficar com ela - não importa as consequências!



CONSEQUÊNCIAS DO DESEJO 
Harlequin Jessica


SOBRE REIS E REPUTAÇÕES - Carol Marinelli
Grávida... do sheik playboy!
O sheik playboy Kedah de Zazinia aproveitou cada minuto que passou construindo sua reputação! Prestes a subir ao trono, Kedah sabe que em breve deverá aceitar seu dever real... Mas até lá, precisa se distrair, e nada melhor do que uma noite de paixão com sua assistente certinha, Felicia Hamilton, que esconde um desejo que Kedah está louco para deixar em chamas! Só que ele não estava preparado para o maior escândalo de todos: sua noite de prazer deixa Felicia grávida!

A PRINCESA E O BILIONÁRIO - Sharon Kendrick 
Uma princesa embaixo das cobertas...
O barulho do helicóptero anuncia o retorno do chefe, e manda Sophie correndo para a cozinha. Mal sabe ela que, para se esconder da sua família, terá que ficar sob o olhar penetrante do notório bilionário Rafe Carter. Para ele, resistir aos charmes da sua nova cozinheira é fundamental, nem que para isso precise apelar para um mergulho noturno. Só que suas ideias vão por água abaixo quando Rafe não consegue conter seu desejo e decide provar um gostinho do proibido. Quando a identidade de Sophie é revelada, Rafe tem o dever de resgatar a linda princesa da imprensa... com um pedido surpreendente. 


COLEÇÃO CASA REAL DE NIROLI 4

EM NOME DO AMOR - Raye Morgan
Adam Ryder ficou rico por mérito próprio, mas sempre soube que era filho bastardo de um dos príncipes de Niroli. Elena Valerio é cega, mas isso nunca a impediu de fazer nada. O que ela não esperava era se sentir atraída por Adam e seu pequeno filho. Mas Elena ama Niroli com todo o seu coração, e se Adam quiser tomar seu lugar no trono se casando com ela, vai precisar colocar de lado sua vingança.


SOBERANA SEDUÇÃO - Penny Jordan
O sheik Kadir governa um reino no oriente, mas é também o último herdeiro de Niroli. Para assumir o trono, ele precisa achar uma rainha! Natalia Carini ama Niroli, e considera Kadir um invasor. Mas esse bárbaro está exigindo que ela seja sua esposa! Será que Natalia se renderá ao sheik, à sua sedução e ao desejo que ela nega existir? 

23 de outubro de 2017

A criança que eu fui...


A criança que eu fui gostaria de estar perto da pessoa que eu sou hoje?


Este é o tema mais difícil do desafio. Pelo menos para mim. E não necessito pensar muito na resposta. Definitivamente, a criança que fui um dia não gostaria de estar perto de quem sou hoje. 

Ela teria vergonha. Estaria decepcionada se me visse hoje. Se, de alguma parte, puder me enxergar, certamente se pergunta o que fiz com ela. Como pude esquecê-la assim... Deixar para trás tantas coisas que ela sonhou e compartilhou comigo. 

Sorrio ao recordá-la, embora meus olhos se encham de lágrimas. Ela era tão corajosa quando precisava ser. Mais emotiva do que sou hoje, porém também uma guerreira forte. Que brigava com unhas e dentes pelo que queria. Que acreditava no amanhã e lutava por ele. Sabia exatamente o que queria ser e ninguém seria capaz de fazê-la mudar de ideia. Ela seria médica. Curaria as pessoas. Se casaria pouco depois de completar dezoito anos e teria quatro filhos. Também adotaria. Toda sua vida estava planejada até os mínimos detalhes. 

Muitas vezes ela deitava no chão e sonhava com isso. Com o vestido branco, com os bebês que teria, com a casa cheia de crianças correndo para lá e para cá. Era um sonho clichê. Tradicional. Mas era o que ela queria mais que tudo. E tinha certeza que conseguiria. Esta é uma das coisas que mais invejo nela: a forma como ela tinha certeza das coisas. Como não vislumbrava impossível. 

A vida dela não era um mar de rosas. Todo o contrário. Teve muitos problemas, mas ela tinha a força que nunca terei. Está aí uma frase que ela não usaria: "nunca terei". Isso não existia para ela! Os outros poderiam dizer o que fosse e ela choraria quando ninguém estivesse olhando, profundamente magoada pelas palavras negativas que lhe dissessem, todavia nada seria capaz de roubar sua esperança. Ela acreditava no que poderia ser. Ela nunca deixou de acreditar. 

Não restou nada dela em mim. Num determinado momento, simplesmente a deixei partir. Negando-lhe seus sonhos. Fazendo escolhas que ela jamais faria. 

Não sou uma pessoa crescida, como diria o Pequeno Príncipe. Ainda brinco com os meus priminhos. Sou a única adulta que vira criança perto deles e entra na brincadeira. Sou quem eles sempre querem ter por perto e sempre digo que a Vitória deve ter sido minha filha numa outra vida, pois é grudada em mim. Ainda sei amar intensamente. Ainda grito, pulo e danço quando estou feliz. Mas...

Sinto falta daquela menina. Dos sonhos dela. De sua esperança. Ela acreditava e eu já não acredito mais. Não no mesmo que ela.

Ela só sabia amar, mesmo que às vezes quisesse odiar. Eu? Ainda sei amar, mas também aprendi a odiar. 

Sinto falta da inocência dela, da maneira como ela via o mundo. Dos seus risos sinceros, das explosões espontâneas quando estava triste. Mas tenho que aceitar que ela se foi para sempre...


- Este é meu décimo texto para o Projeto Escrevendo sem Medo. O tema mais difícil de todos. 


Este projeto foi criado pela Thamiris do blog Historiar. Clique aqui para conhecê-lo melhor. 

20 de outubro de 2017

Negrinha - Monteiro Lobato (conto)


Negrinha é um livro de contos realistas lançado em 1920, com personagens que representam a população brasileira das décadas iniciais do século XX. Nele Lobato revela uma terra onde o poder é exercido arbitrariamente pelos coronéis e expõe a mentalidade escravocrata que persiste décadas depois da Abolição. Estão retratados em suas páginas tipos tão diversos quanto um fazendeiro falido, o jardineiro que faz poesia das flores, a viúva cruel, uma criança negra maltratada e o gramático ranzinza.



Palavras de uma leitora...



- Se você ainda não leu este conto e não é fã de spoiler, pule esta resenha! Porque, com toda certeza do mundo, terá spoiler. Impossível falar deste conto sem explodir. 

Há algum tempo já, eu desejava ler uma história do Monteiro Lobato. Cresci assistindo O Sítio do Picapau Amarelo. Me encantava a turminha formada pela Narizinho, o Pedrinho e a traquinas Boneca Emília. Tia Nastácia, Saci Pererê, A Cuca, o Pesadelo... todos eles ficaram em minha memória. Sinto saudades. E ainda hoje paro para rever alguns episódios quando ligo a TV e passo por algum canal que exibe reprises. Que época boa aquela em que eu me perdia na inocência de acompanhar as aventuras e desventuras dos personagens! Ah, se pudesse voltar! Suspiros...

Quando vi a resenha da Isa no canal Ler Antes de Morrer sobre o conto Negrinha, o nome do autor me chamou a atenção. Não tencionava começar minha leitura do Monteiro por este livro de contos, afinal de contas, seu conteúdo é adulto e polêmico. Nada parecido com O Sítio do Picapau Amarelo. Porém, uma feira de livros ficou durante o mês de setembro na cidade em que estudo. E foi quase por acaso que esbarrei neste livro. 

Não tinha a menor intenção de comprá-lo. Estava atrasada para a minha aula e já tinha comprado o livro que queria. Mas o livro Negrinha estava tão lindo, embalado, novinho, novinho que não pude resistir.rs Sobretudo quando vi que era do selo Biblioteca Azul, da editora Globo. Desde que adquiri minha edição de As Relações Perigosas que tenho toda uma queda por esta editora. A editora capricha muito nos livros. São deliciosos ao toque, com capas bem feitas, páginas suaves e que não cansam os olhos. Enfim... Amo! Não pude desperdiçar a minha oportunidade de trazer o livro para casa. 

- Só que a resenha da Isa não me preparou para o que senti ao ler este conto. Sério, gente! Eu tremia durante a leitura. O livro não parava de balançar em minhas mãos. E quando finalmente terminei de ler a história desta menininha de sete anos, um nó insuportável sufocou minha garganta. Pode ser um conto apenas. Ficção. Mas não dá para evitar a certeza de que ele retrata a situação de diversas crianças que sofreram durante a escravidão, o período que imediatamente se seguiu após a Abolição da Escravatura e que até mesmo nos dias atuais seguem sofrendo diversos tipos de tortura. E isso é terrível. É insuportável ler uma história tão visceral, tão crua e realista. Não me fez nenhum bem. 

"No entanto, aquele choro nunca vinha sem razão. Fome quase sempre, ou frio, desses que entanguem pés e mãos e fazem-nos doer..."

- Este trecho dói em você? Pois em mim, sim. O conto já começa nos provocando choque e angústia. Negrinha (não sei o verdadeiro nome da menina, se era este ou não) era uma criança de sete anos, que teve a má sorte de nascer numa época em que pessoas eram escravas das outras pelo simples fato de terem a pele escura. Porque o ser humano era um bicho pior do que é hoje em dia e se divertia fazendo de outros seres humanos seus escravos. Ela nasceu pouco antes do fim da escravatura, mas ficou órfã aos quatro anos de idade e isso a deixou aos "cuidados" da "boa e caridosa" Dona Inácia, a mulher que era dona de sua mãe e que por ter um "coração tão bondoso" decidiu criar a pobre criança órfã. 

Excelente mulher, sem sombra de dúvidas! Tão boa que me pergunto se não era parente do próprio diabo. A víbora, desgraçada, filha de chocadeira e tão maldita quanto todas as pragas que existem (respira fundo, Luna!), achava uma afronta o fim da escravidão. Para ela aquilo era uma besteira, um absurdo e se ressentia por não poder mais ter escravos e livrar-se do tédio às custas deles. Como lhe dava saudades da época em que podia torturar livremente seus escravos, dar as surras que lhe aliviavam a alma... Em síntese: fazer com eles o que bem entendesse, o que sentisse vontade de fazer no momento. E é óbvio que não foi por bondade alguma que ela decidiu ficar com a menina. 

"O corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes, vergões. Batiam neles os da casa todos os dias, houvesse ou não houvesse motivo."

- A principal diversão da filha da p. que se considerava uma pessoa virtuosa e caridosa, era torturar a criança. Ela não precisava de nenhum motivo, inventava o que queria. Sentia verdadeiro prazer em machucar a menina, deixar marcas em seu corpo, impedi-la de sorrir e ser criança, de brincar, de sonhar. Sufocava sua alma. E quando a repetição dos mesmos castigos lhe cansava, inventava coisas piores, como a cena na qual ela colocou um ovo na água fervente e quando ele ficou bem quente, colocou na boca da menina e depois tampou, para impedi-la de cuspir, para que ela sentisse por completo toda a dor que aquela crueldade lhe provocaria. E durante todo o tempo em que a criança sofria, ela sentia prazer! Não nego que senti vontade de matar essa desgraçada! Maldita, mil vezes maldita! 

"O 13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana. Conservava Negrinha em casa como remédio para os frenesis."

- É horrível demais tudo o que essa criança passa, gente. Não dá para aguentar algo assim. Senti meu coração se partir por ela e uma fúria enorme esquentar meu sangue. Uma criança! Apenas uma criança que nunca soube o que era ser amada, protegida. Que necessitava de carinho, proteção, de sonhos, de infância. Mas que teve tudo roubado e destruído por causa da maldade de outro ser humano. Não me venham dizer que aquela mulher "era uma pessoa de sua época", com uma mentalidade "de sua época". Isso é uma desculpa esfarrapada e estúpida para a crueldade. Eu não aceito isso. Desde o início dos tempos sempre existiu a maldade. Bem como a bondade. As pessoas simplesmente se aproveitavam e seguem se aproveitando de costumes desumanos para deixarem fluir o que de pior tem nelas. Optam pela maldade e inventam desculpas para se justificarem. A víbora que torturou a menina neste conto merecia era queimar no inferno. Mas antes comer o pão que o diabo amassou e ter a morte mais lenta e dolorosa possível. Ninguém pode fazer algo assim com uma criança e depois não pagar de algum modo. Eu acredito que a Vida tem sua própria justiça. E que esse tipo de lixo paga, ainda que não vejamos, que jamais saibamos, esse tipo de gente cruel tem de volta o mal que causou. 

"Negrinha olhou para os lados, ressabiada, com o coração aos pinotes. Que aventura, santo Deus! Seria possível? Depois pegou a boneca. E, muito sem jeito, como quem pega o Senhor Menino, sorria para ela e para as meninas, com assustados relanços de olhos para a porta."

- Transcrevendo este trecho, não consegui evitar sentir de novo a dor que me invadiu quando o li pela primeira vez. A alegria inocente da menina que nunca antes tinha visto uma boneca. Que nunca pôde brincar, que jamais teve um brinquedo sequer. E ao ver aquelas crianças felizes, mimadas e protegidas como ela também tinha o direito de ser, ela ficou completamente encantada e confusa também. Não entendia por que as outras crianças podiam correr e brincar e ela não. E quando viu a boneca... Foi um sonho. Pegou a boneca nos braços com suavidade, querendo que aquele momento durasse para sempre. E ali também começou sua morte. 

- As meninas que emprestaram a boneca para ela eram sobrinhas da miserável que a torturava. Durante aquelas férias, elas ficaram hospedadas na casa e através delas Negrinha conheceu uma realidade bem diferente da sua e entendeu que existia uma vida distinta. Que as coisas não eram assim em todos os lugares. Com isso, seus olhos se abriram e parte de sua inocência ficou para trás. Compreendeu a maldade. E isso... isso a matou. A depressão que se seguiu quando as meninas foram embora, levando a boneca e a vida que ela também gostaria de ter, a matou. Pouco tempo depois, ela faleceu. Sem que ninguém chorasse por ela. Sem que ninguém se recordasse dela com amor e tristeza.

- Pelo que lembro do que a Isa disse na resenha dela sobre o conto, o Monteiro Lobato é visto por muitos como um autor racista. Não conheço a história dele. Tudo o que eu sabia sobre o autor era que ele era o criador do Sítio do Picapau Amarelo. Não pesquisei sobre a vida dele depois de assistir a resenha. Não pesquisei antes de ler o conto e nem depois. Tenha ele sido racista ou não, impossível negar que o conto Negrinha é uma crítica crua e direta ao racismo. Fica difícil acreditar que um autor racista escreveria uma história tão real e que mostrasse um desprezo tão grande pela sociedade hipócrita e racista da época. Monteiro descreve com extrema ironia a vilã da história, a grande dama, a "virtuosa cristã" que torturava uma menina só por causa da cor da pele da criança. Só um cego não enxergaria que todo suposto elogio que ele faz à desgraçada da Dona Inácia, na verdade é uma ofensa. Todos os elogios ao monstro em forma de gente na verdade eram puro desprezo, repulsa. A triste e nojenta ironia que existia no fato de uma cristã, uma pessoa que se considerava temente a Deus, tratar de maneira tão desumana uma criança. Ele ataca a "bondosa" senhora e não a menina. A mostra como o monstro que ela era. Assim como nos mostra que a criança era uma vítima, alguém que teve a vida destruída porque quem tinha o poder quis. 

- Ainda não li os demais contos deste livro. Não faço ideia de quando os lerei. Se os demais contos seguirem o exemplo deste, terei que me preparar muito antes de lê-los. Porque um conto como Negrinha é muito forte. 

16 de outubro de 2017

Futuro Roubado - Lynne Graham

(Título Original: The Sicilian's Stolen Son
Tradutora: Vera Vasconcellos
Editora: Harlequin
Edição de: 2017)

Uma deliciosa mentira.

A única conexão que Jemima Barber possui com Julie, sua falecida irmã gêmea, é seu sobrinho. Por isso, quando o pai do menino aparece e ameaça tirá-lo de Jemima, a jovem decide se passar pela irmã e fazer de tudo para permanecer com a criança. Apesar de ela ser muito mais gentil do que Luciano Vitale se lembrava, ele está decidido a fazê-la pagar por ter roubado o seu filho… de uma forma extremamente prazerosa. Porém, Luciano logo descobre que Jemima é muito mais inocente do que poderia imaginar. Agora, ele tem outra proposta em mente: transformá-la em sua esposa.



Palavras de uma leitora...


- A semana passada foi extremamente corrida. E estressante. Eu já não estava mais em provas, mas o desgaste causado por elas ainda permanecia, refletindo nas minhas leituras. Ou melhor, impedindo-as. Sério! Foi muito complicado ler. E não era nem por falta de tempo, mas de disposição mesmo. Tudo o que eu queria era dormir. Só pensava nisso.kkkkk... Acabei por não conseguir postar nada nessa semana que passou. :(

Todavia, estou aqui recuperando o tempo perdido. Infelizmente, não é com a resenha de um livro arrebatador ou algo do gênero. Na verdade...

Sabe quando uma história não funciona? Quando ela não consegue te prender, te convencer ou conquistar? Quando você simplesmente não vê a hora de terminá-la e poder partir para a leitura de algo melhor? Foi bem o que aconteceu comigo. E sim! É um livro da Lynne Graham. E uma coisa que sempre disse sobre os livros dela é que eles podem ser qualquer coisa menos entediantes. Isso até eu ler Futuro Roubado

Não irei culpar a história por completo. Meu estado emocional não era dos melhores durante a leitura. Eu estava com o estresse além do limite, preocupada com as provas, muito ansiosa e cansada. Tudo o que eu não precisava era de uma leitura que fosse mais do mesmo e com a agravante da mocinha ser uma tapada. Se a Jemima pelo menos tivesse um pouco de atitude eu não teria ficado tão irritada e louca para me ver livre da história. Mas como nada estava ao meu favor...rsrs

- Nunca fico feliz ao falar mal de um livro. Nunca mesmo. Todas as vezes que explodi aqui, fazendo resenhas estressadas e chamando os livros de todos os nomes que conseguia recordar foi porque tais histórias de fato me tiraram do sério. E sou uma pessoa emotiva. Amo e odeio com intensidade. Assim... alguns livros sentiram nas "páginas" o meu desprezo.rs Mas isso não significa que pulei de felicidade ao escrever resenhas em que "maltratava" as histórias. E quando a história é da Lynne Graham... aí mesmo que não suporto falar mal. 

Após perder a esposa e a filha num terrível acidente, Luciano jurou que jamais voltaria a se casar. Mas o desejo de voltar a ser pai não o abandonava e só aumentava com o passar do tempo. Queria um filho. E a única maneira de consegui-lo sem voltar a ver-se preso na armadilha do casamento era contratando alguém para ser barriga de aluguel. Um contrato simples, sem que os dois sequer se conhecessem. Ela daria à luz, entregaria a criança e desapareceria da vida deles como se nunca tivesse existido. Tudo muito simples. Só que não. Principalmente depois que a escolhida percebe quem era o homem que a contratou. 

Problemática e capaz de tudo por dinheiro, Julie não hesitou antes de roubar a identidade da irmã gêmea e se candidatar ao "cargo" de barriga de aluguel. Não desejava mesmo prender-se a filho algum e o valor oferecido era tentador demais. Porém, depois de todas as desvantagens da gravidez e de descobrir quem era o pai da criança, ela decidiu fugir com o bebê, jurando entregá-lo apenas se Luciano estivesse disposto a pagar muito mais para ter o que tanto desejava...

Frustrado e enfurecido, ele contrata um detetive particular para tentar localizar a infeliz que roubou seu filho e conforme revelações bombásticas vão sendo feitas em relação à mãe que ele escolheu para seu filho mais nojo e desprezo ele sente... Como pôde cometer um erro tão grande? De todas as mulheres como sua equipe pôde ser tão imbecil ao ponto de escolher uma ladra, prostituta e mercenária? E quando finalmente a conhece... Seus olhos inocentes e sua aparente ingenuidade não são capazes de convencê-lo. Nem mesmo as palavras mentirosas que saem de sua boca. Levaria seu filho custasse o que custasse. E nunca mais voltaria a ver aquela mulher. 

Jemima ainda tentava lidar com a morte de sua irmã e todo o caos que ela provocou antes disso. Não tinham crescido juntas. Nascidas de uma mãe viciada em drogas e sem a menor ideia de quem poderia ser o pai delas, as duas foram separadas ainda pequenas. E enquanto Jemima cresceu num lar humilde, mas confortável e com pais acolhedores, Julie sofreu mais de uma vez a rejeição. Assim, quando ela apareceu em sua vida, Jemima a recebeu de braços abertos, acreditando em suas palavras e em seu falso carinho. Encontrou justificativas para suas atitudes mesmo depois da irmã roubar sua identidade e usá-la daquela maneira... E ainda quando ela deu à luz a um bebê com o qual não se importava e se recusou a entregá-lo ao pai por querer mais dinheiro. Em todo o momento a perdoou e aceitou... E agora Julie estava morta. O que fazer com seu sobrinho? Sequer cogitava a possibilidade de entregá-lo à adoção e não fazia ideia de quem era o pai da criança. Sabia do acordo que a irmã fizera utilizando seu nome, mas a outra jamais revelou o nome dele. Sua única alternativa era criar o sobrinho como se fosse seu filho e tentar seguir da melhor maneira possível.

Só que todos os seus planos vão por água abaixo quando Luciano aparece em sua porta, exigindo seu filho de volta e acreditando que ela era a mãe da criança. Não estando pronta ainda para abrir mão do bebê, Jemima resolve levar a farsa adiante, sabendo que seria muito mais fácil para ele livrar-se da tia de Nick nos tribunais do que de sua mãe biológica. E se era o seu nome que estava na certidão de nascimento do menino por que não se aproveitar disso? Sua consciência poderia dizer que ela estava errada, mas quando olhava nos olhinhos do bebê que criava desde o nascimento... tudo o que era certo ou errado perdia importância.

E quando uma atração incontrolável a aproxima de Luciano, tudo torna-se ainda mais complicado...

- O livro até tinha uma premissa boa, apesar de ser mais do mesmo e eu não estar num momento para isso. Mas a história não convence. Pude enxergar o amor da Jemima pelo bebê, porém isso foi o máximo. Não pude ver de onde diabos surgiu o amor dela pelo Luciano e vice-versa. Atração física sim, com certeza. Estavam morrendo de desejo um pelo outro. Não podiam se ver que já pensavam no quanto um era sedutor e tinha essa ou aquela parte do corpo capaz de causar calor. Pensavam o tempo inteiro em sexo e química e eu estava a fim de uma leitura mais substancial. Não me digam que eu deveria ter procurado outro tipo de leitura porque não é bem verdade. Os livros da LG são substanciais quando ela quer. Só que ela não estava com vontade de algo assim ao criar o Luciano e a Jemima. O passado dele é muito triste, claro. Mas o casal passa tão pouca emoção que nem chegamos a sentir empatia. 

E a Jemima é uma pateta. Tudo a imbecil perdoava, compreendia, aceitava. Era uma estúpida do tipo mais irritante. Não tinha atitude para nada. E nem mesmo quando se estressava ela conseguia ter um pouco de cor, todo o tempo estava apagada. Não pude suportar. É uma mocinha que NÃO vai deixar saudades.rs

- Enfim... A leitura realmente não funcionou para mim. Claro que isso em nada diminuiu meu carinho pela autora que sempre será uma das minhas preferidas. Simplesmente, preferirei esquecer este livro.kkkkkk... 

E recomendo que vocês deem uma chance à história! Eu não estava num bom momento quando a li e isso influenciou bastante a leitura. É possível que vocês leiam e se apaixonem! :)

Bjs!

6 de outubro de 2017

Em setembro...


Antes de Dormir é um filme que assisti com um pé atrás. Porque não gosto muito de ver um filme inspirado num livro antes mesmo de ter lido o livro. Prefiro ler primeiro. Assim, foi com reservas e muita curiosidade que comecei a vê-lo. E cheguei à conclusão de que não é uma história ruim. Não chega a isso.rs Realmente me surpreendi bastante com certos acontecimentos, embora, de certa forma, fossem previsíveis. Mas o filme não me marcou nem nada. 

O Garoto da Casa ao Lado sim me causou ansiedade!rsrs E qual é o filme protagonizado pela Jennifer Lopez que vi e não amei?! Todo filme dela é incrível! E este ainda por cima envolve literatura. A protagonista e o tal garoto da casa ao lado são fãs de livros. Ela é professora de Literatura. Ele é um estudante sobretudo louco pelos clássicos, como a Odisseia. Foi fascinante acompanhar certos diálogos deles. Todavia, não é um romance. É um filme de suspense e nem tudo que parece é. Recomendo!

Crepúsculo é um filme que já assisti trilhões de vezes.kkkkkkk... Nunca me canso. A história que mais reli na vida foi a saga Crepúsculo, gente. Cinco vezes!rsrs Já sou toda uma especialista no assunto.rs Bateu saudades num final de semana preguiçoso de setembro e quis assistir de novo. O engraçado é que eu antecipava as falas dos personagens e minha mãe ficava falando que isso era irritante.kkkkk



No dia 10 de setembro estreou a 3ª temporada de Outlander! :D Esta temporada é inspirada no livro 3 intitulado O Resgate no Mar, que aqui no Brasil foi dividido em duas partes. Prometi a mim mesma que só assistiria depois que terminasse de ler o livro três. Só que não deu lá muito certo.rsrs No mesmo dia em que falei isso cedi à tentação de ver o primeiro episódio e amei! Apesar das alterações que me estressaram. Todavia, as coisas foram me estressando mais no episódio 2 e comecei a passar muita raiva com certas mudanças. Só que nada se compara ao que senti ao assistir o terceiro episódio. Alteraram tanto que tiraram a essência de determinadas cenas e isso eu não pude perdoar. Quase parei de assistir a série depois disso. Mas meu carinho pelo Jamie e a Claire me fez seguir em frente. E o episódio 4 me fez recuperar a esperança na série. Mas definitivamente não estou gostando de tantas alterações nas cenas dos livros, gente. Nem um pouco. Que mudem cenas, mas que mantenham a essência delas! 



Terminei de assistir a 1ª temporada de Gilmore Girls!!! :D E posso dizer sem hesitar que AMEI!!! Muito mesmo! Estou mais do que louca para assistir a temporada 2 e só necessito arranjar tempo para isso. As coias estão muito corridas e estou lutando para conseguir tempo para as coisas que amo. Está difícil. 

Não acho o Dean o garoto ideal para a Rory. Imaturo demais, apagado.rs Não tem atitude! Ela é uma menina maravilhosa que necessita encontrar alguém que realmente lhe dê valor e saiba conquistá-la. Não um tolo como o Dean.

Amo demais ver a Lorelai com o Max! Torço tanto por eles, mesmo sabendo que é em vão. Sim, eu também gosto imenso do Luke, mas é tão lindo ver a Lorelai e o Max juntos! Realmente queria que terminassem a série casados e felizes. Conto de fadas, eu sei!kkkkkkkk...



Quem me conhece bem sabe que sou fã incondicional da Dulce María desde a época de Rebelde. Aquela novela mexicana juvenil que causou grande estrondo no mundo, levando a banda RBD, que surgiu a partir da novela, a diversos países. Rebelde passou, mas meu amor pela novela, pela banda e em especial pela Dulce María ficou. E com o tempo, ela apenas mostrou-se mais e mais digna do meu carinho e admiração. E é por isso que basta uma novela ser protagonizada ou antagonizada por ela para que eu queira ver. :D

Assim, quando eu soube que a Dulce tinha sido contratada pela Imagen Televisión (concorrente da Televisa, nossa conhecida das novelas mexicanas que passam no Sbt) para protagonizar a nova novela da emissora, eu quis muito ver. Mesmo sabendo que não passaria aqui. :(

A novela estreou no dia 18 de setembro, intitulada Muy Padres e conta a história de três pais distintos que se conhecem graças aos seus pequenos filhos. É uma comédia familiar e romântica que nos faz rir sem que os atores sejam exagerados, cômicos demais. Tudo é natural. Rimos, choramos, nos emocionamos, desejamos pegar as crianças fofíssimas no colo e abraçá-las, pois são excelentes em seus papéis! Estou amando cada instante da novela. E não só as cenas protagonizadas pela Dulce. A novela inteira é maravilhosa! Cada história nos encanta e envolve. Estou louca pelos próximos capítulos! E NÃ! É claro que não estou vendo a novela!rsrs Afinal de contas, ela está passando só no México. Só "imagino" os capítulos.kkkkkkkkk...


E os livros que li foram...

"- Culloden - disse ele, a palavra sussurrada uma evocação de tragédia. Morte. Vazio. A terrível separação que me tirara dele.
- Eu nunca mais o deixarei - murmurei. - Nunca mais."


"Essa era a tristeza que ele havia carregado consigo, pesada como uma pedra no coração. Essa era a tristeza de que tentara poupar Norah e Paul, e só fizera criar muitas outras."

2 de outubro de 2017

Livros Lidos em 2017



Olá, meus queridos!

Não era para eu estar aqui. Deveria estar estudando para o pesadelo de prova que terei amanhã. Mas a verdade é que estudei tanto para a prova que tive hoje que não tenho muita energia no momento. Necessito de um pouco de descanso. Relaxar a mente ou vou enlouquecer. É sério. 

- E não! O ano ainda não acabou!rsrs Estamos quase lá, mas quis começar o post sobre todos os livros que li este ano. Ao longo dos próximos meses irei atualizando conforme for lendo outros livros, ok? 

Também pretendo fazer outros posts depois com listas de livros que li em 2016, 2015 e por aí vai... É uma maneira de organizar as leituras aqui e facilitar o acesso de vocês às resenhas dos livros que já li. Espero que gostem! :)

Talvez recordem que eu tinha Minhas Metas de Leituras para o ano de 2017.rsrs Ela vai bem. Mais ou menos.kkkkk... A verdade é que acabei lendo muitos livros que não faziam parte da meta, mas foi mais forte que eu. E não me arrependo!rsrs Temos que ler o que queremos, não é mesmo? Às vezes simplesmente olhamos para um livro e queremos lê-lo naquele instante. Então, ele acaba passando a frente dos outros. Acontece.rs

Nesta lista vocês também saberão quantas estrelas dei para cada livro lido. :D


Em janeiro

1- Corações Entrelaçados - Scarlet Wilson (4 estrelas)
2- Desaparecido para Sempre - Harlan Coben (5 estrelas - favorito)
3- Segredos e Mentiras - Diane Chamberlain (5 estrelas - favorito)
4- Um Mais Um - Jojo Moyes (4 estrelas)
5- E Viveram Felizes para Sempre - Julia Quinn (5 estrelas - favorito)

Em fevereiro

1- Amor em Construção - Michelle Douglas (3 estrelas)
2- No Mundo da Luna - Carina Rissi (5 estrelas - favorito)
3- Noiva Inadequada - Lynne Graham (3 estrelas)

Em março

1- As Areias do Tempo - Sidney Sheldon (5 estrelas)
2- O Cavaleiro de Bronze (Parte 1) - Paullina Simons (5 estrelas - favorito)

Em abril

1- O Cavaleiro de Bronze (Parte 2) - Paullina Simons (5 estrelas - favorito)
2- Cinderela Pop - Paula Pimenta (4 estrelas)

Em maio

1- Alma de Guerreiro - Michelle Willingham (4 estrelas)
2- Orgulho e Preconceito - Jane Austen (5 estrelas - favorito)
3- O Diário de Anne Frank (5 estrelas - favorito)

Em junho

1- A Força do Destino - Charlotte Lamb (4 estrelas)
2- Vingança Arriscada - Sara Craven (5 estrelas - favorito)
3- Doce Amor - Carole Mortimer (3 estrelas)
4- Cuco - Julia Crouch (não avaliei)

Em julho

1- Cartas para Uma Falsa Dama - Carol Townend (3 estrelas)
2- Jogo de Sedução - Nora Roberts (5 estrelas - favorito)
3- O Estrangulador - Sidney Sheldon (4 estrelas)
4- Nacida Bajo el Signo del Toro - Florencia Bonelli (5 estrelas - favorito)
5- Juízo Final - Sidney Sheldon (4 estrelas)
6- A Herdeira - Sidney Sheldon (5 estrelas)
7- Senhora - José de Alencar (4 estrelas)
8- Querida Sue - Jessica Brockmole (5 estrelas - favorito)
9- Nacida Bajo el Sol de Acuario - Florencia Bonelli (5 estrelas - favorito)

Em agosto

1- A Travessia - William P. Young (5 estrelas - favorito)
2- A Noiva Disse Jamais! - Sandra Marton (3 estrelas)
3- Os Elefantes não Esquecem - Agatha Christie (4 estrelas)
4- As Relações Perigosas - Choderlos de Laclos (5 estrelas)
5- Rei Édipo - Sófocles (4 estrelas)
6- Cinco Minutos - José de Alencar (5 estrelas)
7- A Viuvinha - José de Alencar (4 estrelas)
8- A Metamorfose - Franz Kafka (3 estrelas) - Releitura

Em setembro

1 - O Resgate no Mar (Parte 1) - Diana Gabaldon (5 estrelas - favorito)
2- O Guardião de Memórias - Kim Edwards (5 estrelas)


Em outubro

1- Futuro Roubado - Lynne Graham (3 estrelas)
2- Harry Potter e a Pedra Filosofal - J. K. Rowling (5 estrelas)


Em novembro

1- Inferno - Dan Brown (4 estrelas)


Em dezembro

1- Harry Potter e a Câmara Secreta - J. K. Rowling (5 estrelas - favorito)
2- O Resgate no Mar (Parte 2) - Diana Gabaldon (5 estrelas - favorito)

1 de outubro de 2017

O Guardião de Memórias - Kim Edwards

(Título Original: The Memory Keeper's Daughter
Tradutora: Vera Ribeiro
Editora: Arqueiro
Edição de: 2007)

Com mais de três milhões de exemplares vendidos nos Estados Unidos, O Guardião de Memórias é uma fascinante história sobre vidas paralelas, famílias separadas pelo destino, segredos do passado e o infinito poder do amor verdadeiro. 

Inverno de 1964. Uma violenta tempestade de neve obriga o Dr. David Henry a fazer o parto de seus filhos gêmeos. O menino, primeiro a nascer, é perfeitamente saudável, mas o médico logo reconhece na menina sinais da síndrome de Down. 

Guiado por um impulso irrefreável e por dolorosas lembranças do passado, Dr. Henry toma uma decisão que mudará para sempre a vida de todos e o assombrará até a morte: ele pede que sua enfermeira, Caroline, entregue a criança para adoção e diz à esposa que a menina não sobreviveu. 

Tocada pela fragilidade do bebê, Caroline decide sair da cidade e criar Phoebe como sua própria filha. E Norah, a mãe, jamais consegue se recuperar do imenso vazio causado pela ausência da menina. A partir daí, uma intrincada trama de segredos, mentiras e traições se desenrola, abrindo feridas que nem o tempo será capaz de curar. 

A força deste livro não está apenas em sua construção bem amarrada ou no realismo de seus personagens, mas, principalmente, na sua capacidade de envolver o leitor da primeira à última página. 

Com uma trama tensa e cheia de surpresas, O Guardião de Memórias vai emocionar e mostrar o profundo - e às vezes irreversível - poder de nossas escolhas.



Palavras de uma leitora...


Quando vocês lerem esta resenha, já será dia 1 de outubro, embora eu a tenha iniciado às onze e meia da noite do dia 30. E enquanto escrevo não paro de pensar no quanto a vida é fugaz... em como cada momento é único e irrecuperável. Nunca mais será dia 30 de setembro de 2017 de novo. Um dia que se perderá na passagem do tempo, que nem recordado será. Esquecido como se nunca tivesse existido. 

São tantos momentos... tanta vida acontecendo em diversos lugares diferentes. Milhões e milhões de histórias ocorrendo neste instante. E quantas outras aconteceram antes? Séculos atrás? Milênios atrás? Vidas que se entrelaçam modificando o destino das pessoas. Entes queridos eternizados pelas lembranças daqueles que ainda os amam e que, enquanto viverem, também os manterão vivos de certa forma... Um dia nós também seremos passado. Se lembrarão de nós num momento especial ou num dia qualquer quando um gesto de alguém, uma música, um livro, os fizer recordar. E então... quando essas pessoas também partirem não existirá nada que nos mantenha vivos aqui. Nem mesmo alguém que se lembre...

Melancólico isso, não é mesmo? Triste e verdadeiro, por mais que queiramos negar. É o caminho da vida. Um motivo maior para aproveitarmos tudo o que temos. Cada momento que não voltará mais. São em coisas assim que O Guardião de Memórias nos faz pensar. 

- Comprei este livro em 2011. A verdade é que já não recordo bem o que me levou até ele. Lembro vagamente de ele ter chamado minha atenção. A capa, o título... senti uma vontade irresistível de trazê-lo. Mas durante seis anos me neguei a arriscar a leitura. Não me sentia preparada para desvendar os segredos que se escondiam em suas páginas. Sabia que seria um livro que me tiraria de minha zona de conforto. Não é à toa que só tomei coragem de lê-lo este ano, ao participar de um desafio de leitura. Não existia livro que melhor se encaixasse no tema do mês de setembro. Por isso, respirei fundo e resolvi lê-lo. E, sinceramente, não sei bem o que sinto. 

"Mais tarde, ao pensar nessa noite  - e pensaria nela muitas vezes, nos meses e anos seguintes: o momento decisivo de sua vida, em torno de cujos instantes sempre giraria todo o resto -, o que lembrou foi o silêncio da sala e a neve caindo lá fora, ininterrupta."

- Era para ser o começo de toda a sua vida. O início de sua família. Mas foi o final. Qualquer coisa que ele tivesse sonhado, tudo o que pudesse vir a acontecer estava perdido. Uma escolha havia destruído tudo. Se tivesse imaginado tudo o que perderia ao fazer o que acreditava ser o certo, não teria tomado aquela decisão. Mas não sabia. E com toda sua alma achava que estava apenas protegendo aqueles que amava da dor. Teria a vida inteira para se arrepender. 

Durante uma terrível tempestade de neve, o doutor David Henry foi obrigado a fazer o parto de sua jovem esposa, pois o médico não tinha conseguido chegar a tempo. Contando com a assistência de sua competente enfermeira, Caroline Gill, ele trouxe ao mundo seu filho. Um lindo menino. Perfeito e saudável. Sentiu-se vivo naquele momento. Um algo mais. Aquele ser pequeno era uma parte sua e da mulher que ele amava. Tudo ficaria bem. Porém, as novas contrações de Norah os surpreenderam com o fato de que na verdade ela esperava gêmeos e o outro bebê também queria nascer. 

Recuperando-se do choque, David voltou a ocupar o papel de médico e guiou sua pequena filha para fora do útero da mãe. A repetição dos mesmos procedimentos, mas a vida de todos mudou para sempre no instante em que ele viu o rostinho da filha. Não foi difícil reconhecer os sinais da Síndrome de Down. E saber o que precisaria fazer...

"Ele não imaginou, como faria mais tarde nessa noite, e em muitas noites subsequentes, a que ponto estava pondo tudo em risco."

Pedindo a Caroline que levasse a menina para a outra sala enquanto era invadido pelas lembranças de sua própria infância, crescendo ao lado de uma irmã condenada pela mesma doença, David amadurecia a decisão que tomara no momento em que a olhou pela primeira vez. Havia perdido a irmã quando ela tinha apenas doze anos de idade. Um dia ela simplesmente parou de respirar. E embora sua mãe tivesse vivido por vários outros anos após a filha partir, a verdade é que morrera no mesmo dia. Nunca mais ela tinha sido a mesma. E o vento que a filha tanto tinha amado, ela aprendeu a odiar. David não queria reviver o mesmo pesadelo. Não suportaria passar por tudo aquilo de novo. E, mais do que tudo, necessitava proteger Norah da dor. 

Determinado e destroçado ao mesmo tempo, entregou a filha para Caroline, pedindo a ela que levasse a menina para longe, que a deixasse numa instituição preparada para lidar com casos assim. Profundamente chocada, Caroline demorou a entender o que ele dizia. E Norah?, quis saber. Ele disse que conversaria com ela, que a faria compreender que aquilo era o melhor para todos. Todavia, quando Caroline partiu com a menina e Norah despertou, não foram essas as palavras que saíram da boca de David. Não contou para ela o que tinha feito. Não disse que a filhinha deles estava a caminho de uma instituição para deficientes mentais. O que ele disse foi bem diferente... Olhando nos olhos da mulher a quem amava, disse que sentia muito, mas que a menina não havia sobrevivido. Que a filha deles nunca tinha chegado a respirar. 

Uma mentira. Mais que um pecado. Ele havia feito a sua escolha. E com ela destruíra absolutamente tudo. Até mesmo o amor que um dia o uniu à sua mulher. Durante os vinte e cinco anos seguintes pagaria por aquela noite. Desejaria voltar no tempo e consertar o que quebrara com suas próprias mãos. Mas o tempo é impiedoso. Ele nos traz arrependimentos sem nunca nos dar a oportunidade de refazer o que não tem retorno. 

"Em todo fim, portanto, havia um começo."

- Nem sei por onde começar... É uma frase que já repeti inúmeras vezes em minhas resenhas, mas é a pura verdade. Quando lemos um livro como este não é fácil encontrar as palavras, organizar os pensamentos, saber o que de fato sentimos por ele. 

Ódio foi a primeira coisa que senti pelo David, é claro. Uma fúria que me fazia apertar o livro, que me deixava com imensa vontade de abandonar a leitura. Eu o desprezava com todas as minhas forças. Como amar um homem que foi capaz de se desfazer da própria filha como se ela fosse um objeto qualquer? Como não odiar alguém que além de ter feito algo tão terrível ainda teve coragem de mentir para a mãe da menina, ainda foi capaz de dizer que a bebê havia morrido? Alguém que via o desespero da mulher, a dor sempre presente em seus olhos e mesmo assim jamais disse a verdade, nunca voltou atrás? Impossível não sentir repulsa, nojo, desprezo. Todavia, o mundo não é preto e branco, queridos. Existem muitos tons de cinza. A vida está longe de ser perfeita e é exatamente o que este livro nos mostra. A realidade. O poder que nossas escolhas possuem. A maneira como uma pessoa aparentemente boa pode tomar uma decisão monstruosa e assim mudar a vida de diversas outras pessoas. 

- Quando iniciamos a leitura, conhecemos um pouco do passado recente de Norah e David. O primeiro encontro, a maneira como ele se apaixonou à primeira vista e soube que aquela jovem reservada e bela em sua timidez era a mulher da sua vida. A única que ele amaria até o seu último dia. O envolvimento foi rápido e intenso. Em pouquíssimos meses estavam casados. Não demorou muito para a gravidez. Um bebê muito desejado, ansiado pelos dois. Ambos tinham planos, a vida inteira para construírem juntos. Era o ano de 1964. 

E o livro prossegue assim. Ele não pula direto para o presente. Ele segue lentamente, partindo do início de tudo. Nos mostrando como as coisas começaram antes de nos fazer encarar o seu final. Além disso, ele nos mostra quatro pontos de vistas diferentes, ainda que narrados em terceira pessoa. Conhecemos os pensamentos e sentimentos da Norah, a mãe que sofria pela morte de sua bebê e via seu casamento desfazer-se sem que ela pudesse impedir. Também temos a oportunidade de conhecer profundamente o David e a maneira como ele nunca se perdoou pelo que tinha feito, embora não tivesse forças para contar toda a verdade. Também acompanhamos o Paul, filho deles, e a maneira como aquele acontecimento afetou sua vida. E, é claro, também vemos a vida e o ponto de vista da Caroline que, naquela noite, pegou a bebê nos braços e não teve coragem de deixá-la numa instituição horrível. A mulher que secretamente era apaixonada por seu chefe, o mesmo David que lhe pedira o impensável, e que escolhera ficar com a menina e partira para bem longe, sabendo que Norah acreditava que a filha estava morta. Sabendo que era cúmplice de David naquele crime e mesmo assim indo em frente, sem jamais voltar atrás. 

"Os três levariam sua vida, um dia atrás do outro, afastando-se passo a passo da filha perdida."

- Não é uma leitura fácil. É amarga, dolorosa. É extremamente difícil ver os personagens chegando ao fundo do poço lentamente. Se tudo tivesse acontecido de maneira rápida, teria sido mais suportável. Porém, não é assim. A destruição é lenta. Todo um processo. Os sorrisos se apagam aos poucos, a tristeza vai ganhando espaço nos olhos, no rosto, na tensão sempre presente no corpo do casal. Começa a invadir os ambientes, cada canto da casa e se estender até não sobrar espaço para o amor. Norah se afoga na dor pela perda da filha que nunca pegou nos braços e toda vez que procurava o consolo do marido, ele não estava. Sempre estava com muito trabalho no hospital e se ela tocava no nome da bebê, ele se fechava ou reagia de maneira agressiva, como se ela estivesse sofrendo de maneira exagerada. Como se não tivesse motivos para isso, pois eles tinham uma vida boa e um filho. Não a compreendia e assim as pontes foram caindo... De tanto precisar dele e não tê-lo, acostumou-se. Ao ponto de realmente deixar de precisar do seu carinho, do seu apoio ou conforto. Guardou luto pela bebê sozinha e tentou reconstruir sua vida deixando David do lado de fora. Por mais que ainda vivessem na mesma casa. 

Com o tempo, vieram as traições. Se é que ela poderia encará-las assim. Não sabia bem o que sentia quando deitava-se com outros homens. Realmente estava traindo o marido? Ele ainda existia? Se importava? Às vezes, quando o ressentimento e a dor diminuíam por alguns instantes, pegava-se recordando... perguntando-se como tinham chegado àquele ponto. Onde tinha ido parar o amor que ela acreditava que duraria para sempre? Um dia desejou envelhecer ao lado do marido. Sonhos perdidos. Enterrados no mesmo túmulo em que sua filha descansava. 

"Dera sua própria filha. Esse segredo tinha ficado no centro de sua família, havia moldado sua vida em comum. David o conhecia, podia enxergá-lo, visível como um muro de pedra erguido entre eles."

David, por sua vez, se desfizera da filha acreditando que estava poupando a todos da dor. Que a criança não teria muito tempo de vida. Que aquilo era o melhor. No entanto, não pôde esquecer. Não conseguiu tirá-la de sua cabeça. Recordava muitas vezes aqueles breves momentos em que a teve em seus braços, em que sentiu sua pele, a vida correndo por seu corpo pequeno e frágil e a entregou à Caroline. Desejava vê-la. Reencontrá-la mesmo que soubesse que era tarde demais. Tudo se misturava em sua mente, a dor que carregava era uma mescla da que enfrentou num passado distante, ao perder a irmã e a que era obrigado a suportar por ter aberto mão de sua filha. Não conseguia encarar os olhos tristes de Norah, ver a transformação que ocorrera em sua mulher sem sentir as fisgadas intensas da culpa. Foi o primeiro a erguer os muros. E quando descobriu suas traições, não conseguiu condená-la. Seguiu ao seu lado. Porque cada atitude de Norah era consequência de seu próprio erro. Como condená-la se seus próprios pecados eram maiores?

"Havia guardado esse silêncio porque seus próprios segredos eram mais sombrios, mais ocultos, e por acreditar que seus segredos haviam criado os dela."

- Como eu disse, não é uma leitura fácil. Ela nos traz um drama familiar forte e palpável. Real, até. Nos envolve na vida dos personagens, faz com que nos coloquemos no lugar de cada um deles e entendamos como toda a situação era difícil e nos fazendo perguntar a nós mesmos que escolhas teríamos feito no lugar deles. Norah, David, Caroline e Paul. Conforme a vida deles se desenvolve com o passar da história, ocupamos o lugar de cada um e isso nos faz refletir. Bastante. 

É fácil julgarmos o David por ter aberto mão da filha. Eu julguei e continuo sentindo muita raiva pelo que ele fez, embora tenha deixado de odiá-lo. Ele realmente não precisava do meu ódio. Se desprezava o suficiente. E pagava. A verdade é que pagou por toda a vida. E também é fácil condenarmos a Norah por suas traições. Podemos pensar que ela não deveria ter feito isso, que era só pedir o divórcio e ponto final. Só que a vida real é muito mais complicada que a ficção e este livro, apesar de ser uma obra de ficção, tenta se aproximar o máximo da realidade. Da vida como ela é. Dos erros, da imperfeição do seres humanos. Das escolhas que fazemos e constroem ou destroem tudo. Em como pessoas boas podem errar. Em como esse conceito de "bom" ou "mau" não é tão definido assim. Não temos mocinhos e vilões neste livro. Temos seres humanos imperfeitos lidando com suas vidas e a consequência de suas decisões. 

- Eu senti simpatia e antipatia pelos três principais: Norah, David e Caroline. Nenhum deles era o "correto" ou uma completa vítima. O que fizeram com a Norah era imperdoável e um crime. Impossível não sentirmos uma revolta intensa por terem arrancado o seu bebê. Pelas mentiras, pelo luto que ela vivia sem saber que chorava por um bebê que estava vivo, crescendo longe dela. Neste aspecto, ela era sim uma vítima. Mas a história segue e ela também comete seus erros. Também tem sua parcela de culpa pelo fracasso do casamento e os problemas com o filho. David... ele desencadeou tudo. Mas posso somente culpá-lo? Ele era um vilão, um monstro? A verdade é que não. Era um ser humano marcado por uma infância que não conseguiu esquecer. Pelas lembranças de perdas que não superou, pelo fantasma de uma irmã que morreu cedo demais, vítima da mesma síndrome de sua filha. Os erros dele são imensos, ainda piores porque ele seguiu mentindo por muitos e muitos anos. Todavia, não tenho coração para ignorar o tormento que ele vivia. Porque ele sofreu. E muito.

E ainda temos a Caroline. A "boa" moça que não teve coragem de deixar um bebê numa instituição assustadora. E que então foi embora com a neném e a criou como filha. Ela não é nenhuma santa. Estava apaixonada pelo David e se ressentia porque a Norah ocupava o lugar que ela desejava que fosse seu. Ela foi cúmplice do David, mesmo que tenha pedido para ele contar a verdade. Porque ela tinha boca, porque poderia ter contado tudo, mas preferiu partir. Levou um bebê que ela sabia que não lhe pertencia. Ela viu a dor da Norah na homenagem feita à filha que ela acreditava que estava morta. E mesmo assim a Caroline foi embora. Seu erro não é menor que o de ninguém. Seus motivos não foram altruístas. Ela realmente deu sua vida à Phoebe, a menina. Não nego. Fez tudo por ela. Mas não precisava ter feito. Porque a criança tinha mãe. Uma mãe que a queria, que sofria sua ausência. Isso também não tem perdão. 

- Já falei muito.rsrs Foram tantas a emoções que este livro me provocou... Ainda estou perturbada. Depois dele com certeza necessitarei de uma leitura leve.

"Essa era a tristeza que ele havia carregado consigo, pesada como uma pedra no coração. Essa era a tristeza de que tentara poupar Norah e Paul, e só fizera criar muitas outras."




O Guardião de Memórias foi minha escolha para o tema de setembro do Desafio 12 Meses Literários. O tema foi: um livro que te tire da zona de conforto. Este livro com certeza fez isso! Só o li por causa do desafio. Senão seguiria adiando a leitura por tempo indeterminado.rs

Este é um caso de resenha postada excepcionalmente no final de semana. Os posts pré-fixados são às segundas e sextas-feiras. :)
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