31 de maio de 2017

Teoria do Medalhão - Machado de Assis (conto)


Contos Escolhidos - 4/30

Machado de Assis é um dos mais renomados contistas da literatura brasileira. Transitando entre os diversos tipos de contos - do tradicional ao moderno -, seus textos são originais e complexos. São contos cheios de acontecimentos intensos - quase sempre envolvidos num clima de tensão -, repletos de personagens polêmicos e ambíguos e de jogos e armadilhas textuais que induzem à dúvida, relativizando a maior parte das ideias e levando o leitor a refletir sobre suas "certezas". 



Palavras de uma leitora...


- Sim. Sigo tendo como companhia, presente na minha bolsa onde quer que eu vá, o livro Contos Escolhidos do meu já querido Machado de Assis. 

Eu já tinha notado antes como são diferentes uns contos dos outros. Falam de assuntos diversos e ainda assim conseguem prender nossa atenção, nos cativar. Porém, confesso que tive problemas com o conto Teoria do Medalhão.rs

A grande diferença dele para os outros é que é todo composto por diálogos. Não há narrativa. Acompanhamos somente uma conversa entre um pai e seu filho. E mesmo assim, o conto me prendeu. O problema é que não estava conseguindo compreendê-lo.kkkkkk

- A linguagem dele é um pouco mais difícil do que a dos outros. Já li textos "difíceis", mas achei esse muito mais. Todavia, essa foi minha primeira impressão, quando o li dias atrás. Mas hoje eu resolvi voltar a lê-lo para só então fazer a resenha. E aí sim o entendi. Pelo menos, acho que sim.kkkkkkk...

"[...] Mas, qualquer que seja a profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças grande e ilustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade comum."

- Que pai não deseja isso para o seu filho, não é mesmo? Todos os pais (pelo menos os dignos de serem chamados assim) querem o melhor para seus filhos; que se tornem grandes pessoas, que tenham uma vida agradável, estável, que se realizem pessoal e profissionalmente. E até aí, tudo bem. Eu achei que o conto seguiria esse caminho. Seria uma conversa amigável entre pai e filho, onde o segundo receberia valiosos conselhos para se tornar um grande homem, uma pessoa "de bem". E, de certa forma, essa realmente era a intenção do pai dele.

Eram onze da noite. Janjão e seu pai tinham acabado de se despedir dos convidados para o jantar (é o que entendemos pelo início da conversa). O pai estava muito orgulhoso de seu filho, antes um menino traquinas e agora todo um homem aos seus vinte e um anos. Alguém diplomado com várias possibilidades pela frente. Mas ele percebe possuir a "importantíssima" obrigação de orientar seu garoto para que ele tome o caminho certo. Segundo o que ele (o pai) acredita ser certo, claro. 

E é aí que eu comecei a estranhar as coisas.kkkk... Mesmo na primeira leitura (quando estava tendo dificuldades com o texto), pude notar a ironia presente nas palavras, o que de fato aquele pai queria ensinar ao seu filho. Todo o inverso de um "bom caminho", por assim dizer. Na verdade, ele considerava o filho um imbecil e queria lhe ensinar um ofício de aparências. Uma fachada, sabe. 

" - Tu, meu filho, se me não engano, pareces dotado da perfeita inópia mental, conveniente ao uso deste nobre ofício."

- Que elogio, não é?rs Ele meio que chamou o filho de retardado mental, idiota, algo do gênero. O que tornava Janjão perfeito para o ofício que seu pai queria lhe ensinar: o de Medalhão. O de ser alguém que vive de aparências, dizendo o que os outros querem ouvir, repetindo conhecimentos que não foram adquiridos por ele mesmo, mas sim apenas repetidos mecanicamente. Em resumo, alguém que não pensa, que é pura máscara, artifícios e futilidades. O que nos faz perceber que este conto, estruturado de maneira tão distinta, é uma crítica recheada de ironias. Uma crítica não só à sociedade, mas à política. Eis aí um assunto no qual não irei me aprofundar, obviamente.rs 

"[...] mas proíbo-te que chegues a outras conclusões que não sejam as já achadas por outros. Foge a tudo que possa cheirar a reflexão, originalidade etc, etc."

- Considerando que Machado de Assis era conhecido pela ambiguidade proposital de seus textos e que não sou nenhuma estudiosa do gênero nem nada, a conclusão à qual cheguei pode estar equivocada ou não ser o que a maioria entende. Enfim... Mas achei o texto extremamente inteligente, divertido pela ironia presente em cada trecho, em que cada palavra que saía da boca do pai de Janjão. E enxerguei uma crítica sutil e ao mesmo tempo bastante clara à sociedade que se deixa enganar, que ouve exatamente aquilo que quer e se deixa iludir por tipos como Janjão, dados à falácias, que têm muita lábia. No fim, não fiquei com a sensação de que o pai do "brilhante" indivíduo o via como alguém tão idiota assim. Na verdade, ele via no filho as qualidades necessárias para fazê-lo enganar os verdadeiros imbecis: toda a sociedade. Mas esta é apenas a minha opinião. Acredito que o texto é aberto à interpretações.rs

- Não é meu conto preferido do livro, mas gostei muito. E já estou ansiosa para ler os próximos. :)


Contos anteriores:

Missa do Galo
Conto de Escola
Cantiga de Esponsais

29 de maio de 2017

TAG: Amantes de Livros



Olá, queridos! 

Quanto tempo não respondo tags aqui, verdade? Anos, talvez.rs Mas pretendo responder perguntas assim com mais frequência no blog a partir de agora. :)

Foi visitando o blog Minhas Escrituras que encontrei esta tag e a achei muito interessante. Por isso, resolvi respondê-la! Espero que gostem das minhas respostas! Eu amei participar!


1- Livro que está lendo no momento:

Quem nunca ouviu falar da pequena Anne Frank? Uma menina de apenas 15 anos que foi assassinada, mais uma vítima do Holocausto dos judeus. Durante a guerra, ela e sua família se esconderam num local que ficou conhecido como o Anexo Secreto, onde viveram por quase dois anos, quando então foram traídos e enviados a campos de concentração. Esse é o diário que ela escreveu durante o tempo em que ficou escondida. Onde confessava seus medos, esperanças, tristezas e alegrias. Onde encontrava consolo em momentos de desespero. Não é uma leitura fácil. Não pelo diário em si, mas pela violência da qual Anne e sua família e tantas outras pessoas foram vítimas na 2ª Guerra Mundial. 


2- Último livro que leu:


Este livro foi uma surpresa incrível! Eu jamais na vida imaginei que o amaria tanto, que ele se tornaria um dos melhores livros que li na vida! Não dá para colocar em palavras como fiquei perdidamente louca por ele, como a Jane Austen se tornou uma das minhas autoras mais queridas. Já tenho todas as suas histórias aguardando em minha estante o momento em que as lerei! Antes mesmo de terminar de ler Orgulho e Preconceito eu fui desesperada em busca de todos os outros!rsrsrs...



3- Escritora preferida:



Florencia Bonelli. Alguém duvidava?!kkkkkkk... Amo esta autora desde que li O Quarto Arcano. Para mim, nunca vai existir escritora como ela, capaz de juntar numa só história tudo o que mais aprecio num livro. Seus romances são completos, intensos, irresistíveis, com mocinhos complexos e apaixonantes. É uma autora que me faz chorar até já não ter mais forças, porém sempre viajo para outro mundo ao lado de seus livros. Mesmo que eu sofra, eu os amo demais. São únicos! 


4- Escritor favorito:



Sidney Sheldon. Para sempre. Ainda me dói imenso saber que ele não está mais entre nós. O SS, um dos maiores escritores do mundo, faleceu em 2007, antes mesmo de eu conhecer suas histórias. :( É muito triste pensar que nunca serão lançados novos livros seus, que jamais terei a oportunidade de falar com ele (já falei com a Florencia Bonelli), de expressar todo o carinho que sinto por ele, como amo suas histórias, o quanto elas significam para mim... É triste saber que ele não respira mais. Que o mundo segue e ele não está aqui. Se Houver Amanhã, Conte-me Seus Sonhos, O Outro Lado da Meia-Noite são apenas alguns dos seus muitos sucessos. 


5- Pra você um livro perfeito:


Li esta história faz mais de cinco anos e nunca pude esquecê-la. É uma das melhores que tive o privilégio de ler. Isaura e Roger se cravaram em meu coração. Sua história de amor, nos tempos da escravidão, me enfeitiçou. Ela, uma defensora dos escravos. Ele, um senhor de escravos. Inimigos à primeira vista, apaixonados em seguida. São muitas as reviravoltas... Tudo contribui para mantê-los separados, mas o amor deles... era mais forte que qualquer coisa. Suspiros... 


6- Um livro que merece ser lido várias vezes:


Falando em casais apaixonantes... Impossível não mencionar Elizabeth e Ian, de Alguém para Amar. Separados pela hipocrisia e intrigas de uma sociedade desprezível, eles levam muito tempo para se entenderem. Mas cada momento... quando pensam um no outro, quando quase se matam, quando se amam, quando dançam, quando choram... Nunca me canso de lembrar deles. :) E sempre que possível folheio as páginas do livro, visito as cenas que mais amo. 



7- Uma história de amor:


Uma história de amor entre um homem e sua mulher. Uma história de amor entre uma mãe e seu filho. Uma história de amor pela vida, por cada presente dado por Deus. É um livro que transborda amor, que nos deixa em prantos e nos faz refletir sobre nossas escolhas, sobre nossa própria vida. Lembro da decisão importantíssima que tomei após lê-lo e que contribuiu para modificar toda a minha vida, de maneira muito positiva. Eu me dei a chance de viver. Estava no emprego errado, estava a ponto de ter uma crise e percebi que era hora de tomar um caminho diferente. Esta história é uma lição de vida. A recomendo muito! Mas prepare os lenços porque você vai chorar. Não tenha dúvidas! 


8- Um guia de viagem:

Nunca li. 

9- Um livro que poderia ter sido melhor:


Eu gostei muito do livro, mas é o que menos gosto da série, gente. Porque, sinceramente, a Francesca é insuportável. Ela quase destruiu o livro. Eu compreendo seus dramas e tudo o mais, porém não dava para aturá-la. 



10- Um livro que te fez chorar:


Este livro quase me desidratou. Até hoje meus olhos se enchem de lágrimas e sinto um nó na garganta quando lembro dele. Sofri demais com tudo o que se passou. Para começar, a narradora da história é a Morte e conhecemos tudo do ponto de vista dela. Que é muito interessante, porém ainda mais doloroso. Nunca pude esquecer a pequena contadora de histórias, minha querida Liesel, sua família adotiva, o judeu que se tornou seu melhor amigo e... o Rudy, que com seu jeitinho único marcou meu coração e me deixou um triste adeus. Sim, já estou chorando de novo.rs


11- Livro mais rápido de ler:


É uma releitura do conto da Cinderela e extremamente fácil de ler. Eu devorei as páginas bem rápido. E quando a leitura terminou ficou aquele gostinho de quero mais.rs É provável que eu leia de novo um dia. Gostei muito! 


Bjs!

26 de maio de 2017

Cantiga de Esponsais - Machado de Assis (conto)


Contos Escolhidos - 3/30

Machado de Assis é um dos mais renomados contistas da literatura brasileira. Transitando entre os diversos tipos de contos - do tradicional ao moderno -, seus textos são originais e complexos. São contos cheios de acontecimentos intensos - quase sempre envolvidos num clima de tensão -, repletos de personagens polêmicos e ambíguos e de jogos e armadilhas textuais que induzem à dúvida, relativizando a maior parte das ideias e levando o leitor a refletir sobre suas "certezas". 



Palavras de uma leitora...


- E aqui estou eu de novo hablando de cuentos.rs A culpa não é minha, gente. O Machado de Assis simplesmente me enfeitiçou com contos tão perfeitos e irresistíveis! Já sei que em breve serei fã incondicional deste escritor maravilhoso. 

"Quem não conhecia mestre Romão, com o seu ar circunspecto, olhos no chão, riso triste e passo demorado? Tudo isso desaparecia à frente da orquestra; então a vida derramava-se por todo o corpo e todos os gestos do mestre; o olhar acendia-se, o riso iluminava-se; era outro."

- Este conto nos leva ao início do século XIX, ano de 1813. Somos apresentados ao nosso triste protagonista, conhecido por todos como mestre Romão. Alguém muito querido pela Igreja e os vizinhos, mas que sentia um vazio em seu interior. Uma necessidade que lhe roubava a alegria. 

"[...] mas a verdade é esta: a causa da melancolia de mestre Romão era não poder compor, não possuir o meio de traduzir o que sentia." 

Ele amava a música. Como poucos. Era nela que encontrava consolo e agonia. Felicidade e profunda tristeza. Preenchimento e vazio. Sim, sensações, sentimentos contraditórios, mas que estavam sempre presentes. Porque sua maior angústia era o fato de não conseguir expressar, colocar em palavras as composições que estavam em seu interior, em sua alma. Era não conseguir passá-las para o papel e então tocá-las para que o mundo conhecesse aquelas melodias que tocavam em sua mente. 

"Parece que há duas sortes de vocação, as que têm língua e as que a não têm. As primeiras realizam-se; as últimas representam uma luta constante e estéril entre o impulso interior e a ausência de um modo de comunicação com os homens."

E como se não bastasse o sofrimento de ser apenas um intérprete das composições de outras pessoas, quando sua alma fervilhava com diversas ideias, om várias melodias, o pior de tudo era jamais ter conseguido terminar um canto esponsalício, um que começara tantos anos antes, poucos dias depois de casar-se. Um que gostaria de ter dedicado à mulher da sua vida. E se na vida tivesse a chance preciosa de concluir apenas uma composição, seria aquela.  

- Até agora este foi o conto com o qual mais me identifiquei. O mais triste e maravilhoso que li. Talvez todo escritor, profissional ou não, já passou por uma fase de bloqueio. Você tem a inspiração, sabe exatamente o que quer transmitir e como quer fazê-lo, mas na hora de colocar no papel... não sai! Ou, às vezes, até sai, mas não da maneira que você queria. Não daquele jeito que você imaginou, que deseja. Ai, gente! Eu já vivi isso tantas e tantas vezes.kkkkkk... Teve um trecho do conto que me deixou os olhos cheios de lágrimas, pois parecia que eu estava realmente na pele do protagonista, sentindo o que ele sentia. E como o compreendi! É realmente desesperadora a sensação de inutilidade, de incapacidade que tal bloqueio provoca. O que o mestre Romão sentia é completamente compreensível e muito triste. Não desejo isso para ninguém.

E o final do conto? Não quero ser uma estraga-prazeres e contar tudo. Só posso dizer que queria que terminasse de outra maneira. 

"Como um pássaro que acaba de ser preso, e forceja por transpor as paredes da gaiola, abaixo, acima, impaciente, aterrado, assim batia a inspiração do nosso músico, encerrada nele sem poder sair, sem achar uma porta, nada."


Contos anteriores:

Missa do Galo
Conto de Escola


Se você está lendo esta resenha agora, então já é sexta-feira, dia 26/05/2017.kkkkkkk... Ou, talvez, algum dia depois desta data.rs Se viu um aviso logo no lado direito do blog, bem no início da página, sabe que as resenhas agora terão dias pré-fixados: toda segunda, quarta ou sexta-feira. Ocasionalmente, publicarei algo sábado e domingo. Esta é uma forma de me obrigar a ler mais. Estou lendo pouco demais para o meu gosto e quero me reorganizar para mudar isto. :) Sei que sou bem louca, pois tenho que estudar, trabalhar, escrever meus próprios textos (livro, contos etc), ler, resenhar, atualizar a rede social do blog, responder emails, assistir novelas, filmes, três séries e fazer várias outras coisas.kkkkkkkkk... Aí ouço alguém dizer: "Não leio porque não tenho tempo" ou "Não leio porque não tenho o tempo que você tem pra ler" e sinto imensa vontade de esganar a pessoa.rs 

Como hoje (dia 24/05/17) quero escrever e publicar o texto para o tema do Projeto Escrevendo sem Medo, esta resenha só estará disponível na sexta-feira. 

Bjs! 

24 de maio de 2017

Se Eu Tivesse Poderes Mágicos... (Escrevendo sem Medo)


Se Eu Tivesse Poderes Mágicos... 


Voaria... Para qualquer lugar do mundo, do universo. Conheceria toda Terra e Céu. Seria uma águia e então um pisco-ruivo. Depois uma pomba. E até mesmo um corvo, tão mal julgado por muitos, mas belo como toda a Criação. 

Em alguns momentos, seria invisível. E então realmente conheceria quem acredito conhecer. Além disso, teria a vantagem de simplesmente sumir quando quisesse. 

Viajaria pelo tempo... por todos os séculos. Antes e Depois de Cristo. Observaria as diferentes culturas, diferentes amores e sonhos. Seria uma espectadora paciente e apaixonada. Ah, como seria maravilhoso viver todas as épocas! Nem que fosse por um só dia. Um instante. 

Voltaria no tempo... 17 anos atrás. E ao menos tentaria me impedir de perder a quem tanto amava. Quem ainda me faz imensa falta. 

Curaria meu coração... arrancaria cicatrizes que insistem em me marcar. Amaria de novo, de uma nova maneira, um novo alguém. 

Conheceria todas as bibliotecas do mundo. Leria um milhão de livros antes de morrer. E nasceria de novo... num novo milênio, numa nova História. 

Resgataria crianças, mulheres e outras pessoas presas, reféns das mais inimagináveis monstruosidades. E apagaria de seu corpo e memória as feridas deixadas por alguém dito ser humano. 

Se pudesse ter apenas um poder.... um único desejo... se me fosse dada a chance de alterar alguma coisa... acabaria com toda a maldade que se espalha com mais e mais força por este mundo. Destruiria o mal. E todas as pessoas apenas amariam. E, assim, já não existiria espaço nem semente para nenhuma maldade. Porque o mundo só saberia amar. Para sempre. 


Google Imagens


- Que utopia, verdade?!kkkkkk... Mas era para sonhar, não é mesmo? E sonhei. Muito. Enquanto escrevia este texto me permiti viajar. Querer. Esquecer tudo e realmente acreditar que tais sonhos são possíveis.rs 

Às vezes... penso que já perdi boa parte da minha esperança. Que já não acredito no mundo e nem nas pessoas. Muito menos na bondade de corações. Mas... quando vejo um bebê nascer ou uma criança sorrir... Quando vejo seres humanos ajudando desconhecidos sem esperar nada em troca, muitas vezes agindo longe de holofotes... Então volto a acreditar. Que, de alguma forma, em algum momento, este mundo vai ser melhor. Ainda que eu já não esteja aqui para ver. 

- Este é meu quinto texto para o Projeto Escrevendo Sem Medo. Escrevê-lo foi difícil pelo fato do tema me fazer pensar em muitas coisas. Eu quis deixar o texto o mais leve possível, pois teremos textos mais "profundos" nos temas de julho e setembro.rs 

Este projeto foi criado pela Thamiris do blog Historiar. Clique aqui para conhecê-lo melhor. 

23 de maio de 2017

Conto de Escola - Machado de Assis (conto)


Contos Escolhidos - 2/30

Machado de Assis é um dos mais renomados contistas da literatura brasileira. Transitando entre os diversos tipos de contos - do tradicional ao moderno -, seus textos são originais e complexos. São contos cheios de acontecimentos intensos - quase sempre envolvidos num clima de tensão -, repletos de personagens polêmicos e ambíguos e de jogos e armadilhas textuais que induzem à dúvida, relativizando a maior parte das ideias e levando o leitor a refletir sobre suas "certezas". 




Palavras de uma leitora...



- Sei que eu falei que não faria resenha de todos os contos presentes no livro Contos Escolhidos, mas somente daqueles que me interessassem muito, lembram? O que posso fazer se o segundo conto também me encantou?! :)

Não posso dizer que sempre fui uma leitora de contos, pois seria a mais completa mentira. Tirando os contos de fadas (que amo demais!), nunca tive muito interesse em ler contos. Mas, nos últimos anos, mudei muito como leitora e escritora, e, uma vez que passei a escrever contos, decidi lê-los também. Meu escolhido foi o Machado de Assis. E confesso que não esperava que fosse ser uma escolha tão acertada! Como pude esperar tantos anos para ler este autor? Que estúpida! 

Conto de Escola é o segundo dos trinta contos que fazem parte deste livro que tem me acompanhado desde segunda-feira. Nos traz o drama de Pilar, um menino traquinas como muitas crianças de sua idade que, num determinado dia, toma a equivocada decisão de ir à escola.rs

Ele não tinha muita vontade de assistir às aulas daquele dia. Preferia brincar com os outros "vadios", curtir o dia lindo que se apresentava. Mas... a lembrança do último castigo dado generosamente por seu pai, fez nosso protagonista pensar duas vezes antes de matar a aula. Desta forma, desanimado, ele foi para a escola. Péssima decisão!rs Bem... Considerando o que se passou naquele dia, tenho que admitir que ele realmente não deveria ter ido à aula, coitado!

"Ora, foi a lembrança do último castigo que me levou naquela manhã para o colégio."

- Durante a aula, que o professor mal estava se preocupando em ministrar, um menino chamado Raimundo, filho de seu severo "mestre", lhe fez uma proposta. Algo simples, inocente, mas a tentação da recompensa oferecida era o problema. Se pegos as consequências não seriam nada agradáveis.

"Em verdade, se o mestre não visse nada, que mal havia?"

- Sinceramente, senti imensa pena do Pilar. O garoto já não queria ir à escola, tomou a decisão de não ir curtir o dia brincando por medo de apanhar.rs Mesmo assim cumpriu suas tarefas prontamente e aí, quieto no seu canto, acaba envolvido numa situação que não demora a lhe causar grandes transtornos. Eu fiquei com muita raiva do delator, mas nada se compara ao que senti por aquele professor miserável! É "linda" a maneira de educar de certos professores de antigamente. Realmente admirável! Para não dizer todo o contrário, claro!

- Sério, achei um exagero o que o tal Policarpo fez. Que necessidade tinha de agir daquela maneira? Talvez exista quem discorde de mim, mas não vi mal algum no que os garotos fizeram. Onde estava a ilegalidade, a ilicitude que não enxerguei?! Não achei o acordo dos meninos sequer moralmente inadequado. Raimundo pediu algo ao Pilar, oferecendo uma retribuição, uma recompensa. Tanto o pedido quanto a retribuição foram inocentes. Não achei que foi algo "corruptível", como o Pilar meio que afirma no final. Foi extremamente inocente e banal. E a atitude do professor completamente desproporcional.

Sim, fiquei revoltada!kkkkkkkk... Penso que alguns valores são ensinados da maneira errada, o que acaba fazendo a mensagem se perder ou ser desprezada pela forma como ela foi passada. Enfim...

Quanto mais leio este autor mais apaixonada fico! Ele consegue transformar um conto, uma narrativa simples, despretensiosa em algo que vai muito além! Ele joga com as palavras, com as cenas, com a construção dos personagens...  isso é fascinante!

"[...] e foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento, um da corrupção, outro da delação; mas o diabo do tambor..."


Conto anterior:
Missa do Galo

22 de maio de 2017

Missa do Galo - Machado de Assis (conto)


Contos Escolhidos - 1/30


Machado de Assis é um dos mais renomados contistas da literatura brasileira. Transitando entre os diversos tipos de contos - do tradicional ao moderno -, seus textos são originais e complexos. São contos cheios de acontecimentos intensos - quase sempre envolvidos num clima de tensão -, repletos de personagens polêmicos e ambíguos e de jogos e armadilhas textuais que induzem à dúvida, relativizando a maior parte das ideias e levando o leitor a refletir sobre suas "certezas". 




Palavras de uma leitora... 


"Deus me perdoe, se a julgo mal. Tudo nela era atenuado e passivo. [...] Não dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar."

- Este é um conto bem curtinho mesmo, que logo no início nos apresenta o protagonista Nogueira e suas lembranças acerca de um acontecimento que lhe marcou a vida. Algo que, embora pudesse parecer insignificante para alguns, permaneceu em sua memória apesar do passar dos anos. Algo que ele jamais entendeu. Uma conversa. Uma simples (talvez nem tanto) conversa com uma mulher às vésperas da missa do galo. 

Ele já a conhecia. Mas, depois daquela noite, era possível que julgasse que nunca a tinha conhecido de verdade, tamanho o contraste entre a mulher reservada e infeliz e aquela que se aproximou dele inesperadamente e, sentando-se ao seu lado, lhe mostrou mais de si mesma do, quem sabe, jamais mostrou a ninguém. Seriam as duas a mesma pessoa? Quem, de fato, era Conceição? A verdade é que ele não sabia. Tudo o que tinha certeza é que, passasse o tempo que fosse, não conseguiria tirá-la de sua cabeça. 

"Há impressões dessa noite que me aparecem truncadas ou confusas. Contradigo-me, atrapalho-me. Uma das que ainda tenho frescas é que, em certa ocasião, ela, que era apenas simpática, ficou linda, lindíssima."

- Nogueira tinha apenas dezessete anos quando a misteriosa e marcante conversa ocorreu entre ele e Conceição, esposa de um primo seu, e a dona da casa na qual ele estava se hospedando naquela época. Era um estudante como outro qualquer, jovem, ingênuo e curioso. Naquela noite de Natal, seu maior desejo era assistir à missa do galo e, impaciente, recusou-se a dormir, preferindo a companhia de um livro enquanto não dava a meia-noite. 

Foi assim que ela o encontrou. Conceição já deveria estar dormindo, pois era muito tarde. Estranhamente porém, ela resolveu se juntar a ele e conversar com um rapaz que praticamente ignorava enquanto estava em sua casa. Alguém por quem ela jamais demonstrou qualquer interesse. Mas naquela noite tudo foi diferente. O marido dela havia saído, como sempre, para ir ao "teatro" (traí-la com a amante, em outras palavras) e todos na casa estavam dormindo. Trajando um roupão branco e com um brilho diferente no olhar, ela entrou na sala, surpreendendo-o e enfeitiçando-o, provavelmente sem ter a menor intenção de fazê-lo. Aquela era uma mulher que, talvez contagiada pelo clima de Natal e os mistérios da noite, ousou, uma única vez na vida, mostrar quem realmente era. A mulher que mantinha presa em seu interior, que sufocava num casamento infeliz, sendo constantemente traída e não podendo fazer nada a respeito, por viver numa época em que dependia totalmente da "bondade" do marido para ter um teto sobre a sua cabeça. Eu acredito que naquela noite ela quis ser apenas ela mesma. Conversar com alguém que estivesse disposto a ouvi-la. Contar seus sonhos... mostrar que era muito mais do que a mulher que andava sempre apagada pela casa. Ela quis mostrar que era simplesmente... mulher.

Foi breve o momento. Fugaz. Mas tamanho foi o impacto que as palavras, os olhares perdidos e os gestos dela lhe provocaram, que Nogueira nunca pôde esquecê-la. Ele próprio não a julgava alguém especial, importante, antes daquela noite. A via como uma mulher comum e é até mesmo divertido observar como ele ficou impressionado com a mudança que ela sofreu naqueles minutos. Como ela pareceu diferente... esperta, viva, inteligente, mulher.

- Sei que este conto deixa muito à imaginação. Uma característica que adoro nos contos e parece ainda mais presente nos do Machado de Assis, segundo li, é o fato de contarem algo sem de fato contarem muito. rs Os contos deixam coisas em aberto, questões que podem ser interpretadas livremente pelo leitor. E isso é bem presente neste conto aqui. Tenho certeza que muitos leitores acharam que rolou sedução e flerte entre a Conceição e o Nogueira. Sinceramente, não vi as coisas desta maneira. Da parte dele, houve um interesse evidente. Ele ficou muito impressionado com ela. Atraído, como podemos observar por suas próprias palavras. Mas da parte de Conceição, não dá para saber ao certo. Só tive a impressão forte de que ela queria apenas ser ouvida, por alguém que realmente a escutasse. 

- Nunca na vida resenhei um conto.rs E me dá certo receio começar justamente por um do Machado de Assis, grande escritor do século XIX, leitura obrigatória na escola e na vida dos vestibulandos. 

Apesar de ter sido uma boa aluna na minha época de colegial, jamais tinha lido nada deste autor. Eu torcia o nariz e fugia dele como o diabo da cruz. Tinha pré-conceitos (sim, escrevi assim de propósito), achava que era leitura difícil e chata e, mesmo tendo conhecido "por alto" alguns dos seus escritos por causa das aulas de Literatura e dos vestibulares, não tive interesse em pegar num dos seus livros para ler. Até agora

- Estou numa fase "clássica".rsrs Os dois projetos dos quais estou participando este ano já desenvolveram papéis importantíssimos no meu crescimento como leitora e escritora aprendiz. O Desafio 12 Meses Literários, por exemplo, me deu a chance de ler um clássico que estava há séculos na minha estante e depois da leitura só posso lamentar por todo o tempo que desperdicei sem tê-lo lido. Lamentar por ter sido tão estúpida e adiado a leitura de um dos melhores livros que já li na vida: Orgulho e Preconceito - Jane Austen

- Missa do Galo é o primeiro dos 30 contos que fazem parte de um livro lindo que adquiri chamado Contos Escolhidos. Todos da autoria do Machado de Assis. Pretendo carregá-lo comigo na bolsa ao longo das próximas semanas e ir intercalando a leitura dos romances com os contos presentes nele. :) Não prometo que farei a resenha de todos, apenas dos que me despertarem maior interesse e carinho. Missa do Galo me conquistou por completo! E recomendo muito! É uma leitura rápida, deliciosa e que deixa margem a várias interpretações.rs 

17 de maio de 2017

Orgulho e Preconceito - Jane Austen

(Título Original: Pride and Prejudice
Tradutor: Roberto Leal Ferreira
Editora: Martin Claret 
Edição de: 2010)

Um dos nomes de maior prestígio da literatura inglesa, Jane Austen (1775-1817) começou a manifestar talento para as letras ainda na adolescência. Seus romances descrevem, com notável argúcia e sutil ironia, a sociedade rural inglesa de seu tempo, por meio do entrelaçamento de personagens e sentimentos da vida comum. 

Orgulho e Preconceito é a envolvente história de Fitzwilliam Darcy e Elizabeth Bennet, os quais, à primeira vista, não têm uma boa opinião um do outro, mas, no desenvolvimento do enredo, acabam descobrindo que estavam totalmente enganados...

Orgulho e Preconceito é a obra mais aclamada desta autora, não só no Reino Unido como em todo o mundo, e tem sido frequentemente adaptada para o cinema, televisão e teatro, com grande sucesso de público e crítica. 



Palavras de uma leitora... 


- Queridos leitores, se vocês pudessem me ver agora... Me sinto no paraíso!kkkkkkk... Apesar de estar sonolenta por estar tomando um medicamento que me deixa cansada e grogue (risos), nada é capaz de atrapalhar a felicidade, o amor imenso que sinto por esta história. Sabe quando um livro te atinge de uma forma que você não consegue sequer colocar em palavras o que sente? Sabe quando ele simplesmente te toca e fica em você, dentro de uma parte exclusiva do seu coração? Orgulho e Preconceito se tornou parte de mim. Como pude viver por tanto tempo sem jamais lê-lo? Como pude ser tão imbecil ao ponto de demorar tanto para conhecer a história de Darcy e Elizabeth? Eu fui realmente uma grande idiota. Privei a mim mesma, durante muitos anos, de viver com o casal uma das mais belas e emocionantes histórias de amor de todos os tempos. 

"- Você está dançando com a única menina linda do salão - disse o sr. Darcy, olhando para a mais velha das srtas. Bennet. 

- Ah! Ela é a criatura mais linda que já vi! Mas uma das irmãs dela, sentada logo atrás de você, é muito bonita e parece ser muito divertida também. Deixe-me pedir ao meu par que a apresente a você.

- A quem você se refere? - e, voltando-se, olhou por um momento para Elizabeth, até que, cruzando seu olhar com o dela, o desviou e disse friamente: - É suportável, mas não bonita o bastante para me animar; não estou com paciência no momento para dar atenção a mocinhas que foram desdenhadas por outros homens."

- Quando Elizabeth e Darcy se conhecem, a antipatia e o desprezo surgem à primeira vista. E nem em seus melhores sonhos (ou piores pesadelos) eles poderiam imaginar que o ódio inicial seria apenas o prelúdio de uma grande história de amor. Não é à toa que amor e ódio são duas faces da mesma moeda.rs

A presença de poucos rapazes naquele baile, levou Elizabeth a ficar sem par para as danças, embora isso não a preocupasse muito. Era uma pessoa bem humorada, que gostava de estar de bem com a vida e zombar de si mesma, se possível. E tudo teria corrido perfeitamente bem e sido uma noite agradável se o fato de estar sentada próxima de Darcy não a tivesse levado a ouvir a admirável opinião que ele tinha sobre ela. Sem nem mesmo conhecê-la! Chocada com a agressão injusta, embora ele não imaginasse que ela tivesse ouvido, e a arrogância dele, Elizabeth resolve engolir a raiva e levar tudo numa boa, deixando claro para todos (e para si mesma) que o orgulho e falta de educação dele em nada a afetaram, mas não demora para que a grosseria de Darcy e seu ar de superioridade o transformem na pessoa que ela mais detesta na vida, e que ambos não percam a oportunidade de se alfinetarem. Até os sentimentos começarem a mudar... 

" - Creio que há em cada personalidade uma tendência a algum mal particular... Um defeito natural, que nem a melhor educação pode superar.
- E o seu defeito é odiar a todos.
- E o seu - replicou ele, com um sorriso - é adorar interpretar mal a todos."

Criado por pais que o ensinaram princípios, mas não humildade, Darcy se acreditava superior a todas as outras pessoas. E, de fato, era muito melhor que muitas. Mas sua arrogância e seu orgulho eram seus maiores defeitos, e o deixaram cego, inicialmente, para os sentimentos que a jovem que desprezou, por ser inferior a ele, estava despertando em seu interior. Aqueles olhos poderiam hipnotizá-lo e sua inteligência diverti-lo e atraí-lo, mas não podia amá-la. Porque amá-la ia contra tudo o que ele acreditava. Porque jamais poderia se unir a alguém como ela

"[...] e Darcy jamais fora tão atraído por nenhuma mulher quanto por ela. Realmente acreditou que, se não fosse a inferioridade da família dela, estaria em apuros."

Confuso pelas emoções que começaram a invadi-lo e iam contra suas vontades, Darcy não sabia se queria vê-la ou fugir para o mais longe possível. Tudo o que sabia era que seus sentimentos tinham que ser sufocados. Que aquilo era absolutamente errado. E que ela era inadequada de todas as maneiras possíveis, ainda que seu coração dissesse todo o contrário. 

Nesta luta entre coração e orgulho... quem tem melhores chances de sair vencedor? Não há dúvidas sobre minha aposta...

"- Tenho certeza de que você vai achá-lo um encanto.
- Deus me livre! Essa seria a maior das desgraças! Achar um encanto o homem que estamos determinadas a odiar! Não me deseje tamanho mal."

- Ainda sou capaz de lembrar do dia em que ganhei este livro. E do quanto a Fê me recomendou esta história. É um dos seus livros preferidos e que ela tenha decidido me dá-lo de presente foi lindo. Sempre soube que era uma história maravilhosa. Eu tinha assistido o filme e gostava muito, mas mesmo com o livro na estante, adiei a leitura durante muitos anos, sempre dizendo a ela que iria ler, mas sem de fato iniciar a leitura. Eu era meio como a Elizabeth em questão de preconceitos (risos): tinha uma resistência ao livro sem conhecê-lo. Baseada apenas em algumas experiências negativas que tive com clássicos. Eu acreditava que o livro não era tão especial como as pessoas diziam. Que nem sequer chegaria aos pés de O Morro dos Ventos Uivantes, da Emily Brontë, que nenhuma autora clássica poderia ser tão inteligente e talentosa como a Emily. Sim. Foi pura idiotice! E só me levou a perder imenso tempo... me levou a adiar a leitura de uma das melhores histórias da minha vida. Me sinto uma grande imbecil por isso.kkkkk... 

"[...] Pode você querer que eu me alegre com a inferioridade dos seus familiares? Que eu me felicite na esperança de adquirir parentes cuja condição social está tão abaixo da minha?"

- Lindas palavras para se dizer para a mulher amada, não acham?!kkkkk... Sem dúvidas! Quando iniciei a leitura e conheci o sr. Darcy, eu também antipatizei com ele à primeira vista.rs Logo no início, ele se mostrou alguém bastante desagradável e grosseiro. Sobretudo com a Elizabeth, embora não tenha falado com ela diretamente. Eu podia compreender sua reserva e seu desprezo por muitas pessoas presentes na ocasião. Afinal de contas, a maioria era realmente muito hipócrita e de zero inteligência. Mas nada dava a ele o direito de colocar todo mundo numa mesma categoria e julgar a Elizabeth sem sequer conhecê-la, adotando um comportamento cruel e falando dela de uma maneira que não demorou a se espalhar. E, em nenhum momento, ele acreditou ter agido mal. Se sentia no direito de julgar a todos como bem quisesse, pois estava acima de todo o mundo. Ninguém chegava a seus pés. Em outras palavras: arrogância demais, ao ponto de me fazer querer mandá-lo para o inferno. Eu não tenho lá muita paciência com mocinhos tão cheios de si.rs Mas a verdade é que não demorou para a autora nos fazer conhecê-lo melhor e, embora ele realmente saiba ser um completo imbecil e se meter onde não foi chamado, se mostra um mocinho muito mais maravilhoso do que sequer poderíamos imaginar. Nunca seria capaz de esquecer tudo o que ele faz pela Elizabeth ao longo da história. Mesmo enquanto tentava lutar contra si mesmo. Ele já estava perdido, gente!rsrs 

"Ele se sentou por alguns momentos e depois, erguendo-se, começou a caminhar pela sala. Elizabeth ficou surpresa, mas não disse nada. Depois de um silêncio de vários minutos, ele veio até ela, nervoso, e disse:
- Tentei lutar, mas em vão. Não consigo mais. Não posso reprimir meus sentimentos. Você tem de me permitir dizer com quanto ardor eu admiro e amo você."

- Por que não aparece um sr. Darcy em minha vida? Eu seria capaz de perdoar todo orgulho e arrogância fácil, fácil! Bastaria ele sussurrar o trecho acima em meus ouvidos e fazer por mim a metade do que fez pela Elizabeth! Onde encomendo um homem assim, gente?! Me diga, por favor!kkkkkk.. 

- Dona de um talento como o de poucos, a autora não nos faz conhecer seu mocinho de uma vez. Tudo acontece lentamente, ao longo da história. Cada nova cena, uma revelação e assim nos apaixonamos mais e mais, sem nem termos uma ideia de quando o desprezo que sentimos por ele se transformou em amor. Darcy vai invadindo nosso coração e nos pegamos sofrendo com ele e torcendo para que a Elizabeth perdoe todas as suas burradas e dê a ele a chance de ser o homem mais feliz do mundo. Ao seu lado. Somente ao seu lado! Eu me divertia com a maneira como ela o tratava, mas ao mesmo tempo sentia uma dorzinha no coração por ele. Porém... todo o desprezo de nossa mocinha não diminui o seu amor. E o faz finalmente acordar e perceber como ele tinha sido cruel com ela e que se não mudasse poderia perdê-la para sempre. E ninguém poderia ser mais determinado a mudar do que ele. É realmente muito divertido e emocionante ver como ele tenta. Como luta para vencer o próprio orgulho e se transformar na pessoa que seria digna dela. No homem que ela merecia. 

"Não pode ser por minha causa... Não pode ser por mim que seus modos se tornaram tão mais delicados. Minhas reprimendas de Hunsford não poderiam produzir tamanha mudança. É impossível que ele ainda me ame."

Enquanto o nosso sr. Darcy era todo orgulho, Elizabeth era puro preconceito.rsrs Baseada em poucas informações que tinha sobre ele e nas intrigas de alguém totalmente indigno de confiança, ela levanta um muro contra ele, desprezando-o e zombando dele a cada oportunidade. Não existia na face da Terra alguém que ela odiasse mais e se ele fosse o único homem no mundo com o qual pudesse se casar, sem sombra de dúvidas preferiria morrer solteira. Seus sentimentos nunca mudariam. Não existia naquele homem nada que pudesse despertar sua admiração ou fazê-la enxergá-lo de outra forma. Ou, ao menos, era o que ela acreditava. Mas seu coração começava a pensar de maneira bem distinta...

"[...] ela nunca sentira tão sinceramente que podia amá-lo quanto agora, quando todo amor já era em vão." 

- Não é só o orgulho de Darcy e os preconceitos de Elizabeth que são obstáculos para o relacionamento entre os dois. Membros de uma sociedade extremamente fútil e hipócrita, em pleno século XIX, onde aparência e posição social eram tudo e os sentimentos deveriam ser relegados a último plano, existia muita gente que faria o que fosse preciso para impedir uma união entre eles. Enquanto Darcy era extremamente rico e importante, e seu comportamento era facilmente aceito por conta disso, Elizabeth, apesar de não ser pobre, era de uma família mais humilde, com parentes considerados "inaceitáveis" pela sociedade, e mãe e irmãs que provocariam vergonha até mesmo em mim. Mas a personalidade dos dois era forte o bastante para fazê-los mandar ao inferno qualquer um que decidisse dar a opinião do que eles deveriam ou não fazer com suas próprias vidas.rsrs 

"Queria ter notícias dele, quando eram mínimas as possibilidades de obter alguma informação. Estava convencida de que poderia ter sido feliz com ele, quando provavelmente já não se veriam nunca mais."

- É inevitável amar este casal. Embora no início eu não tenha ido muito com a cara do Darcy, e a Elizabeth tenha me parecido apenas um pouco menos fútil do que as irmãs mais novas, meus sentimentos mudaram muito conforme ia conhecendo-os melhor. O Darcy se mostra um mocinho de verdade, como poucos! E a Elizabeth se revela uma mocinha única, extremamente inteligente e de uma ironia irresistível! Eu me divertia imenso com os pensamentos e frases dela! Ela era esperta sem tentar ser. Inteligente sem ser metida como a irmã Mary e não era nem de longe perfeita, o que só contribuía para aumentar o nosso carinho por ela. Elizabeth é uma mocinha normal. Divertida, carinhosa, irônica, de uma inteligência admirável, mas não pretensiosa, que não era a mais bela de todas e que cometia erros como todo mundo, inclusive julgando sem conhecer. Ela tem vários defeitos como qualquer ser humano, mas também possui qualidades que ela própria desconhecia e que o Darcy não demora nada a perceber.rs Quando olho para eles, quando lembro de tudo pelo que passaram ao longo de toda a história, não tenho a menor dúvida de que foram realmente feitos um para o outro. Ninguém poderia completá-los tão bem. 

"Se os seus sentimentos forem os mesmos de abril passado, diga-me logo. Os meus sentimentos e desejos não mudaram, mas diga-me uma palavra e eu os silenciarei para sempre."

- Sério, gente! Como resistir a este mocinho?! Impossível!!! São muitas as coisas que eu gostaria de falar sobre a história, o casal e outros personagens, mas não quero ser uma total estraga-prazeres. Vocês sabem bem que me escapam spoilers. rs Por isso, vou parando por aqui. Eu não disse nem metade de tudo o que acontece na história, me concentrando mais nos sentimentos dos personagens do que nos acontecimentos do livro. Mas eu acredito que muita gente conhece a história de Darcy e Elizabeth, seja por livro ou por terem assistido o filme. :)

- Antes mesmo de terminar a leitura deste livro, eu fiquei tão louca pela escrita da autora que resolvi adquirir todos os livros que ela conseguiu escrever em sua curta vida. Ao todo, foram seis os livros finalizados por ela, segundo informações que encontrei na internet. E no sábado eu corri para a livraria atrás dos que eu ainda não tinha. Já tinha comprado Razão e Sensibilidade, da mesma coleção de bolso desta edição que tenho de Orgulho e Preconceito. Mas o valor que eu teria que pagar pelos outros quatro livros me fez perceber que era mais vantagem comprar as edições de luxo. :D É verdade que não comprarei livros durante os próximos séculos, mas não me arrependo, gente. Deixei meus dois rins na livraria (risos), mas trouxe as edições de luxo azul e rosa dos livros da Jane Austen. Na edição rosa, que é puro encanto, vem: Orgulho e Preconceito, Razão e Sensibilidade, Persuasão. Na edição azul vem Emma e outros dois cujos títulos não me recordo agora. Os livros são lindos demais! Valem realmente a pena! 

Depois de ter lido este livro, pretendo rever o filme, que é interpretado por uma das minhas atrizes preferidas. Faz muito tempo que vi o filme e quero saber com que olhos o verei agora que já conheço a história pelo livro.rs 

- Não dá para deixar de falar do dom que a Jane Austen tinha para escrever! Após ler apenas uma das suas histórias já a tenho como uma das minhas autoras mais queridas! Se fosse fazer um Top 5, ela estaria entre as mais amadas. Ela escrevia maravilhosamente bem, com um talento raro e uma ironia que fascina. O livro contém trechos e frases que me faziam gargalhar nos momentos mais inoportunos.kkkk... A ironia é sutil, mas funciona incrivelmente assim. Quero muito mais de seus livros! Quero ler tudo dela! 



Orgulho e Preconceito foi minha escolha para o tema deste mês de maio do Desafio 12 Meses Literários. O tema deste mês é um clássico. Como o livro já fazia parte da minha meta de leitura e eu queria deixar de adiar a leitura dele, foi fácil escolhê-lo para fazer parte do desafio. E a escolha foi mais do que acertada, não é? Foi perfeita! Agora quero ler muitos outros clássicos! 

11 de maio de 2017

Lançamentos Harlequin - Maio/2017




Olá, queridos!

Vamos conferir alguns dos lançamentos da Harlequin Books Brasil neste mês de maio:


ESCRITO NAS ESTRELAS
Harlequin Desejo 254

HERDEIROS DA PAIXÃO – Michelle Celmer
O dobro de chances para se apaixonar!
Será que Holly Shay estava vendo um fantasma? O homem que batera em sua porta era exatamente igual ao seu falecido marido. Mas quando ele expli­ca que é irmão gêmeo dele, Holly consegue se acal­mar e começa a sentir uma estranha atração... não necessariamente nesta ordem. Após a morte de seu problemático irmão, Jason Cavanaugh decidiu ajudar seus sobrinhos. E não será problema algum ter que se casar com Holly para conseguir a guarda dos bebês. Mas Jason abriga em si um estranho se­gredo que poderá acabar com suas chances de ser feliz ao lado de Holly.

AMOR DE INVERNO – Jules Bennett
Corações quentes em uma noite fria!
Durante anos, o bilionário Max Ford acreditou que Raine Monroe o traíra. E agora que está de volta à cidade, ele quer respostas. Mas sua ex planeja manter a boca fechada e o coração longe de ten­tações... até que uma nevasca os prende em uma charmosa casa de campo. Logo, o sensual Max a deixa mais derretida do que a neve lá fora. Porém, Raine precisa parar com esta loucura antes que seu flerte comprometa suas chances de dar um pai para a sua filha. Antes que seja impossível ir embo­ra... e antes de segredos do passado virem à tona.


HARLEQUIN COLEÇÃO NOIVAS

A ESOLHA PERFEITA – Helen Bianchin
Ilana Girard é a escolha perfeita para uma esposa de conveniência. Além de inteligente, bela e rica, ela concorda com o casamento sem amor que Xandro Caramanis está propondo. Mas Ilana tem seus motivos para aceitar essas condições: ela precisa de proteção. Xandro nem suspeita que sua noiva é mais inexperiente do que imagina... e que está receosa de não ser capaz de cumprir uma das cláusulas do contrato: dividir a cama com ele! 

PROMESSA DE SEDUÇÃO – Sara Craven 
Darcy Langton fica atordoada ao aceitar ser noiva de Joel Castille como parte de um acordo de negócios. Mesmo representando tudo o que ela odeia em um homem, Darcy não tem como negar que ele é muito carismático. E por mais que tenha tentado, não consegue resistir a sua doce sedução. Porém, quando ela descobrir suas verdadeira intenções, Joe será capaz de conquistá-la novamente?


SURPRESAS DO DESTINO
Harlequin Jessica 281

PRECIOSA PROMESSA - Susan Stephens
Uma proposta surpreendente…
A tia de Don Xavier del Rio deixou metade de sua herança para a governanta, a órfã inglesa Rosie Clifton, mas ele está determinado a recuperar o que é seu por direito. Por isso, Xavier vê na surpreendente proposta de casamento de Rosie a oportunidade de conseguir o que deseja... inclusive tê-la em sua cama! Rosie fará o que for preciso para cumprir sua promessa de proteger Isla del Rey. Mas será que está disposta a aceitar as exigências de seu charmoso noivo?
 
O SEGREDO ATRÁS DO VÉU - Dani Collins
“Você pode beijar a noiva.”
Com essas palavras, Mikolas Petrides selaria um importante acordo e finalmente retribuiria tudo o que o seu avô fizera por ele na infância. Mas, quando ergue o véu de sua noiva, não é a mulher que esperava! Viveka Brice faria qualquer coisa para proteger sua irmã mais nova, até casar-se com um estranho. Porém, ao ser descoberta, ela foge...mas não poderá se esconder por muito tempo. Mikolas sempre consegue o que deseja. E por ter destruído seus planos, Viveka terá que recompensá-lo... tornando-se sua amante!


ALIANÇA DO DESEJO - Carol Marinelli
Harlequin Paixão Glamour 018

Contratada para cuidar da casa… e para aquecer a cama!

O bilionário italiano Lazzaro Ranaldi escolhe mulheres como escolhe seus carros: elas devem ser bonitas, sensuais e facilmente substituídas. Mas há algo em Caitlyn que mexe com ele... e Lazzaro está decidido a descobrir exatamente o que é. Ele acredita que Caitlyn não é tão inocente como aparenta, e Lazzaro não será enganado!


COMO TOCAR UM SHEIK - Olivia Gates
Harlequin Paixão Audácia 018

A redenção do sheik!

Ninguém consegue ultrapassar as defesas do sheik Amjad Aal Shalaan. Ninguém. Mas quando a princesa Maram apareceu em seu evento no lugar do pai, destruiu todos os planos que Amjad tinha para recuperar o que fora roubado de sua família. Furioso, ele decidiu usar a chegada de uma tempestade de areia para transformar Maram em sua prisioneira e amante. Salva pelo homem que sempre amou a distância, ela não iria desperdiçar a chance de fazer com que Amjad a visse como mulher. Sua mulher. Mas nenhum deles estava preparado para as consequências de seus desejos...


AMOR POR CONVENIÊNCIA - Abby Green
Harlequin Paixão Ardente

Um milhão de dólares por uma noiva...

Ben Carter foi difamado por uma série de matérias publicadas na imprensa. E só há uma maneira de salvar o seu mais recente empreendimento, bem como sua reputação: colocando uma aliança no dedo de Julianna Ford. Porém, ele não contava que Julianna rejeitaria sua proposta. Mas ninguém recusa Ben Carter! Então, quando Julianna leiloa um beijo para caridade, Ben aproveita a chance para conquistá-la... pelo valor de um milhão de dólares! Ele pode ter pago uma fortuna por um beijo, mas pretende ter muito mais!





Acesse o site da Harlequin Books Brasil para conferir os demais lançamentos! :)

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