Na primavera de 1938, a ameaça nazi paira sobre a Europa.
Em Viena, a família Landau vê desaparecer muitos dos seus amigos e teme pela sua segurança. Decidem fugir do país mas não poderão partir juntos. Elise, a filha mais nova, é enviada para Inglaterra, onde a espera um emprego como criada de uma família aristocrática. É a única forma de garantir a sua segurança. Para trás deixa uma vida privilegiada.
Em Tyneford, ela tenta encontrar o seu lugar na rígida hierarquia da casa. É agora uma das criadas, mas nunca antes trabalhou. Tem a educação e os hábitos da classe alta, mas não pertence à aristocracia. Enquanto areia as pratas e prepara as lareiras, usa as magníficas pérolas da mãe por baixo do uniforme. Sabe que deve limitar-se a servir, mas não consegue evitar o escândalo ao dançar com Kit, o filho do dono da casa. Juntos vão desafiar as convenções da severa aristocracia inglesa numa história de amor que tocará todos os que os rodeiam.
Em Tyneford, ela vai aprender que é possível ser mais do que uma pessoa. Viver mais do que uma vida. Amar mais do que uma vez.
Resenha:
«Essa Elise que eu era então, diria que sou uma velha. Mas está enganada. Eu ainda sou ela.»
Em março de 1938, dando seguimento às suas pretensões expansionistas, Hitler anexou a Áustria à Alemanha. Algo que ele conseguiu facilmente devido ao apoio do partido nazista austríaco e à passividade da França e do Reino Unido, que não tiveram a firmeza necessária para o demover apesar de Hitler ter violado o Tratado de Versalhes (que proibia expressamente a união da Áustria e da Alemanha). Esta situação alterou por completo a vida dos judeus que viviam na Áustria. Se queriam salvar a própria vida eles não podiam ficar no país.
É durante esta época que a história tem início.
Elise Landau vem de uma família judaica de Viena, é filha de uma cantora de ópera e de um escritor. Ela tem 19 anos e é uma dos muitos judeus que precisaram emigrar para outros países para se colocarem a salvo do nazismo. Margot, irmã de Elise, e o seu marido conseguiram obter vistos de residência nos Estados Unidos e os pais de Elise têm para eles garantida situação idêntica, mas Elise não teve a mesma sorte. E então a família é obrigada a se separar. A Inglaterra aceita acolher refugiados judeus que estejam dispostos a assumir posições como empregados domésticos e Elise aproveita essa oportunidade e se candidata a um emprego de criada. Uma situação temporária até que os pais consigam que ela vá para junto deles nos Estados Unidos.
Acostumada a ser tratada como uma princesa e a ser servida, o seu papel se inverte e a mudança de filha caçula mimada a empregada doméstica é muito brusca e difícil. Porém ela rapidamente se instala nas suas novas funções, caindo de amores pelo seu novo lar, Tyneford. Da mesma forma também não demora muito a que, alheio às diferenças de status, nasça um amor entre ela e Kit, o filho do patrão, o que vai colocá-la numa posição ainda mais delicada. Mas a felicidade de Elise jamais poderá ser completa pois a guerra se insinua no horizonte, além da permanente saudade e preocupação com os familiares que ela deixou para trás. O futuro rapidamente se torna uma incógnita e ela não pode imaginar o quanto a sua vida irá mudar...
Ao longo de 412 páginas o leitor viaja pelas memórias de Elise - que narra em primeira pessoa e já idosa - conhecendo a sua história de vida. O conjunto de personagens é maravilhoso, desde Elise, passando por Kit, pelo mordomo, a governanta e mais alguns personagens carismáticos. Mas devo dizer que fiquei especialmente encantada pelo Mr. Rivers, o patrão dela, que me fez lembrar o Mr. Rochester (Jane Eyre). Essa história eu recomendo apenas a quem apreciar histórias com uma narrativa lírica, contemplativa e lenta. Também não é uma história cor-de-rosa, convém ressalvar, por mais bela que seja a escrita e apesar de ter alguns momentos bem humorados que me fizeram rir bastante. Para mim foi uma das melhores leituras desse ano.
Carla.
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