(Título Original: Still Missing
Tradutor: José Roberto O`Shea
Editora: Arqueiro)
Era para ser um dia como outro qualquer na vida de Annie O’Sullivan. A corretora de imóveis levanta da cama com três objetivos: vender uma casa, fazer as pazes com a mãe e não se atrasar para o jantar com o namorado.
Naquele domingo, aparecem poucas pessoas interessadas em visitar o imóvel. Quando Annie está prestes a ir embora, uma van estaciona diante da casa e um homem sorridente vem em sua direção. A corretora tem certeza de que será seu dia de sorte. Mas o inferno está apenas começando. Sequestrada por um psicopata, Annie fica presa durante um ano inteiro em um chalé nas montanhas, onde vive um pesadelo que deixará marcas profundas.
Construído de maneira extremamente original, Identidade roubada é o relato visceral que Annie faz à sua terapeuta dos 365 dias em que ficou à mercê do homem a quem chamava de Maníaco.
As memórias que vêm à luz ao longo de 26 sessões de análise são intercaladas com a história de sua vida desde que conseguiu escapar do chalé: a luta para superar seus medos e se reencontrar, a investigação policial para descobrir a identidade do sequestrador e a sensação perturbadora de que seu martírio ainda não acabou.
Em sua estreia, Chevy Stevens cria uma heroína inesquecível que, depois de sobreviver a uma experiência devastadora, precisa descobrir a verdade para se libertar.
Surpreendente e avassalador desde a primeira página, este thriller psicológico entrou na lista de mais vendidos do The New York Times e foi finalista dos conceituados prêmios Arthur Ellis e International Thriller of the Year.
Palavras de uma leitora...
"Existe por aí um monte de livros dizendo que a gente cria o próprio destino, e que aquilo em que acreditamos irá se realizar. Nós devemos sair por aí só com pensamentos positivos na cabeça, e então tudo será sombra e água fresca. Não... desculpe... não é nada disso. A gente pode estar se sentindo mais feliz do que nunca e mesmo assim pode acontecer uma grande merda.
Mas a merda não apenas acontece. Ela derruba e esmaga você no chão, porque somos idiotas o bastante para acreditar em sombra e água fresca." [Página 78]
- Vocês não têm noção do quanto esse trecho me marcou. Fico relendo-o e pensando em tudo que aconteceu com a Annie. Todo o pesadelo que ela viveu e sinto muita vontade de chorar. Também sinto vontade de gritar, atacar o livro longe e matar certos personagens com minhas próprias mãos. Estou sentindo uma mistura louca de sentimentos. Nem sei explicar o que sinto... Enquanto lia esse livro eu tinha medo até de sair de casa. E ainda estou apavorada. É um dos livros mais intensos que já li na vida. Um dos mais abaladores. Mais chocantes. Nunca irei superá-lo. Esquecê-lo. Seria impossível.
"Naquela noite, enquanto sirenes passavam diante da nossa casa, aumentei o volume da TV para não ouvir o barulho. Mais tarde, descobri que todo aquele tumulto era por causa de Daisy e do meu pai.
No caminho de casa, meu pai parou na lojinha da esquina. Enquanto atravessavam o cruzamento, um motorista bêbado avançou o sinal vermelho e bateu neles de frente. O imbecil amassou nossa van como se fosse um lenço de papel. Passei anos me perguntando se eles ainda estariam vivos caso eu não tivesse implorado a meu pai que comprasse sorvete para sobremesa. Só consegui ir adiante porque tive certeza de que a morte deles era a pior coisa que poderia acontecer na minha vida. Puro engano." [18]
- Nem sei por onde começar. É difícil falar sobre esse livro. Não paro de pensar em tudo que aconteceu e no quanto a Annie foi forte. No lugar dela, eu teria morrido. Simples assim. O Maníaco não precisaria me matar e nem eu precisaria acabar com a minha vida. Simplesmente jamais teria a força da Annie. Ela é uma guerreira, alguém que sempre irei admirar. Uma personagem que já ganhou destaque na minha lista de favoritas. Não dá para não admirar alguém que sofreu tanto e mesmo assim deu a volta por cima. Alguém que foi cruelmente destruída pela vida e que conseguiu se levantar, mesmo que fosse duro juntar seus pedaços. Falar da Annie me faz sentir uma dorzinha dentro de mim. Se tinha alguém que não merecia sofrer tanto, era ela. E se vocês soubessem... Soubessem o quê?! Vamos falar sobre isso daqui a pouco. Mas nem adianta terem esperança. Não contarei segredos da história.
Era um domingo de sol. Annie estava ansiosa para vender um imóvel e em vez de ficar em casa, curtindo o dia lindo, foi trabalhar. O dia foi calmo. As pessoas estavam aproveitando o aparecimento do sol e quando ela estava prestes a ir embora, um estranho simpático apareceu. Ele era atraente e tinha um sorriso irresistível. Queria ver o imóvel e parecia entender o fato de que ela já estava indo embora. Ele foi tão adorável, gentil e compreensivo que Annie acabou aceitando mostrar a casa para ele. Mas ela não podia imaginar que estava diante de um louco. Um louco que iria destruir a sua vida.
Ele a sequestrou. O fraco movimento facilitou as coisas. Quando Annie percebeu, havia um revólver encostado em suas costas.
"No segundo que esperei pela resposta, percebi que ele estava muito perto de mim. Algo rígido pressionou minha região lombar.
Tentei me virar, mas ele agarrou meus cabelos e puxou minha cabeça para trás, com um gesto tão rápido e doloroso que parecia arrancar meu couro cabeludo. Meu coração ficou espremido entre as costelas, e o sangue subiu à cabeça. Eu queria que minhas pernas chutassem, corressem... que fizessem alguma coisa... mas elas não conseguiam se mexer.
- É, Annie, isto aqui é uma arma. Então, escute bem. Vou soltar seu cabelo e você vai ficar calminha, enquanto vamos até o carro. E quero ver esse sorriso bonito até chegar lá, está bem?" [Páginas 12 e 13]
- Annie não conseguia respirar. Estava em choque. Era difícil acreditar que aquilo estava acontecendo. Que ela estava realmente sendo sequestrada e que provavelmente seria assassinada antes que alguém tivesse tempo de notar a sua falta. Ele a levou para o carro. Ela tentou fugir depois de entrar, mas ele tinha trancado a porta através de uma chave de acionamento a distância. Pouco tempo depois, o carro parou. Ele a fez sair do carro e a levou até o porta-malas. Annie começou a lutar, socar e chutar. Gritava, mas não havia ninguém para socorrê-la. Ele conseguiu colocá-la no porta-malas e pouco tempo depois Annie estava desacordada.
Era só o início do inferno... Durante um ano, Annie sentiria na pele o que um psicopata é capaz de fazer com outro ser humano. Seria espancada, estuprada, aterrorizada, perderia muito. Perderia tudo.
"E, já que estamos acertando os ponteiros, vamos estabelecer algumas regras básicas antes de começarmos nossa brincadeira. Vai ter que ser do meu jeito. Isso quer dizer que você não vai perguntar nada. Nem mesmo "Como se sentiu quando blá-blá-blá...?". Vou contar a história desde o começo e, quando quiser ouvir sua opinião, eu peço.
Ah! E, caso queira saber, não, nem sempre fui uma pessoa amarga." [Página 8]
- Annie tinha uma vida agradável. Um namorado lindo e bem-sucedido, uma carreira que a fazia viver com conforto, uma casa que amava com todo o seu coração e que tinha lutado muito para conseguir. Uma cadela que era sua melhor amiga. Era uma mulher independente, bem-sucedida e que nunca tinha feito mal para ninguém. Vivia a própria vida sem incomodar os outros.
Naquele dia, ela tinha tido mais um dos seus desentendimentos com a mãe. Por um motivo fútil. E daria tudo para ter aquele momento de volta. Daria tudo para ouvir mais uma vez a voz da mãe. Para sentir seu abraço. Queria que o tempo voltasse e que ela não tivesse saído de casa naquele dia... Naquela noite, seu namorado iria na sua casa. Quanto tempo ele demoraria para perceber que algo estava errado? Será que haveria tempo para salvá-la? Será que alguém conseguiria encontrá-la com vida?
- O Maníaco, que dizia se chamar David, a levou para um chalé. Um lugar isolado de tudo... Um lugar do qual Annie jamais poderia escapar.
"Eu não tinha como me proteger, nem como sair. Era preciso me preparar para o pior, mas eu nem sequer sabia o que o pior poderia ser." [Página 21]
- O pior é muito mais do que qualquer um de nós poderia imaginar. Alguém aqui já assistiu Lei e Ordem: Unidade de Vítimas Especiais? Já assistiu algum filme sobre psicopata? Eu já. E mesmo assim fiquei chocada com as atitudes do Maníaco. E não só chocada. Apavorada. Completamente apavorada. Foram muitos os momentos nos quais eu fiquei gelada. Nos quais eu tremi e senti náuseas. Senti desespero por não poder tirar a Annie de lá. Imaginei cada cena. Vi suas lágrimas, escutei seus gritos, imaginei sua dor, sua angústia. Pude escutar ela chamando pela mãe, pelo namorado... por alguém que a socorresse. E foi um pesadelo. Minhas noites de sono não foram nada boas enquanto eu lia esse livro. E mesmo quando terminei a leitura, continuei em agonia. Cada soco, cada coisa terrível que ele fazia com ela me deixava desesperada. Eu só queria que um milagre acontecesse e ela conseguisse sair dali. Esperava a cada instante que a polícia invadisse o local e a socorresse. Mas o tempo passa, gente. O tempo passa e ninguém aparece.
Depois desse livro tenho certeza de uma coisa: coitado do mocinho que estuprar uma mocinha nos próximos livros que irei ler. Se existir um livro com estupro por parte do mocinho, ele já estará condenado. Fui tolerante com alguns livros. Já perdoei estupros em vários livrinhos que se tornaram queridos por mim. Mas depois desse livro, cada vez que ler um livro no qual o mocinho da história abuse da mocinha, irei lembrar da Annie, irei lembrar da sua dor e não me vejo mais sendo capaz de perdoar. O Maníaco não era nenhum mocinho, mas sempre verei a Annie nos meus pensamentos. Sempre lembrarei da sua dor. Por isso, não serei mais capaz de perdoar estupro por parte do mocinho em alguma história. O mocinho terá que sofrer os tormentos do inferno para eu perdoá-lo. E mesmo assim... Não sei se voltarei a ser capaz. Você precisaria ler o livro para saber por que eu não conseguiria mais. Você precisaria ler o que a Annie diz. Precisaria se envolver e imaginar a dor dela. É simplesmente um pesadelo. Se você decidir ler esse livro se prepare para a dor que vai sentir durante a leitura. Não estou brincando e nem aumentando as coisas. Ler esse livro é uma tortura, gente. Mas depois que começamos a ler, mesmo sofrendo, mesmo angustiados, não conseguimos parar. Não é possível fechar o livro e virar as costas para a Annie. Para a sua história. Eu não consegui.
" Ele me roubou o Natal. Junto com um monte de outras coisas, claro. Você sabe... coisas como amor próprio, autoestima, alegria, segurança, a capacidade de dormir numa cama... mas, tudo bem... quem vai ficar se queixando?" [Página 53]
- Ele destruiu a vida dela. Seus nervos, marcou seu corpo, sua alma. O que ele fez com ela não tem nome. E só em pensar que ela ficou vivendo aquele inferno por um ano... Sabe... Ela tem razão. Se escrevêssemos nosso próprio destino, se só bastasse ter pensamentos positivos para que a vida fosse perfeita, se só bastasse a gente fazer o bem, a Annie jamais viveria aquele pesadelo. Jamais seria estuprada, espancada e obrigada a fazer coisas doentias... E centenas de pessoas, na vida real, não passariam por centenas de diferentes infernos. Mas inferno da mesma forma. Não. Nós não escrevemos nosso próprio destino. Pelo menos, não sou capaz de acreditar nisso agora.
"Antes de tudo isso acontecer eu nunca fui muito simpática, e tinha bons motivos - irmã morta, pai morto, mãe alcoólatra, padrasto babaca -, mas ao menos eu tentava não descontar a merda no mundo inteiro. Hoje em dia? Cara! Parece que qualquer um me deixa irritada. Você, os repórteres, os tiras, o carteiro, uma pedra no meio do caminho." [Página 62]
- Não direi como a Annie consegue escapar. Não contarei como foram as coisas entre ela e o Maníaco (só precisam saber que ela foi estuprada, espancada e submetida a coisas absurdas. Mas não contarei cada detalhe.) e nem revelarei nenhum segredo. Vamos falar sobre outras coisas agora.
Quando a Annie finalmente volta para sua cidade, sua casa, sua vida (bem... se é que se pode chamar aquilo que ela passou a ter de vida. Lembram o que eu disse sobre ele ter destruído a vida dela? Eu não estava brincando.), ela se torna uma pessoa bem amarga. Serão muitas as vezes em que vocês verão ela xingando, ignorando os amigos e afastando qualquer um da sua vida. Alguns podem condená-la, mas por favor, não faça isso aqui, pois não conseguirei ficar calada.rsrs... É preciso passar pelo que ela passou para ter direito de dizer que ela se comportou de forma estúpida. Que ela deveria ficar sorrindo para todo mundo e feito de conta que sua vida não era uma merda. Ela não passou por pouca coisa naquela droga de lugar, não ficou contente quando aquele sádico invadiu o seu corpo, socou cada centímetro seu. Inferno! (respira fundo, Luna. Respira bem fundo.) Ela sofreu os tormentos do inferno! E não acho justo alguém virar e dizer que isso não era desculpa para ela agir como passou a agir. Sabem o que é estar destruída? Completamente destruída? Conseguem imaginar isso? Então podem perceber que é impossível ser a mesma pessoa depois de ser feita em pedaços.
- Não sei se vocês já perceberam, mas estou com muita raiva. Uma raiva terrível. Gostaria de gritar aqui tudo que está preso. Tudo que gostaria de colocar para fora, mas acabaria falando demais e não desejo isso. Então, é melhor eu me controlar.
- Quando, após retornar, a nossa Annie passa por um momento de profundo desespero, ela decide procurar uma terapeuta. Alguém para quem ela pudesse contar tudo. Alguém que a ajudasse a sair daquele inferno. Que a ajudasse a se libertar. E é assim que nós passamos a conhecer sua história. O livro é dividido em 26 sessões. Uma mais forte do que a outra. A cada sessão mais coisas são reveladas. Nós acompanhamos o passado e o presente da Annie. Em alguns momentos ela vai viajar para mais longe... para sua infância, quando ela perdeu o pai e a irmã. Sentiremos com ela a culpa que ainda a devora, descobriremos que ela ainda não superou aquela perda, seremos levados de volta para o chalé... Acompanharemos sua "vida" lá... e seremos levados para o presente de novo. Saberemos como está sendo a "vida" da Annie. Iremos descobrir por exemplo, que ela não consegue dormir mais na própria cama. Que se esconde no closet, pois sente que não está segura. Que abraça a cadela e chora sozinha, cheia de medo e sendo atormentada pelos fantasmas do passado. Acredite, não é fácil. Não dá para ficar indiferente ao sofrimento dela. Não dá para não se envolver.
"O interessante é que quase ninguém pergunta como me sinto agora... não que eu fosse dizer. Só me pergunto por que não há interesse em saber o que acontece depois... todo mundo só quer saber da história. Acho que as pessoas pensam que a coisa acaba ali.
Quem me dera." [Página 52]
- Pois é. Como os seres humanos podem ser insensíveis! Fiquei indignada com a quantidade de egoísmo que vi nesse livro. Com os malditos repórteres que só queriam ganhar dinheiro através da história dela. Que não estavam nem aí para o que ela tinha sofrido. Só queriam a história. E fiquei indignada com muitas outras coisas.
- Houve um determinado momento da história na qual eu senti raiva de mim mesma. Muita raiva. Por quê?! É difícil confessar isso, mas houve um momento no qual eu senti pena do Maníaco. O quê??????!!!!!!! Sim. É verdade. Felizmente, o sentimento passou logo. Mas é que com a quantidade de revelações feitas durante essa história, eu me peguei lamentando por ele também. Não direi quais foram os meus motivos. Leiam o livro para descobrir, meus queridos. Sei que gosto de spoiler e algumas pessoas que conhecem meu blog também gostam, mas eu própria pedi para minhas amigas não me contarem demais. Eu queria descobrir lendo. Esse é um tipo de livro que é crime contar os segredos. Vocês vão até gostar de perder o fôlego com as revelações.rsrs... Não privarei ninguém dessa sensação.kkkk...
"Eu odiava levar em conta a opinião de um maníaco. Mas se alguém nos diz que o céu é verde, embora saibamos que é azul, e a pessoa age como se ele fosse verde, e repete que é verde dia após dia, como se de fato acreditasse nisso, finalmente começamos a nos perguntar se não estamos loucos por pensar que é azul." [Página 71]
- Sabe... Como a Moniquita disse, ela teve que ser muito forte para não enlouquecer. Ela tem uma força que causa admiração. Que a torna inesquecível. Eu no lugar dela teria ficado completamente louca. Literalmente. Ele queria forçá-la a acreditar que ele estava certo. Que tudo que ele fazia era normal. Ela estava errada por não aceitar seu destino. Por não aceitar que ele era o cara que ela estava esperando. Você conseguiria permanecer normal diante de uma coisa dessas? Com alguém, dia após dia, fazendo você acreditar que está errada? Em algum momento, você não acreditaria mais em você mesma. Eu pelo menos não seria capaz. Se bem que eu teria morrido antes mesmo de enlouquecer.
"Eu costumava me perguntar: Por que eu? Por que, entre todas as mulheres que podia ter sequestrado, ele foi escolher uma corretora de imóveis, uma mulher que trabalha? Eu não era exatamente a esposa ideal para um homem das montanhas. Não que eu desejasse a alguém o que tinha acontecido comigo, mas não teria sido melhor para o Maníaco uma pessoa mais frágil? Alguém que não causasse tanto problema? Mas percebi que ele sabia o que estava fazendo. O tempo todo." [Página 71]
- Existe um momento no qual a Annie confessa para a terapeuta que acha que está enlouquecendo. Motivo? Ela sente que as coisas ainda não acabaram. Sente que não está segura. Vive com medo como se alguém ainda quisesse lhe fazer mal. Será que ela está mesmo enlouquecendo, gente? Será que é consequência de tudo que ela sofreu? Ou... Ela realmente ainda está em perigo?
Durante as investigações policiais ficaremos em choque diante das revelações. Serão muitas e capazes de realmente roubar o nosso ar. Se preparem para emoções fortíssimas. Do começo ao fim. A história não é tranquila em momento algum. Nós prendemos a respiração várias vezes durante a leitura. Nossos nervos ficam à flor da pele.
"Você tem jeito de ter abraçado essa profissão porque quer mesmo ajudar as pessoas.
Talvez não possa me ajudar. Isso me deixa triste. Não por mim, mas por você. Deve ser frustrante para um terapeuta ter um paciente incurável. Aquele primeiro profissional que procurei ao voltar para Clayton Falls me disse que ninguém é uma causa perdida, mas acho isso balela. Tenho certeza de que tem gente que fica tão esmagada, quebrada, que nunca deixará de ser um fragmento humano.
Eu me pergunto quando a coisa aconteceu com o Maníaco. Qual terá sido o momento decisivo... o momento em que alguém pisou com o calcanhar da bota e esmagou a vida dele e a minha.
... Teria sido no útero? Ele teria alguma chance? Eu tive?
... Ele tinha o lado maníaco, o cara que me sequestrou, me espancou, me estuprou, me submeteu a brincadeirinhas sádicas, me aterrorizou. Mas, às vezes, quando estava reflexivo, feliz ou entusiasmado, quando seu rosto se iluminava, eu enxergava o sujeito que ele poderia ter sido. Talvez aquele cara tivesse formado uma família e ensinado a filha a andar de bicicleta, e teria feito para ela bichinhos com balões, você entende? Que droga! Talvez tivesse sido um médico e salvado muitas vidas." [Página 99]
- Esse trecho me deixa muito triste, pois eu também pude imaginar que tudo poderia ter sido diferente. Que se... as coisas não tivessem sido uma droga desde o início (não direi o que tornou o Maníaco um psicopata), ele certamente seria alguém muito diferente. Alguém poderia ter estendido a mão para ele e o salvado, entende? E assim, também teria salvado a Annie. São por coisas como as que acontecem nessa história que eu às vezes penso que Deus se arrependeu de ter criado os seres humanos. E que chora o tempo inteiro por causa de nós. Mas Ele nos ama demais, sabe? E por isso ainda não acabou com a gente. Destruímos uns aos outros. O tempo inteiro. É tanta maldade que muitas vezes, sinceramente, eu não quero nem sair de casa. Minha mãe certa vez me contou uma coisa que fazia quando criança. Foi num momento difícil que eu estava vivendo. Ela disse que quando era criança e via alguma coisa terrível na televisão, se escondia dentro de uma caixa, pois achava que assim estaria segura. Que as coisas que aconteciam com aquelas pessoas na televisão não aconteceriam com ela se ela estivesse dentro daquela caixa. Mais uma tia dela, quando percebeu o que ela fazia foi bem clara com ela: se uma coisa tiver que acontecer não adianta você se esconder em lugar nenhum. Só Deus pode nos proteger. Não dá para nos escondermos. Com o tempo, minha mãe parou com aquilo. Só Deus pode nos proteger, queridos. Só Ele. Não existe lugar seguro neste mundo.
"Quando eu disse que estava ferrada, eu quis dizer "f" (queridos leitores, estou colocando somente o "f" em respeito aos adolescentes que também leem o blog) e mal paga. Tipo: tenho que dormir todas as noites dentro do closet.
Foi difícil à beça logo que voltei e fui para a casa da minha mãe, onde fiquei no meu antigo quarto. De manhã cedo eu saía do closet, para ninguém perceber. Agora que estou na minha casa, essa merda fica mais fácil, pois tenho tudo sob controle. Mas não entro num edifício se não souber onde ficam as saídas. Ainda bem que seu consultório fica no térreo. Eu não estaria aqui se esta sala ficasse numa altura de que não pudesse pular.
À noite... bem... à noite é pior. Não consigo confiar em ninguém. E se alguém destrancar a porta, deixar uma janela aberta? Se eu já não estivesse maluca, o fato de correr pela casa verificando tudo enquanto tento impedir que os vizinhos vejam o que estou fazendo valeria um atestado de insanidade.
... Às vezes, volto ao dia do sequestro... repasso mentalmente minhas ações até os momentos finais do plantão, cena por cena, como um filme de terror que nunca acaba, um filme em que a gente não consegue impedir que a jovem abra a porta ou entre num prédio vazio... e me lembro da capa daquela revista, na lojinha do posto de gasolina. É bizarro pensar que neste exato momento alguma mulher está olhando minha foto, achando que sabe tudo a meu respeito." [Página 17]
- Já disse que vocês vão ficar chocados com as revelações? Pois bem... O que mais posso dizer? Que eu adoro a Annie e ninguém nesse mundo tem direito de julgá-la, condená-la ou atirar qualquer pedra, não importa o tamanho da pedra, eu também já disse. Eu disse que tem muita sujeira nessa história? Como assim?! Não irei explicar.rsrs... Vocês terão que ler para descobrir. :)
- Por que eu, que amo romances daqueles apaixonantes, li um thriller psicológico mesmo sabendo que não era o tipo de livro adequado para mim? Além de ser uma curiosa incurável quando se trata de livros, existem duas culpadas. Dessa vez não é a Carlita e a Moniquita.kkkk.. Elas são inocentes! Ano passado li uma resenha no blog da querida Náh (link para a resenha: AQUI ). Sobre o livro. E fiquei fascinada. A resenha dela estava tão envolvente que eu fiquei louca pelo livro. Sabia que estava me metendo numa grande encrenca. Que o livro não era o tipo feito para mim de jeito nenhum. Que ele me causaria pesadelos. Mas coloquei ele na minha lista. Quando passasse por algum lugar no qual o livro estivesse com um bom preço eu o compraria. E aconteceu mais rápido do que eu imaginava.kkkkk...
Mas eu fugi do livro o quanto pude. Até... que uma amiga lembrou que eu tinha falado com ela sobre o livro e quis lê-lo. Ela leu o livro, me contou o quanto o livro mexeu com ela e falava com tanta emoção da história, de uma forma tão impressionante que eu fui desistindo de lutar contra a vontade de lê-lo. Quando ela me devolveu o livro, eu logo tive uma oportunidade de lê-lo. Estava voltando para casa, num determinado dia da semana, e o trânsito estava terrível. Eu estava estressada e tinha colocado o livro na bolsa.rsrs... Foi inevitável. Comecei a ler a história e o medo começou a tomar conta de mim.kkkkkkk... Se eu contasse para vocês o que aconteceu comigo ontem vocês iriam rir, por isso, não conto!!!!rsrs... Deixem que só eu vou rir de mim mesma!kkkk... Então, elas foram culpadas. Eu não teria lido o livro se elas não tivessem me forçado a fazer isso.kkkkk... Obrigada pela maravilhosa resenha, Náh! Eu não teria desejado esse livro se não tivesse lido sua resenha. E te agradeço também, Ane!rsrs... Por ter insistido tanto até eu resolver encarar a leitura. Agora nós poderemos nos apoiar no nosso medo.kkkkk... Não sei quanto a você, mas eu não irei dormir tranquila durante um bom tempo. Não irei mesmo. Sair sozinha de casa?! Nem em pensamento!kkkkk... E quando for necessário sair, colocarei uma música no último volume para me impedir de pensar no medo.rsrs... Sabem... Acho que sou eu que irei precisar de terapia agora.kkkkkkkk... Mesmo assim eu agradeço! :D
- Só dei 5 estrelas ao livro no skoob porque não podia dar mais. Porém, ele merece muito mais do que cinco estrelas!!! É um livro incrível. E eu... recomendo?! Somente a quem tem certeza de que está preparado para ler uma história como essa. Lembrando que: o livro é forte, muito forte. Vai mexer profundamente com as suas emoções. Pode fazer você sentir muito medo e de verdade, pode te fazer mal. Não é uma leitura fácil. Eu não me arrependo de ter lido o livro e até me tornei fã da autora, mas eu quero um tempo agora. Não lerei outro livro assim nem tão cedo!rsrs...
Bem... é isso. Sei que essa resenha ficou bem longa, mas eu não disse nem metade do que gostaria de dizer. Foi difícil manter o controle, mas creio que consegui.rsrs...
Bjs e até breve!
Adorei a resenha Luna! Eu que agradeço por você ter me emprestado o livro flor! *-* Nossa, eu acho que sou louca mesmo! Porque acabei de ler esse e nem me dei um tempo para perder o medo e já comecei a ler um livro tão pesado quanto este!kkk.Que por sinal também te pertence! hsuahsa Também admiro demais a Aine!Ela não se acha forte, mas na minha opinião ela é uma das mulheres ou a mulher mais forte e guerreira que já ouvi falar! Não sei se outra pessoa teria força de vontade pra querer seguir em frente e enfrentar seus medos e tentar superá-los. Esse livro sem dúvida mexe com a mente da gente de uma tal forma, que parece que fazemos parte daquilo! Amei muuuuito esse livro apesar de tudo!P.S.: Não vou revelar nenhum segredo!u.u Leiam vale muito a pena!
ResponderExcluirGracias, querida!
ResponderExcluirkkkkkkkkk... Espero que a leitura não esteja sendo muito traumatizante.rsrs...
Sim. A Annie é um exemplo. Uma verdadeira guerreira. Por isso a adoro tanto. :) Jamais eu teria a força que ela teve.
Bjs!