30 de janeiro de 2021

Lições do Desejo - Madeline Hunter

Tempo de leitura:



Literatura norte-americana
Título Original: Lessons of Desire
Tradutora: Teresa Carneiro
Editora: Arqueiro
Edição de: 2013
Páginas: 261
Série Os Rothwells - Livro 2

2ª leitura de 2021 (2ª resenha do ano)

Sinopse: Atraente, sutil e tentador, lorde Elliot Rothwell é um homem acostumado a fazer sucesso entre as mulheres e a conseguir tudo o que deseja delas. Mas isso não se aplica a Phaedra Blair. A brilhante e exótica editora não parece disposta a ceder a seu pedido e cancelar a publicação das memórias de um membro do Parlamento que podem manchar o nome da nobre família Rothwell. 
A pedido de seu irmão mais velho, o marquês de Easterbrook, Elliot vai a Nápoles para negociar com Phaedra. Historiador de renome e autor de livros respeitados, tudo indica que ele seja a pessoa ideal para a tarefa. Porém, em vez de encontrar a bela mulher descansando à beira do mar Tirreno, Elliot descobre que ela está presa por causa de uma acusação injusta. Graças ao prestígio da família, o nobre consegue libertá-la, mas também se torna responsável por ela até voltarem à Inglaterra. 
Percorrendo juntos uma das regiões mais belas e românticas da Europa, eles vão descobrir que discordam de quase tudo o que o outro pensa ou faz - exceto o que fazem juntos na cama. E, nessa aula de prazer, será cada vez mais difícil saber qual dos dois tem mais a ensinar.





Depois que li As Regras da Sedução, fiquei com muita vontade de conhecer os demais livros da série, principalmente o terceiro. Só que para lê-lo eu teria que passar pelo segundo.rsrs O que não seria nenhum problema, pois a Phaedra, melhor amiga da protagonista do primeiro livro, e o Elliot despertaram muito a minha curiosidade. Ela, uma mulher feminista (mas acho que na época ainda não se chamava assim) e ele, um escritor. Eu imaginava que a história daria muito certo. Não estava nada preocupada quando comecei a lê-la, em outubro do ano passado

Só que não demorou para tudo desandar. O livro me irritou logo nos primeiros capítulos e eu sentia vontade de esganar tanto a Phaedra quanto o Elliot. Ela, por permitir que homens decidissem sua vida (quando todo o caminho que percorreu era justamente para ser uma mulher livre e dona de si mesma) e ele, por ser tão machista, como se o fato de ela ser feminista (repito que acho que esse nome ainda não existia) fosse uma afronta, uma ofensa direta a ele. Sim, ele era asqueroso a esse ponto. 

Tudo começou por causa da "honra" do falecido pai do Elliot. Com a morte do pai de Phaedra, ela herdou a editora e tinham descoberto que ela iria publicar as memórias do pai, dentre elas as que diziam respeito ao pai do mocinho e poderiam manchar para sempre a família inteira (segundo ele). Elliot estava disposto a fazer o que fosse necessário para impedi-la... E aqui eu faço uma pausa para refletirmos. Phaedra era dona de si mesma e dos seus bens (que eram poucos, mas eram seus). Elliot não tinha nenhum direito ou poder sobre ela. Então, eu me pergunto exatamente o quê ele estaria disposto a fazer para impedi-la... Sedução não adiantaria, pois ela até poderia ir para a cama com ele, mas não cederia, seguiria firme em publicar o que bem quisesse. Enfim... Pegou muito mal esse início, pois ficou "no ar" que ele estaria disposto a qualquer coisa contra uma mulher só para impedir que verdades fossem escancaradas sobre o infeliz do pai, que arruinou a vida da mãe dele, mas merecia permanecer com a "honra" intacta, mesmo depois de morto.

Elliot decide viajar atrás dela (que tinha ido para a Itália por motivos pessoais que não eram da conta dele) para "convencê-la" a não publicar as tais memórias. Tudo bem que ele também tinha coisas para fazer no país, referente aos livros dele, mas o principal motivo foi persegui-la e convencê-la a ser "sensata".

Chegando lá, ele descobre que a mocinha está presa. Sim. Só porque dois imbecis resolveram duelar e em vez de culpar os idiotas por isso resolveram que a culpa era da mulher que ambos queriam. O machismo reina nesta história! Aí, o Elliot decide que vai se aproveitar da situação para que Phaedra fique em dívida com ele, já que o arrogante usa sua posição social para conseguir a liberdade dela. E como tudo gira em torno do poder dos homens: ela só é libertada com a promessa do mocinho de mantê-la sob o seu controle. Aqui o livro já tinha me irritado bastante, mas eu ainda tinha esperança na mocinha. Que ela não aceitaria que decidissem sua vida, que iria se impor e brigar o quanto fosse necessário. Ledo engano! Ela resiste um pouco, mas logo cede a todas as vontades do Elliot, ainda que tentasse convencer a si mesma que estava no controle. Coisa nenhuma!

Uma das cenas mais repugnantes (para mim) foi aquela na qual ele a amarrou na cama. Isso porque ela tentou ir embora e ele não permitiria já que era "o responsável' por ela. A idiota permite que ele a prenda para impedi-la de sair. Depois ele vai para outro quarto e ela passa a noite inteira amarrada. Se um incêndio acontecesse nem teria como se salvar. Eu não acreditei no que estava lendo! Um desconhecido decide que tem direito de amarrá-la e ela nem pede socorro nem nada. Se submete como se ele fosse seu dono, como se ela fosse um objeto que ele poderia tratar como bem quisesse. Eu fiquei muito irritada. 

Pouco tempo depois dessa cena inacreditável, eu abandonei o livro. Estava de saco cheio de tanto estresse. Eu não merecia ler tanto absurdo num livro só.kkkkkk Sério! Eu estava com o sangue fervendo quando decidi abandonar a leitura, estava a ponto de arremessar o livro pela janela.

Agora em janeiro é que resolvi retomar a leitura, com a remota esperança de que as coisas poderiam melhorar. E, a princípio, realmente melhoram... um pouco. Apenas para piorar depois. Não quero dar spoilers e por isso não mencionarei os demais absurdos presentes no livro. Posso dizer que a autora caprichou! Conseguiu transformar uma mocinha feminista em alguém que aceita tudo o que os homens querem, que permite que decidam tudo e danem-se as sua próprias vontades! Sem mencionar o que ela dá a entender pelo passado da mocinha. 

Vou falar brevemente do assunto para que entendam por que fiquei tão irritada com algumas escolhas da autora ao construir a história. Phaedra era filha de pais que nunca se casaram, embora se amassem. O casamento não ocorreu porque a mãe dela era uma mulher que valorizava a própria liberdade e não permitiria perder nem um pouco dela com o casamento. Ela acreditava no amor livre, sem as imposições da sociedade, sem se submeter a regras. Assim, mesmo amando aquele que seria o pai de sua filha, recusou o casamento, para escândalo da sociedade (que sempre se escandaliza com tudo) e manteve a relação por longos anos, de maneira clara, sem esconder de ninguém. Da relação nasceu nossa mocinha e ela tratou desde sempre de educar a menina para ser livre. Só que... O que a autora faz?! Torna a mãe da mocinha uma mulher negligente, que traumatizou a menina com suas crenças, que não soube ser mãe, que impôs seus próprios princípios à ela e que a mocinha era resultado dos traumas do passado. Eu não sei qual foi a real intenção da autora e nem vou supor nada. Simplesmente não gostei da maneira como ela construiu esse passado da mocinha e a relação com a mãe. Passou uma ideia ruim, como se uma mulher livre e que quisesse ensinar a filha a ser dona de si estivesse errada e não soubesse ser mãe. Como se feminismo e maternidade não combinassem. E também deu a entender que Phaedra e suas crenças eram apenas reflexos das crenças da mãe. Que ela não acreditava em nada daquilo "de verdade". Só isso já me fez arrancar duas estrelas do livro. Não sei se alguém mais enxergou as coisas dessa maneira, mas foi essa a impressão que o livro me passou. E não gostei nada. Sobretudo porque sou feminista e considerei de péssimo gosto a maneira como a autora abordou e tratou o assunto. Confesso que senti tanta raiva durante um tempo que considerei tirar todas as estrelas do livro.rs Mas depois respirei fundo e voltei a raciocinar. Todo mundo erra nesta vida e, como eu disse, não posso pensar que a intenção da autora foi ruim, até porque não quero acreditar nisso. Mas ainda estou com raiva da autora e não sei quanto tempo demorará para passar.kkkk

Phaedra me decepcionou de tantas maneiras que eu não saberia nem por onde começar a falar... Apenas na reta final do livro foi que ela voltou a assumir o controle de si mesma, embora a autora novamente tenha feito escolhas que me irritaram. Ser feminista não impede ninguém de escolher ser esposa e mãe, por exemplo, desde que isso seja realmente uma escolha dela como mulher. A autora não precisava tratar toda a crença da mãe da Phaedra como erros de uma mulher imatura, como ela chegou a fazer suas personagens considerarem (essa conversa se passa entre a Alexia e a Phaedra, quando tudo o que Artemis acreditava é colocado em dúvida e tratado como imaturidade) para defender que o casamento poderia ser algo bom. Enfim... O livro foi tão problemático para mim que se eu não tivesse gostado tanto do primeiro e não desejasse tanto ler o terceiro, possivelmente nunca mais leria nada da autora. Toda paciência tem limites e ela testou bastante a minha com esta história. 

Um personagem que evoluiu, e não posso deixar de admitir, foi o Elliot. Que passou a compreender as crenças da mocinha e seus receios, embora no fundo ele também achasse que ela não acreditava em nada daquilo de verdade. No entanto, tenho que reconhecer que ele passou a respeitá-la ao longo do livro e admirá-la como pessoa. Que ele fez um esforço para ser diferente. Mas...

É insuportável para mim a maneira como os personagens tentam convencer a Phaedra de que o erro está nela, que ela é que precisa ceder, que ela precisa "se libertar" do que aprendeu com a mãe senão não seria feliz. Eles tentam convencê-la de que ela está errada, de que a mãe dela não soube criá-la, de que ela não possui aquelas crenças, mas que foi forçada pela mãe a seguir aquele caminho na vida. Enfim... Ainda que o Elliot tenha evoluído, ele também pressionou a mocinha até ela ceder e isso estragou tudo de vez. Não consegui perdoar a história. Acredito no amor dos protagonistas, acredito que serão felizes juntos, mas é uma história que me arrependi muito de ler. 



->  DLL 21: Um livro que você abandonou 



Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino e Felipe (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

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