14 de abril de 2019

Poemas Escolhidos - Emily Dickinson

Tempo de leitura:
Seleção e tradução dos poemas: Ivo Bender
Editora: Folha de São Paulo
Edição de: 2017
Páginas: 104
Coleção Folha Mulheres na Literatura #2
Sinopse: Nascida em Amherst, nos arredores de Boston e numa das regiões mais puritanas dos EUA, Emily Dickinson passou praticamente metade da vida em reclusão autoimposta. Quando a escritora morreu, em 1886, aos 55 anos, sua irmã encontrou em seu quarto alguns cadernos que, costurados à mão, continham mais de 1.700 poemas, dos quais apenas uma dezena havia sido publicada em vida por Dickinson - e, ainda assim, sob anonimato. Desde então, sucessivas edições de sua obra fizeram com que ela atingisse o epicentro da poesia norte-americana, ao lado de Walt Whitman. Da mesma maneira, os poemas amorosos misteriosamente intensos dessa ermitã alimentaram a lenda de que seriam dirigidos a uma paixão secreta (supostamente, o pastor Charles Wadsworth). Pouco importam, porém, os eventuais traços biográficos que porventura estejam por trás dessa poesia, em que o sentimento de um vazio essencial sublima seus temas recorrentes - natureza, amor, solidão, fé e morte - por meio de profundidade reflexiva e complexidade linguística prodigiosas.    [Manuel da Costa Pinto - Crítico literário e colunista da Folha]



Eu não sabia praticamente nada sobre esta poetisa antes de começar a ler o livro. Lembrava vagamente de já ter visto pessoas mencionarem seus escritos, mas nunca tinha parado para prestar atenção, para querer conhecê-la. Foi só porque comprei o livro da Clarice Lispector (Perto do Coração Selvagem) que este livro veio parar nas minhas mãos, uma vez que na compra do anterior a pessoa ganhava o Poemas Escolhidos, da Emily Dickinson.


"O homem prudente leva consigo uma arma
E cerra os ferrolhos da porta,
Sem perceber um outro espectro,
Mais íntimo e maior." [Página 55]

Sempre fui apaixonada por poesia. Antes mesmo de me apaixonar por romances e outros gêneros, eu apreciava muito os poemas e passava bastante tempo na biblioteca da escola (era muito nova) caçando livros de poesia.rs O triste é que com o passar do tempo eu fui deixando de ter espaço para este gênero na minha vida, pois tinha que me dedicar a outras leituras. A única representante do texto poético nos meus dias (atualmente) é a Florbela Espanca, vez que leio e releio seus sonetos sem nunca me cansar. Foi por isso que resolvi dar uma chance para esta obra, no intuito de conhecer uma poetisa nova, mergulhando no desconhecido.

"A dor tem um elemento em branco
E já não consegue lembrar
Quando começou, nem se houve um tempo
Em que não existia." [Página 63]

No entanto, este livro não funcionou tão bem assim. Embora eu tenha me encantado com alguns dos poemas e tenha lido e relido os meus preferidos, estes foram bem poucos se comparados com a quantidade existente em todo o livro. São mais de setenta e entre eles: gostei de 3, amei 5 e favoritei 2, ou seja, bem menos da metade dos escritos presentes nesta coletânea me agradou, algo que me surpreendeu de uma forma negativa. Porque eu comecei a ler esperando esquecer do mundo e passar momentos maravilhosos, sendo tocada pela poesia da Emily, refletindo sobre suas palavras, querendo mais do que estava escrito e lendo e relendo nas entrelinhas, que sempre nos dizem muito. Mas nada disso aconteceu. Por mais que tenha me apaixonado por alguns, a maioria dos seus poemas não me provocou nada.

"Primeiro, o frio - depois, o torpor - e, então, o
deixar-se ir -" [Página 65]

A Emily tinha uma escrita realmente impressionante, sendo impossível ficar indiferente aos seus textos. E acredito que suas obras sejam capazes de agradar muitos leitores. Todavia, muitos dos seus poemas me agradaram "superficialmente", mas não me provocaram emoção. Não me disseram algo, não houve aquela troca entre livro e leitor, sabe? Tais textos são como uma paisagem bonita que você olha, reconhece a beleza, mas no instante seguinte esquece, pois não lhe provocou nada além de um sentimento superficial. De algo passageiro. E poesia para mim tem que marcar, tem que me deixar pensando nela durante um bom tempo. Sim, neste aspecto, sou exigente.rs

"Fascina-me um olhar em agonia,
Por saber que é verdadeiro:
Não se fingem convulsões,
Nem simula-se uma dor." [Página 97]

A autora destes poemas, cuidadosamente selecionados e reunidos neste livro, foi uma pessoa reclusa, que contentou-se em levar uma vida um tanto solitária, provavelmente rodeada por seus textos, uma vez que após sua morte foram descobertos bem mais de mil poemas escritos por ela (quase dois mil), que vieram a se tornar mundialmente conhecidos e objetos de estudos de várias pessoas. Não fiz nenhuma pesquisa profunda sobre a Emily, mas pelo pouco que vi é difícil até para os estudiosos traçar a história de vida dela. E este mistério em torno da escritora acaba por despertar minha curiosidade.

Como eu disse, os poemas da Emily não são de modo algum ruins. Alguns eu não esquecerei. O que me provocou certa insatisfação foi ter apreciado pouquíssimos dos versos selecionados. Mas não desisti da autora, não. Se ela escreveu mais de mil poemas, possivelmente esbarrarei em outras coletâneas ao longo da minha vida e talvez encontre mais textos que me apaixonem.


Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino e Felipe (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

9 comentários:

  1. Oii, tudo bem?

    Não conheço muito sobre a poetisa, mas já li alguns poemas dela e gostei bastante. Uma pena que você não tenha tido uma experiência tão boa assim com a obra, eu também fico muito chateada quando vou ler alguma poesia esperando sentir toda aquela emoção e tudo o mais, mas acabo não sentindo nada surpreendente.
    E sim, não desista da autora ainda, certamente você irá encontrar mais poesias dela para amar.

    Beijinhos!!

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  2. Olá, Luna

    Não sou muito fã de poesias e nunca li nada da autora, a conheço apenas pois alguns leitores falam muito bem dela.
    É uma pena o livro não ter funcionado para você, é muito ruim quando esperamos nos surpreender com o livro, mas isso não acontece. :(

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  3. Li um livor certa vez em que a protagonista adorava a Emily Dickson. Ela era meio que isolada do mundo e agora na sua resenha entendi porque a referencia. Fiquei bem curiosa pra ler este livro aqui.
    beijos

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  4. Não conhecia a poetisa, mas parece ser bem conhecida. Seus poemas parecem ser maravilhosos. Irei conferir, pois sua resenha me deixou bem curioso.

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  5. Olá!
    Gosto muito de poesias, poemas, crônicas, geralmente me leva algumas reflexões. Não conhecia esse livro, mas achei interessante os que você destacou. Uma pena a leitura como um todo não tenha sido tão proveitosa, mas as vezes isso acontece né.

    Camila de Moraes

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  6. Oi, Luna.
    Que pena que essa leitura não foi assim tão impactante para você.
    Eu já fui mais fã de poesia quando era jovem, mas agora não é mais um estilo que me cativa. Não se porquê.
    Beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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  7. Olá, tudo bem?
    Eu sou totalmente apaixonada por poemas e tenho também essa vontade de ler os poemas dessa poetisa. Sinto muito que você não tenha curtido tanto, ás vezes a gente cria algumas expectativas e elas não são correspondidas. Uma pena.

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  8. oi, Luna. uma pena vc nao ter apreciado a obra como um todo... li pouco dela, e fiquei super a fim de ler essa edição que saiu pela coleção... mas nem chegou por aqui onde moro pra poder comprar...
    Amo poesia, amo Florbela... <3

    bjs

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  9. Olá Luna!!!
    Eu leio poemas, mas pelo fato que sou obrigada de certa forma por fazer um curso de Letras. Apesar de amar o lado da literatura, poesia lírica não é meu forte e por isso realmente não me atreva a ler muitos autores.
    Também gosto de Florbela acho seus textos maravilhosos, mas em relação a adquirir outros autores não acho que me interessaria.
    De todo modo espero que se um dia você esbarrar em mais obras da autora que estas lhe agradem mais.

    lereliterario.blogspot.com

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