Tradutora: Alessandra Esteche
Editora: Intrínseca
Edição de: 2018
Páginas: 288
31ª leitura de 2020
Sinopse: É verão na Riviera Italiana. Como todos os anos, o pai de Elio recebe na casa da família um jovem acadêmico para ajudá-lo com suas pesquisas universitárias. O escolhido dessa temporada é Oliver, um americano tão atraente quando evasivo, que aproveita o clima ensolarado do Mediterrâneo para trabalhar e, claro, se divertir nas horas vagas. Aos poucos, entre banhos de piscina, discussões sobre arte e literatura, passeios de bicicleta, festas no vilarejo e ausências repentinas, um romance intenso como o verão floresce entre Elio e o visitante. Conforme tateiam o instável e desconhecido terreno que os separa, aquilo que inicialmente parecia uma relação de indiferença supera o medo e a obsessão para culminar em uma troca tão íntima que marcará os dois pela vida inteira. Com rara sensibilidade, André Aciman destrincha as facetas do desejo, da descoberta da sexualidade e do início da vida adulta, fazendo de Me chame pelo seu nome uma crua e memorável elegia à paixão.
Este é um romance que teve um período de grande sucesso no Brasil e em todo canto eu ouvia falar dele. Li muitas resenhas na época, que me passaram a ideia de que encontraria no livro uma grande e arrebatadora história de amor. E como eu sou uma apaixonada por romances, logo procurei adquirir o livro e colocá-lo como prioridade na minha lista de leituras, passando a frente de livros que estavam há muito mais tempo na minha estante.
E quando finalmente pude iniciar a leitura, estava cheia de expectativas. Nem me liguei no quanto a sinopse era clara, falando de "paixão" e não amor. Eu acreditava que encontraria um amor profundo, que me emocionaria muito, que me conquistaria. Por isso, foi grande a minha decepção ao encontrar um protagonista tão imaturo, obcecado, capaz de fazer uma tolice atrás da outra, que mais me irritava do que qualquer outra coisa.
Luna, ele só tem 17 anos! Dá um desconto. Sim, esse foi meu principal motivo para continuar lendo. Tentava me lembrar de como eu própria era tola na adolescência, de como já tinha lido outros romances com personagens bem imaturos e os tinha tolerado.rs Acho que estou numa fase de pouca paciência para personagem imaturo e o Elio deu o azar de eu ler a história dele justamente nesta fase.
Mas não foi apenas isso que me fez considerar o livro "regular" e me arrepender de lê-lo. Sim, o Elio é insuportável, mas a própria história contribuiu para me deixar frustrada, irritada e tomar a decisão de avaliar com mais calma antes de comprar um livro muito hypado. Vocês se lembram que passei pelo mesmo ao ler A mulher na janela?! O quanto me decepcionei? Agora é definitivo: não compro mais livro que esteja na moda. Só comprarei depois de um bom tempo, quando passar a euforia e eu ler não só as resenhas positivas, mas também as negativas. Isso não significa que considero um livro hypado ruim (claro que não!), mas como sou curiosa acabo sendo levada pela empolgação dos outros leitores e não avalio com tranquilidade antes de investir no livro. Por isso, preciso dar a mim mesma um tempo para ler resenhas positivas e negativas, esperar a euforia passar e só então decidir se quero mesmo tal livro.
Me chame pelo seu nome traz a história de Elio e Oliver (sobretudo a história do Elio, o Oliver é mais coadjuvante) que se conhecem quando o pai do primeiro recebe o segundo em sua casa para passar o verão. Todo ano ele recebia um jovem acadêmico diferente, no intuito de ajudá-lo com pesquisas universitárias, para dar suporte para jovens estudantes ou escritores iniciantes, já que o pai do Elio era professor universitário apaixonado por literatura e amava ajudar outros apaixonados pelos livros e as artes em geral.
Naquele verão tudo foi diferente... Com a chegada de Oliver, tão confiante e misterioso, dono de si, que não tinha medo de falar o que pensava e não se importava muito com a opinião de ninguém, Elio sentiu coisas que não esperava. Quando via Oliver era tomado por sentimentos intensos e quando ele estava longe, se desesperava pela necessidade de tê-lo próximo. Com o passar dos dias, as mudanças de humor constantes do hóspede e sua aparente indiferença, ele se viu mais determinado a deixar a timidez de lado e fazê-lo perceber o que sentia, notar como o desejava e queria passar ao seu lado o curto tempo que teriam para aproveitar aquela paixão.
E a história vai girar em torno disso. Dessa paixão do Elio, de suas tentativas de chamar a atenção do Oliver e dos debates internos em relação ao que sente e quer viver durante as semanas que lhes restam. Elio nunca pretendeu que o que queria viver com Oliver fosse duradouro. Ele sempre quis que fosse só uma diversão, algo que ficaria ali, que marcaria aquele verão, mas que não influenciaria o resto da sua vida. Claro que ele não pensou se por acaso Oliver iria querer algo diferente. Na verdade, ele nunca parou para pensar em como o outro se sentiria. Estava concentrado apenas em si mesmo. Em suas sensações, sentimentos, desejo. Em suas descobertas.
E minha irritação começou logo no início, com as atitudes tolas e infantis do protagonista. Eu entendia que ele tinha 17 anos, mas ao mesmo tempo parecia ser mais novo de tão imaturo! Seus pensamentos eram tão tolos, suas atitudes tão estúpidas que eu não acreditei quando o Oliver começou a dar atenção para ele. Não consigo entender como ele se deixa apaixonar por um rapaz tão tolo. Que estava longe de ter crescido! E o pior é que o próprio Oliver num determinado momento diz para ele "Vê se cresce", mas leva de boa o comportamento do garoto. Não consigo entender!
Durante a leitura eu desabafei muito com uma amiga sobre o que estava sentindo pelo protagonista e pela história, e com ela pude falar do que o Elio fazia para me irritar, pois não tinha problema de spoiler. Aqui não posso senão teria que contar várias coisas sobre o livro e venho evitando dar spoilers sempre que posso.
Não consegui acreditar nem por um instante nos sentimentos do Elio. Para ele era tudo questão de experimentar, de descobertas, de impulso, de querer viver o momento. Não sei nem se diria que foi paixão. Acho que ele estava mais apaixonado por sentir do que pelo próprio Oliver. Na verdade, nenhuma das relações do protagonista na história são mais do que coisa de momento. Ele ama e odeia as sensações. Tudo se resume a isso. Fiquei com a impressão (ele me fez ver as coisas assim) de que a outra pessoa não importava, tudo se resumia às sensações. E eu detesto personagens e histórias assim. Que são egoístas e superficiais.
Em relação ao Oliver: eu gostei muito mais dele. Desejei que a história tivesse sido contada pelo ponto de vista dele e não do Elio. Seu ar misterioso e reflexivo me fez querer saber mais sobre sua vida, seus pensamentos, ler um livro que falasse mais sobre ele. Como o livro é escrito em primeira pessoa, pelo ponto de vista do protagonista, tudo o que sabemos sobre o Oliver é o que outro decide falar e ele não é um narrador confiável.
Não posso negar que a diferença de idade entre os dois me provocou certo incômodo. Venho evitando ler livros nos quais um personagem é adolescente e o outro é vários anos mais velho. Embora o Elio estivesse próximo da maioridade, ele ainda era adolescente, ainda tinha 17 anos. E o Oliver tinha 24 anos. Isso gera um desequilíbrio, pois um tem mais experiência de vida e o outro não sabe nada do mundo ainda, está começando a percorrer o próprio caminho. Prefiro ler livros nos quais ambos personagens já são adultos ou ambos são adolescentes. A diferença de idade não importa para mim se os dois já forem adultos.
Existiram momentos nos quais gostei da relação entre os dois? Sim. O primeiro beijo foi lindo, romântico, como se tudo estivesse começando de verdade ali, sabe? E também gostei da primeira vez. Mas aí tudo começou a desandar de forma decisiva. As cenas foram ficando explícitas e desagradáveis e vocês sabem que não gosto de cenas assim, tão cruas, nas quais o romantismo fica de fora, nas quais tudo é tão carnal e superficial. Existiram várias cenas desnecessárias, que serviam apenas para estragar de vez a história para mim.
Sobre os demais personagens não tenho muito o que falar, pois eles apareciam apenas para preencher cenas, páginas. Não tiveram um papel importante, não foram significativos para o livro, exceto pelo pai do Elio, que tem certo destaque, mas apenas na reta final. Ele ficou como um personagem quase invisível o livro inteiro, aparecendo basicamente nos momentos de almoço e jantar, mas no final tem uma cena impactante, em que faz com que nós leitores também paremos para refletir sobre nossas vidas. E não posso deixar de falar na pequena Vimini, uma criança de dez anos que parecia a personagem mais sábia da história. Ela sim me provocou uma grande dor. Seria impossível não sentir um carinho enorme por ela, embora também apareça pouco no livro.
Eu apreciava as conversas sobre literatura, mas só quando o Elio não começava a divagar e estragar o momento com seus pensamentos irritantes.rs Uma pessoa me recomendou ler o segundo livro, a continuação, pois me disse que o Elio vai estar mudado. Mas, sinceramente, não tenho mais nenhuma paciência com este personagem. Nenhuma mesmo! O que não significa...
... que o final não me atingiu. E é isso que me deixa mais frustrada: o personagem me irritou a história inteira, o envolvimento dos dois foi superficial, sem intenção por parte de nenhum deles (nem mesmo do Oliver!) de vir a ser algo mais e aí vem o autor com aquele final de me deixar destroçada! O final foi bem forte, intenso... mexeu muito comigo. Eu fiquei muito triste, mas ao mesmo tempo com raiva. O Elio não poderia ter amadurecido e sentido mais antes do final?! Tinha que ter demonstrado tanto sentimento só no final???? E o resto da história? Como só o final poderia salvar o livro inteiro?! Não poderia. Por isso o livro recebeu apenas 2 estrelas. O final é de nos fazer chorar, mas não pode mudar a história inteira. O final é doloroso e lindíssimo, mas o livro quase todo só me fez perder tempo.
"O tempo nos deixa sentimentais. Talvez, no fim, o tempo seja o motivo pelo qual sofremos."
-> DLL 20: Um livro LGBT
Oi, Luna!
ResponderExcluirNossa, quando esse livro saiu, só falava-se dele. Ai abaixou um pouco, até surgir o filme. Depois disso, foram mais alguns meses do pessoal só falando dessa história. Mas de tanto falarem, eu fiquei sem interesse nenhum em ler ou assistir o filme. Normalmente eu já leio os hypes bem atrasado, pois tenho toda uma ordem de leitura de tentar tirar os livros mais antigos. Mesmo assim, eu sempre tento deixar passar um pouco, exatamente para situações parecidas com a que você teve não acontecer.
Que pena que você não curtiu a leitura.
Bjss
http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com/2020/06/resenha-para-sempre-alice.html
Olá, tudo bem? Te entendo perfeitamente pois tenho passado pela mesmo. Personagens imaturos, por mais que justifiquem pela idade, não tem me descido. Com isso, tenho evitado ao máximo histórias juvenis no momento, justamente para não passar raiva haha. Sim, eu lembro que o livro foi BEM hypado junto do filme, mas como fujo disso há muito tempo (ler livros que todo mundo tá elogiando demais), um dia ainda devo ler. Quando? Ainda não sei haha Ótima e sincera resenha!
ResponderExcluirBeijos
Oi Luna!
ResponderExcluirSendo sincera me policio muito na empolgação de um livro hypado, porque nem sempre sou fã do gênero e me decepciono também. Uma pena ter acontecido isso com você pois quando começamos a ler sentimos a empolgação, e depois vem a decepção. Mas assim mesmo parabéns pela resenha e parabéns pela sua sinceridade, bjs!
Oi Luna, tudo bem?
ResponderExcluirSUPER entendo você com os livros hypados, eu tenho um grande problema com QUALQUER coisa que esteja hypado, seja livro, série, filme, eu vou cheio de expectativas e sempre me decepciono, por isso, ultimamente tenho esperado passar o hype das coisas para depois conferi-las e ta sendo bem melhor assim!
Eu não conhecia o livro até esse ano, assisti o filme ano passado e gostei bastante da história mas confesso que não senti vontade de ler a obra, justamente por conta do hype e de todo o drama exacerbado do protagonista no livro que vi em sua resenha e em outras, enfim, é uma leitura que passo!
Adorei a resenha, beijos!
www.marcasliterarias.blogspot.com
Ainda não li nenhum livro lgbtq, mas andei anotando alguns para começara explorar esse universo e esse está inserido, pois desde quando foi lançado, fiquei interessado em conhecer essa história. Espero ler em breve.
ResponderExcluirTambém tenho reservas com livros modinha, mas esse aqui eu amei muito. Que pena que não funcionou pra você.
ResponderExcluirBeijos