23 de abril de 2021

A Morte da Sra. Westaway - Ruth Ware

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Literatura Inglesa
Título Original: The death of mrs Westaway
Tradutora: Alyda Sauer
Editora: Rocco
Edição de: 2021
Páginas: 320

11ª leitura de 2021 (10ª resenha do ano)

Sinopse: "As cartas não dizem nada que você não saiba. Não podem revelar nenhum segredo nem ditar o futuro. Elas só podem mostrar o que você já sabe." Hal Westaway lê cartas de tarô no cais de Brighton e, desde a morte da mãe, luta diariamente para pagar suas contas e sobreviver. A notícia inesperada de uma herança pode mudar sua vida para sempre e, mesmo sabendo que tudo pode ser um enorme engano, ela decide acreditar... e jogar. Quando Hal Westaway recebe uma carta inesperada anunciando que ela herdou uma soma substancial de sua avó da Cornualha, aquilo lhe parece uma resposta às suas preces. Ela deve dinheiro a um agiota e as ameaças do sujeito estão cada vez mais agressivas: ela precisa botar a mão em dinheiro vivo o mais breve possível. Existe apenas um problema: as avós de Hal morreram há mais de vinte anos. A carta foi enviada à pessoa errada. Hal sabe, no entanto, que as técnicas que usa para “ler” as pessoas através do tarô podem ajudá-la a conseguir esse dinheiro. Se alguém tem habilidade para comparecer ao funeral de um estranho e reivindicar um espólio que não lhe pertence, é ela. Ao chegar à cerimônia, porém, Hal percebe que há algo muito, muito errado a respeito de toda aquela situação, e a herança está no centro de tudo. Mas Hal Westaway fez sua escolha, e não pode voltar atrás. Ela precisa continuar ou arriscar perder tudo. Até mesmo a própria vida. Uma velha casa, uma governanta assustadora, conflitos familiares e dilemas morais. Ingredientes clássicos que se tornam surpreendentes na voz de um dos grandes nomes contemporâneos do suspense, Ruth Ware.






Um thriller psicológico que bem poderia ser classificado como "um drama familiar letal"...

"Ela abriu o portão e as ferragens rangeram, um som baixo como um lamento através do barulho da chuva que a fez tremer mais ainda. Algo no tom daquele ruído lhe provocou um arrepio na nuca. Foi como se a casa estivesse morrendo de dor."

Sabe aquele tipo de livro que você não consegue parar de ler, que te rouba o sono e dá um nó na cabeça? A Morte da Sra. Westaway é exatamente assim. Eu pretendia seguir o cronograma que fiz, vez que foi uma história escolhida para leitura coletiva no grupo do Telegram, cujo debate só irá ocorrer em 05/05. Mas não consegui ser tão disciplinada.kkkk Eu encerrava um capítulo e já começava a ler o outro avidamente. Queria respostas e também descobrir se minha teoria estava certa, já que sempre tento adivinhar com antecedência o plot twist de um bom suspense.rs

Confesso que senti um pouco de medo durante a leitura, algo que não esperava. A atmosfera gótica, os passos silenciosos no escuro, luzes que não acendiam, cômodos proibidos... Quarto com grades na janela e trancas do lado de fora da porta... Tudo isso me provocava um certo pânico.

"Mas ali no alto só havia uma explicação, não eram grades para impedir alguém de entrar, e sim de sair."

A casa que se torna praticamente um personagem dentro da história, guardando terríveis segredos, é um lugar abandonado, com cômodos desgastados pelo tempo, cheios de poeira e teias de aranha. Não é que ninguém não morasse ali: a tal senhora Westaway, cuja morte desencadeia todo o drama e suspense do livro, viveu naquela propriedade até seu fim. A casa não estava "abandonada" por não ser habitada, mas sim porque ninguém se preocupou em conservá-la. 

"Ela descobriu que as verdades mais importantes muitas vezes estavam no que as pessoas não falavam [...]"

Ao longo da leitura senti como se aquela casa assustadora "falasse" e sentisse. Como se tivesse "apodrecido" por todo terror do qual foi testemunha. Toda dor e lágrimas sofridas entre suas paredes...

Harriet Westaway sabia o que era passar por privações em sua vida. Desde pequena precisava lidar com a falta de dinheiro, sendo sempre a criança mais pobre entre seus colegas de escola, vestindo roupas e sapatos usados e encarando de frente a situação com a coragem que sua mãe lhe ensinou. A mãe que era sua amiga, seu único familiar. A mãe que lutava dia após dia para sustentá-la, com quem ela viveu todos os bons e maus momentos. A mãe que morreu, vítima de um terrível acidente, dois dias antes do seu aniversário de 18 anos, deixando-a sozinha num mundo hostil, sem saber como seguiria em frente...

"Era a injustiça que machucava mais, feito ácido na garganta. Teve vontade de berrar contra a injustiça daquilo tudo. Quero uma trégua, ela queria soluçar. Só uma vez quero que aconteça uma coisa boa comigo."

Sendo jogada no mundo adulto de uma hora para outra, e sofrendo a dor de perder quem mais amava, ela buscou consolo no álcool e pegou um empréstimo com um agiota, na tentativa de continuar tendo um teto onde morar e algo para comer, mas este foi um dos piores erros de sua vida. Quanto mais trabalhava para pagar as dívidas mais elas aumentavam, num ciclo que não tinha fim. O que ela devia inicialmente se multiplica, tornando impossível quitar uma dívida que era muito superior ao valor que ela de fato tinha pego emprestado. Sem saber o que fazer e sem meios de fugir dos capangas do agiota, enviados para "cobrá-la", Hal tenta não ceder ao desespero... é quando uma misteriosa carta, endereçada à ela, tanto se apresenta como a solução para os seus problemas quanto a lança na direção de segredos do passado que deveriam ser mantidos enterrados...

Destinatário da carta: Harriete Westaway. Endereço: o seu, sem nenhum erro de digitação. Mas aquilo só poderia ser um estranho engano, pois era impossível que ela realmente fosse a pessoa que o remetente procurava. O advogado que lhe enviou a referida carta, comunicava o falecimento de sua avó, Hester Westaway, a data do funeral e o fato de Harriet ser uma das beneficiadas pelo testamento. Seria um alívio para todas as suas dívidas se não existisse um pequeno problema: seus avós tinham falecido muitos anos antes, o que a fazia ter a certeza de que não era a Harriet correta, que tudo não passava de um equívoco. 

Mas diante da situação desesperadora na qual se encontrava, e após sofrer mais uma ameaça do capanga do agiota ao qual devia dinheiro, ela decide arrumar suas coisas e ir até o funeral, se passar pela neta da falecida e colocar as mãos na sua parte da herança. Eram pessoas ricas, certo? Um pouco de dinheiro que ela conseguisse com aquele engano não afetaria suas vidas. Só que ao chegar à Igreja e ao longo do funeral, ela percebe que nada seria tão simples assim... Alguma coisa de muito errada havia naquela história. Por que nenhum dos filhos lamentava a morte da mãe? Por que se comportavam de forma tão estranha uns com os outros? 

"Não era apenas a sensação de uma casa negligenciada há muito tempo. Era algo mais sombrio, de um lugar que esconde segredos, onde pessoas foram tremendamente infelizes e ninguém apareceu para consolá-las."

Ao hospedar-se na casa para leitura do testamento, fica ainda mais surpresa ao perceber o quanto o local estava se deteriorando, como o ambiente era sombrio e triste... O quanto as pessoas que um dia viveram ali tinham sofrido? Sua vontade era de voltar correndo para sua antiga vida, mas tudo se complica gravemente quando descobre que todos os filhos da falecida haviam sido deserdados, sendo ela a única herdeira dos bens. O que parecia apenas um jogo inofensivo, pois um pequeno valor que ela acreditava que herdaria não afetaria ninguém, se torna extremamente perigoso após essa bombástica revelação. 

O que as pessoas estariam dispostas a fazer por dinheiro? Sufocada pelas próprias mentiras, ela decide escapar para a sua realidade, voltar para sua cidade, sua vida... Mas uma foto revira todo o seu mundo: ali, naquela imagem congelada no tempo, entre as pessoas reunidas, estava a sua mãe. O choque é grande demais e Hal tenta entender que ligação haveria entre sua mãe, aquela casa e aquelas pessoas. Que segredos se esconderiam no passado? Por que sua mãe nunca mencionou que tinha vivido ali? Disposta a descobrir toda a verdade, ela demora a perceber que o preço talvez fosse alto demais... Talvez custasse a sua própria vida. 

"[...] que segredo era esse, o segredo que era o cerne de todo aquele mistério, que tinha alguém disposto a matar para protegê-lo?"

Este é um livro que ao mesmo tempo que eu amei também odiei profundamente.kkkkkkk Fiquei muito mal com o final, embora tenha que reconhecer que uma vez que adivinhei os principais segredos bem antes da metade da leitura, poderia muito bem saber como tudo terminaria, mas a verdade é que me neguei a suspeitar dessa pessoa. Me deixei enfeitiçar, me deixei enganar. Eu não quis colocar tal pessoa na lista de suspeitos quando o mais lógico seria colocar a tal pessoa como principal suspeita, levando em conta tudo o que eu tinha adivinhado sobre os segredos da história. Mas eu fui imbecil, me apaixonei por uma personagem que era especialista em prender as pessoas em seus encantos para depois dar o bote. Eu caí direitinho, como a Hal também caiu. A diferença é que eu já tinha descoberto boa parte dos segredos que essa pessoa tentava esconder, Hal ainda não sabia, então... a grande estúpida fui eu mesma. Ainda não me perdoei por ter sido tão burra! E também sofro muito pelo monstro, psicopata do livro, ser justamente quem eu menos queria. 

"Hal podia ser qualquer coisa, menos um rato. E não seria presa de ninguém."

Eu conversava com uma amiga durante a leitura e dizia que o psicopata poderia ser qualquer pessoa, menos aquela pessoa. Que eu não suportaria que fosse quem eu tanto amava no livro. Sabe quando você descobre algo inconscientemente, mas não quer admitir aquilo conscientemente?rs No fundo eu sabia que poderia ser, mas me negava a aceitar. Dizia: "Não, não, não! A autora não pode fazer isso, a autora não vai fazer isso comigo!"kkkkkk Realmente, gente! Eu não imaginava que fosse sofrer tanto com o final deste livro. Vai demorar para eu conseguir superá-lo.

Não há nada mais que eu possa falar sobre a história sem correr o risco de soltar spoiler. Vocês podem ver que eu passo perto do spoiler nesta resenha, mas não chego a fazer nenhuma revelação importante, apenas passo bem pertinho disso.rs Dizer que o psicopata é quem eu menos queria, quem eu mais amava no livro, não significa dizer quem é, pois é impossível vocês saberem de qual personagem estou falando, exceto se já tiverem lido a história. :)

Se recomendo o livro? MUITO! Já quero ler outros livros da autora! 



Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino e Felipe (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

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