30 de março de 2021

Um carinho na alma - Bráulio Bessa

Tempo de leitura:


Literatura Brasileira
Editora: Sextante
Edição de: 2019
Páginas: 157

9ª leitura de 2021 (9ª resenha do ano)

 Sinopse: Depois de conquistar o coração dos brasileiros com sua Poesia que transforma e passar mais de um ano entre os autores mais vendidos do país, Bráulio Bessa volta a nos brindar com poemas que, como de hábito, nos fazem pensar e nos fazem sentir.

Sempre fiel às suas raízes, mas trazendo novidades, em Um carinho na alma o poeta cearense amplia a gama da sua poesia, indo além do cordel tradicional mas sem jamais abandoná-lo. Seus versos falam sobre os temas que pontuam sua obra, como o amor, a esperança e a amizade, mas também a seca, a injustiça e a falsidade, produzindo as rimas inspiradas que nunca deixam de levar um sorriso aos lábios.

Além de poeta, Bráulio é também um grande contador de histórias. Por isso, além dos poemas, o livro traz relatos de sua infância em Alto Santo, da vivência com a família e os amigos, e de suas andanças de norte a sul do Brasil, abraçando e falando com o povo que tanto lhe prestigia.

 


Quando comecei a ler Um carinho na alma, não imaginei que o livro fosse me emocionar tanto. Que fosse me tocar tão profundamente. Foi um retorno ao meu passado. Ler estes poemas foi viajar para lugares tão bons e tão distantes! Foi visitar a saudade que, na verdade, nunca me deixa só. Saudade de um período muito diferente do que vivemos hoje. Saudade de infância, de pessoas que ficaram pelo caminho, mas que marcaram muito a minha vida. Estou escrevendo e chorando, pois foi isso que o poeta provocou: lágrimas. A cada poema. Foram raros os que não me fizeram chorar. Mas não trocaria estes momentos. Porque lê-los me fez bem. Lembrar de momentos que nunca retornarão dói muito, mas ao mesmo tempo faz bem para a alma. 


Difícil dizer qual dos poemas presentes neste livro mais me tocou. Todos me emocionaram! O poeta escreve com o coração, com tanto sentimento que é como se as emoções saltassem das páginas. E são poemas autobiográficos (parte deles são), que falam de seu próprio passado, da infância e juventude, de familiares amados, de momentos que passam por suas lembranças. 


"Quando o tempo feroz acelerar
desviando da nossa juventude,
não há nada a fazer para que mude,
não há freio no mundo para frear.
O ponteiro insiste em não parar,
pro relógio todos nós somos iguais.
Pai e mãe são eternos, mas mortais,
é saudade que se torna oração."
[Trecho do poema Os cabelos prateados dos meus pais]

Talvez ler este livro no momento atual, com a pandemia tão grave e tantos recordes de mortes, tenha feito minhas emoções ficarem ainda mais à flor da pele. Ver as notícias tem me feito entrar em pânico. Em desespero. Hoje ao sentar para assistir o jornal eu não aguentei. É angustiante. Não sabemos o que o amanhã nos reserva, mas em nenhum outro momento da minha vida senti tanto medo do amanhã. Estamos vivendo um período muito incerto e isso faz eu me agarrar ainda mais à minha família, lembrar muito do passado. Teve um poema do autor que me rasgou o coração, pois ele falou de sua avó, de quando ela estava partindo. Que ela quis comer goiaba e isso me levou dezenove anos atrás, quando minha avó, que também estava indo embora por causa de um câncer, desejou a mesma fruta. E não podia comer. Ela foi embora com o desejo de comer goiaba. Este poema atingiu tão fundo em mim. E ainda por cima, no finalzinho dele, o autor fala do alívio de saber que sua avó teve várias pessoas para segurar sua mão na hora do fim. Isso nos destroça porque esse vírus maldito, que está levando milhões de pessoas no mundo, impede a despedida. Impede que você possa segurar a mão do seu ente querido, de estar com ele nesse momento tão doloroso. Talvez este tenha sido o poema que mais me fez em pedaços. 

"A dor foi terrível. A saudade é valente e latente. Mas saber que, no último suspiro de vida da vovó Maria, tanta gente segurou em sua mão, foi um pingo de felicidade naquela chuva de tristeza."
[Trecho do poema Goiaba tem cheio de vida]

Com palavras simples, mas que acertam em cheio o coração, Bráulio Bessa faz magia. Te faz reviver momentos. Como se eles de fato estivessem acontecendo. É uma viagem agridoce. Me entreguei totalmente à leitura, às emoções. No fim queria recomeçar. Ler tudo outra vez. E com certeza preciso ler tudo o que ele já publicou. Me tornei sua fã. Uma fã profundamente apaixonada por sua escrita tão simples e tão emocionante. 

Além dos poemas autobiográficos, o autor também fala de outros assuntos e "conta histórias", inclusive fechando com chave de ouro o livro com um poema intitulado A lição que a morte deu, que fala de um patrão muito cruel e um empregado que morreu para salvar a vida dele. E aí o poeta prossegue falando do que aconteceu após o fim deles na Terra e eu simplesmente amei este poema! Ele fala das injustiças deste mundo e da justiça de Deus. Me lembrou um pouco a parábola do Rico e Lázaro.

"Depois da viagem feita
pro mundo espiritual,
o lugar que deixa claro
quem é do bem ou do mal, 
fica tudo evidente, 
a justiça é transparente
e nunca é manipulada.
É a hora da verdade
em que toda a humanidade 
um dia será testada."
[Trecho do poema A lição que a morte deu]


Se recomendo este livro? Sem pensar duas vezes! Simplesmente leiam!!!



-> DLL 21: Um livro que termine em um dia 




Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino e Felipe (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

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