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29 de março de 2018

A Revolução dos Bichos - George Orwell

(Título Original: Animal Farm: a Fairy Story
Tradutor: Heitor Aquino Ferreira
Editora: Companha das Letras
Edição de: 2007)

Cansados da exploração a que são submetidos pelos humanos, os animais da Granja do Solar rebelam-se contra seus donos e tomam posse da fazenda, com o objetivo de instituir um sistema cooperativo e igualitário, sob o slogan "Quatro pernas bom, duas pernas ruim".

Mas não demora muito para que alguns bichos - em particular os mais inteligentes, os porcos - voltem a usufruir de privilégios, reinstituindo aos poucos um regime de opressão, agora inspirado no lema "Todos os bichos são iguais, mas alguns são mais iguais que outros."

A história da insurreição libertária dos animais é reescrita de modo a justificar a nova tirania, e os dissidentes desaparecem ou são silenciados à força. 



Palavras de uma leitora...


- Confesso para vocês: depois de ler romances tão maravilhosos nos últimos tempos eu não estava no clima para ler um livro com "pegada" política. Sobretudo considerando a atual situação política do país. Não era o tipo de leitura que eu queria fazer no momento, mas como o livro fazia parte do meu Desafio Mensal e o mês já está chegando ao fim não tive muita escolha.rsrs

Ao iniciar a leitura tinha uma boa noção do que encontraria. Todavia, por mais que esperasse me deparar com determinadas cenas de tortura e assassinatos, tão típicos de governos totalitários, nada me preparou para o que eu senti. Porque o livro desperta "memórias". De épocas que eu não vivi, mas estudei profundamente, revi em livros de ficção como A Menina que Roubava Livros e O Cavaleiro de Bronze, não ficção como O Diário de Anne Frank e filmes como O Menino do Pijama Listrado e Zuzu Angel. Além de documentários ao longo dos anos. Quanto mais lemos A Revolução dos Bichos mais evidente se torna a semelhança com diversos governos ditatoriais que marcaram o mundo e provocaram milhões de mortes. Que destruíram vidas de pessoas que o tempo tratou de condenar ao esquecimento. 

Não irei me aprofundar em temas políticos, mas uma coisa que me revolta bastante é ver determinados comentários na internet e fora dela (até mesmo de parentes) defendendo a volta de uma ditadura. Vocês já se depararam com textos assim? Eu já, para meu desespero e profunda decepção com a natureza humana. Me pergunto se essas pessoas têm alguma noção do que estão dizendo, se realmente sabem o que significa uma ditadura. Vários são os argumentos, mas essas pessoas parecem ignorar algo primordial: direitos humanos são violados quando uma ditadura é estabelecida. Sua opinião? Pode te condenar à morte se um governo ditador assim o decidir. Pessoas desaparecem, são torturadas, assassinadas por traições fictícias. Não se iluda: ditadura alguma consertaria um país. Muito pelo contrário. 

"O Homem é o nosso verdadeiro e único inimigo. Retire-se da cena o Homem e a causa principal da fome e da sobrecarga de trabalho desaparecerá para sempre."

- Tudo o que os animais da Granja do Solar conheciam era uma vida de sofrimento. Trabalhavam de sol a sol e viam os frutos de seus esforços serem consumidos desenfreadamente pelos seres humanos, enquanto eles ficavam com o resto dos restos e, às vezes, nem isso. Pelo simples fato de serem animais eram escravizados, maltratados e humilhados. Estavam cansados daquela vida de miséria, mas não sabiam como acabar com tudo aquilo. Porque o Homem era mais forte, inteligente e reprimiria facilmente qualquer tentativa de revolta. Mas, um dia, alguém apareceu com a solução. 

Após um sonho estranho, o Major, um porco sábio e ancião, reuniu todos os animais da Granja com a profecia de que chegaria um tempo em que todos os animais seriam livres, tratados como iguais. Que a fome e os maus-tratos seriam apenas uma lembrança ruim. Mas que, para isso, era necessário que os animais se reunissem e se rebelassem para derrotar o gênero humano. Pouco tempo depois, o Major veio a falecer, porém a semente plantada por suas palavras ficou no coração daqueles animais e instigou alguns, guiados por seus próprios interesses, a tramar o necessário para concretizar a tal profecia. 

Num momento de particular agonia dos animais, que estavam passando fome por negligência do dono da granja, os porcos, considerados os mais inteligentes da espécie animal, incitaram a rebelião que, por pegar de surpresa os moradores do local, foi bem-sucedida. Bola-de-Neve, o porco carismático e aparentemente preocupado com a população, bem como Napoleão, astuto e observador, sabiam bem o que estavam fazendo. Tinham o apoio do povo que os idolatrava. Era o cenário perfeito para um jogo de poder. 

"[...] jamais um animal deverá tiranizar outros animais. Fortes ou fracos, espertos ou simplórios, somos todos irmãos. Todos os animais são iguais."

No início, as coisas foram um verdadeiro mar de rosas. Qualquer animal, desde o mais belo cavalo até o pequenino rato possuía os mesmos direitos. Todos eram iguais e os frutos dos seus trabalhos pertenciam à coletividade. Havia equilíbrio, justiça, solidariedade. A felicidade se espalhava pela granja e os animais tinham a tão sonhada paz. Mas então...

... O leite retirado das vacas se tornou exclusivamente dos porcos. Nenhum animal poderia comer maçãs, pois os porcos, líderes da rebelião por serem os únicos que possuíam inteligência, precisavam mais delas do que os outros. Claro que tais privilégios não eram concedidos por vaidade ou egoísmo. Não. Tudo era pelo bem do povo. Os porcos comiam melhor e viviam em condições mais favoráveis, bem como tomavam todas as decisões, pelo bem dos outros animais. Eles eram completamente altruístas. 

E o que começou como uma sucessão de pequenos privilégios não demorou a se agravar. Mas o estopim veio quando Bola-de-Neve, o porco que queria melhorar a educação e as condições de trabalho (em tese) entrou em choque com Napoleão, o porco astuto, que em silêncio criava um exército pessoal e forte. Sabendo que Bola-de-Neve ganhava o apoio e simpatia dos demais, Napoleão decidiu instituir, a partir daquele momento, um governo intimidador, que venceria pelo medo. Acusando o adversário de diversas mentiras, o expulsou da Granja, utilizando seu exército para reprimir qualquer palavra em contrário. Logo em seguida, direitos começaram a ser suprimidos, vozes foram caladas, animais foram torturados e assassinados. E tudo era justificado com muita lábia e persuasão. 

"Ninguém mais que o Camarada Napoleão crê firmemente que todos os bichos são iguais. Feliz seria ele se pudesse deixar-vos tomar decisões por vossa própria vontade; mas às vezes poderíeis tomar decisões erradas, camaradas; e então, onde iríamos parar?"

Alguns animais, como o burro Benjamim, já não tinham mais qualquer ilusão: sabiam que tinham sido enganados e que qualquer coisa que lhes fosse dita tinha um tom de ameaça. Dominados, controlados por Napoleão e seus aliados, não tinham outra escolha senão se sujeitar à nova ordem. Sim, até existia outra alternativa: contrariar seu líder e morrer. Todavia, o pior era que a maioria dos animais sequer conseguia notar em que condições estava vivendo. Tão profundamente alienados e controlados estavam que não eram capazes de ver

"E assim prosseguiu a sessão de confissões e execuções, até haver um montão de cadáveres aos pés de Napoleão e um pesado cheiro de sangue no ar [...]"

- Inebriado pelo poder, querendo cada vez mais e com a política de eliminar qualquer um que ousasse pensar por si mesmo ou ganhasse a simpatia do povo que ele tinha controlado pelo pavor, Napoleão avançou o seu domínio, não se contentando apenas em possuir a Granja e todos os animais que viviam ali, mas unindo-se a outros líderes para expandir o seu controle e atingir outras fazendas. 

- Mentiras levantadas contra desafetos, traições fictícias punidas com a morte, condenações e execuções sem o devido julgamento, confissões provocadas por tortura... Isso com certeza te lembra não apenas um, mas diversos governos opressores que espalharam sangue ao longo dos anos, destruíram vidas por ambição, por poder. Sei que o autor provavelmente (leia-se: com certeza!) tinha em mente um determinado país ou regime político quando da criação de seu livro, sei que o livro foi vendido e utilizado como arma contra determinada ideologia política, mas ao lê-lo vi a síntese da maldade humana, um resumo chocante do que pode acontecer (e já aconteceu ao longo da História) quando entregamos o poder nas mãos das pessoas erradas, quando nos deixamos ser alienados, quando paramos de pensar por nós mesmos e seguimos a maré, apoiando e votando sem utilizar o cérebro. Muitos governos totalitários tiveram o apoio da população no princípio. As desgraças vieram depois.

"Aquelas cenas de terror e sangue não eram as que previra naquela noite em que o velho Major, pela primeira vez, os incitara à rebelião. [...] não podia compreender por quê - havia chegado uma época em que ninguém ousava dizer o que pensava, em que cachorros rosnadores e malignos perambulavam por toda parte e todos eram obrigados a ver camaradas feitos em pedaços após confessar os crimes mais chocantes."

- Este livro não me fez bem. Ainda assim, não me arrependo de lê-lo, pois ele nos provoca reflexões, nos faz pensar em assuntos que muitas vezes preferimos ignorar. A verdade é que vivemos num mundo em que muitos encontram-se tão alienados que, obviamente, não percebem. E seguindo essa maré, eu me pergunto, onde iremos parar... 

"As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco."

8 de junho de 2013

Os Doze Mandamentos - Sidney Sheldon


(Título Original: The Twelve Commandments
Tradutor: A. B.Pinheiro de Lemos
Editora: Record
Edição de: 2011)


Moisés desceu da montanha com duas tábuas de pedra nas quais estavam escritos os Dez Mandamentos da lei de Deus, conta a História sagrada. Mas o escritor Sidney Sheldon viaja ao passado para revelar um segredo: na verdade, são doze os mandamentos.

E, em vez da punição aplicada a quem não cumpre essas leis, os personagens de Sheldon recebem grandes recompensas, tornando-se ricos, famosos e felizes. Um padre transgride duas regras. Um homem azarado infringe o quarto mandamento e enriquece. E um religioso mata sua sogra.

Uma sátira divertida do autor de sucessos como O Outro Lado da Meia-Noite e Conte-me Seus Sonhos.



Palavras de uma leitora...


Olá, gente! :)


- Que milagre! Apareci pouco tempo depois de ter feito a resenha sobre A Colcha de Despedida!kkkkk... É um milagre porque da última vez demorei mais de um mês para conseguir aparecer. E desta vez, demorei só um pouco mais de uma semana. Estou muito feliz por aparecer. :)

- Como estou num período de muitas provas, trabalhos, estresse e cansaço, não está dando para ler o livro que eu realmente queria estar lendo no momento. Então, olhando para o armário e pensando no fato de que eu estava necessitando de um livro que me fizesse suportar o trânsito e a longa viagem de volta (que enfrento todos os dias), encarei três livrinhos do meu querido SS (Sidney Sheldon). O que me chamou a atenção neles? São livros infanto juvenis. E eu nunca tinha lido um livro do SS que fosse desse tipo. Sequer conseguia imaginar um autor como ele escrevendo livros para crianças e adolescentes.rsrsrs... SS... Um autor capaz das piores crueldades em suas histórias, de escrever de modo tão cru e adorar nos torturar com seus mocinhos (e principalmente mocinhas) que são praticamente vilões, escrevendo livros para crianças e adolescentes????!!! Algo simplesmente surpreendente. E até mesmo inacreditável. Pelo menos, para mim.rsrsrs... Enfim... Não procurei ver sobre o que cada livro falava. Escolhi pelo título. E acabou sendo uma escolha interessante.

- O título Os Doze Mandamentos chamou minha atenção, pois não conseguia imaginar o que o autor poderia desenvolver nesse tipo de livro. Fiquei curiosa. Até onde iria a ousadia do meu autor? E aí eu resolvi ler a sinopse. Foi assim que tive certeza de que precisava ler essa história. 


- Vocês já ouviram falar nos doze mandamentos? Já?! Não?! Provavelmente, não. É provável que assim como eu, vocês tenham conhecimento de que existem dez mandamentos. Não doze. São eles:

1º- Não terás outros deuses diante de mim.
2º- Não farás para ti imagens de escultura para adorar. 
3º- Não usarás o nome do Senhor teu Deus em vão. 
4º- Respeitarás o dia sagrado.
5º- Honrarás pai e mãe.
6º- Não matarás. 
7º- Não cometerás adultério. 
8º- Não roubarás.
9º- Não darás falso testemunho contra o teu próximo.
10º- Não cobiçarás a casa do próximo nem coisa alguma do teu próximo.

- Mas segundo o nosso SS, isso não é verdade. Não são só dez mandamentos. São doze. Moisés é que mentiu por vergonha. Como assim? É simples. Moisés carregava três tábuas de pedra, contendo os mandamentos, mas acabou tropeçando e deixando uma delas cair e quebrar. Como sentia muita vergonha de contar algo assim, nos enganou até que o Sidney Sheldon decidiu abrir o jogo, nos contar toda a verdade. Mas como ele descobriu algo assim? Não faço a menor ideia.kkkkkk... Há a possibilidade dele ter tido visões (risos) sobre o passado. Não descarto essa possibilidade. Talvez além de autor, ele também fosse vidente. :D

Os mandamentos segundo o SS, são:

1º- Não terás outros deuses diante de mim.
2º- Não farás imagens para cultuar.
3º- Não usarás o nome do Senhor teu Deus em vão. 
4º- Respeitarás o dia sagrado.
5º- Honrarás pai e mãe.
6º- Não matarás. 
7º- Não cometerás adultério. 
8º- Não roubarás.
9º- Não darás falso testemunho contra o teu próximo.
10º- Não cobiçarás a casa do próximo.
11º- Nunca dirás uma inverdade.
12º- Não farás mal a teu semelhante. 


Ou seja, ele só acrescentou mais dois. Que não deixam de ser coisas que Deus manda que não façamos. Mas, gente, já deu para perceber que esse é um livro de humor, certo?rsrsrs... Apesar de ter se arriscado ao escolher esse assunto para "brincar", o autor não quis desrespeitar os mandamentos de Deus. Ele apenas quis escrever uma história divertida e o tema o atraiu. 

Confesso que um lado meu achou que o autor foi muito ousado. Que mexeu com um tema "proibido". Mas só que um outro lado (o racional) não viu mal em nada disso. Esse lado se divertiu bastante com as histórias contidas no livro.rsrsrs... 


- Quando começamos a leitura do livro, logo percebemos a ironia, o humor. Apesar de falar sobre acontecimentos que estão na Bíblia Sagrada e de aparentemente estar falando "muito sério", não dá para não notarmos que ele (o autor) está fazendo graça. Logo que ele menciona os milagres contidos na Bíblia, notamos isso. E quando ele parte do princípio (Adão e Eva) a ironia fica ainda mais evidente. Com certeza não é algo capaz de agradar a todos. E acredito que deva ter muita gente que odeia esse livro, mas não podemos deixar de admitir que o autor foi corajoso e escreveu histórias para lá de divertidas. Não saberia dizer que história mais me fez rir... Talvez a do azarado. Ou a do genro que matou sua sogra. Ou ainda a história de um assassino "muito religioso" que não queria de modo algum desobedecer o mandamento sobre não cometer adultério. Ele acreditava que se desobedecesse esse mandamento, seria mandado para o inferno. O irônico é que ele era um assassino. Já tinha quebrado um mandamento, certo? Mas na sua mente, só seria mandado para o inferno se cometesse o adultério. Os outros mandamentos não eram tão importantes quanto esse. Deus o perdoaria por matar, mas jamais o perdoaria se ele cometesse adultério. Vá dormir com um barulho desse!kkkkkkkk... 

A história do azarado me arrancou muitas risadas. Nunca vi uma pessoa tão azarada quanto aquele rapaz. E ele obedecia todos os mandamentos. Imagina se ele não obedecesse!kkkkk... Mas... Um momento!!! A questão é justamente essa. Enquanto ele obedecesse, seria azarado e certamente não demoraria a morrer. Mas se desobedecesse... coisas maravilhosas aconteceriam em sua vida. Segundo o SS, é claro.rsrsrs... 

"Moisés disse a seu povo que quem violasse aqueles mandamentos seria punido. 
 Esse é o lado de Moisés. Mas vou contar algumas histórias sobre pessoas que violaram os Mandamentos de Deus. E o que aconteceu com elas? Tornaram-se ricas, famosas e felizes."


- Eu gostei bastante de quase todas as histórias. As achei criativas e engraçadas e elas conseguiram me deixar menos estressada, mais relaxada e tranquila (pelo menos enquanto eu as lia.rsrsrs....). Mas como eu disse, gostei de quase todas. Exceto de uma. A história que está no capítulo 9. Não que a história não seja interessante. Só que ela fugiu ao objetivo do livro. Não achei que ela se encaixou. É como se estivesse dentro do livro como penetra.rsrsrs... Mas, tirando essa história, gostei muito do livro. 

- Mas é claro que eu não recomendaria essa história para uma criança. Como assim?! A história não é justamente para crianças e adolescentes?! Sim. São histórias curtas, feitas para o público mencionado, ilustradas... Mas eu não as acho apropriadas para o público para o qual são destinadas. É a minha opinião.rsrsrs... Eu não recomendo para crianças e adolescentes. 

- Entretanto, recomendo para os fãs do Sidney Sheldon. :) Eu dei 5 estrelas ao livro no Skoob, pois achei que a criatividade do autor e as historinhas contidas no livro, merecem isso.rsrs...


Bjs!


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