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5 de agosto de 2019

Medeia - Eurípides

Literatura Grega
Livro: O Melhor do Teatro Grego
Editora: Zahar
Edição de: 2013
Páginas: 392
Onde comprar: Amazon

*Lido no Kindle Unlimited

Sinopse: Ideal para quem deseja se familiarizar com o teatro clássico, esse livro reúne os seus autores mais importantes - Ésquilo, Sófocles, Eurípides e Aristófanes -, representados por quatro peças que estão na base da cultura ocidental: as tragédias Prometeu acorrentado, Édipo rei e Medeia e a comédia As nuvens. A tradução, diretamente do grego, foi feita pelo renomado Mário da Gama Kury. 
Esse volume da coleção Clássicos Zahar oferece ainda um vasto material de apoio, que facilitará a leitura mesmo daqueles que nunca tiveram contato com as grandes peças teatrais, como textos introdutórios, glossário, resumo da ação em cada peça, perfis dos personagens e mais de 190 notas. A versão impressa apresenta ainda capa dura e acabamento de luxo.




Presente no livro O Melhor do Teatro Grego, da editora Zahar, Medeia é uma famosa tragédia grega que eu sempre tive medo de ler.rs Por não ser fã de histórias trágicas só li até agora as duas super conhecidas peças de Sófocles (Édipo Rei e Antígona) e Hamlet, de Shakespeare, que é uma tragédia inglesa. 

Era para eu ter lido Medeia para o tema de maio de um dos desafios dos quais estou participando. Todavia, o medo acabou falando mais alto e enrolei o quanto pude até finalmente parar para ler o livro. E estava certa em fugir da história. Afinal de contas, queridos, é uma tragédia. Assim sendo, no final sabemos que só tem desgraça. 

"Ela é terrível, na verdade, e não espere a palma da vitória quem atrai seu ódio." 

Esta é uma história de ódio e vingança. Temos como protagonista e ao mesmo tempo antagonista, Medeia, a mulher que traiu o próprio pai e sua pátria, bem como aqueles que a tinham como amiga, só para satisfazer as vontades de Jáson, o homem a quem ela amava. Por este amor destrutivo, ela foi capaz das mais terríveis traições, causando ruína e morte por onde passou...

"Para onde irão meus passos hoje? Para o lar paterno, que já traí, como traí a minha pátria, para seguir-te? Ou para as filhas do rei Pélias? (Que bela recepção me proporcionariam as infelizes em seu lar, a mim, que um dia causei a morte de seu pai!) Eis a verdade: hoje sou inimiga de minha família e só para agradar-te hostilizei amigos que deveria ser a última a ferir."

Claro que uma relação construída em cima da desgraça dos outros não poderia dar certo. E não demora muito para que Jáson perceba que quer muito mais do que uma vida ao lado de Medeia e dos filhos nascidos desta união. Ambicioso, ele volta seus olhos para a filha do rei Creonte, que resolve entregar sua preciosa filha a ele, mesmo que Jáson já fosse casado com Medeia. Sem pensar duas vezes, ele abandona seu lar e seus filhos e começa os preparativos para seu grande casamento com a princesa de Corinto. Acreditando estar no controle da situação e que Medeia não teria outra alternativa senão aceitar as decisões daqueles que eram mais fortes que ela (segundo as próprias palavras dele), ele nem se dispõe a lembrar o que aquela mulher já tinha sido capaz de fazer por ele. Era tão tonto a ponto de imaginar que ela simplesmente seria submissa quando no passado já tinha matado por ele? Acreditava mesmo que o amor não se transformaria em ódio? 

21 de fevereiro de 2019

Antígona - Sófocles

(Tradutor: Jean Melville
Editora: Martin Claret
Edição de: 2013)


Sófocles foi, juntamente com Ésquilo e Eurípedes, um dos maiores poetas dramáticos da Grécia antiga. 
Sua obra-prima é Édipo Rei (c. 430), que o consagrou como o maior trágico da antiguidade grega. A peça narra a tragédia do homem que, perseguido pelo destino traçado pelos deuses, mata o pai e casa-se com a mãe. 
Antígona (c. 442) é a tragédia da boa filha que morreu por obedecer aos mandamentos divinos em contraposição à vontade despótica de um tirano. 
Seu tema predileto, como o de toda tragédia grega, era o destino. Sófocles, embora tivesse o homem como o centro do mundo, acreditava no poder dos deuses e na predestinação. 


Palavras de uma leitora...


- Eu já resenhei Édipo Rei aqui no blog. Foi em 2017, quando enfrentei meu problema com peças teatrais e arrisquei a leitura de um clássico tão importante, que eu já conhecia desde a época da escola. Embora tenha apreciado muitíssimo a leitura e visto como as obras de Sófocles são diferentes das de Shakespeare, sendo muito mais agradáveis e envolventes, eu tive dúvidas se de fato conseguiria ler Antígona, outra história que eu já conhecia e que me provocava enorme fascínio. 

2 de agosto de 2018

Hamlet - William Shakespeare

(Título original: Hamlet
Tradutor: José Antonio de Freitas
Editora: Martin Claret
Edição de: 2010)


Considerado o mais influente dramaturgo de todos os tempos e o maior escritor da literatura inglesa, William Shakespeare (1564-1616) escreveu poemas, comédias, tragédias e dramas históricos que foram traduzidos para os principais idiomas do mundo. Sua obra teatral, conservando toda a complexidade, mistério e encantamento no curso do tempo, é permanentemente representada no teatro e transposta para o cinema e televisão. 

Hamlet, a tragédia do triste príncipe da Dinamarca enredado em intrigas, traições e vinganças, é uma das peças mais conhecidas e apreciadas do Bardo de Avon. Muitos estudiosos se debruçam sobre esta obra, que pode ser examinada e interpretada por diferentes perspectivas, tendo sido como objeto de estudo para Freud e Lacan, e inspirado escritos notáveis, como Goethe, Joyce e Dickens, entre outros.



Palavras de uma leitora... 



- Cerca de dez anos atrás, curiosa por conta de todo o amor que muitas pessoas sentem pelas obras de Shakespeare, caí na besteira de dar uma chance ao livro Romeu e Julieta, uma das tragédias mais famosas do autor. Claro que já conhecia a história. É impossível passar pela vida sem obter spoilers desse livro.rsrs É uma história que costuma ser trabalhada nas salas de aula, que faz parte das bibliotecas escolares e vende aos montes ainda nos dias atuais. E não, eu nunca tive paciência para assistir nenhuma adaptação. Já tinha antipatia pela história antes de lê-la, confesso. Posso ser uma romântica incurável, mas Romeu e Julieta nunca me encantaram. Dois jovens apaixonados que se suicidam por amor. Ainda não consigo enxergar a magia que enfeitiça tantas pessoas. Tudo bem, eles não tinham intenção de se matar, pretendiam fugir juntos para viver seu grande amor, uma vez que suas famílias eram inimigas mortais e o amor entre eles era impossível. Mas fizeram tanta besteira, uma escolha mais estúpida que a outra que não consegui sentir compaixão, me comover nem nada. Tudo o que me prometi foi que nunca mais leria nada de Shakespeare.kkkkk...

Mas com o passar dos anos e os planos de ler mais clássicos, voltei atrás na minha decisão. Não custaria tanto assim pelo menos ler algumas de suas tragédias. Todavia, não estava na minha meta fazer isso este ano. Ocorre que a leitura de Emma, de Jane Austen, teve que ser adiada (era o clássico de julho) por causa do TCC e eu precisava incluir um novo clássico na lista, um que fosse mais curto e rápido de ler. 

Como a leitura seria em grupo, com outras amigas no WhatsApp, deixei que elas escolhessem entre Antígona (de Sófocles) e Hamlet. O segundo acabou ganhando, o que me provocou certo desespero.rsrs Deveríamos começar a lê-lo no dia 20/07 e encerrar em 31/07. Eu até comecei a leitura no dia programado, mas só fui até a página 21. O livro estava me provocando tanto tédio que o deixei de lado e fui ler O que dizem seus olhos. Voltei para a peça apenas no dia 28/07 e abandonei de novo.kkkkkkkk... Dessa vez para ler Rebelde e Um mundo novo.rs O que posso fazer se o autor não consegue me envolver, gente?! E não é que eu tenha um sério problema em ler peças (tudo bem, não gosto muito), pois amei a experiência de ler Édipo Rei, de Sófocles (embora, definitivamente, tragédias não sejam para mim), um escritor muito mais antigo que Shakespeare, e que poderia ter me causado maior dificuldade. A questão é que não consigo simpatizar com as histórias do autor. Não me convencem. Tudo parece forçado demais. 

- Concluí a leitura apenas no dia 31 e pode-se dizer que li o livro todo num dia, vez que antes só tinha chegado à página 21. E creio que ganhará o prêmio de história mais tediosa e estúpida do ano. Sério! Quanta baboseira num livro só! Começo a pensar que não existirá o dia em que verei as obras de Shakespeare com bons olhos.

"Há dois meses apenas que ele morreu... não, nem tanto... ainda não há dois meses..."

A história gira em torno de Hamlet e a quase certeza que ele tem de que seu pai foi traído e assassinado pelo próprio irmão, o atual rei da Dinamarca. 

Muito apegado ao pai, ele não consegue superar a perda, estando ainda de luto enquanto todos os outros parecem ter seguido muito bem com suas vidas. Especialmente sua mãe, que em prantos sofreu a morte do marido, mas cerca de um mês depois já estava casada com seu irmão, dedicando a ele palavras de amor eterno. Hamlet vê com muita ironia e desprezo a relação entre os dois, a considerando incestuosa e inaceitável, nutrindo em seu coração não apenas o ódio pelo tio, mas também um ressentimento profundo em relação à mãe, quem ele passou inclusive a ver como uma rameira. 

Paralelo a isso temos a jovem Ofélia, moça sonhadora e submissa, a quem Hamlet jura amor. Obediente ao pai, ela lhe confessa o interesse do jovem príncipe e Polônio proíbe terminantemente a filha de voltar a encontrar-se com o rapaz, pois seus mundos eram diferentes. E o príncipe nunca se casaria com alguém como ela. 

Ocorre que uns soldados e oficiais, bem como o amigo de Hamlet (Horácio) ficam assombrados com o aparecimento de um espectro, que era a imagem do falecido rei. Sem saber o que pensar e repetindo-se a aparição, resolvem comunicar o fato ao príncipe, que decide ficar de guarda com eles para o caso do fantasma retornar. 

Embora o espectro tenha se negado a falar com os outros pediu que Hamlet fosse com ele para lhe contar algo importante. Foi quando lhe revelou algo terrível: o fantasma que tanto se parecia com seu pai disse a ele que foi assassinado pelo irmão, inclusive relatando como ocorreu a morte e por que não houve suspeitas. 

"[...] Porém, sabe tu, ilustre jovem: a serpente que mordeu teu pai e lhe tirou a vida agora cinge-lhe a coroa."

Transtornado, sem saber bem o que pensar, mas no fundo do seu coração acreditando que aquilo era verdade, se vê dividido entre a vingança e a dúvida que corroía sua mente. Em seu coração sabia que o tio, seu próprio sangue, tinha assassinado o irmão. Mas sua mente não sabia ao certo e necessitava de provas. Porque não poderia cometer um homicídio sem ter certeza de que a vítima mereceria a morte. 

Hamlet, então, muda drasticamente de comportamento, o que faz o rei e a rainha desconfiarem que algo de errado se passava. Polônio, supondo que o príncipe enlouquecia de amor por ter sido privado da companhia de Ofélia, garante ao rei que aí residia o problema, algo que não tranquiliza o monarca, que começa a ver no sobrinho um obstáculo. Sua "loucura" era uma ameaça a todos ao seu redor e no amor que o povo sentia pelo jovem príncipe também existia um perigo. O melhor seria mandá-lo para longe...

Cada vez mais agitado e dizendo coisas aparentemente sem sentido, embora entremeadas de lucidez, Hamlet aproveita uma oportunidade única de testar o tio e comprovar se o que o espectro dissera era verdade ou algo vindo dos infernos para confundi-lo e fazê-lo perder a razão. 

E a partir daí que começa um jogo de armadilhas e traições em que a morte parece um destino certo para quase todos os envolvidos. 

- Eu não tenho nenhuma intenção de dar spoilers do livro. Embora todos saibamos começo, meio e fim da história de Romeu e Julieta sem sequer necessitarmos ler (risos), o mesmo não acontece com Hamlet. Eu, pelo menos, nada sabia antes de ler. Claro que pude prever os acontecimentos, afinal de contas, trata-se de uma tragédia. Bastava ter um leve conhecimento do que o autor gostava de colocar em suas peças para imaginar o rumo que as coisas tomariam. E não me surpreendi com absolutamente nada. 

"[...] Mãe, por amor da salvação, não derrameis sobre a vossa alma o bálsamo enganador de que não é o vosso crime, e sim a minha loucura quem fala; isso apenas serve para cobrir com uma tênue película o lugar da úlcera, enquanto a gangrena sem ser vista, minando por baixo, infecciona tudo."

- Não tive paciência com nenhum personagem desta tragédia. Também não senti compaixão alguma. Todos me pareceram completos imbecis, incapazes de guiar a própria vida com um mínimo de inteligência. Todavia, o fato do livro ter me feito revirar os olhos de tédio e os personagens apenas terem me provocado repulsa não faz com que eu deixe de mencionar certos pontos. Como, por exemplo, a maneira como o Hamlet tratava a mãe. 

Que ele estivesse de luto pela morte do pai eu entendo. E também não encaro muito bem o fato da mãe dele ter resolvido se casar com o cunhado um mês depois da morte do adorado marido. É algo que não seria bem visto nem nos dias atuais. Como o protagonista ironiza num determinado momento: o amigo não tinha chegado para o velório de seu pai, mas sim para o casamento de sua mãe, vez que é curto o intervalo de tempo entre um acontecimento e outro. Porém, nada dá a ele o direito de falar com a mãe daquela forma desprezível, nem ficar debochando ou chamando-a de rameira. Durante a leitura quase toda fica evidente como ele detesta a própria mãe, como julga e condena sem piedade. Impossível sentir um mínimo de afeto por um personagem desse tipo. Que se julgava tão acima de qualquer erro e considerava-se o dono de toda verdade e moral. 

- Outro ponto é a intenção (na minha opinião) do livro ser apenas um espetáculo. É uma peça, que foi escrita mesmo para ser representada. Mas que não teve a preocupação de ter personagens consistentes, que nos fizessem acreditar, pelo menos, em metade do que eles aparentemente sentiam. Dá para visualizar o "show", a dramatização de relações familiares, impregnadas de traições, para impressionar quem lesse/assistisse. É algo muito diferente do que encontrei em Édipo Rei, por isso penso que deveria ter apostado em Antígona e não em Hamlet.rs

- Sei que muita gente morre de amores pelas obras do autor e deve estar querendo me esganar, mas, infelizmente, Shakespeare não é para mim. Não tenho paciência com tanto drama forçado e sem sentido. Claro que não sou nenhuma estudiosa das peças do autor, não sou especialista alguma. Apenas uma leitora. E talvez tenha quem diga que o livro é precioso, fonte de diversas reflexões, riquíssimo, inspiração de outros grandes autores (Shakespeare SEMPRE é) etc. Que ele aborda assuntos importantes e é um clássico de peso. Eu diria que existem outros diversos livros, entre clássicos e não clássicos, que tratam dos mesmos assuntos e são mil vezes mais interessantes. 

- Uma curiosidade: descobri que muitas daquelas frases feitas que utilizamos (como: ser ou não ser, eis a questão) foram retiradas deste livro.rsrs Não posso negar que possui alguns trechos que realmente merecem destaque e eu marquei vários deles. 

É a segunda vez que me decepciono com o autor. Então, já não sei se apostarei nas outras obras dele. Preciso pensar sobre o assunto.rs

- Esta foi minha última leitura do mês de julho, mas vocês provavelmente terão acesso à resenha no dia 02 de agosto. :)

19 de agosto de 2017

Rei Édipo - Sófocles

(Título Original: Oidípous Tyrannos
Tradutor: Ordep Serra
Editora: Peixoto Neto 
Edição de: 2004)

Sófocles foi um dos três grandes escritores de tragédias da Antiguidade grega. Embora tenha escrito mais de cem peças, somente sete delas foram conservadas na íntegra. Rei Édipo é a mais conhecida. 

O mito do rei tebano era muito antigo e fora usado por outros escritores gregos antes de Sófocles. Tomando-o como tema, ele criou uma das maiores obras da dramaturgia ocidental, apontada por Aristóteles, em a Arte poética, como o modelo do gênero trágico. O médico vienense Freud a transformou numa alegoria de suas ideais, utilizando-a para explicar a mais influente teoria psicológica já elaborada: a psicanálise. 



Palavras de uma leitora...



- Pensem numa pessoa que estava tentando fazer esta resenha ontem, mas dormiu ao lado do computador.kkkkk... Peço perdão, queridos! Sei que deveria fazer este post na sexta-feira, porém eu estava tão cansada, mas tão cansada que apaguei!rsrs 

Será que já contei aqui que não sou muito fã de peças teatrais? Pois bem. Nunca fui ao teatro e nem tive vontade de ir. Já assisti algumas peças em outros lugares, como igrejas, centros culturais e até já fiz parte de algumas peças. Foram peças da igreja.rsrs Lembro especialmente de duas. Numa delas, interpretei Maria, mãe de Jesus, e chorei muito. Foi um momento forte, pois todos nós nos envolvemos muito com a apresentação. Parecia que estávamos vivendo aquele momento, anterior à crucificação. Numa outra peça, interpretei uma vilã, Herodias, que influenciava a filha a pedir a cabeça de João Batista. Também foi forte fazer esse papel, pois eu detestava aquela mulher.kkkkkk... No momento crucial, quando ela ordenava à Salomé que fizesse tal pedido, minha boca falava o que minha mente gritava para eu não dizer, porém era necessário seguir o roteiro. Enfim... Ao longo dos anos, participei de outras peças, pois era bem ativa na Igreja, até mesmo como coreógrafa.kkkkkkk... Sempre fui muito tímida, mas amava participar de peças e coreografias e nesses momentos esquecia toda timidez. Eu apenas vivia o momento. 

Quando digo que não sou muito fã de peças, estou falando das demais, sem ser as bíblicas. Sempre amei assistir peças cristãs, mas não tenho paciência alguma com as outras.rs E se não gosto de vê-las, imagine lê-las!rsrs

- Todavia, há anos ouço falar de Édipo Rei e Antígona. Desde a metade do ensino fundamental, na verdade. Mas no ensino médio isso se intensificou. Ao me apaixonar por mitologia grega, acabei esbarrando em algumas histórias e tive um professor de História da Arte que também tocava em assuntos referentes a mitos antigos. Professores de Literatura também gostavam de falar de lendas, mitos e histórias clássicas. Assim sendo, eu já conhecia a história inteira antes mesmo de lê-la!rs 

No meu primeiro período na faculdade, na disciplina de Introdução ao estudo do meu curso (que não direi qual é.rs), o meu professor, que era maravilhoso (e sinto muitas saudades dele), falou mais de uma vez e de maneira apaixonada da história de Antígona. Como eu disse, eu já conhecia a história, mas nunca pude esquecer a forma intensa como ele falou dessa tragédia. Na época, eu quis lê-la, mas outros livros acabaram por me prender e adiar a leitura. 

Ainda no meu primeiro período, na disciplina Psicologia aplicada ao meu curso, houve uma menção ao "Complexo de Édipo" num dos livros que tive que ler, que falavam sobre Freud, sobre o desenvolvimento do ser humano e tudo mais. Lembro que franzi a testa diante da teoria dele e não gostei muito dele ter retirado tal "interpretação" da história de Édipo. 

Em resumo: foram muitas as vezes em que "passei" por essas duas histórias antigas, interligadas, uma vez que Édipo é o pai de Antígona e ambos tiveram uma vida bem difícil e realmente trágica. Não dá para esquecer de Laio, pai de Édipo, que foi o meu primeiro contato com esse mito. 

Esta resenha terá spoiler. 

"Que você, tendo a vista, não vê o próprio mal, 
Não enxerga onde mora, nem com quem."

- Tudo começa com o desespero em que se veem os cidadãos de Tebas, pois uma praga terrível assola sua gente, causando diversas mortes. Sendo uma maldição enviada pelos deuses, o povo somente seria poupado se descobrisse quem era o assassino do antigo rei, Laio, e o matasse ou expulsasse da cidade, o que considerasse mais justo. Nesse momento, Édipo já era rei de Tebas e marido de Jocasta, que era a viúva de Laio. Muito tempo tinha se passado desde a morte do outro rei e Édipo não fazia ideia de quem era o assassino, mas decide investigar, pois lhe atormentava a praga que estava destruindo o seu povo e era sua responsabilidade livrá-lo. 

Durante sua investigação, ele consulta um adivinho, que o trata de maneira bem hostil, acusando-o de ser o assassino de Laio. Indignado, Édipo manda o homem desaparecer de sua frente, pois sabia que aquilo era uma grande mentira, uma vez que ele sequer estava na cidade quando da morte do rei. Nem mesmo o conhecia! Desconfiando que o vidente poderia ter se unido a Creonte, seu cunhado, para armar contra ele e roubar-lhe o trono, Édipo trava uma séria discussão com o irmão de sua esposa e nenhum argumento do cunhado é suficiente para afastar o ódio e a desconfiança. 

Cada vez mais transtornado e surdo aos pedidos dos outros para que ele pare com as perguntas e deixe o passado para trás, Édipo não desiste, determinado a parar somente quando obtivesse todas as respostas e encontrasse o maldito assassino.

Mas quando toda a verdade finalmente é revelada... as consequências são as piores possíveis. Porque, às vezes, o melhor é não saber. 

"A todo mundo vai, a uma vez, revelar-se, 
Irmão e pai daqueles que gerou
Marido da mulher de que é filho, e do pai
Sócio no dar semente de si - e matador."

- O trecho acima já nos revela todos os segredos do livro. Vários anos antes, uma maldição terrível atormentou o rei Laio e sua mulher. Segundo o Oráculo, o filho do casal mataria o próprio pai e se casaria com sua mãe. Temendo que algo assim se concretizasse, os pais da criança decidem matá-la, entregando-a a um servo que deveria levá-la até um monte, onde então ela seria deixada à morte. 

Ocorre que o tal servo teve pena da pobre criança inocente e não cumpriu as ordens recebidas. Resolveu entregar o menino para outra pessoa, orientando o homem a levá-lo para o mais longe possível, onde não pudesse ser atingido pela maldição que marcou seu nascimento e a vida de seus pais. 

Criado com carinho por seus pais adotivos, reis de Corinto, e acreditando serem eles seus pais biológicos, Édipo foge da cidade ao receber a mesma previsão que um dia fez seus pais decidirem matá-lo: que ele assassinaria o pai e se casaria com a mãe. Não imaginando que as pessoas que o criaram eram seus pais adotivos, ele fica desesperado e durante a fuga acaba por esbarrar num homem desconhecido a quem mata num momento de raiva. Somente muito tempo depois viria a saber que aquele homem que matara na estrada tratava-se do rei Laio, aquele que também era seu pai...

Após derrotar a Esfinge que causava terror em Tebas, Édipo torna-se rei da cidade e casa-se com Jocasta, a viúva de Laio, com quem tem quatro filhos, sendo um deles Antígona, a protagonista da história de mesmo nome. 

- Este resumo já lhes disse tudo, verdade? Toda a desgraça que atingiu as gerações de Laio começou com a previsão do Oráculo. Se o referido rei e sua esposa não tivessem aberto mão do próprio filho e decidido matá-lo, sendo ele ainda um bebê inocente e indefeso, toda a tragédia que os atingiu seria evitada. Porque Édipo não matou o pai e se casou com a mãe de livre e espontânea vontade, sabendo quem eles eram. Não. Tudo aconteceu porque ele foi criado por outras pessoas, desconhecendo quem eram seus verdadeiros pais e a maneira como tinham se desfeito dele. 

- Há uma forte questão de "destino" neste livro. É triste observar que Édipo fez de tudo para fugir das previsões que o apavoraram. Ele amava as pessoas que o criaram e por isso mesmo decidiu ir embora, sabendo que sofreria, que sentiria falta deles. Ma não queria de modo algum ser a causa da ruína de sua família e cometer o terrível pecado de casar e ter filhos com a própria mãe. Antes preferia a morte. 

Jamais passou por sua cabeça que o homem que ele matou após ser provocado pelo mesmo na estrada, era o rei da cidade para a qual ele estava indo. E muito menos que era seu pai. Ao casar-se com Jocasta, também seguia desconhecendo quem era aquela mulher. Tudo o que sabia era que ela era a viúva de Laio, nada mais. E mesmo durante suas investigações, demora bastante a juntar as peças. Não só porque fosse difícil imaginar tal absurdo, mas também porque ele negava-se a encarar a verdade. Quando tudo começa a empurrá-lo para tal revelação, ele prefere ter esperança de que no fim a verdade revele-se outra e não algo tão terrível como a concretização de uma antiga maldição. 

Todas as tentativas do protagonista para fugir do destino mostram-se em vão. Justamente ao tentar escapar daquele pesadelo é que ele segue na direção dele. E isso fica nítido quando terminamos a leitura. Como se a história nos quisesse dizer que é impossível evitar o destino. Que aquilo que está escrito irá acontecer e ponto final, independente do quanto lutemos contra isso. Felizmente, não acredito tanto assim em predestinação. 

"Revelei-me que vim dos que não me convinha,
Vivo com quem não devo, matei quem não podia!"

No fim de tudo, a tragédia chega ao seu apogeu: Jocasta, ao perceber que o homem com o qual casara-se era o filho que um dia tentou matar, se suicida. Édipo, ao encontrar o corpo de sua mãe e esposa e destroçado por todo aquele horror, fura os próprios olhos, para nada mais ver e terminar seus dias em tormento, como punição por seus pecados. 

- E não, gente! Eu não tenho paciência e estômago para essas tragédias gregas. Nem para as que não são gregas, como as de Shakespeare, só para registrar.rs Reconheço a importância delas, que são clássicos mundiais, estudadas até hoje em diversas áreas, mas não irei me habituar a lê-las. Pararei em Antígona, que é uma das minhas próximas leituras. 

- E o que achei da estrutura do livro, já que trata-se de uma peça, algo que afirmei não apreciar muito? Para falar a verdade, gostei da construção da história, ainda que em forma de peça. É uma leitura fácil. Porém não é o que mais gosto de ler.rs



Rei Édipo foi minha escolha para o tema deste mês do Desafio 12 Meses Literários. Na verdade, eu tinha escolhido Vingança Arriscada - Sara Craven, mas acabei lendo o livro bem antes.kkkkkk... Assim, tive que escolher um livro novo. O tema de agosto é: um livro com menos de 200 páginas
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