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2 de agosto de 2020

Para Sempre - Kim e Krickitt Carpenter



Literatura norte-americana
Título Original: The vow
Tradutor: Ivar Panazzolo Júnior
Editora: Novo Conceito
Edição de: 2012
Páginas: 144

41ª leitura de 2020 (40ª resenha do ano) 

Sinopse: A vida que Kim e Krickitt Carpenter conheciam mudou completamente no dia 24 de novembro de 1993, dois meses após o seu casamento, quando a traseira do seu carro foi atingida por uma caminhonete que transitava em alta velocidade. Um ferimento sério na cabeça deixou Krickitt em coma por várias semanas. Quando finalmente despertou, parte da sua memória estava comprometida e ela não conseguia se lembrar de seu marido. Ela não fazia a menor ideia de quem ele era. Essencialmente, a "Krickitt" com quem Kim havia se casado morreu no acidente, e naquele momento ele precisava reconquistar a mulher que amava. Para sempre é uma história verdadeira sobre a reconstrução de um casamento depois de um evento traumático que poderia ter feito a maioria das outras pessoas desistir, mas que para eles foi a chance de um novo começo.




Quem olhando para esta capa não se lembra do filme?! A história da moça que ficou com amnésia após sofrer um acidente de carro e que não se lembrava mais que era casada conquistou milhares de fãs logo após seu lançamento. Um filme que eu assistia muito no passado. E que me encantava! Todo o amor do mocinho, seu sofrimento e sua dedicação em reconquistar aquela que tanto o tinha amado... E foi justamente por amar muito o filme que acabei adquirindo o livro, que contaria a história real de Kim e Krickitt Carpenter, que tiveram suas vidas profundamente modificadas após um sério acidente de carro. 

Eu tenho o livro desde 2012 e só agora em julho realizei a leitura.rsrs Não me perguntem os motivos para ter levado oito anos para ler a história, pois nem eu sei explicar!kkkkkk O importante é que finalmente li. 

Kim e Krickitt nunca imaginaram que se conheceriam, muito menos daquela maneira. Através de um telefonema. Para uma loja de produtos esportivos. Kim era técnico de beisebol de uma universidade e estava precisando de uma jaqueta nova, então telefonou para encomendá-la. Krickitt era atendente na referida loja e a conversa que tudo tinha de profissional acabou por encantá-lo. A voz dela... simplesmente mexeu com ele. A partir daquele momento ele sentiu uma necessidade de sempre ligar para a loja, com as mais estúpidas desculpas, só para poder ouvir sua voz... conversar com ela. 

Não demorou para que eles percebessem que aquela situação não poderia continuar. Estava na hora de trocarem os números de telefones pessoais e pararem de fingir que só queriam falar de produtos esportivos. As conversas foram se tornando mais íntimas, não desejavam desligar mesmo depois de horas conversando e o próximo passo seria conhecerem-se pessoalmente. 

Mesmo com a distância e as dificuldades para se verem, o relacionamento prosseguiu, tornando-se cada vez mai sério. Até que eles perceberam que precisavam se casar. Dar o passo que tanto desejavam, já que se amavam e acreditavam que Deus os tinha unido. E, no dia 18 de setembro de 1993, o casamento finalmente aconteceu, um dia que ficaria para sempre na memória de quase todos ali presentes, felizes por aquele casal tão jovem e tão apaixonado. 

1 de novembro de 2018

Ladrão de Almas - Alma Katsu

(Título Original: The taker
Tradutora: Ana Paula Doherty
Editora: Novo Conceito
Edição de: 2012)


No turno da noite de um hospital no estado do Maine, o Dr. Luke Findley espera ter outra noite tranquila com lesões causadas pelo frio extremo e ocasionais brigas domésticas. Mas, no momento em que Lanore Mcllvrae - Lanny - entra no pronto-socorro, muda a vida dele para sempre. Uma mulher com passado e segredos misteriosos, Lanny não é como as outras pessoas que Luke conheceu. E Luke fica, inexplicavelmente, atraído por ela... mesmo sendo suspeita de assassinato. E conforme Lanny conta sua história, uma história de amor e uma traição consumada que ultrapassam tempo e mortalidade, Luke se vê totalmente seduzido. 

Seu relato começa na virada do século 19 na mesma cidadezinha de St. Andrew, quando ainda era um templo puritano. Consumida, quando criança, pelo amor que sentia pelo filho do fundador da cidade, Jonathan, Lanny fará qualquer coisa para ficar com ele para sempre. Mas o preço que ela tem de pagar é alto - um laço imortal que a prende a um terrível destino por toda a eternidade. E agora, dois séculos depois, a chave para sua cura e salvação depende totalmente de seu passado. 

De um lado um romance histórico, de outro uma narrativa sobrenatural, Ladrão de Almas é uma história inesquecível sobre o poder do amor incondicional, não apenas para elevá-lo e sustentá-lo, mas também para cegar e destruir. E revela como cada um de nós é responsável por encontrar o próprio caminho para a redenção. 



Palavras de uma leitora... 



- Ontem foi o Dia das Bruxas e fazia parte dos meus planos publicar a resenha antes da meia-noite, mas só terminei a leitura bem tarde e tive que adiar a resenha para hoje. Todavia, a verdade é que gostaria de não escrever nada. Do mesmo modo que queria não ter lido este livro macabro. 

Não tenho estômago para este tipo de história: tão perversa... tão insuportável. É uma história que só me fez mal e já adianto que nem quero saber de sua continuação! Embora, até onde sei, seja uma trilogia, me basta o primeiro livro. Dispenso o resto. 

- Ganhei este livro no final de 2012, num amigo oculto. Ele veio com aquela etiqueta da Saraiva que permitia a troca por outro no prazo de 30 dias. Percebo agora que deveria ter trocado!rs Mas na época, embora tenha ficado com medo do ar sombrio da capa e título resolvi guardá-lo até ter coragem de lê-lo. E, seis anos mais tarde, achei que tinha chegado o momento e o enfiei na lista do Desafio 12 Meses Literários. Programei a leitura para o mês das bruxas mesmo sem saber o que de sobrenatural existia na história. Tudo o que eu sabia é que tinha imortalidade, mas não sabia se os personagens eram vampiros, lobisomens, bruxos etc. 

Se vocês iniciarem a leitura deste livro acreditando que trata-se de um romance histórico e sobrenatural irão se decepcionar terrivelmente. É uma história meio de época sim (sendo intercalados acontecimentos do presente com cenas do século XIX, bem como do século XIV) e a alquimia, bem como a magia negra se fazem muito presentes. E tem essa questão da imortalidade, que dá o tom sobrenatural ao livro. Mas o romance? Aquele romance de amor? Esqueçam! Todo o amor presente nesta história é doentio. Abusivo. Repugnante. Letal. Jamais em suas vidas queiram ser o objeto de amor de um demônio. Este livro mostra o lado mais perverso da natureza humana e como um sentimento aparentemente capaz de despertar apenas o bem pode ter um lado sombrio... um lado destruidor. Mas a verdade é que não considerei o sentimento que tomava conta dos personagens como amor. Era a mais completa obsessão, isso sim. 

Só para deixar registrado: esta resenha poderá conter spoilers. É uma grande possibilidade. 

- A história começa no século XXI quando um médico é surpreendido por algo fora do comum, naquela pequena cidade do interior: uma moça foi levada até o hospital para que ele verificasse se ela estava ferida. Nada tão absurdo assim se não fosse pelo fato de ela ser suspeita de um assassinato brutal, que confessara. Sua roupa ainda estava suja com o sangue de sua vítima e algo assim jamais tinha acontecido naquele lugar. E o que já era ruim piora quando ele é deixado a sós com a prisioneira, para os procedimentos de praxe. Se não bastasse todo o estresse que estava passando em sua própria vida, com a morte dos pais, o divórcio e a ida de suas filhas com a mãe para longe, ainda existia aquela sensação... de conhecer a jovem assassina de algum lugar, embora não soubesse de onde. 

Lanore, ou simplesmente Lanny como era chamada pelo homem a quem acreditava amar, passou a vida quase toda sem confiar em ninguém. Sem poder dividir seu grande segredo com qualquer outra pessoa até conhecer Luke, o médico que a atendia. Sem pensar muito a respeito ela resolveu confessar a ele toda a verdade e buscar a sua ajuda para fugir do país. Precisava fazê-lo entender que Jonathan desejara a morte... que as sucessivas facadas eram a maneira que ela tinha para se redimir... para consertar um erro muito antigo. Com a morte liberava Jonathan de uma eternidade de sofrimento. De uma eternidade de... vazio e arrependimento. 

No início, Luke não acreditara em nada do que Lanny dizia. Era muito conveniente dizer que o homem cujo corpo estava abandonado na floresta desejara morrer, que foi uma espécie de suicídio. Mas alguém que quisesse se matar escolheria outros métodos. Não iria querer ser esfaqueado até a morte. Mas quando Lanny corta a si mesma na frente de Luke, na tentativa de lhe provar o impossível, ele finalmente é forçado a enxergar que existiam coisas no mundo que nem a ciência poderia explicar. Que existia muito mais entre o Céu e o inferno do que algum ser humano um dia seria capaz de entender. E uma delas era o fato de Lanny poder provocar ferimentos sérios em si mesma e tê-los cicatrizados em instantes. Porque a mortalidade há muito deixara de ser uma preocupação. No dia em que foi transformada e perdeu sua alma para sempre. 

Mesmo achando que tinha enlouquecido, que existia algo de muito errado com sua cabeça, Luke acaba ajudando a prisioneira a fugir e durante sua viagem até o Canadá conhece, através das memórias dela, um passado de muito sofrimento e depravação. Um passado de decadência e mortes... de tortura... de pesadelos que jamais a abandonariam. Eles voltam, pelas lembranças dela, ao século XIX quando tudo começou... embora a pessoa responsável pela sua grande ruína já existisse desde o século XIV, apenas aguardando, pacientemente, o momento em que seus caminhos se cruzariam. O demônio existia. Belo e sedutor e mais cruel do que qualquer ser humano poderia ser capaz de imaginar...

- Quando a história começou eu não fazia muita ideia do que realmente se tratava. Do "alto" do meu conhecimento de histórias sobrenaturais (algumas poucas experiências com romances sobre vampiros, lobisomens, bruxos e alguns outros livrinhos fora do comum) acreditava que era um romance. Que ainda que existisse crueldade e obstáculos no caminho dos protagonistas, existiria amor. Que mesmo um personagem anti-herói seria capaz de encontrar seu lado bom e proteger a amada de tudo e todos, mas não. O livro passa bem longe disso. Como eu disse, todo e qualquer "amor" nesta história é doentio. De uma forma... ainda sinto náuseas. Aquela sensação sufocante de quando estava lendo. 

Comecemos pela história entre a Lanore e o Jonathan que se tornaram inseparáveis quando ela estava com doze e ele com quatorze anos. Embora ela pertencesse a uma família humilde e ele fosse o filho do homem mais importante da pequena cidade onde nasceram, se deixava iludir, acreditando que um dia Jonathan perceberia que tinham nascido um para o outro, que sempre estariam juntos. Conforme nós leitores conhecíamos o caráter desprezível do personagem percebíamos que a mocinha estava apenas se enganando. E que pagaria caro por confiar tão cegamente no amor de alguém que sabia que era fraco e jamais na vida consideraria largar a vida boa por ela. Deveria ter servido como exemplo a história dele com Sophia, uma jovenzinha casada que se apaixonou por ele e engravidou, sendo abandonada quando mais precisava daquele que dizia amá-la. Sabendo que estava perdida por ter engravidado de outro numa cidade tão pequena e puritana e estando com o coração partido por Jonathan não ter ficado ao seu lado, a moça se suicidou. Uma cena bem chocante, sobretudo porque a protagonista do livro teve uma participação indireta nisso. Quando falo de obsessão... não estou brincando. Tudo começou ali, ainda na pequena cidade, quando Lanore deixou-se tomar tão completamente pelo suposto amor por aquele homem, cometendo o pecado que uma amiga tinha dito para ela nunca cometer: trair outra mulher por causa de um homem. Que homem algum merecia algo assim, que as mulheres deveriam estar unidas e não trair umas às outras. Mas Lanore não quis ouvir. Cega por sua raiva, por seu ciúme, participou indiretamente da morte de Sophia e ali começou a perder sua alma. Bem antes de Adair aparecer em sua vida. 

Mas o castigo não demorou a vir... do mesmo modo que ocorreu com Sophia, Lanore se viu de repente grávida e abandonada por ele... que no mesmo dia em que ela revelou sua gravidez ele contou que estava noivo de outra e diante dela beijou a escolhida de seus pais, anunciando para a cidade o feliz acontecimento. Destroçada, sem saber o que fazer e tendo Sophia todo tempo invadindo sua mente, a mocinha chegou a considerar acabar com tudo da mesma forma, mas não tinha a mesma força... não conseguiria fazer algo assim. Ainda mais porque, independente de qualquer traição da parte dele, o bebê que carregava em seu ventre era tudo o que lhe restaria de sua história com Jonathan. Porém, ao contar a verdade aos pais, se viu ainda mais desamparada. Expulsa por eles, foi enviada para Boston, onde deveria permanecer presa num convento até o nascimento da criança... que seria arrancada de seus braços e entregue a alguma família católica, para "remissão" dos pecados da mãe. 

Sozinha num lugar desconhecido, pois nunca tinha saído de sua cidade natal, a única certeza que Lanore tinha é que não poderia permitir que a levassem para aquele convento, que lhe arrancassem seu filho. Por isso, decidiu abandonar o navio no qual aguardava aqueles que a aprisionariam e caminhou pelas ruas de Boston, disposta a encontrar um lugar para ficar, embora não fizesse ideia de como sobreviveria, do que faria de sua vida. Foi quando eles apareceram... tão elegantes, tão simpáticos. Os heróis dispostos a resgatarem uma mocinha perdida e assustada. E por que não confiar neles se pareciam tão bondosos? Além disso, aqueles dois jovens estavam acompanhados por uma mulher. Não deveria existir perigo. Poderia passar apenas uma noite hospedada na casa deles ou do anfitrião que daria a festa para a qual eles se dirigiam quando a encontraram. Tudo estaria bem, tentou acreditar. Mas no fundo do seu coração sabia que algo muito ruim aconteceria. Que nada jamais seria igual. 

- O que vocês acham que é o inferno? Eu não sei bem. Imagino que seja um lugar de muita dor, onde nossos piores medos estão vivos e nos atormentam pela eternidade. Mas de uma coisa eu sempre tive certeza: o inferno pode ser vivido aqui, na Terra. E muitas pessoas passam por ele. Uma mãe que perde um filho, uma pessoa que é sequestrada e separada de todos que ama, alguém que é vítima das piores violências... existem diferentes tipos de inferno. E Lanore passa por muitos deles. 

Dá para terem uma noção do que acontece com a Lanore quando ela se deixa conduzir por aqueles estranhos "bondosos", certo? Ao chegar na propriedade e desejar partir, é logo impedida... justamente pela mulher na qual ela achava que poderia confiar. Levada até o dono da casa é observada por ele e dispensada para ser preparada para os acontecimentos. Não demora nada para ela ser drogada e acordar com um homem em cima dela... um de vários que a usariam naquela noite, enquanto Adair, o tal anfitrião, se deliciava observando seu sofrimento, ouvindo seus gritos e seu desespero. Quando tudo termina, ela está a apenas alguns poucos dias da morte. Além de estar com o corpo extremamente dolorido e com marcas por todas as partes, uma perfuração no intestino estava lhe arrancando a vida. Desejando apenas sobreviver até poder dar à luz ao seu filho, ela implora por um médico, mas Adair se nega. Resolve ele próprio curá-la com seus conhecimentos de alquimia, mas quando tudo falha e Lanore começa a agonizar, ele decide que quer muito mais do que obteve... que não estava satisfeito com tudo o que aquela menina tinha passado nas mãos dele e de outros (a mando dele). Por que se privar de ter mais? Por que não dar a ela a vida eterna? Uma vida de escravidão e submissão a ele. Porque no momento que ele a transformasse ela estaria vinculada para sempre. Ele seria seu deus. Seu único senhor. Toda dor deixaria de existir para ela. Nunca morreria... a não ser que ele quisesse. Porque ele seria o único capaz de feri-la ou matá-la. Por suas mãos e intenção

É assim que, utilizando de um conhecimento obtido muitos séculos antes, Adair traz Lanore de volta à vida. Ela morre por conta da infecção causada pela perfuração no intestino (resultado dos estupros violentos), mas volta a respirar chamada pelos feitiços dele. Não era mais humana. Embora se sentisse uma pessoa, tudo nela pertencia a ele. O que quer que ele fosse era impossível lutar. E o suicídio não era uma opção, porque não tinha mais a escolha de morrer. Ainda que tentasse não aconteceria. Somente ele poderia matá-la. Somente ele poderia feri-la. E como ele queria lhe causar dor! 

- Se vocês pensam que isso é tudo de cruel que se passa na história podem pensar de novo! Não, gente. Isso é só um pouquinho. O livro é recheado de violência, de estupros por todo lado, das crueldades mais inimagináveis. Torturas e assassinatos que te causam verdadeiro pânico. Lembro que quando eu estava lendo e comentei num grupo de leitura que jamais perdoaria o Adair pelo que ele tinha feito com a Lanore, que ele era a própria personificação do diabo uma leitora disse que eu mudaria de ideia, que conheceria o passado dele e entenderia por que ele era assim. E que ele mudaria. Bem... Sobre o fato de ele ter um passado traumático eu disse para ela e é o que sigo pensando: nada justifica. Muitos psicopatas possuem um passado de sofrimento, mas isso não os isenta de culpa alguma. Suas vítimas não têm culpa do que alguém no passado deles lhes fez. E quando eu conheci o passado do diabo do Adair realmente fiquei bem chocada. Tudo o que acontece com ele é brutal, monstruoso. Eu iria preferir a morte. Mesmo assim é impossível perdoá-lo. Porque ele se torna uma pessoa mil vezes pior que seu algoz. Ele desconta em todos que aparecem em sua vida as dores que ele passou. E faz tudo ser ainda mais terrível para suas vítimas. E quando ele escolhe não matar uma das vítimas e transforma alguém... cria seres para serem como ele: vazios de qualquer sentimento que não seja o ódio. E como ele é o "tomador", o "ladrão" de suas almas elas ficam presas a ele. Homens e mulheres (Donatello, Alejandro, Tilde, Uzra e... Lanore). E ele pode fazer o que bem quiser e exigir o que desejar. Como obrigá-los a obterem novas vítimas para ele se saciar. E fazê-las participarem ainda por cima. Quando Lanore decide salvar uma menina, uma jovenzinha de quatorze anos que foi levada até a propriedade dele para ser o novo "brinquedo" nas mãos dele e de outros, quando ela ajuda a garota a escapar e resolve fugir... Nossa! É horrível. Ele a encontra fácil, fácil. E quando a leva de volta... Vocês não querem saber o que ele faz com ela. E isso porque ele a ama!kkkkkkk... Ele realmente acredita que se importa com ela como nunca se importou com ninguém e por isso ela é sua e lhe daria o que ela quisesse. Como eu disse antes: nunca queiram ser o objeto de amor de um demônio. Porque o amor dele é pior que o ódio. Adair tortura a Lanore como nunca tinha feito antes. Tudo o que ela sofria nas mãos dele (os estupros naquela primeira noite que a sentenciou à morte, as surras...) nada se compara com o que ele faz com ela no dia que ela salva a garota e tenta fugir. Até mesmo seus outros transformados entram em pânico, porque a crueldade dele assusta a todos. Ela se recupera fisicamente, claro. Porque ao menos que ele a matasse ela não podia morrer. Então qualquer dano físico tinha recuperação. Mas aquele dia a marca profundamente... porque nunca tinha sentido tanto pânico e tanta certeza de que não podia se livrar dele. Que estaria eternamente presa a uma vida no inferno. 

- Mesmo com todos os spoilers vocês ainda não sabem metade do que acontece nesse livro. E não pensem que a Lanore é sempre vítima. Tudo o que aconteceu com ela foi horrível. Insuportável. E eu sofri com tudo aquilo. Desejei poder ajudá-la, quis matar o Adair com minhas próprias mãos (mesmo sabendo que ele era imortal), mas a mocinha dessa história não é uma personagem boa, queridos. Vocês podem ter uma noção disso pelo que ela faz com a Sophia. Embora ela não fosse do tipo que queria gratuitamente ver a desgraça de alguém e se importasse sim com algumas outras pessoas, ela possui um lado bem obscuro, um lado que se deixa seduzir pela perversidade do Adair e do mundo que ele lhe apresenta. Ela era vítima, mas também participava da desgraça de outras pessoas. Não só porque ele a obrigava, mas porque existia um lado dela que gostava daquilo. Um lado podre e que a satisfazia e assustava ao mesmo tempo. Ela era sim prisioneira do Adair e sofria os tormentos do inferno nas mãos dele, mas ao mesmo tempo que queria fugir, ir para o mais longe possível dele... não era só o medo que a impedia de tentar de novo. Mas um desejo perverso de seguir sendo o objeto de veneração dele, por mais tóxico e perigoso que isso fosse para ela. Entendem? O quanto a história é macabra? 

E paro por aqui. Já falei muito. E não desejo seguir pensando nesta história. Quero esquecer que li. Me libertar de toda essa degradação. De todo o pesadelo que esse livro é. A narrativa da autora é muito envolvente. Ela é muito talentosa, mas este tipo de história é para quem curte livros de terror ou romances pesados, do tipo obsessivo e letal. 

P.S.: Quem leu o livro talvez perceba que eu mantive o principal segredo do livro. Que não revelei o segredo mais chocante de todos.rsrs Claro que não! Porque quem decidir se aventurar nessa leitura tem o direito de ficar de queixo caído como eu fiquei quando a verdade foi revelada. 



28 de junho de 2017

Cuco - Julia Crouch

(Título Original: Cuckoo
Tradutor: Tiago Novaes
Editora: Novo Conceito
Edição de: 2012 )

Cuco é um pássaro que rouba outros ninhos... 

Polly é a mais antiga amiga de Rose. Então quando ela liga para dar a notícia da morte de seu marido, Rose não pensa duas vezes ao convidá-la para ficar em sua casa. Ela faria qualquer coisa pela amiga; sempre foi assim.

Polly sempre foi singular - uma das qualidades que Rose mais admirava nela - e, desde o momento em que ela e seus dois filhos chegaram na porta de Rose, fica óbvio que ela não é uma típica viúva. Mas quanto mais Polly fica na casa, mais Rose se pergunta o quanto a conhece. Não consegue parar de pensar, também, se sua presença tem algo a ver com o fato de Rose estar perdendo o controle de sua família e sua casa.

Enquanto o mundo de Rose é meticulosamente destruído, uma coisa fica clara: tirar Polly da casa está cada vez mais difícil.

Brilhantemente sombrio e deliciosamente perturbador, Cuco é um romance que penetrará sob sua pele.



Palavras de uma leitora...



- Por onde começo? Estou tão perturbada ainda que não consegui organizar meus pensamentos. E não faço ideia do que de fato sinto por esta história. Tudo o que sinto, sabe. Porque o único sentimento que consigo nomear até agora é o da repulsa. 

Fazia tempo que não me arrependia tanto de ler um livro. Deveria ter dado ouvido aos meus instintos e simplesmente me desfeito deste livro anos antes. Sem lê-lo! Sem jamais saber o que estava escondido em suas páginas. Aquela enorme sujeira que está fazendo com que eu própria me sinta suja, nauseada, transtornada. É um livro que não me fez nenhum bem. E o final apenas conseguiu me deixar pior. 

Quero me livrar da energia negativa que esta história deixou. Tudo o que quero no momento é ler um livro que me faça esquecer tudo o que li em Cuco...

"No momento em que levava o cozido para a mesa, olhou para Polly, já sentada e aguardando que fosse servida. Lançava olhares para todos os objetos do ambiente, como se estivesse fazendo algum tipo de cálculo mental."

- O trecho acima já lhes diz algo, não é mesmo? Rose era a única que parecia não enxergar quem de fato era a pessoa que ela estava recebendo em sua casa, permitindo que invadisse o mundo que tão cuidadosamente criara. 

Rose finalmente estava vivendo o que sempre sonhara. Acabara de terminar de construir sua casa ao lado do marido, com o suor, o sangue e as lágrimas dos dois. Nada tinha sido fácil. Lutaram muito para terem o que agora estava ali de pé. E quando parecia que poderiam relaxar e simplesmente curtir a vida ao lado das duas filhas, uma única ligação ameaçou toda a tranquilidade e futuro de sua família. 

Christos, melhor amigo de Gareth (seu marido) e esposo de Polly, estava morto. E sua melhor amiga, desamparada com dois filhos para criar, estava saindo da Grécia de volta para a Inglaterra. Profundamente abalada pela notícia chocante, Rose imediatamente ofereceu a sua casa para abrigar a família despedaçada. E aquele foi o maior erro de sua vida. 

"Rose editara seu passado meticulosamente para o consumo público. Teve de fazê-lo. Apenas Polly, que jurara segredo, sabia de tudo. Haveria perigo naquele olhar?"

- Antes mesmo de Polly descer do avião, o mundo de Rose já começara a sofrer os primeiros abalos. Gareth não estava contente com a vinda de Polly, não a queria em sua casa, contaminando tudo com a sua presença. Ele parecia enxergar o que Rose não queria, mas a insistência da esposa não lhe deu outra alternativa senão aceitar, de maneira bastante relutante, a vinda daquela mulher. 

- Não demora nada para que Polly comece a demonstrar para que veio... Sutilmente, ela começa a tomar conta de tudo, destruindo a influência que Rose tinha sobre sua própria família e colocando todos os que ela amava em perigo. Seria tarde demais quando ela finalmente abrisse os olhos? Quanto já teria perdido? O que ainda poderia salvar?

"Para você é fácil, Rose, com tudo isso, com sua bela casa, seu belo marido, com a porcaria de suas belas crianças...
- Polly...
- Para você tudo deu certo, não foi?
- Isso não é justo.
- Não é justo mesmo."

- Estou até agora tentando entender de onde a Rose tirou a ideia de que aquela vadia maldita era sua amiga. Como ela pôde um dia acreditar em tal coisa? Será que era simplesmente cega, masoquista ou mesmo uma completa imbecil? Que ela tenha encontrado refúgio em Polly quando eram crianças, eu até entendo. Mas com base no pouco que é revelado sobre a adolescência das duas, Rose tinha bastante ideia do verdadeiro caráter daquela mulher, de como ela sempre tinha feito de tudo para arruinar a sua vida. Mas ela não conseguia, não era capaz de tirar Polly de sua vida, de acabar de uma vez por todas com a influência que aquela cobra exercia sobre ela. E por esse motivo mergulha num verdadeiro inferno, vendo todos os seus sonhos, sua família, tudo o que ela amava sendo calculadamente destruídos. 

"- Rose?
Sentiu a mão de Gareth deslizando suavemente sobre seu ombro e virou-se para olhá-lo.
- Sim?
- Eu te amo tanto - falou ele.
E se beijaram sob a fulgurante luz do sol."

- Ainda que eu não tivesse lido a sinopse, teria percebido o que a Polly estava planejando. Ela dá todos os sinais desde o princípio. Suas palavras, seus olhares, seus sorrisos frios, suas atitudes, tudo revelava a inveja e o ódio que ela sentia da Rose, da vida que ela tinha conquistado e que era bem diferente da que Polly tinha. Estava mais do que na cara que ela queria arruinar tudo aquilo. Que tinha voltado, com seus dois pequenos filhos como desculpa, para poder tirar de Rose o que ela tinha, para poder realmente destruí-la. Bela amiga, não acham?!

Rose, presa ao passado que dividira com aquela mulher, e pela piedade que sentia por ela ter perdido o marido que amava e estar desnorteada com duas crianças pequenas para criar, ignorou todos os sinais. Simplesmente a acolheu, disposta a cuidar dela, a fazer sua amiga se sentir em casa, protegida, para ter o apoio necessário para recomeçar. Mas com o tempo ela começa a perceber que sua própria vida está saindo dos trilhos, que suas crianças já não são as mesmas e seu marido, que rejeitava completamente a presença de Polly antes, agora estava bastante próximo dela e mais e mais distante de Rose. O que estava acontecendo? Como ela poderia estar perdendo o controle de tudo daquela maneira? E por que se sentia às vezes tão cansada e zonza, como se estivesse longe do mundo? 

"As palavras de Gareth foram tão súbitas, tão acabadas, que ela não conseguia deixar de pensar no que Polly havia feito para mudá-lo."

- Não sei se rio ou se choro com o trecho acima. Sério que ela não sabia o que Polly tinha feito para transformar de maneira tão drástica o seu marido? O que mais me surpreende é que Rose conhecia aquela rameira dos infernos. Tinha passado muitos anos de sua vida ao lado dela. Conhecia seus segredos, suas sujeiras, a maneira como ela não dava a mínima para os sentimentos de ninguém e simplesmente pegava o que queria. E ainda assim ela se recusava a ver! Polly destruiu a vida da protagonista, não tenho dúvidas disso, mas Rose permitiu que ela fizesse isso. É tão culpada quanto a maldita por tudo o que aconteceu. Talvez seja ainda mais culpada que ela, pois deixou sua família nas mãos dessa desgraçada. 

"[...] Você precisa tirar ela de sua casa. Estão armando uma tragédia para você, Rose. Ela é perigosa."

- Conforme as coisas vão dando errado no lar da Rose, com seus animais queridos aparecendo misteriosamente mortos e sua bebê ficando internada entre a vida e a morte num hospital, até mesmo as pessoas de fora começam a perceber o que estava acontecendo. Não demora para que a alertem do perigo que estava ali dentro, que a incentivem a mandar Polly embora, mas Rose se recusa a lhes dar ouvidos. Primeiro, porque quer acreditar que tudo foi acidente e depois... porque sua "melhor amiga" começa a não deixar dúvidas de que revelaria seus segredos se fosse obrigada a partir. Que iria embora, mas não sem antes trazer à tona o passado. 

Presa numa armadilha, ela já não fazia ideia de como consertar tudo. Como fazer com que o tempo voltasse e jamais tivesse recebido Polly em sua casa. Todavia, quando ela finalmente abre os olhos e busca uma saída, já é tarde demais. Já não seria possível salvar sua família. Não seria mesmo.

"Aqui começa a última etapa do jogo, pensou. Testemunharei o final disso tudo."

- Foi com muito sofrimento que terminei a leitura deste livro. Tudo o que eu desejava era fechar as páginas e mandá-lo para bem longe de mim. Não suportava mais ver o que estava acontecendo naquela casa, não aguentava imaginar como tudo terminaria, a destruição que tomaria conta de tudo. Eu sentia raiva, tristeza, desprezo, nojo, repulsa... tinha vontade de arrancar a Polly dali com minhas próprias mãos, de mandá-la para o inferno do qual ela com certeza saiu e impedir que ela conseguisse o que desejava. Mas eu não podia fazer nada senão ver o que aconteceria. Me sentia impotente, desesperada e sem nenhuma esperança de um final feliz. 

Até porque não é um romance, gente. Não tenham a ilusão de que tudo vai dar certo no fim. Não. Este livro é um thriller psicológico que te garante desde a sinopse que a vida da protagonista vai se transformar num completo inferno. Que seu mundo vai ser destruído. E o livro cumpre o que a sinopse promete. Não estou dando nenhum spoiler. Na verdade, evitei bastante spoilers nesta resenha. Tudo o que contei não vai além do que a contracapa e a orelha do livro revelam. Não é nada comparado ao que vocês encontrarão ao ler esta história. Nada do que eu disse aqui pode prepará-los para o que acontece. Muito menos para o final.

"Seguiu a trajetória do olhar de Polly e viu Gareth fora da casa, no gramado dos fundos da casa, ajoelhado sobre um pequeno corpo prostrado. Ao seu lado, jazia uma arma. [...] 

[...] Virou-se para a casa atrás dela. Polly retomara a sua posição sob o batente da porta. Rose quase tropeçou quando viu a expressão em seu rosto. Demonstrava mais que prazer. Era uma espécie de êxtase petulante. [...]"

- Como disse antes, me arrependo amargamente de ter lido esta história. Eu própria gostaria de voltar no tempo e me impedir de lê-la. Ela simplesmente não me fez bem. Muito pelo contrário! Me deixou destroçada, ansiando por uma justiça que jamais chegou. Tenho a sensação de que o mundo virou de ponta à cabeça, que tudo saiu do lugar, que nada está certo. Por que, me expliquem, como algo pode terminar assim? Não posso aceitar. Não consigo. 

E sim, já estou em lágrimas. Mesmo profundamente angustiada, eu não chorei durante a leitura. Não tinha forças sequer para isso. Mas agora que tudo terminou, sinto aquele nó doloroso na garganta... e uma raiva tão grande que vocês não podem imaginar. 

Sabe o que é pior? Saber que não se trata de pura ficção. Embora seja um thriller psicológico, uma obra de ficção, é impossível não perceber que existem diversos casos assim espalhados por aí. Confiar pode ser o pior erro de uma pessoa, pode ser a arma que usarão para destruir a sua vida. Já disse antes aqui e repito: cuidado, gente! Muito cuidado com as pessoas que estão ao seu redor, com quem você permite que entre na sua casa, que esteja perto de sua família. Existem pessoas que não precisam pegar uma arma ou qualquer outro objeto mortal para acabar com a vida de alguém. Existe uma coisa chamada influência e outra chamada inveja. Minha avó sempre disse que não existe nada mais destruidor que a inveja de alguém. Eu acredito nisso. Por isso, hoje em dia não confio facilmente. Muito pelo contrário, sempre que confio é desconfiando. Eu aconselharia vocês a fazerem o mesmo. É terrível demais ver alguém ser destruído por confiar em alguém, por acreditar numa pessoa e permitir que ela invada sua vida. Isso é simplesmente desesperador. 

- Polly é o próprio mal. Lembro claramente que quando ela chegou, quando desceu daquele avião, eu tive a sensação de que ela começava a espalhar uma nuvem negra sobre a vida da protagonista apenas com sua presença. Ela possuía uma energia tão negativa que eu me arrepiava e chegava mesmo a sentir medo. Parecia que ela saía das páginas do livro... seus olhares... seus sorriso... era tudo tão venenoso e calculado, tão maligno que eu sentia pavor. Verdadeiro pavor. Ainda não me recuperei. Continuo aterrorizada por esta história. E por esse demônio em forma de gente.

"[...] Mas você é quem faz tudo isso existir - falou, abrindo os braços para a casa. - Sem você, tudo isso aqui não seria nada. Sem você, eu não seria nada. [...]"

- Nunca irei perdoar a Rose. Isto está fora de cogitação. Não sei quem eu desprezo mais. Se a Polly ou ela. Sim, Polly é o coisa ruim em pessoa, mas Rose deu poder a ela, permitiu que ela entrasse em sua casa, que se aproximasse de sua família. Todo o poder que aquele troço ruim tinha era porque Rose tinha permitido. Não posso ter pena de uma protagonista tão imbecil, tão passiva, tão irresponsável com a própria família. Ela conhecia a peste que estava entrando em seu lar. Era sua obrigação impedi-la. Mas não! Não tinha coragem! Era uma covarde estúpida que não era capaz de se livrar da influência daquela praga! Polly conhecia seus segredos e daí? Ela não era nenhuma criança. Se esta era a ameaça que a víbora usava, então estava na hora de tirar dela a chance de cumprir o que prometia. Rose poderia simplesmente ter aberto o jogo. Contado tudo. Ela optou por não fazê-lo e as consequências foram graves.

- E aquele final... Respira fundo, Luna! Sinto náuseas só de lembrar. Talvez exista quem considere um ótimo final. Não contarei o que acontece, claro. Mas eu achei uma porcaria completa. Tenho total certeza de que nunca mais lerei nada desta autora. Deus me livre!

- Já li livros pesados, gente. Histórias terríveis como Corações Feridos, A Lista do Nunca, Viva para Contar, Restos Humanos, No Escuro e muitas outras. Estou acostumada com esse tipo de história. Mas Cuco tem algo além... Algo que me dá arrepios, que me faz querer distância de outros livros dela. Não sei se a Julia Crouch voltou a escrever algo depois deste livro e nem quero saber. Simplesmente quero distância. 

Não estou dizendo que ela não seja uma ótima escritora. Na verdade, é uma escritora maravilhosa, que te envolve por completo! Não dá para largar o livro por mais que você queira. A narrativa é incrível, tudo se entrelaça, tudo se constrói de uma maneira impressionante. Ela tem talento, criatividade e sua história é uma das melhores que li, se eu for considerar a originalidade e a maneira como ela é desenvolvida. Todavia, por causa dos sentimentos que ela me provocou, por causa da estupidez da protagonista e as consequências disto, eu não suportaria ler outra história dela no mesmo estilo. Não aguentaria. 

- Uma coisa que preciso comentar é que ninguém é santo nesta história. Claro, como seres humanos somos todos imperfeitos. Cometemos erros, temos passado, isso é natural. Mas não estou falando disso. Estou dizendo que todos (exceto as crianças, é claro) tinham algo a ocultar. Não simples erros, mas coisas que iam além disso. Rose, que como protagonista deveria ser diferente, está realmente bem longe de ser um anjinho. As coisas que ela fez... se eu não tivesse detestado ela por ser tão estúpida, de qualquer forma não a teria perdoado. Ela tinha grande parcela de culpa pelo que estava acontecendo. Ela me dá nojo. 

Claro que ela também tem qualidades. Nunca diria que ela não amava profundamente as suas filhas, que não se importava com os filhos da Polly, que não se arrependia de suas escolhas do passado. E ela sofreu muito. No lugar dela, não sei o que teria feito (estou me referindo ao passado dela). Ela era só uma menina perdida, necessitando de carinho, de apoio, de ajuda. Isso eu posso compreender. E ela era uma mãe muito amorosa, até mesmo com os filhos dos outros. Isso eu não nego. Mas... ela faz algumas coisas desprezíveis... que me provocaram asco. Não tenho força de vontade para perdoá-la. 

"Pela primeira vez reparou que Polly estava ali, sentada, meio coberta pelo canto da poltrona. Seu rosto era sério, mas Rose tinha certeza de que podia ver uma ponta de triunfo em seus olhos."

- Bem... É isso. Recomendo a história? Não! Mas sei que existem pessoas que amaram este livro. E gosto é algo muito pessoal. O livro é muitíssimo bem desenvolvido, a autora é realmente maravilhosa e talvez quem ama suspenses, dramas, histórias mais fortes, goste muito deste livro. Tudo bem que eu adoro suspenses e me arrependo de ter lido este.kkkkkk... Mas isso não significa que vocês também irão se arrepender. Então, deem uma chance ao livro se sentirem vontade! Talvez amem, talvez odeiem a história. Quem sabe?rsrs 




Cuco foi minha escolha para o tema deste mês do Desafio 12 Meses Literários. Em junho eu deveria ler "Um livro com mais de 300 páginas". Este livro tem 461 páginas, então eu cumpri bem a meta.rsrs Infelizmente, foi uma leitura que eu preferia não ter feito. :(

24 de novembro de 2016

Viva para Contar - Lisa Gardner

(Título Original: Live to tell
Tradutor: Ivar Panazzolo Júnior
Editora: Novo Conceito
Edição de: 2012)


Em uma noite quente de verão, em um bairro de classe média de Boston, um crime inimaginável foi cometido: quatro membros da mesma família foram brutalmente assassinados. O pai — e possível suspeito — agora está internado na UTI de um hospital, entre a vida e a morte. Seria um caso de assassinato seguido por tentativa de suicídio? Ou algo pior? D. D. Warren, investigadora veterana do departamento de polícia, tem certeza de uma coisa: há mais elementos neste caso do que indica o exame preliminar.

Danielle Burton é uma sobrevivente, uma enfermeira dedicada cujo propósito na vida é ajudar crianças internadas na ala psiquiátrica de um hospital. Mas ela ainda é assombrada por uma tragédia familiar que destruiu sua vida no passado. Quase 25 anos depois do ocorrido, quando D. D. Warren e seu parceiro aparecem no hospital, Danielle imediatamente percebe: vai acontecer tudo de novo.

Victoria Oliver, uma dedicada mãe de família, tem dificuldades para lembrar exatamente o que é ter uma vida normal. Mas fará qualquer coisa para garantir que seu filho consiga ter uma infância tranquila. Ela o amará, independentemente do que aconteça. Irá protegê-lo e lhe dar carinho. Mesmo que a ameaça venha de dentro da sua própria casa.

Na obra de suspense mais emocionante de Lisa Gardner, autora best-seller do The New York Times, a vida dessa três mulheres se desdobra e se conecta de maneiras inesperadas. Pecados do passado são revelados e segredos assustadores mostram a força que os laços de família podem ter. Às vezes, os crimes mais devastadores são aqueles que acontecem mais perto de nós.



Palavras de uma leitora...



- Ainda estou tentando me recuperar desta história. Só mesmo sendo louca para ler três livros pesados seguidos! Não sei bem o que se passava pela minha cabeça. Talvez eu simplesmente não seja normal. Não seria nenhuma surpresa.rs

Viva para Contar é um daqueles livros dos quais fujo por anos. Faz quase quatro anos que o tenho e só agora busquei coragem para lê-lo. Não acho que foi lá uma boa ideia...

- Tive péssimas noites de sono durante a leitura. Várias cenas se repetiam em minha mente e não conseguia me livrar delas. Até agora sinto toda a carga emocional desta história. São emoções complexas e fortes. Não sei se amo ou odeio este livro. Simplesmente não sei.

"Meu pai matou a família inteira, exceto a mim. Será que aquilo significava que me amava mais do que aos outros, ou me odiava mais do que aos outros?"

A história já começa nos chocando com o assassinato brutal de uma família. O pai se embriagou e resolveu que a melhor coisa era matar a esposa e os filhos, poupando apenas uma pessoa. A filha de 9 anos, Danielle. No meio de todo aquele sangue e dor, ela foi retirada da casa pelo xerife, amigo de sua família, quando já era tarde demais para salvar os outros. Toda sua família estava morta e, quase 25 anos depois, Danielle ainda não conseguia se livrar da certeza de que tudo era culpa sua. E que não possuía o direito de viver.

"[...] E isso dói, porque quero a minha mãe de volta. Mas ela não está mais comigo. Minha memória traiçoeira a matou de uma forma mais forte do que o meu pai fez."

Ela fizera o que esperavam dela. Cumpriu seu papel de sobrevivente. Terminara os estudos e cursara enfermagem, tornando-se uma dedicada enfermeira que há anos cuidava de crianças traumatizadas e feridas das mais diversas maneiras. Naquela ala psiquiátrica, Danielle passava boa parte do seu tempo, sobretudo naquela época, tentando salvar crianças que, muitas vezes, já estavam além de qualquer salvação. Porque ela sabia que somente curando-as poderia obter a cura para si mesma. 

"Agora passo meus dias na ala psiquiátrica de um hospital infantil em Boston, trabalhando com o garoto de 6 anos que já está ouvindo vozes, a garota de 8 anos que se automutila, e o garoto de 12 anos que, absolutamente, definitivamente, não pode ser deixado a sós com os irmãos mais novos."

Mas... quando a investigadora D.D. Warren invade seu refúgio, exigindo respostas e levando notícias aterradoras, ela percebe que tudo está acontecendo de novo. Será que desta vez existiriam sobreviventes?

"Ela conseguiu atravessar a multidão e se agachou para passar por baixo da fita amarela que cercava uma parte da calçada, até finalmente chegar ao epicentro do caos, na cena do crime."

Às vésperas do aniversário de 25 anos da morte da família de Danielle, uma mãe e três filhos são encontrados mortos, dentro da própria casa. O pai estava em estado grave no hospital e tudo indicava que ele os matara e depois tentara suicídio. Algo comum. Que ocorria com mais frequência do que muitos poderiam imaginar. Mas D.D, a investigadora encarregada daquele caso, não demora a perceber que há algo de muito errado acontecendo... Que as aparências estão ocultando alguma coisa ainda mais sombria... Ao final daquele caso, ela nunca mais seria a mesma. 

"E eu penso, como sempre penso durante esses momentos, que ainda o amo. Amo tanto que sinto meu coração se quebrar em mais pedaços que meus ossos. E agora, mesmo em um momento como este, preciso ter cuidado. Não quero machucá-lo."

Victoria sabia o que era abrir mão de tudo, até mesmo da própria vida, por amor. Estava longe de ser a mulher feliz e realizada de oito anos antes. Agora não era nem sombra do que foi um dia. Mas se tivesse que voltar atrás ainda faria as mesmas escolhas. Nada no mundo poderia obrigá-la a sacrificá-lo. Era tudo o que ele tinha e iria amá-lo e protegê-lo mesmo se isso a matasse. Porque cada minuto ao seu lado colocava a vida dela em perigo. O seu bebê... seu filhinho de apenas 8 anos, que ela amava desde o ventre, a queria morta. E um dia, talvez, a escuridão que tomava conta dos seus olhos, transformando-o em alguém bem diferente do seu menino, a mataria. Não importava. Acontecesse o que acontecesse, ela estaria sempre com ele. Jamais lhe viraria as costas. Ele ainda era seu filho.

" - Não quero machucá-la - diz ele, quase como em um sonho, quase adormecendo. Seus olhos azuis se abrem. - Mas eu quero."

- Imagine o que um livro desse pode causar a uma pessoa que adora crianças... Sim, é uma história que atinge qualquer pessoa que a leia, mas para aquelas que, como eu, sentem um carinho enorme por qualquer criança, é um livro ainda mais brutal. A história não apenas nos atinge, ela nos joga no chão. Queremos largá-la, interromper a leitura e arremessar o livro o mais longe possível. Porque o que encontramos nesta história dói demais. É insuportável. 

"Estava sentada, agora, com o rosto limpo, levantado em direção ao Sol, e a leve curvatura dos seus lábios quase fez com que meu coração se despedaçasse."

- Não sou nenhuma ingênua. Sei que existem muitas crianças traumatizadas neste mundo. Crianças que sofreram os mais inimagináveis abusos. Crianças que muitas vezes crescem tão quebradas, tão destruídas por aqueles que deveriam protegê-las, que acabam por se transformarem em alguém como quem as feriu. É uma realidade que não queremos enxergar, mas que não vai deixar de ser real por causa disso.

- Eu já trabalhei com pacientes psiquiátricos. Durante um estágio que fazia. Algumas vezes por semana, entrava no mundo deles e isso me marcou para sempre. Eu chegava em casa tremendo e chorando, buscando, ao olhar para o céu ou gritar com Deus, respostas que não existem. 

São muitas as coisas que existem por trás de uma doença mental, gente. Não só fatores biológicos, químicos, ambientais, etc. Mas também, e sobretudo, familiares. Vocês não fazem ideia de como essas pessoas sofrem. De como é desesperador o mundo delas. De como, muitas vezes, falta amor e humanidade naqueles que estão encarregados de cuidar delas. E o mais doloroso é que o que essas pessoas, tão doentes e perdidas, mais necessitam é de amor e paciência.

Então... considerando que já lidei com pacientes psiquiátricos, o abalo ao ler um livro onde crianças possuem doenças mentais foi muito maior. Meus nervos ficaram destruídos, minhas emoções uma verdadeira bagunça. Eu queria chorar, mas nem as lágrimas aliviavam a angústia que esta história me causou. Não sou forte o suficiente para ler livros assim. Não sou. 

- Em Lei e Ordem - Unidade de Vítimas Especiais, já assisti episódios nos quais crianças foram vítimas de abusos e depois quiseram causar o mesmo dano a outras pessoas. Foram episódios fortíssimos, que jamais esqueci. Também lembro de um episódio no qual o menino tinha um lar estável, uma vida segura e mesmo assim estava muito doente, psicótico, se transformando numa ameaça para toda a família. Não foi algo fácil de ver. Não é algo que eu seja capaz de suportar.

- Neste livro, encontramos desde crianças que foram vítimas das mais terríveis violências até aquelas que possuem pais dedicados e um lar seguro e ainda assim estão doentes... seriamente doentes. Machucando a si mesmas e aos outros. Nunca li nada como esta história. Não é o tipo de leitura que me atrai. É exatamente o tipo que eu jamais queria ter lido.


- Não sei bem o que dizer. Nem estou pensando direito. Este livro mexeu tanto comigo que mesmo agora meus olhos ainda se enchem de lágrimas e sinto um nó na garganta. É totalmente impossível não se envolver pelas famílias destruídas pela maldade de verdadeiros monstros, impossível não chorar com as crianças feridas que estão naquela ala psiquiátrica, fugindo de seus fantasmas, de lembranças que nunca irão embora. Deus! É insuportável imaginar alguém sendo vítima de violência, mas crianças... Crianças, não! Crianças e animais são extremamente frágeis, um trauma pode destruí-los por completo, fazê-los jamais se recuperarem. E se algo acontece com uma criança ou um animal, todos somos responsáveis. Todos os que fingiram não ver, todos que puderam socorrê-los e não o fizeram. 

Uma vez apareceu uma gatinha no quintal da minha casa. Adoro animais, mas gatos são minha fraqueza. Então... ela estava com fome, mas não deixava ninguém se aproximar. Não tive dúvidas de que ela tinha sido machucada por alguém. Eu queria cuidar dela, mas ela não confiava mais em nenhum ser humano. Mesmo assim, eu sempre colocava comida e água para ela. Ela comia e ia embora, às vezes dormia um pouco, mas estava sempre apavorada. Eu não fazia ideia de como ajudá-la. Um dia ela não apareceu mais. Eu soube que ela tinha morrido. Talvez naquele dia estivesse seguindo o caminho lá para casa quando alguém a encontrou e resolveu matá-la. Nunca vou saber quem foi. Isso já faz muitos anos, mas até hoje não consigo esquecê-la. Eu poderia ter feito mais. Mesmo que ela me  arranhasse ou mordesse, eu poderia ter tentado colocá-la dentro de casa e não deixá-la sair. Assim, talvez, ela ainda estivesse viva. Nunca vou deixar de me sentir culpada.

- Basta ligarmos a TV, colocar em qualquer canal onde esteja passando reportagens e veremos a notícia de diversos crimes, incluindo aqueles em que alguém espancou ou matou o próprio filho ou agrediu até a morte um animal. Não aguento mais ver jornais. E me pergunto com frequência como Deus ainda pode nos amar...

- Neste livro, existem três personagens centrais: a investigadora D.D.; Danielle, única sobrevivente do massacre de sua família; e Victoria, uma mãe dedicada ao filho que ora é um anjo ora se comporta como se estivesse possuído e que, sim, seria capaz de matá-la se lhe fosse dada a oportunidade. Aí alguns podem dizer que eu dei um enorme spoiler. Como pode se atrever a revelar que a ameaça que vem de dentro de casa é o filho da Victoria?! Que ele é perigoso?! Bem... Nas páginas iniciais nós já conhecemos o inferno que toma conta dos dias dessa mãe. Não é segredo algum. Não é spoiler algum. Até porque os próprios comentários na contracapa do livro nos dão uma grande ideia disso. Só não perceberia quem não quisesse. Enfim... A vida dessas três mulheres vai se entrelaçar, nos levando até um final de roubar o fôlego. E é tudo o que posso dizer. Mas posso garantir que vocês não fazem a menor ideia de que segredos se escondem nesta história e como tudo terminará...

- Lucy... Uma personagem importante na história. Um anjinho que sofreu muitos abusos e estava tão traumatizada que só se sentia segura quando assumia a personalidade de um gato... apenas agindo como uma gatinha ela era capaz de manter-se calma, de acreditar que tudo que lhe aconteceu não era real. De todos os personagens, creio que Lucy foi a que mais me marcou. E a que mais me feriu. Meu coração está em pedaços por causa dessa menina. O sofrimento dela é capaz de partir o coração de qualquer pessoa que possua um coração. Acredito que daqui a dez, vinte anos... tocarei na capa deste livro na estante e a primeira personagem que invadirá minhas lembranças será ela. 

- Recomendo esta história? Sim. Eu a recomendo. Mas leiam cientes de que o livro vai mexer demais com suas emoções e no final irá marcá-los. Profundamente. 

27 de setembro de 2016

O Céu Está em Todo Lugar - Jandy Nelson

(Título Original: The sky is everywhere
Tradutora: Marsely de Marco Martins Dantas
Editora: Novo Conceito
Edição de: 2011)

"Eu deveria estar de luto,
não me apaixonando..."

Lennie Walker, obcecada por livros e música, tocava clarinete e vivia de forma segura e feliz, à sombra de sua brilhante irmã mais velha, Bailey. Mas quando Bailey morre de forma abrupta, Lennie é lançada ao centro de sua própria vida, e, apesar de não ter nenhum histórico com rapazes, ela se vê, subitamente, lutando para encontrar o equilíbrio entre dois: um deles a tira da tristeza, o outro a consola.

O romance é uma celebração do amor, também um retrato da perda. A luta de Lennie para encontrar sua própria melodia em meio ao ruído que a circunda é sempre honesta, porém hilária e, sobretudo, inesquecível.



Palavras de uma leitora...



"Havia duas irmãs que dividiam o mesmo quarto, as mesmas roupas, os mesmos pensamentos, na mesma hora. 
Essas duas irmãs não tinham mãe, mas tinham uma à outra.
A mais velha caminhava na frente da mais nova, assim a mais nova sempre sabia aonde ir."

- Faz mais de dois anos que tenho este livro guardado na estante, um tanto esquecido "de propósito". Eu queria muito lê-lo, mas apesar da capa belíssima, das letras azuis (minha cor preferida.rs) e páginas coloridas, morria de medo do que poderia encontrar. Um medo que se provou infundado. Para não dizer o contrário.rs

"Ele tem razão. É exatamente isso, sou loucamente triste e, em algum lugar lá no fundo, tudo o que quero é voar."

- Lennie é uma jovem de 17 anos que vê todo seu mundo ser estilhaçado quando sua irmã morre, vítima de uma arritmia fatal. Sem conseguir acreditar em tamanha tragédia, encontra sua própria maneira de fugir da dor e de uma realidade na qual Bailey já não estava. 

Há anos sobrevivia ao fato de não ter uma mãe e sequer saber o nome de seu pai. Lidava bem com isso. À sua maneira. Mas não existia forma de conseguir viver sem Bailey. Não seria capaz de seguir em frente sem ela. E, na verdade, não queria. Tudo que desejava era ter um coração como o dela. E morrer também. Para que pudessem estar sempre juntas.

"A tristeza é uma casa em que ninguém pode proteger você, em que a irmã caçula vai envelhecer mais que a mais velha, em que as portas não deixam mais você entrar nem sair."

- Quatro semanas após a morte de sua irmã, Lennie continua presa no mesmo mundo que criou para afastar-se de todos, acreditando que ninguém a entendia ou sofria como ela. Mergulhando fundo nos livros que tanto ama, mal percebe o mundo ao seu redor, até que ele chega, iluminando seus dias sombrios e a forçando a enfrentar o fato de que ainda respirava. 

"Nunca ninguém me tocou dessa forma antes, nunca ninguém me olhou da forma como ele me olha agora, bem dentro de mim."

- Dividida entre a atração que a lança na direção de Joe e a culpa por estar sentindo algo enquanto sua irmã se decompõe num caixão, ela se sente mais e mais perdida, buscando consolo nos braços da única pessoa capaz de compreender sua dor e fazê-la se sentir mais perto de Bailey... Alguém com quem se envolver seria um pecado. Mas, cega pela dor cada vez mais forte e profundamente confusa, se aproxima de Toby, o namorado de sua irmã... se aproxima de seus braços... de seus lábios... e se deixa envolver pela escuridão dele, por sua dor. E por mais louco que pudesse parecer, quando estava com ele, Bailey estava ali e não morta, não apodrecendo debaixo da Terra. No entanto, a culpa também estava presente, fazendo-a sentir nojo de si mesma, ansiando cada dia mais por desaparecer. 

"Quando estou com ele
  há alguém comigo
 em minha casa de tristeza
 alguém que conhece
 sua arquitetura como eu, 
 que pode caminhar comigo,
 pesaroso, de cômodo em cômodo, 
 fazendo com que toda a estrutura sinuosa
 de vento e de vazio
 não seja tão assustadora, tão solitária
 como antes"

- Presa entre a alegria de Joe e a tristeza de Toby, Lennie percebe que necessita encontrar uma maneira de recomeçar, ainda que seu coração vá estar sempre em pedaços. Mas que escolha fazer? Como traçar um caminho sem sua irmã? Como afastar-se de Toby? E, sobretudo, como ser feliz ao lado de Joe e aceitar todo o amor que sente por ele... se Bailey jamais poderia sentir nada daquilo? Se os sonhos dela estavam enterrados...

Pouco a pouco, a cura que parecia impossível, começa a acontecer... Num caminho de dor e erros, alegrias e recordações... onde Lennie terá que aprender a viver a própria vida, deixando no passado aquela que um dia caminhou ao seu lado.

"Não sou mais a irmã mais nova. Não sou mais uma irmã. Ponto final."

- Embora a capa possa sugerir que se trata de uma história de amor, não é. Bem... Na verdade é uma história de amor sim, mas entre duas irmãs que cresceram juntas e foram separadas pela morte, de uma maneira súbita e inaceitável. 

Apesar de ter toques de romance e ser escrito de uma forma leve e, em momentos, divertida, é um livro que aborda um tema extremamente doloroso e mostra o lento processo de recuperação da protagonista. Uma história que me tocou e me deixou com um nó na garganta.

"Ela não vai estar de volta pela manhã, ou na terça-feira, ou em três meses. 
  Ela jamais vai voltar."

- Não posso sequer imaginar tamanho sofrimento. Ao acompanhar as lembranças da Lennie e seus pensamentos, eu própria me senti perdida, desejando que houvesse uma maneira de trazer a irmã dela de volta, para que nossa mocinha pudesse ter de volta sua própria vida. Mas, infelizmente, quem morre não volta. E é necessário seguir em frente, por mais doloroso que isso possa ser.

"Quem quer ter o conhecimento de que estamos a apenas um suspiro despreocupado da morte? Quem quer saber que a pessoa que você mais ama e de quem precisa pode simplesmente desaparecer para sempre?"

- A dor da Lennie é palpável ao longo de toda a história. Uma dor que sai das páginas e nos atinge, por mais leve que seja a narrativa. Eu consegui rir com os personagens, me deixei envolver por suas tentativas de tornar mais suportável o luto, mas nada foi capaz de me fazer esquecer o que eles estavam passando e como era difícil para todos continuar. 

"Minha irmã vai morrer todos os dias, pelo resto da minha vida. A dor dura para sempre. Não desaparece nunca; torna-se parte de nós, a cada passo, a cada suspiro. Nunca vai parar de doer, Bailey, porque nunca vou deixar de gostar muito de você. É assim que é. A dor e o amor caminham juntos, um não existe sem o outro."

- Para mim, o trecho acima é um dos mais tristes do livro. Somente quem já sentiu a insuportável dor de perder alguém amado pode entender como tal sofrimento não acaba. O tempo não cura. Nunca. A pessoa apenas aprende a viver com essa dor dentro dela e assim seguir em frente, levando consigo as lembranças. 

- O livro não é só dor ou lágrimas. Tem momentos bem divertidos, conversas hilárias, mas tudo gira em torno do luto de Lennie e sua família. Sem falar do Toby, que perdeu a mulher que amava e com quem planejava construir um futuro. É uma história que fala de perda e recuperação, de amor e de como tal sentimento nos machuca quando não somos capazes de salvar quem amamos. Não dá para não chorar com esta história. 

"Sinto a sua falta, digo a ela, não suporto o fato de que você vai deixar de fazer tantas coisas.
  Não sei como o coração suporta isto."

- Algo que me encantou foi o amor incondicional e obsessivo da Lennie pelo livro O Morro dos Ventos Uivantes.rsrs Ela ama ler, mas a história de Heathcliff e Cathy é especial. Aquela que ela leu 23 vezes e carregava para cima e para baixo. Embora nem ela compreendesse como podia amar tanto uma história tão trágica e triste. É algo que também não entendo.kkkkkkkk... Como posso amar tanto O Morro dos Ventos Uivantes?! Logo eu que não sou muito fã de finais assim.

"Olho para nossas mãos e vejo O Morro dos Ventos Uivantes em cima da mesa, silencioso e inofensivo e teimoso como sempre. Penso em todas as vidas desperdiçadas, e todos os amores desperdiçados presos dentro dele."

- É um livro profundamente tocante desde a primeira página. Daqueles que não esquecemos. Nunca. Eu o recomendo muito! Mas leia com uma caixa de lenços ao lado. :)

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