4 de setembro de 2018

O Jardim dos Sonhos - Kimberley Cates

Tempo de leitura:
(Título Original: The Mother's Day Garden
Tradutora: Ieda Moriya
Editora: Nova Cultural
Edição de: 2004)


Um casamento ameaçado por segredos do passado!

Com a única filha na universidade, Hannah O'Connell deveria estar dedicando todo o tempo livre a seu marido, Sam. Mas em vez disso perdia-se cada vez mais nas lembranças do passado. Tudo isso porque reencontra seu antigo namorado, o homem que ela mais amara na vida. E junto com ele existia também um segredo estarrecedor, que poderia pôr em risco tudo o que Hannah havia conquistado até então, inclusive seu casamento. 

Sam sempre fora apaixonado pela esposa. Mas ultimamente Hannah estava tendo um comportamento estranho. Já não se dedicava à casa e a ele como antes. Sam sabia que alguma coisa estava errada, mas não podia imaginar como seria sua vida longe de Hannah... Por isso estava mais do que nunca disposto a provar a ela o quanto a amava e o quanto eles poderiam ser felizes juntos!



Palavras de uma leitora...



- Sabe quando um livro é muito mais do que você esperava? Quando te surpreende de maneira positiva e acalenta seu coração? Foi exatamente isso que O Jardim dos Sonhos provocou em mim. Esta sensação de aconchego, de paz. E já sinto saudades. 

Eu o adquiri seis anos atrás e para ser sincera nem lembro o que me motivou. Mas na hora de escolher uma história para o tema de agosto da Maratona Romances de Banca ela acabou encaixando-se perfeitamente. A sinopse, a capa nostálgica... simplesmente me atraíram. Me fizeram pensar que em suas páginas se escondia uma história linda. 

- O que lamento é tê-la lido numa época tão corrida e complicada da minha vida. Com uma prova importantíssima e a entrega do TCC tão próximos mal tenho tempo para respirar. Dormir, comer, ler meus livros amados se tornaram coisas temporariamente secundárias. Infelizmente, foi preciso reorganizar as prioridades, pois já não tenho tempo para nada. :(

O livro conta a história de Hannah O'Connell, uma mulher que de repente é atingida por perdas significativas: sua filhinha cresceu e agora trilhava o próprio caminho. Morando na universidade já não dependia de Hannah como antes e a relação que até então era próxima começa a sofrer rachaduras. Só que pior que ter a filha longe era a certeza, causada por uma histerectomia, que jamais realizaria o sonho de ter outros filhos. 

No início havia confundido a doença com uma gravidez e se permitiu ter esperanças. Ao longo de quase todos os seus vinte e dois anos de casada tinha tentado voltar a engravidar, mas o tempo passou e permaneceu o vazio que, pouco a pouco, foi distanciando-a do homem a quem amava. A saída de Becca de casa, bem como a cirurgia que lhe roubou seus sonhos destruíram a ponte que ainda a unia ao marido. Concentrada em suas próprias angústias não tinha energia para olhar para o lado, para enxergar que seu marido também sofria. E não demorou para que deixassem de dividir o mesmo quarto. 

Não saberia dizer como chegaram àquele ponto. Talvez tudo tenha começado ainda no início... quando se casara sabendo que estava ocultando do marido grandes segredos. Quando temendo que a imagem que ele tinha de mulher perfeita se desfizesse diante da verdade optara por mentir. Não teve coragem para contar. E agora era tarde demais para voltar atrás. 

"Era melhor deixar o passado onde estava. Onde não podia machucar."

No meio da tempestade que ameaçava seu casamento, o aparecimento de um bebezinho abandonado em seu quintal pode ser tanto a cura para a relação dos dois quanto a ruína completa. Sobretudo porque Tony Blaker, uma pessoa do passado de Hannah, se torna o tutor da criança e invade suas vidas com a desculpa de lutar para que o casal permaneça com a bebê. Mas qual será o seu real objetivo? Por que voltava depois de vinte e sete anos sem dar notícias? 

Às vezes o passado simplesmente não pode ficar para trás. É necessário encarar os fantasmas para poder seguir em frente. Mesmo que o processo seja doloroso e coloque em risco sua relação com aqueles a quem ama. 

"Tony Blake reaparecia em sua vida, desenterrando lembranças, ressuscitando segredos capazes de destruí-la."

- Como podem ver estou sendo breve. Ainda que o livro tenha me feito um enorme bem não tenho condições de me aprofundar mais na resenha pela simples falta de tempo. :( Mas já adianto que é um livro que recomendo muito! Mesmo para aqueles que não gostam de romances de banca. Porque esta história está longe de ser a da mocinha ingênua que se apaixona pelo homem rico, é humilhada por ele e depois vivem felizes para sempre. Nem todo livro de banca contém esse tipo de história e se os amo e valorizo tanto não é à toa. 

- Logo que iniciei a leitura me identifiquei com a mocinha. Embora eu não tenha nenhum filho jovem indo para a faculdade (não tenho filhos ainda e eu é que estou na faculdade, no último período, graças a Deus!), foi muito fácil compreendê-la, sobretudo em relação ao desejo de ter filhos. Era o sonho de sua vida. E uma doença lhe tirou tudo. Sim, agradecia o presente que era a Becca, mas não era nenhum pecado desejar ter outro bebê. Sentia que algo lhe faltava. E ao perder o útero deixou inclusive de se enxergar como uma mulher completa, como se aquela perda lhe tirasse a identidade. Antes que alguém diga besteira é necessário recordar que ser feminista é respeitar as escolhas das outras mulheres. E se Hannah se sentia incompleta porque não podia mais ter filhos ela merece respeito e solidariedade por isso. Existiram momentos em que desejava chorar com ela de tanto que a entendia. 

"Mas não vou me recuperar, pensou Hannah. Esse é o problema. Nunca mais vou me recuperar."

- Tudo neste livro é muito real. Temos nele a história não só da Hannah, embora ela seja a protagonista, mas também temos o ponto de vista de Sam (seu marido), Tony (a pessoa do seu passado) e até mesmo da mãe biológica da pequena Ellie, que a abandonou no quintal da mocinha porque não tinha outra alternativa. Porque, naquele momento, se sentia totalmente perdida e só queria que sua filha estivesse segura, ao lado de alguém que ela sabia que poderia ser uma mãe de verdade. Nossa! O livro transborda sentimentos. Nos dá enormes lições e faz com que deixemos de lado as nossas ideias pré-concebidas sobre tudo e nos permitamos estar no lugar do outro. O que você faria se fosse a Hannah de vinte e sete anos atrás? Aquela que ela ocultou do marido? Aquela que cometeu um erro imperdoável? Seria mais "forte"? Faria uma escolha diferente? Eu não sei, sinceramente. É fácil falarmos quando estamos de fora e vivemos num outro século, quando temos oportunidades que talvez a pessoa que julgamos não teve. Hannah era uma mulher incrível, mas não era perfeita. E por desejar tanto ser não sabia como reconciliar-se com o marido que afastou de si. Viviam como dois estranhos na mesma casa, ambos querendo uma mudança, mas não tendo coragem de dar o primeiro passo, porque se acostumaram com aquela situação. 

"Ela se afastava, dia após dia, não importava o quanto ele se esforçasse para retê-la."

Sam é um personagem que não possui todo o destaque que merecia, uma vez que o livro em si gira em torno da protagonista. Todavia, mesmo assim ele é importante e se mostra um homem daqueles que qualquer mulher gostaria de ter ao seu lado. As coisas que ele faz por ela... Nossa! Eu ficava bem emocionada. E não pensem que são coisas mirabolantes. Nada disso. São atitudes simples, mas que significam muito. É um livro "comum", gente. Sobre a vida real. Aquelas histórias familiares que de vez em quando lemos e tocam em algo dentro de nós. Que deixam um gostinho bom. 

"Tony fora franco antes de partir: jamais voltaria."

- Se teve um personagem que detestei no livro foi o Tony. Um tipo egocêntrico, que acreditava que com um sorriso charmoso podia apagar as canalhices de tantos anos atrás. Ele me causou nojo, pura repulsa. E confesso que tive muito medo de ele conseguir o que planejava. Mas, ainda assim, não temos um vilão perfeitamente definido. Tony não é uma pessoa má. Ele é como tantos que existem por aí que nem sequer percebem o dano que provocam e quando notam simplesmente não se importam. É um ser superficial e que só olha para o próprio umbigo. Mesmo quando está sozinho com seus pensamentos percebemos o vazio que existe nele... a falta de empatia, de sentimentos. Ele "sabe" o que fez de errado, sabe que não merece perdão, mas não está nem aí. Quer de volta o que jogou fora e acha que tem direito de querer. 

- Não posso falar muito mais. Só repito que é uma história que vale sim muito a pena! Mas que não dá para ler na correria. É aquele livro que merece ser apreciado devagar, com tempo. Como o livro A Colcha de Despedida, do qual eu lembrei durante quase toda a leitura. 

Minha única ressalva em relação ao livro (e o que me impediu de dar 5 estrelas) é sobre a repetição. A autora voltava muitas vezes ao assunto principal. Ao ponto de ser impossível não me incomodar. Mas este é o único ponto negativo. 



Esta foi minha escolha para o tema de agosto da Maratona Romances de Banca, que consistia em ler um romance (de banca, obviamente) sobre casamento em crise. A resenha deveria ter sido publicada no dia 31, mas como só concluí a leitura no último dia do mês e só consegui escrever hoje tudo atrasou. Mas o que vale é que concluí.rsrs 

Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino e Felipe (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

11 comentários:

  1. Que coisa mais genial essa maratona! Minha mãe certamente iria amar demais. Eu acredito muito que as coisas se encaixam no tempo certo, então se esse livro ficou tanto tempo aí guardadinho, é porque estava esperando a hora de você se aventurar na história, entende? Adorei a dica e espero encontrá-lo por aqui, me parece ser uma história incrível.

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  2. Oi Luna!

    Tudo bem? Adorei essa coisa de maratona de livro de bancas! Fico feliz que a história tenha valido a pena e que você tenha se apaixonado por ela, tem livros que ficam "escondidos" na estante durante tanto tempo e quando lemos nós pensamos "como foi que não li isso antes?" não é mesmo?

    Beijinhos - Jessie
    www.paraisoliterario.com

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  3. Já detestei esse Tony de cara, ahahahha!
    Adorei a trama, fiquei realmente encantada com a história, e muito afim de ler. Gosto de ler sobre histórias familiares. Amei sua resenha e já quero esse livro!
    beijos

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  4. Oi Luna, tenho muitos romances de banca, precisando fazer uma maratona dessas.. Achei super legal a premissa e gostei muito do seu ponto de vista, como sempre, dissecando o livro. Parece um romance diferente, e que faz a gente ir mudando de opinião sobre os personagens.. Sem mencionar esse segredo que tem tudo pra estremecer tudo, e esse passado que volta pra bater na porta.. Adorei a dica!

    Bjoxx ~ www.stalker-literaria.com ♥

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  5. Oi Luna!
    Eu não conhecia o livro e tenho que ser sincera, tenho um certo preconceito com livros de banca. Mas por tenho na minha cabeça a ideia de que esses livros são de um certo tipo. No entanto, esse me mostrou que estava errada, pois nunca iria dizer que fazia parte desse grupo.
    Achei interessante, pois me pareceu muito real.
    Muito obrigada pela dica.
    Bjss

    http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com/

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  6. Oi Luna tudo bem? Parabéns pelo tema da maratona eu simplesmente adoro livros de banca tenho uns aqui, são meus xodós. O enredo me cativou e estou curiosa sobre o final da história, segredos e mistérios envolve a trama, fico super empolgada, obrigado pela dica, parabéns pela resenha. Bjs!

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  7. Olá!
    As vezes não damos nada para certos livros e algumas capas até nos fazem perdem a vontade de conhecê-los e ai perdemos a oportunidade de conhecer essas maravilhas.
    Sua resenha não deixa dúvidas de uma leitura gostosa, com alguns quentinhos no coração, mas sobretudo fiquei curiosa com esses segredos e em como os personagens são conduzidos ao longo da trama.
    Seria uma leitura que me agradaria realizar.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  8. Oi, tudo bem?
    Eu confesso que nunca tinha ouvido falar sobre esse livro, mas achei o enredo bem interessante. O tema abordados é importante e parece que os personagens foram muito bem construídos.
    A única coisa que fez com que eu não ficasse muito curiosa para ler é que eu li há pouco tempo um livro que fala sobre o mesmo assunto. Acredito que ficaria um pouco cansativo ler dois livros que abordam o mesmo tema em um intervalo tão curto.
    Mas que bom que você gostou tanto da leitura e que o livro foi além das suas expectativas.
    Beijos!

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  9. Ainda não conhecia o livro e estou muito empolgada para ler porque achei que a trama traz muitos sentimentos interessantes. Curiosa pela mocinha e pela questão da criança abandonada. tenho quase certeza que será uma excelente leitura.
    beijos

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  10. Olá, Luna.

    A personagem principal parece passar por uma barra, primeiro por causa da ida da filha e depois essa doença que surge para acabar de vez com o casamento dela. Fiquei intrigada a respeito do Tony, não parece ser um personagem com que eu iria me identificar.
    É tão chato quando o autor fica sempre batendo na mesma tecla e voltando ao mesmo assunto, faz a leitura ficar chata. Mas fico feliz que em um todo o livro tenha sido bom para você.
    Eu sou a louca do sebo e sempre que passo por um tenho que levar um livro, por isso tô cheia de romances de época em casa rs

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  11. Gosto do seu blog por sempre nos trazer romances diferentes, sejam antigos ou lançamentos, e esse me deixou bem interessado pela leitura. Parece com muitos clássicos nacionais porém com aquela pegada de amor americano. Amei a dica, e espero ler em breve.

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