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4 de novembro de 2019

O Corcunda de Notre Dame - Victor Hugo

Literatura Francesa
Título Original: Notre-Dame de Paris
Tradutor: Jorge Bastos
Editora: Zahar
Edição de: 2015
Páginas: 624


Sinopse: Na Paris do século XV, a cigana Esmeralda dança em frente à catedral de Notre Dame. Diante da beleza da jovem, curvam-se o poeta Pierre Gringoire, o arquidiácono Claude Frollo, o disforme sineiro Quasímodo e o capitão Phoebus de Chânteaupers. Neste grande clássico do romantismo francês, Victor Hugo vai muito além de um amor impossível, não correspondido e trágico, O corcunda de Notre Dame retrata uma Paris ainda gótica que testemunha o fim de uma época e o início de outra. 



Estou aqui sentada na frente do computador sem saber por onde começar a falar deste livro. Minhas emoções ainda estão bagunçadas. Estou perdida entre o ódio, a revolta, a dor, o amor pelos personagens e uma horrível sensação de injustiça. Não imaginava que o livro fosse mexer tanto comigo. 

"Desde os seus primeiros passos entre as pessoas, ele se viu e se sentiu conspurcado, machucado, rejeitado. A palavra humana, para Quasímodo, sempre fora de deboche ou de maldição. À medida que crescia, ele encontrava apenas ódio à sua volta."

Não tenho dúvidas de que O Corcunda de Notre Dame provocou (e ainda provoca) os mais diversos debates, estudos e pesquisas. São muitas as interpretações possíveis para esta história e fica evidente para qualquer leitor que ao escrever este livro o autor, Victor Hugo, tinha todo o objetivo de chamar a atenção dos leitores da época para a Catedral de Notre Dame de Paris, embora seja possível perceber também que ele não tocou em certos temas sociais e fez críticas políticas à toa. Mas deixo que os especialistas, os críticos literários, se aprofundem em tais assuntos. Nesta resenha falarei apenas dos personagens e como suas histórias de vida mexeram com meus sentimentos, me marcaram de uma forma que é praticamente impossível colocar em palavras. 

"Adquiriu a maldade ambiente. Apossou-se da arma com que o feriam."

Neste livro temos três personagens principais: Claude Frollo (que eu chamo "carinhosamente" de demônio em forma de gente), Quasímodo e Esmeralda. O destino desses três personagens se entrelaça de tal forma ao longo da história que até mesmo o leitor mais distraído consegue perceber que nada de bom poderia sair dali. Sentimos que uma grande tragédia acabaria por marcar suas vidas, por mais que no fundo do nosso coração torcêssemos para que houvesse uma esperança. Uma saída. 

5 de agosto de 2019

Medeia - Eurípides

Literatura Grega
Livro: O Melhor do Teatro Grego
Editora: Zahar
Edição de: 2013
Páginas: 392
Onde comprar: Amazon

*Lido no Kindle Unlimited

Sinopse: Ideal para quem deseja se familiarizar com o teatro clássico, esse livro reúne os seus autores mais importantes - Ésquilo, Sófocles, Eurípides e Aristófanes -, representados por quatro peças que estão na base da cultura ocidental: as tragédias Prometeu acorrentado, Édipo rei e Medeia e a comédia As nuvens. A tradução, diretamente do grego, foi feita pelo renomado Mário da Gama Kury. 
Esse volume da coleção Clássicos Zahar oferece ainda um vasto material de apoio, que facilitará a leitura mesmo daqueles que nunca tiveram contato com as grandes peças teatrais, como textos introdutórios, glossário, resumo da ação em cada peça, perfis dos personagens e mais de 190 notas. A versão impressa apresenta ainda capa dura e acabamento de luxo.




Presente no livro O Melhor do Teatro Grego, da editora Zahar, Medeia é uma famosa tragédia grega que eu sempre tive medo de ler.rs Por não ser fã de histórias trágicas só li até agora as duas super conhecidas peças de Sófocles (Édipo Rei e Antígona) e Hamlet, de Shakespeare, que é uma tragédia inglesa. 

Era para eu ter lido Medeia para o tema de maio de um dos desafios dos quais estou participando. Todavia, o medo acabou falando mais alto e enrolei o quanto pude até finalmente parar para ler o livro. E estava certa em fugir da história. Afinal de contas, queridos, é uma tragédia. Assim sendo, no final sabemos que só tem desgraça. 

"Ela é terrível, na verdade, e não espere a palma da vitória quem atrai seu ódio." 

Esta é uma história de ódio e vingança. Temos como protagonista e ao mesmo tempo antagonista, Medeia, a mulher que traiu o próprio pai e sua pátria, bem como aqueles que a tinham como amiga, só para satisfazer as vontades de Jáson, o homem a quem ela amava. Por este amor destrutivo, ela foi capaz das mais terríveis traições, causando ruína e morte por onde passou...

"Para onde irão meus passos hoje? Para o lar paterno, que já traí, como traí a minha pátria, para seguir-te? Ou para as filhas do rei Pélias? (Que bela recepção me proporcionariam as infelizes em seu lar, a mim, que um dia causei a morte de seu pai!) Eis a verdade: hoje sou inimiga de minha família e só para agradar-te hostilizei amigos que deveria ser a última a ferir."

Claro que uma relação construída em cima da desgraça dos outros não poderia dar certo. E não demora muito para que Jáson perceba que quer muito mais do que uma vida ao lado de Medeia e dos filhos nascidos desta união. Ambicioso, ele volta seus olhos para a filha do rei Creonte, que resolve entregar sua preciosa filha a ele, mesmo que Jáson já fosse casado com Medeia. Sem pensar duas vezes, ele abandona seu lar e seus filhos e começa os preparativos para seu grande casamento com a princesa de Corinto. Acreditando estar no controle da situação e que Medeia não teria outra alternativa senão aceitar as decisões daqueles que eram mais fortes que ela (segundo as próprias palavras dele), ele nem se dispõe a lembrar o que aquela mulher já tinha sido capaz de fazer por ele. Era tão tonto a ponto de imaginar que ela simplesmente seria submissa quando no passado já tinha matado por ele? Acreditava mesmo que o amor não se transformaria em ódio? 

28 de outubro de 2018

Alice - Lewis Carroll

(Tradutora: Maria Luiza X. de A. Borges
Editora: Zahar
Edição de: 2010)


Obras-primas de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho há mais de um século encantam crianças e adultos. Instigante, divertida, inusitada, profunda, a saga de Alice é inesgotavelmente interpretada, parodiada, filmada, citada... e, claro, lida. 

Esta charmosa edição de bolso contendo os dois clássicos, inédita no mercado brasileiro, traz os textos na íntegra e mais de 40 ilustrações originais de John Tenniel. Imperdível! 

Tradução vencedora do Prêmio Jabuti. 



Palavras de uma leitora...



- Uma das minhas metas deste ano que já está chegando ao fim (por incrível que pareça!) foi adquirir e ler mais livros clássicos. Uma meta que deu super certo mesmo nos meses mais difíceis. Na verdade, eu comecei a investir mais em clássicos ainda no ano passado e quando tive a oportunidade de trazer Alice para casa nem hesitei. Queria muito descobrir o que a história tinha de tão especial para encantar tantas pessoas de todas as idades. E confesso que não consigo compreender.rsrs Terminei a leitura sem saber por que este livro é considerado um clássico da literatura. 

Claro que quando eu era bem novinha tinha um interesse grande pela história. Lembro de uma ocasião em que, com uns oito anos de idade mais ou menos, eu fiquei muito ansiosa porque ia passar o filme no Sbt (acho que era nesse canal). Passei o dia inteiro naquela agonia, desejando que as horas passassem logo, pois eu nunca tinha tido a oportunidade de assistir e já acreditava que AMAVA.kkkkkk... Fiquei tão, mas tão obcecada que o resultado foi bem óbvio: passei mal. Vomitei, queimei de febre e tive que ir pro hospital. No final das contas não vi o filme e chorei muito por causa disso.rs 

No início da adolescência, quando já era uma leitora, fiz minha primeira tentativa de ler Alice no País das Maravilhas. Peguei o livro emprestado na biblioteca do meu colégio e lá mesmo comecei a leitura, o que acabou não funcionando. Logo na primeira página eu já fiquei entediada. Não sei o que se passou. Realmente tentei seguir em frente, mas não me envolvia e larguei. Pelo que lembro, eu nem trouxe o livro para casa. Devolvi no mesmo dia. 

- Agora, tantos anos mais tarde, tentei pela segunda vez. E embora não tenha ficado nem um pouco entediada e até tenha me divertido em alguns momentos, sou incapaz de entender o motivo de tanto alvoroço por esta história. Existem livros infantis muito mais interessantes e envolventes que a história de Alice no País das Maravilhas ou sua segunda aventura ao viajar Através do Espelho. O livro é muito bom, não nego. Tem ritmo, as coisas acontecem rapidamente e é impossível interromper a leitura, mas no final das contas cheguei à conclusão que a personagem era apenas maluca e ninguém tinha coragem de lhe contar.rsrs Exceto o gato, claro. Como gatos costumam ser criaturas muito sinceras, ele não mede as palavras ao dizer que ela é doida. 

"Como sabe que sou louca?" perguntou Alice. 
"Só pode ser", respondeu o Gato, "ou não teria vindo parar aqui."

- Claro que eu concordo completamente com o Gato, embora seu eterno sorriso me provocasse calafrios, bem como sua mania de não aparecer com o corpo inteiro, às vezes só a cabeça.rsrs Sim, o mundo no qual a Alice entra é bem perturbado, mas com o tempo a gente até se acostuma. 

A história Aventuras de Alice no País das Maravilhas começa quando a protagonista, muito entediada por não ter nada para fazer a não ser ler um livro desinteressante (por não ter figuras nem diálogos) fica fascinada quando, de repente, passa por ela um coelho muito "esquisito". Afinal de contas, desde quando coelhos usam roupas e relógio? Além disso até onde conseguia se lembrar eles também não falavam. Como a curiosidade era mais forte que tudo, ela achou perfeitamente normal entrar na toca atrás do coelho e assim mergulhou no tal país das maravilhas, onde as coisas mais impossíveis aconteciam. É neste mundo paralelo que conhece a Rainha de Copas, com sua famosa frase "Cortem-lhe a cabeça!" (que sempre me fazia pensar no Rei Henrique VIII da Inglaterra, bem como em Revolução Francesa), o Gato, tem uma conversa breve com o Coelho que a motivou a segui-lo, encontra a Duquesa (uma personagem tão estranha quanto os outros), recebe ordens de um rato e vive diversas aventuras extraordinárias.

Sobre esta primeira parte do livro eu posso dizer que foi a mais doida de todas, não que a segunda parte não seja perturbada, mas achei aquele negócio da Alice crescer ou diminuir, conforme comia o que não devia, muito sem noção.rsrs Me deixava tonta!kkkkk... Num instante a personagem crescia até ficar maior que tudo ao seu redor e depois diminuía até quase desaparecer... me dava nos nervos. E suas conversas com os personagens... eu estava quase me internando num hospício. Tudo bem que quando criança eu conversava com a minha Minnie (minha amiga de pelúcia que era quase do meu tamanho) como se ela de fato falasse e pudesse me entender, bem como tinha amigos imaginários, mas o caso da Alice é mais grave.kkkk

Esta fase do livro termina de forma um tanto abrupta, no momento mais interessante.rsrs E aí percebemos que tudo não passou de um sonho (será?). Que ela simplesmente adormeceu enquanto estava na ribanceira com a irmã. 

A segunda parte, intitulada Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá, não é muito conhecida pelos fãs da história. As pessoas, em sua maioria, leram apenas Alice no País das Maravilhas, enquanto sua continuação ficou esquecida. Já que eu mergulhei na fantasia do primeiro livro e que os dois fazem parte da edição que eu tenho da editora Zahar resolvi ler o outro em seguida e posso dizer que é o que prefiro. A continuação é mil vezes mais envolvente que sua primeira parte, ainda que os personagens sigam doidos demais para minha saúde mental.rsrs 

Através do Espelho começa após a Alice ter uma discussão com a filha de sua gatinha Dinah. A pequena tinha sido malcriada e a protagonista a estava repreendendo, como se ela tudo pudesse entender (eu também faço isso com a minha gata, então a Alice e eu podemos ir juntas para o hospício.rs). No meio disso tudo ela começa a falar de um mundo existente do lado de lá do espelho, um mundo que era o contrário do dela. No meio de sua imaginação sobre o lugar ela acaba por atravessar o espelho e mergulhar numa aventura toda nova, onde muitos dos personagens eram peças de um jogo de xadrez (eu disse que esta parte era mais interessante). O que achei muito curioso era o certo conhecimento que Alice tinha deste jogo, algo que eu própria não tenho. E, claro, que eu não poderia deixar de lembrar de Harry Potter e o jogo "vivo" que o Rony enfrentou na reta final do primeiro livro da série. Inesquecível!

A personagem mais interessante desta segunda parte foi a Rainha Branca e suas memórias do futuro.kkkkkkkk... Foram os momentos protagonizados por ela que me fizeram rir com vontade.rsrs 

"Viver às avessas!" Alice repetiu em grande assombro. "Nunca ouvi falar de tal coisa!"
"... mas há uma grande vantagem nisso: a nossa memória funciona nos dois sentidos."
"Tenho certeza de que a minha só funciona em um", Alice observou. "Não posso lembrar coisas antes que elas aconteçam". 
"É uma mísera memória, essa sua, que só funciona para trás", a Rainha observou."

- E o que a Rainha Branca mais lembra são das coisas futuras.rsrs Vocês não têm noção do quanto ri quando a rainha começou a gritar porque espetaria o dedo. Ela gritou e sentiu a dor antecipadamente, prevendo que dali a minutos espetaria o dedo quando tentasse prender o xale. Aí, quando finalmente o previsto aconteceu (algo que poderia ser evitado já que ela sabia que aconteceria.rs) ela nem sentiu nada. Porque já tinha sentido tudo antes e no momento em que a dor realmente deveria ter vindo não tinha mais graça. Que coisa maluca!rsrs 

Em resumo posso dizer que mesmo sendo histórias totalmente doidas vale sim muito a pena ler. Sobretudo para as crianças, nossos filhos, sobrinhos, afilhados etc. Embora eu não veja o livro como um clássico reconheço seu valor e importância para os pequenos. São histórias recheadas de fantasia, do tipo que realmente é capaz de fascinar as crianças, de fazê-las mergulhar no mundo da imaginação e viver aventuras incríveis. 

Ter infância é algo valioso. Viver essa fase tão bonita e inocente, tão cheia de sonhos e ilusões não tem preço. É um direito e, infelizmente, muitas crianças neste mundo são privadas de sua infância e são obrigadas a crescer cedo demais. O livro Alice nos faz pensar nisso. Embora eu tenha dito que a personagem era "maluca" deu para vocês perceberem que eu não falava a sério. Alice era simplesmente uma menininha de menos de oito anos, gente. Sendo criança! Vivendo um mundo de imaginação, criando e recriando, curtindo sua melhor fase. 

Num país onde incentivar a leitura, onde dizer "mais livros e menos armas" é visto como algo absurdo, como uma manifestação contra um determinado candidato, a desesperança aumenta. Temos uma real noção de quanta falta fazem os livros na vida das pessoas. Não apenas falta de leitura dos mesmos, mas de compreensão. Porque de nada adianta lermos se não somos capazes de entender nada. 

No que depender de mim sempre levarei livros às crianças e às outras pessoas. Porque a leitura nos faz seres humanos livres, abre nossa mente contra a manipulação. E eu quero saber que fiz todo o possível para que as crianças da minha família e as outras que conheço tivessem conhecimento. Pudessem mergulhar em histórias que não só as encantariam, mas que abririam portas para a absorvição de conhecimento. 

No início do ano eu escolhi Alice como minha leitura de outubro de propósito. Por ser o mês das crianças. :) Infelizmente, não consegui lê-lo até o dia 12, mas pelo menos foi dentro do mês.kkkkk... 

Enfim... Recomendo muito o livro!

17 de junho de 2018

O Morro dos Ventos Uivantes - Emily Brontë (não é resenha)


(Título Original: Wuthering Heights
Tradutora: Adriana Lisboa
Editora: Zahar
Edição de: 2016)

Caro leitor, 
Você está prestes a adentrar o inferno. 
Mas não hesite: a viagem valerá cada segundo. 

Esta é uma história de amor e obsessão. E de purgação, crueza, devastação. No centro dos acontecimentos estão a voluntariosa e irascível Catherine Earnshaw e seu irmão adotivo Heathcliff. Rude nos modos e afetos, humilhado e rejeitado, ele aprende a odiar; mas com Catherine desenvolve uma relação de simbiose, paixão e também perversidade. Nada destruirá a essência desse laço - porém quando ela se casa com outro homem, por convenções sociais, as consequências são irreparáveis para todos em volta. 

Com um olhar sensível e agudo, Emily Brontë fez de O morro dos ventos uivantes um retrato comovente e um estudo da degradação humana provocada pelas armadilhas do destino. Acompanhando a excelente tradução, traz mais de 90 notas, apresentação, cronologia de vida e obra da autora e ainda dois textos de Charlotte Brontë, escritos para a reedição do livro organizada por ela após a morte da irmã. 




Palavras de uma leitora...



- Achei importante destacar no título do post que não se trata de uma resenha.rs Isso porque no blog vocês podem encontrar duas resenhas que fiz anteriormente sobre o livro. Uma publicada poucos meses depois de criar o blog, em 2010. Outra publicada em 2012. 

"- Entre! Entre! - soluçava. - Cathy, entre. Ah, por favor... uma vez mais! Ah, minha adorada! Ouça-me desta vez, Catherine, por fim!"

Lembro com clareza a primeira vez que li esta história. Tinha terminado de ler a saga Crepúsculo e não parava de pensar nos trechos que eram mencionados pela Bella e o Edward. Não foi o único livro do qual eles falaram na história, mas era o preferido deles. E isso, claro, despertou minha curiosidade. Na época, não tinha muito conhecimento de internet, nunca comprava livros pela internet (ano de 2009, era uma adolescente ainda) e tentava encontrá-lo nas poucas livrarias que conhecia e nada. Aí acabei lendo em ebook, numa versão bem antiga e com linguagem difícil. Mesmo assim, com todas as dificuldades, concluí a leitura com uma sensação... "estranha". Nunca um livro tinha me provocado tamanho impacto. Eu jurava para quem quer que fosse que odiava o livro. Que não suportava os protagonistas. Que tudo era culpa deles. Que destruíram a vida de todo mundo e era o pior livro que já tinha lido. Não que eu não tivesse me comovido pelo sofrimento deles, mas os odiava até mesmo por causarem a própria dor!rs E assim, o tempo passou... 

"Qualquer que seja a substância das almas, a minha e a dele são feitas da mesma coisa [...]"

Não fui capaz de esquecê-lo. Eu lia outros livros, seguia normalmente com a minha vida, mas lembrava dos trechos, até mesmo citava alguns pedaços deles. Queria parar de pensar e não conseguia. Comentava sobre a história com minhas amigas, sempre que um professor falava de livros clássicos eu recordava Catherine e Heathcliff. Eles passaram a fazer parte do meu mundo. Ouvia a música, tentava modificar o final da história na minha cabeça e seguia jurando ódio eterno por eles. E quando minha mãe me ofereceu um livro de presente não hesitei ao escolhê-lo. Naquela época eu já sabia da existência da versão publicada pelo selo Lua de Papel, da editora Leya, que falava que era o livro preferido dos meus personagens queridos.rs E aí surgiu a oportunidade de reler a história. Era o que eu precisava. Só necessitava ler o livro de novo para me libertar dele. Para finalmente ficar em paz. 

"Nelly, eu sou Heathcliff! Ele está sempre, sempre em minha mente. Não como fonte de prazer, não mais do que sou uma fonte de prazer para mim mesma, mas como meu próprio ser."

E foi assim que, em 2012, reli a história. Não dá para colocar em palavras como foi essa experiência. Diversas outras vezes ao longo dos anos eu revisitei o morro dos ventos uivantes em minhas lembranças. Mas reler a história foi algo... arrebatador. Os sentimentos dos personagens, os acontecimentos, tudo me atingiu com força. Eu sentia meu coração acelerar, ficava angustiada com cenas que já conhecia e era obrigada a interromper a leitura para respirar antes de voltar para a montanha-russa que era o livro. Marcava muitos trechos e relia cada um deles várias vezes. Eu vivi cada instante com eles. E, no fim, o ódio que eu jurava sentir por Catherine e Heathcliff se transformou em amor. Não abandonei o ódio por inteiro, mas passei a sentir uma mescla dos dois sentimentos. Não era possível odiá-los sem amá-los. Era impossível sentir uma coisa sem a outra. Se antes eu era obcecada pela história deles dois... depois de reler o livro se cravou em mim. Deixou uma cicatriz. 

"[...] podem me enterrar a quatro metros de profundidade e derrubar a igreja por cima de mim, mas jamais vou descansar enquanto não estiver comigo. Jamais!"

E de lá para cá li o livro de novo, remarquei os trechos, assisti todas as versões que consegui dos filmes e minisséries, registrei na memória as histórias que lia e os personagens que de uma maneira ou de outra mencionavam o clássico... Ouvi a música trilhões de vezes e minha versão preferida sempre será do Angra... Enfim... Li centenas de livros (literalmente) depois de O Morro dos Ventos Uivantes, mas nem o passar dos anos foi capaz de apagá-lo, de tirá-lo de mim. Não sei o que acontece comigo, sinceramente. Creio que a obsessão dos personagens me contagiou.kkkkk... 

"Se ele a amasse com todas as forças do seu insignificante ser, ainda assim não poderia amá-la em oitenta anos o mesmo que eu num único dia."

Em 2017 ganhei minha segunda edição da história de presente da minha querida amiga Carol, para quem eu também vivia falando do livro.kkkkkk.. Ela me presenteou com aquela edição por conter um prefácio da Rachel de Queiroz que eu amava. Era um prefácio que li uma vez num livro encontrado numa biblioteca pública e nunca pude esquecê-lo. Aí ela encontrou uma edição que vinha com ele e me deu. Foi um dos melhores presentes que já recebi na vida. :D No mesmo ano, adquiri outra edição do livro, da editora Landmark (não gosto muito dessa edição) e ganhei da minha mãe (de presente de aniversário) a edição de 2016 da editora Zahar, que vem toda comentada, com notas muito interessantes que falam de peculiaridades da época em que o livro foi escrito, cronologia da família Brontë, anexos com comentários da Charlotte Brontë sobre sua irmã e a obra dela e mais... 

"Porque nem a tristeza, nem a degradação nem a morte, nem nada que Deus ou Satã pudessem nos infligir haveria de nos separar; você, de livre e espontânea vontade fez isso. Não parti o seu coração foi você quem o partiu, e, ao fazer isso, partiu o meu também. Pior para mim, ser forte. Se quero continuar vivo? Que tipo de vida vou ter quando... Ah, meu Deus! Você gostaria de viver com a alma no túmulo?"

E quando surgiu a oportunidade de me unir com outras blogueiras para o projeto de Leitura Coletiva deste clássico não pensei duas vezes! Sequer necessitei pensar!kkkkk... Foi com uma euforia que participei da organização com as outras meninas e quando abrimos as inscrições e as pessoas começaram a desejar participar... foi lindo! A leitura teve início em 13/05, com uma duração programada de quatro semanas, encerrando no dia 10/06. Foram quatro tópicos de discussão no grupo criado para esse fim no Facebook e participar dos debates com as meninas foi uma experiência maravilhosa. Nunca tinha participado de um projeto igual e começar pelo meu clássico preferido foi um ótimo início! 

"Não posso viver sem a minha vida! Não posso viver sem a minha alma!"

Ao longo das quatro semanas de leitura e dos debates sobre a história, conheci meninas que são tão apaixonadas pelo livro quanto eu! Que também aproveitaram a oportunidade para reler, que amam odiar os personagens, que compreendem o que os levou ao ponto em que chegaram. E que não conseguem desprezar por completo o Heathcliff. Foram muitos comentários incríveis. As conversas eram longas!kkkkkk... Teve uma vez, no tópico de Discussão 2, quando lemos os capítulos mais importantes do livro (do 10 ao 18), que conversamos até de madrugada.rsrs 

"[...] pois o que não está, para mim, associado a ela? E o que não me faz recordá-la? Não posso olhar para este chão, pois seus traços estão impressos nas lajes! Em cada nuvem, em cada árvore... enchendo o ar à noite, e vislumbrada em cada objeto de dia... Estou cercado pela sua imagem! Os rostos mais comuns de homens e mulheres, meus próprios traços, debocham de mim com alguma semelhança. O mundo inteiro é uma terrível coleção de recordações de que ela existiu, e de que eu a perdi!"

Quando decidi participar da Leitura Coletiva, escolhi ler o meu exemplar da editora Zahar. Nunca tinha lido uma edição comentada e queria saber como era. Confesso que algumas notas eram até muito importantes, nos situando, nos fazendo compreender a época em que a história se passava, vez que ela se passa entre o final do século XVIII e início do século XIX. Todavia, existiam algumas notas simplesmente desnecessárias, que vinham em momentos inoportunos e não acrescentavam coisa alguma. O que chegou a me irritar, sinceramente. Eu me obrigava a ler as notas e quando via que eram pura tolice me estressava.rs Como eu disse, algumas tinham importância sim. Mas outras... definitivamente não

Outro ponto a comentar é a tradução. Conheço algumas traduções diferentes do livro (já que foi a quarta vez que li e optei sempre por ler traduções diferentes umas das outras) e a da Adriana Lisboa, desta edição da Zahar, é muito boa, mas... não é minha preferida, gente. Achei que a maneira como alguns trechos foram traduzidos e organizados acabou por roubar parte da emoção deles. Quando comparava com a tradução da Ana Maria Chaves, da edição da Lua de Papel, sentia uma diferença enorme. E não poderia deixar de comentar sobre isso. Gosto é algo muito pessoal. E eu prefiro a tradução da Ana Maria. 

- Como eu disse, não é resenha. Apenas quis comentar um pouco sobre o livro após lê-lo novamente.rs Não fazia sentido publicar uma terceira resenha, gente!kkkkkkkkkkk... Aí já seria demais, não acham?! Por isso quase não falei sobre a história em si. Se quiserem ler a resenha basta clicar AQUI

Bjs!

24 de fevereiro de 2018

Contos de Fadas - Clássicos Zahar

Apresentação de Ana Maria Machado
Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges
Editora: Zahar
Edição de: 2010

Este pequeno livro reúne todas as mais famosas histórias infantis de Grimm, Perrault e Andersen, entre outros, em suas versões originais, sem adaptações. 

Chapeuzinho Vermelho - O Gato de Botas - A Bela e a Fera 
O Pequeno Polegar - A Bela Adormecida - João e Maria
O Patinho Feio - João e o Pé de Feijão - e outros clássicos!

São ao todo 20 contos de fadas, bruxas, princesas, encantamentos e finais felizes! E mais: inclui biografia dos autores e 90 pinturas e desenhos, muitos deles raros, de ilustradores célebres como Arthur Rackham, Gustave Doré e Walter Crane.

Uma charmosa edição de bolso, para acompanhar pais e filhos pelo resto da vida!



Palavras de uma leitora...


- Quem me conhece sabe que sou perdidamente apaixonada por contos de fadas. Eles me encantam! Sobretudo o da Cinderela, naquela versão da Disney. Já assisti inúmeras adaptações deste clássico, li algumas outras e o meu filme preferido é Para Sempre Cinderela, que nos traz uma protagonista forte, inteligente, que luta pelo que deseja, é apaixonada por livros e salva o mocinho de si mesmo. Ela guarda as características principais da Cinderela, mas vai muito além do que o conto diz. Para mim nunca irá existir uma adaptação melhor. Perdi a conta de quantas vezes assisti.rs

E como uma grande amante dos contos de fadas, no ano passado eu resolvi trazê-los de volta para minha vida. Quando somos crianças é bem mais fácil sentar na frente da TV, assistir os filmes da Disney, pegar os livros de contos para ler... Temos tempo. Nada é corrido. Mas aí a gente cresce e a vida passa a exigir mais. Vêm as obrigações: trabalho, faculdade, compromissos e muitas outras coisas que roubam nosso tempo. Às vezes desejamos de volta o sossego da infância, as horas livres, os sonhos... Enfim... O que mais me faz falta é justamente o tempo que eu tinha para assistir televisão.kkkkkkk... Meus filmes infantis queridos e minhas novelas mexicanas. :D

Como não tenho muito tempo livre, para manter o blog e minhas leituras em dia, tive que dar prioridade nos últimos anos aos livros que eram mais urgentes ler. Aqueles que eu queria muito, em detrimento de outros que eu também queria demais.kkkkkkkkk... Para vocês verem como é bem louco isso. Só que em 2017 eu parei para pensar que a vida é curta demais e se quero ler novamente os meus contos infantis irei fazê-lo! Só que inovando um pouco: lendo não apenas suas versões infantis, adaptadas em sua maioria pela Disney, que nos trazem os finais felizes de suspirar e sonhar acordada. Não. Eu iria atrás também dos originais. 

E foi assim que eu esbarrei nesta edição maravilhosa da editora Zahar. Para quem não sabe, tive contato com os livros da editora através de O Morro dos Ventos Uivantes. Como amo muito este livro e quero ter em minha estante todas as edições já publicadas e ainda disponíveis no Brasil (um dos meus maiores sonhos!), fui pesquisar e acabei descobrindo que existia uma edição bem recente e comentada da editora Zahar. Assim que vi o livro, os detalhes preciosos, as cores, o verdadeiro luxo que ele era, quase surtei. Precisava dele para aquele momento. A melhor forma de consegui-lo seria pedindo de presente de aniversário. :D E minha mãe foi quem me fez muito feliz!kkkkkkk... Ainda irei trazer para vocês uma resenha sobre essa edição, pois como eu disse, diferente das outras que tenho, ela (além de ser luxuosa) é toda comentada. Assim que possível sentarei para reler a história (o que não será nenhum sacrifício, pois estou desesperada para relê-la) e todos os seus comentários para poder vir aqui dizer o que achei deles. 

Mas como esta resenha não é sobre O Morro dos Ventos Uivantes... Após descobrir como os livros da editora são lindos (Sério, gente! Vão a uma livraria e peguem um livro dela na mão... É incrível!), eu decidi que investirei são só nos clássicos da Martin Claret (que são lindos quando em edições de luxo), mas principalmente nos da Zahar. E assim, adquiri Alice e Contos de Fadas. Ambos em edição bolso de luxo. Meu sonho de consumo é ter em minha estante todos os clássicos Zahar, não só em edição de bolso como também nas edições comentadas. 


Os preços dos livros tanto nas edições de bolso quanto nas comentadas não são absurdos, embora as edições de bolso sejam mais em conta, claro. Comprei Alice por R$ 30,00 e Contos de Fadas por R$ 35,00 (na Saraiva. Loja física. Pelo site geralmente encontram mais promoções). Parece que os preços aumentaram um pouco (preço de capa de Alice está R$32,90 e de Contos de Fadas R$ 39,90), mas seguem razoáveis. Se vocês pegarem os livros nas mãos verão que é realmente muito em conta, pois as edições de bolso de algumas editoras não costumam ser assim. O preço é quase o mesmo mais a qualidade do livro é muito inferior. Considerando como as edições da Zahar são bem trabalhadas, cuidadosas, com capa dura, ilustrações lindas, folhas amareladas (e não aquelas brancas que machucam meus olhos) e letras em tamanho adequado, os livros estão custando muito barato. Valem mais, essa é a verdade. É por isso que estou tão apaixonada pela editora. Suspiros!

Mas agora... Que tal falarmos do livro propriamente dito?rsrs

- Contos de Fadas reúne aquelas histórias mais conhecidas de autores como Perrault, Grimm (que são os mais famosos) e Andersen. Além de também ter contos de outros autores que mencionarei ao longo da resenha. 

Logo no início temos uma apresentação maravilhosa de Ana Maria Machado, que é uma grande escritora de livros infantojuvenis (embora também tenha publicado livros adultos) e que teve a honra de receber um prêmio importantíssimo: Prêmio Hans Christian Andersen, que é uma espécie de Nobel concedido a selecionados autores de Literatura Infantojuvenil. Mas esse não foi o único prêmio que ela recebeu: foram inúmeros! E ainda faz parte da Academia Brasileira de Letras.

Em sua apresentação, ela nos conta um pouco de como foi sua infância em contato com os contos de fadas, que eram transmitidos como em seu princípio: pela tradição oral. Ela se recorda de como sua mãe, seu pai, avó e tios amavam viajar por essas histórias, encantando a pequena criança com narrativas como de A Bela e a Fera, O Patinho Feio e tantos outros.

"Falar em contos de fadas é evocar histórias para crianças, lembranças domésticas, ambiente familiar. Equivale também a uma filiação ao maravilhoso, em que tudo é possível acontecer." 

Ela menciona ainda algo que eu confesso que não sabia: que existiu um período em que contos de fadas foram marginalizados, olhados com desdém pelas pessoas, recebendo diversas críticas. 

"O gênero era acusado dos mais diversos males: elitismo, sexismo, violência, moralismo, maniqueísmo."

Isso a revoltou e então ela começou uma luta para trazer de volta a essência desses contos e não permitir que eles ficassem esquecidos, tratados com desprezo pelas pessoas. Ela resolveu trabalhá-los, procurando a opinião de especialistas e apoio à sua missão, que era defender histórias que tinham sido eternizadas por séculos, mas que começaram a sofrer ameaças, correndo risco de serem condenadas ao esquecimento. Pelo menos, no Brasil. Ela fala de estudos que surgiram em outros países e foram essenciais para trazer de volta a importância dos contos em nosso país. É muito interessante ler essa introdução antes de lermos os contos em si, pois ela nos situa. 

- Os contos são divididos por autores. Iniciam-se por Charles Perrault, com uma breve biografia dele antes de partir para os contos. Isso acontece com os outros autores também. Antes de lermos os contos ficamos sabendo um pouco sobre cada escritor. 

De Charles Perrault são 6 contos: 

Cinderela ou O Sapatinho de Vidro
Pele de Asno
O Gato de Botas ou O Mestre Gato
O Pequeno Polegar
Chapeuzinho Vermelho
Barba Azul

Aqui não temos as histórias adaptadas com seus finais perfeitos, alterações muito bem-vindas (risos) e uma eterna felicidade. Nem todos os contos reunidos neste livro possuem final feliz, justamente porque são as versões originais. Ou pelo menos, as primeiras versões, vez que nem todos os autores criaram esses contos, mas sim também tomaram conhecimento deles através da tradição oral e fizeram suas próprias versões, séculos atrás. De todos os escritores presentes neste livro, o Andersen é quem realmente podemos dizer que escreveu histórias originais, nunca antes contadas. 

Dos contos de Perrault, os que mais me chocaram foram Pele de Asno, Chapeuzinho Vermelho e Barba Azul. Eu nunca tinha lido Pele de Asno e fiquei realmente muito surpresa ao perceber que a história tratava de incesto e pedofilia, uma vez que nos fala de um rei de um determinado lugar que, com a morte de sua mulher, acaba se interessando pela própria filha, ao ponto de querer se casar com ela. O homem fica totalmente perturbado e faz de tudo para fazer a filha se apaixonar por ele e aceitar o casamento. A garota, desesperada, não querendo desobedecer ao pai, mas sabendo que aquilo era pecado, conta com a ajuda de uma "fada madrinha" para escapar da situação. Ela usa de diversos truques, mas tudo falha. Não tendo outra alternativa, ela foge do reino, trocando a vida de princesa por uma de criada. Há final feliz aqui, pois aparece um príncipe que se apaixona pela mocinha. Mesmo assim, eu fiquei perturbada com o núcleo do conto. Mesmo nos tempos antigos a pedofilia existia. Quantas realidades desconhecemos... Fico pensando nas crianças de outros séculos, quando sequer existiam leis que as protegessem. Ficavam à mercê da vontade de suas famílias que nem sempre cuidavam delas. Muito pelo contrário. 

Chapeuzinho Vermelho me surpreendeu porque eu só conhecia a versão realmente infantil. Aquela em que a pobre garotinha que confiou num estranho (o lobo), ao ponto de dizer para onde ia e desobedeceu a mãe indo por um caminho diferente do que ela mandou, acaba sendo salva por um caçador. Aqui as coisas são distintas. Apesar do conto ter um final cruel, eu não diria que não é recomendado para crianças. Na verdade, seria uma excelente maneira de alertá-las, de fazê-las entender, através de uma historinha, como é perigoso conversar com desconhecidos e desobedecer os pais. Por outro lado, é uma história que também serve de alerta para os pais, pois existem aqueles que não veem nada de mal em deixar seus filhos pequenos soltos pelas ruas, indo fazer isso e aquilo no mercado, padaria, etc, etc, etc. Crianças precisam ser protegidas, não podem se cuidar sozinhas, andar sem a companhia de um adulto por aí. 

Barba Azul me deixou arrepiada. Parecia que tinha sido retirado de um thriller, de algum filme sobre psicopata. Nunca tinha lido versão alguma da história e não sei se existe uma que seja light. Conta a história de um homem que, embora muito rico, não conseguia se casar por conta da terrível barba azul que possuía e também por conta do mistério que rondava suas esposas anteriores. As pessoas não sabiam o que tinha acontecido com elas. Porém, desejando muito uma nova mulher, ele se dispõe a conquistá-la através de passeios, de seu charme e aparente gentileza. Uma moça acaba caindo na armadilha dele e, um mês após o casamento, finalmente descobre quem era o homem que vivia ao seu lado. E ela descobre isso de uma maneira bem traumática. O conto acaba tendo final feliz, para meu alívio!kkkkkkkk...

O interessante aqui é que os contos de Perrault possuem uma moral no final. Gostei da moral de Chapeuzinho Vermelho, mas não a de Barba Azul. Porque o autor diz que não existem mais maridos ruins, que aquilo ficou para trás. É uma mentira, uma ilusão. A violência doméstica existe. E como existe!

De Jeanne-Marie Leprince de Beaumont (Nossa! Que nome difícil!rs) temos:

 A Bela e a Fera, meu segundo conto preferido da vida! Mesmo em sua segunda versão original (estou considerando a versão da Jeanne como original também.rs) ele é maravilhoso! Ainda mais, na verdade!

Jeanne-Marie foi uma escritora do século XVIII, que fez uma adaptação, uma nova versão da história da Bela e a Fera, originalmente escrita por Madame de Villeneuve, também no século XVIII. 

O conto é muito evoluído, na minha opinião. A protagonista, como sabemos da versão que já conhecíamos pela Disney, é uma moça inteligente, culta, que ama os livros. Ver uma mocinha de certa forma tão independente e instruída num conto de três séculos atrás é fascinante. 

Bela possuía cinco irmãos, sendo duas irmãs mais velhas e três irmãos. Seu pai era um negociante muito rico e suas irmãs mais velhas eram umas esnobes, que por serem muito bonitas e ricas, desprezavam as outras pessoas, tendo contato apenas com membros da nobreza. Ricos comerciantes as tinham pedido em casamento, mas elas os olharam com desdém, porque não eram nobres. Bela, por sua vez, era a mais linda de todas, não só fisicamente, mas também porque tinha nela um brilho, uma bondade que todos percebiam. Ela tratava bem as pessoas que não tinham condições financeiras, que eram muito pobres. Era gentil com todos e quando recebia propostas de casamento, não as aceitava porque desejava cuidar do pai. Isso causava maior admiração em seus pretendentes que, mesmo quando o pai dela perdeu toda a fortuna e a família teve que viver do campo, seguiram querendo casar-se com ela. Suas irmãs não tiveram a mesma sorte. Como eram mimadas e interesseiras, logo foram descartadas por não serem mais ricas. A qualidade de Bela ia além de qualquer fortuna. Mesmo pobre seguia sendo o sonho de muitos rapazes. 

Ao ver-se pobre, Bela poderia ter desanimado, pois nada entendia de trabalhos domésticos e no campo. Mesmo assim, ela deu o máximo de si, não reclamando, fazendo o possível para ajudar o pai naquela situação difícil. As coisas não foram simples para ela, mas nada a fazia desistir. E além de todo o trabalho duro ainda era obrigada a suportar a inveja e os insultos das irmãs. 

Eu não irei fazer uma resenha completa deste conto, pois tenho a intenção de adquirir a versão específica dele publicada também pela Zahar. É este livro aqui:


Nele, temos as duas versões originais. A de Madame de Villeneuve e a de Jeanne-Marie. Quando eu ler esse livro aí sim falarei mais profundamente sobre o conto. :)

Só lhes deixo aqui um trecho da versão que tem em Contos de Fadas:

"[...] Diga, a senhorita me acha muito feio?"
"Acho sim", disse a Bela. "Não sei mentir. Mas acredito que é muito bom."
"Tem razão", disse o monstro, "mas, além de feio, não tenho inteligência; afinal não passo de um animal."
"Não pode ser um animal se acha que não tem inteligência", replicou Bela. "Um tolo nunca sabe que é tolo."

- É ou não é uma mocinha admirável?! A inteligência, bondade e independência de Bela, essa força que ela tem, a imensa coragem e garra, a tornam uma protagonista muito além do seu tempo. Aquele tipo de mocinha que gostamos de ver nos livros que lemos. 

De Jacob e Wilhelm Grimm são 5 contos:

A Bela Adormecida
Branca de Neve
Chapeuzinho Vermelho
Rapunzel
João e Maria

- Fiquem tranquilos! Não vou ficar falando de todos os contos do livro.kkkkk...  Sei que a resenha já está muito longa.rsrs Mas é que eu quis escrever algo decente, que fosse digno do livro. 

Os irmãos Grimm não são os autores dos contos acima. Eles os reuniram após pesquisas na intenção de manter a tradição oral, de preservar essas histórias. Mas com o tempo e diversas adaptações, começaram a ter como alvo o público infantil, suavizando tais histórias para se adequarem. 

Vale a pena mencionar que na versão dos Grimm, a história da Chapeuzinho Vermelho tem final feliz. 

De Hans Christian Andersen são 5 contos:

A roupa nova do imperador
O Patinho Feio
A pequena vendedora de fósforos
A Pequena Sereia
A princesa e a ervilha 

- Quem acompanha os posts do blog sabe que Hans Christian é um dos meus escritores preferidos. Eu costumo publicar resenhas sobre os contos que li dele: vocês podem conferir todas elas clicando aqui

Suas histórias são realmente originais, inventadas por ele. E não é à toa que um dos maiores prêmios concedido a escritores infantojuvenis leva o nome dele. Dos contos que já li, o mais triste e também o que guardo com mais carinho no meu coração é A Pequena Vendedora de Fósforos. Chorei horrores quando o li. Nunca o esquecerei. 


De Joseph Jacobs são 2 contos:

João e o pé de feijão
A história dos três porquinhos

Eu me lembro de assistir desenhos sobre esses dois contos quando criança. Eu tinha uma fita (na época não era DVD) e via e revia o filme dos três porquinhos muitas vezes. Amava a musiquinha que tocava e a esperteza do porquinho que construiu a casa de tijolos.rsrs Bons tempos!kkkkkkkk... Nunca fui muito fã de João e o Pé de Feijão.

De um autor anônimo:

A história dos três ursos

Também assisti desenhos sobre essa história, embora não lembrasse muito dela. Confesso que não vejo muita graça nesse conto.rs

- Então é isso, queridos! Espero que vocês tenham lido a resenha até o final (risos) e que deem uma chance ao livro. É maravilhoso! Do tipo que lemos de uma tacada só e que nos desperta uma saudade deliciosa e ao mesmo tempo melancólica da infância. 

Bjs!
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