23 de dezembro de 2019

O que o Sol faz com as Flores - Rupi Kaur

Tempo de leitura:

Título Original: The sun and her flowers
Tradutora: Ana Guadalupe
Editora: Planeta
Edição de: 2018
Páginas: 256

Sinopse: o que o sol faz com as flores é uma coletânea de poemas arrebatadores sobre crescimento e cura. ancestralidade e honrar as raízes. expatriação e o amadurecimento até encontrar um lar dentro de você. 
organizado em cinco partes e ilustrado por rupi kaur, o livro percorre uma extraordinária jornada dividida em murchar, cair, enraizar, crescer, florescer. uma celebração do amor em todas as suas formas.


Desde que li Outros jeitos de usar a boca desejei mergulhar em outros textos da autora, tão tocantes, profundos, que atingem um ponto especial dentro de nós. E logo adquiri O que o sol faz com as flores

por que será 
que só quando uma história acaba
a gente começa a sentir cada página [Página 54]

Seguindo mais ou menos a mesma estrutura do livro anterior, O que o sol faz com as flores é dividido em cinco partes: murchar, cair, enraizar, crescer, florescer. Em cada uma delas encontramos poemas que "conversam" com a gente, que nos dão choques de realidade, tocam em feridas, mexem em temas que às vezes preferimos evitar, verdades que queremos ignorar. 

sim
é possível
odiar e amar alguém 
ao mesmo tempo
é o que faço comigo mesma
todo dia [Página 101]

Falando de diversos assuntos diferentes, e de certa forma interligados, a autora, com toda a delicadeza e simplicidade, típicas de seus textos (por mais diretos e crus que alguns sejam, há sempre aquela delicadeza marcante, que passa por toda sua escrita), trata de depressão, perda, términos, dependência emocional, amor-próprio, aceitação, imigração, família, feminismo, recomeços, filhos, natureza... são muitos os temas e até mesmo aqueles que menos esperamos mexem com algo em nós. 

a forma como você fala de si mesma
a forma como você se humilha
até ficar minúscula
é abuso [Página 103]

São poemas/textos que me tocaram muito, alguns me fizeram fechar o livro e ficar pensando por longos minutos em assuntos que eu própria tento não encarar para "fugir" de certas dores. Existem poemas dolorosos aqui, que nos machucam, mas o que predomina neste livro é o amor. A autora nos chama a nos aceitarmos, para aprendermos a nos amarmos como somos, nos libertando da prisão na qual a sociedade tenta nos fechar, que percebamos que juntas as mulheres podem muito mais do que poderiam fazer sozinhas, que não precisamos competir, que não temos que ser inimigas. 

o que pode ser mais forte
que o coração da gente
que se quebra em tantas partes
e ainda bate [Página 109]

São belíssimos os poemas dedicados à mãe, à família. Foram os que mais me emocionaram, que fizeram meus olhos se encherem de lágrimas. Os sacrifícios de uma mãe, de um pai, buscando dar um futuro aos filhos em terra estranha, num lugar desconhecido onde não tinham nada e precisavam recomeçar do zero. 

minha mãe sacrificou seus sonhos
para que eu sonhasse [Página 148]

Há um poema neste livro do qual transborda um amor lindíssimo, de uma filha por sua mãe. Ela se pergunta, ou melhor, pergunta aos céus, se seria possível, se ela implorasse, que quando sua mãe morresse sua alma pudesse regressar num bebê que ela gerasse. Que a alma de sua mãe retornasse num filho seu, para que ela pudesse recompensar tudo o que sua mãe fez por ela. Eu chorei com este poema. Me tocou especialmente.

É um livro que recomendo sem pensar duas vezes. Depois de uma leitura tão pesada como A Rosa Branca, eu precisava MUITO de um livro que me fizesse sentir mais leve, mais tranquila... em paz. 

Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino e Felipe (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

6 comentários:

  1. Eu já livros dessa autora e sou apaixonada pela sua escrita, a forma como consegue nos tocar profundamente com suas palavras. Além de que consegui me identificar facilmente com o que é descrito, me provocando vários sentimentos e reflexões. Por isso e claro que eu também recomendo essa leitura sem pensar duas vezes.

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  2. Oi, Luna!
    Os livros da Rupi são sempre bem elogiados, mas não fazem muito meu estilo de leitura :( Porém, que bom que ele foi ótimo para você, ainda mais depois de uma leitura pesada.
    Beijos
    Balaio de Babados

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  3. Nossa, eu sou muito fraca no quesito poesia/poema. Leio bem pouco... e acho que nem sempre meu espírito está em sintonia, sabe?
    Eu tô pensando em começar com o outro da autora pra ver se entro no clima. Porque quem não arrisca, não petisca. Espero que eu consiga sentir o livro falando comigo, e tenha uma experiência boa como você. Abraços
    Carol, do Coisas de Mineira

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  4. Oi, Luna! Gosto de poesia, mas dificilmente eu pego uma coletânea pra ler. Na verdade, o esquema é parecido com contos. Eu pego um poema, leio, largo o livro, dois meses depois faço isso de novo. Complicado, mas gosto mesmo assim. Meio que funciona comigo. rs
    Gostei da sua resenha, que bom que você conseguiu encontrar um ponto de equilíbrio depois de uma leitura pesada.
    Bjos
    Lucy - Por essas páginas

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  5. Ainda não li nada da autora e não foi por falta de indicação ou elogios, porque realmente todo mundo adora seus poemas. Espero conhecer em breve. Beijos

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  6. Oi, tudo bem?
    Toda vez que leio resenhas sobre os livros dessa autora, me sinto um ET hahaha. Acho que sou a única pessoa que ainda não foi conquistada pela escrita dela. Cheguei a ler alguns poemas, mas não me emocionou e nem mexeu comigo. Como já não sou muito fã de poesia, acabei não me interessando em dar uma segunda chance e ler esse livro.
    Mas sei que, nesse assunto, sou a exceção e que a maioria das pessoas ama a escrita dela. Que bom que, novamente, a escrita da autora te emocionou e fez refletir. Adorei sua resenha!
    Beijos!

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