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8 de maio de 2019

Corte de Espinhos e Rosas - Sarah J. Maas

Título Original: A court of thorns and roses
Tradutora: Mariana Kohnert Medeiros
Editora: Galera Record
Edição de: 2018
Páginas: 434
Trilogia Corte de Espinhos e Rosas - Livro 1
Onde comprar: Amazon
Sinopse: Depois de anos escravizados pelos feéricos, os humanos enfim se rebelaram; mas a liberdade tem seu preço e, em meio a batalhas épicas, um Tratado é forjado para selar a paz e determinar os espólios de guerra. Uma muralha mágica então separa as espécies, Do lado feérico, mistério; do humano, apenas medo, desconfiança e dificuldade. Num mundo sem futuro ou esperança, Feyre, filha caçula de um mercador humano falido, se torna caçadora para sustentar a família. Dura como as flechas que carrega, letal como sua pontaria, ela abandona as fantasias de garota pela árdua vida nas florestas ao redor de sua aldeia. Sua única alegria é observar as cores e sonhar em capturá-las. Mas, na floresta coberta de neve, tudo é branco e árido; como o ódio pelos feéricos que carrega no coração; como as telas que não pode comprar ou colorir. Até que um enorme lobo cruza seu caminho... Sem hesitar, Feyre dispara... uma flecha. Um ato de rebelião. Após matar o lobo, uma criatura bestial surge exigindo uma reparação. Arrastada para além do muro, para uma terra mágica e traiçoeira - que ela só conhecia por meio de lendas -, a jovem descobre que seu captor não é um animal, mas Tamlin, Grão-Senhor da corte Primaveril. Um feérico com um segredo, escondido sob uma máscara. À medida que ela aprende mais sobre este mundo onde a magia impera, seus sentimentos por Tamlin passam da mais pura hostilidade a uma paixão avassaladora. Enquanto isso, uma sinistra e antiga sombra avança sobre o mundo das fadas, e Feyre deve provar seu amor para detê-la... ou Tamlin e seu povo estarão condenados. 



Pense numa pessoa que ouviu falar muito desta trilogia (a autora escreveu um quarto livro, mas mesmo assim a história principal é uma trilogia) e ficou extremamente curiosa, tanto que adquiriu o box com os três volumes, mesmo não sendo a maior fã do gênero fantasia. Eu queria saber o que a história tinha de tão especial para ser tão profundamente amada pelos leitores, para quase todo mundo recomendá-la com paixão. E vocês podem ver que eu dei 5 estrelas ao livro e passagem para os favoritos, pois me arrebatou, me envolveu por completo. Todavia, confesso que me arrependo muito de tê-lo lido. Sim. Me arrependo. Queria voltar no tempo e me impedir de comprar os livros, de ceder às indicações. Mas explicarei meus motivos no final da resenha. Porém, adianto que tem a ver com o grande amor que senti por este primeiro volume e a sacanagem que acredito que a autora fará com certos personagens nos volumes seguintes. Como eu disse, será no final da resenha e terá aviso de spoiler.  

"Grão-Senhor, uma posição que ele não queria ou esperava, mas tinha sido forçado a suportar seu peso da melhor forma possível."

Não preciso nem fazer um resumo da história, pois a sinopse é bastante completa e eu apenas repetiria o que ela já diz. O encontro que selará o destino de Feyre e Tamlin ocorre pelos motivos expostos na sinopse: levada pelo ódio que sente pelos feéricos, que escravizaram os humanos e os torturaram durante séculos, Feyre assassina um lobo, por suspeitar que na verdade era um feérico. Esta decisão gera uma série de consequências, sendo a primeira delas a ida da mocinha para o reino de Prythian, (na verdade, a parte "de lá" da muralha que separava as cortes da parte dos humanos) o lugar habitado pelos feéricos e temido pelos humanos, onde nenhuma pessoa se atreveria a colocar os pés.

28 de outubro de 2018

Alice - Lewis Carroll

(Tradutora: Maria Luiza X. de A. Borges
Editora: Zahar
Edição de: 2010)


Obras-primas de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho há mais de um século encantam crianças e adultos. Instigante, divertida, inusitada, profunda, a saga de Alice é inesgotavelmente interpretada, parodiada, filmada, citada... e, claro, lida. 

Esta charmosa edição de bolso contendo os dois clássicos, inédita no mercado brasileiro, traz os textos na íntegra e mais de 40 ilustrações originais de John Tenniel. Imperdível! 

Tradução vencedora do Prêmio Jabuti. 



Palavras de uma leitora...



- Uma das minhas metas deste ano que já está chegando ao fim (por incrível que pareça!) foi adquirir e ler mais livros clássicos. Uma meta que deu super certo mesmo nos meses mais difíceis. Na verdade, eu comecei a investir mais em clássicos ainda no ano passado e quando tive a oportunidade de trazer Alice para casa nem hesitei. Queria muito descobrir o que a história tinha de tão especial para encantar tantas pessoas de todas as idades. E confesso que não consigo compreender.rsrs Terminei a leitura sem saber por que este livro é considerado um clássico da literatura. 

Claro que quando eu era bem novinha tinha um interesse grande pela história. Lembro de uma ocasião em que, com uns oito anos de idade mais ou menos, eu fiquei muito ansiosa porque ia passar o filme no Sbt (acho que era nesse canal). Passei o dia inteiro naquela agonia, desejando que as horas passassem logo, pois eu nunca tinha tido a oportunidade de assistir e já acreditava que AMAVA.kkkkkk... Fiquei tão, mas tão obcecada que o resultado foi bem óbvio: passei mal. Vomitei, queimei de febre e tive que ir pro hospital. No final das contas não vi o filme e chorei muito por causa disso.rs 

No início da adolescência, quando já era uma leitora, fiz minha primeira tentativa de ler Alice no País das Maravilhas. Peguei o livro emprestado na biblioteca do meu colégio e lá mesmo comecei a leitura, o que acabou não funcionando. Logo na primeira página eu já fiquei entediada. Não sei o que se passou. Realmente tentei seguir em frente, mas não me envolvia e larguei. Pelo que lembro, eu nem trouxe o livro para casa. Devolvi no mesmo dia. 

- Agora, tantos anos mais tarde, tentei pela segunda vez. E embora não tenha ficado nem um pouco entediada e até tenha me divertido em alguns momentos, sou incapaz de entender o motivo de tanto alvoroço por esta história. Existem livros infantis muito mais interessantes e envolventes que a história de Alice no País das Maravilhas ou sua segunda aventura ao viajar Através do Espelho. O livro é muito bom, não nego. Tem ritmo, as coisas acontecem rapidamente e é impossível interromper a leitura, mas no final das contas cheguei à conclusão que a personagem era apenas maluca e ninguém tinha coragem de lhe contar.rsrs Exceto o gato, claro. Como gatos costumam ser criaturas muito sinceras, ele não mede as palavras ao dizer que ela é doida. 

"Como sabe que sou louca?" perguntou Alice. 
"Só pode ser", respondeu o Gato, "ou não teria vindo parar aqui."

- Claro que eu concordo completamente com o Gato, embora seu eterno sorriso me provocasse calafrios, bem como sua mania de não aparecer com o corpo inteiro, às vezes só a cabeça.rsrs Sim, o mundo no qual a Alice entra é bem perturbado, mas com o tempo a gente até se acostuma. 

A história Aventuras de Alice no País das Maravilhas começa quando a protagonista, muito entediada por não ter nada para fazer a não ser ler um livro desinteressante (por não ter figuras nem diálogos) fica fascinada quando, de repente, passa por ela um coelho muito "esquisito". Afinal de contas, desde quando coelhos usam roupas e relógio? Além disso até onde conseguia se lembrar eles também não falavam. Como a curiosidade era mais forte que tudo, ela achou perfeitamente normal entrar na toca atrás do coelho e assim mergulhou no tal país das maravilhas, onde as coisas mais impossíveis aconteciam. É neste mundo paralelo que conhece a Rainha de Copas, com sua famosa frase "Cortem-lhe a cabeça!" (que sempre me fazia pensar no Rei Henrique VIII da Inglaterra, bem como em Revolução Francesa), o Gato, tem uma conversa breve com o Coelho que a motivou a segui-lo, encontra a Duquesa (uma personagem tão estranha quanto os outros), recebe ordens de um rato e vive diversas aventuras extraordinárias.

Sobre esta primeira parte do livro eu posso dizer que foi a mais doida de todas, não que a segunda parte não seja perturbada, mas achei aquele negócio da Alice crescer ou diminuir, conforme comia o que não devia, muito sem noção.rsrs Me deixava tonta!kkkkk... Num instante a personagem crescia até ficar maior que tudo ao seu redor e depois diminuía até quase desaparecer... me dava nos nervos. E suas conversas com os personagens... eu estava quase me internando num hospício. Tudo bem que quando criança eu conversava com a minha Minnie (minha amiga de pelúcia que era quase do meu tamanho) como se ela de fato falasse e pudesse me entender, bem como tinha amigos imaginários, mas o caso da Alice é mais grave.kkkk

Esta fase do livro termina de forma um tanto abrupta, no momento mais interessante.rsrs E aí percebemos que tudo não passou de um sonho (será?). Que ela simplesmente adormeceu enquanto estava na ribanceira com a irmã. 

A segunda parte, intitulada Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá, não é muito conhecida pelos fãs da história. As pessoas, em sua maioria, leram apenas Alice no País das Maravilhas, enquanto sua continuação ficou esquecida. Já que eu mergulhei na fantasia do primeiro livro e que os dois fazem parte da edição que eu tenho da editora Zahar resolvi ler o outro em seguida e posso dizer que é o que prefiro. A continuação é mil vezes mais envolvente que sua primeira parte, ainda que os personagens sigam doidos demais para minha saúde mental.rsrs 

Através do Espelho começa após a Alice ter uma discussão com a filha de sua gatinha Dinah. A pequena tinha sido malcriada e a protagonista a estava repreendendo, como se ela tudo pudesse entender (eu também faço isso com a minha gata, então a Alice e eu podemos ir juntas para o hospício.rs). No meio disso tudo ela começa a falar de um mundo existente do lado de lá do espelho, um mundo que era o contrário do dela. No meio de sua imaginação sobre o lugar ela acaba por atravessar o espelho e mergulhar numa aventura toda nova, onde muitos dos personagens eram peças de um jogo de xadrez (eu disse que esta parte era mais interessante). O que achei muito curioso era o certo conhecimento que Alice tinha deste jogo, algo que eu própria não tenho. E, claro, que eu não poderia deixar de lembrar de Harry Potter e o jogo "vivo" que o Rony enfrentou na reta final do primeiro livro da série. Inesquecível!

A personagem mais interessante desta segunda parte foi a Rainha Branca e suas memórias do futuro.kkkkkkkk... Foram os momentos protagonizados por ela que me fizeram rir com vontade.rsrs 

"Viver às avessas!" Alice repetiu em grande assombro. "Nunca ouvi falar de tal coisa!"
"... mas há uma grande vantagem nisso: a nossa memória funciona nos dois sentidos."
"Tenho certeza de que a minha só funciona em um", Alice observou. "Não posso lembrar coisas antes que elas aconteçam". 
"É uma mísera memória, essa sua, que só funciona para trás", a Rainha observou."

- E o que a Rainha Branca mais lembra são das coisas futuras.rsrs Vocês não têm noção do quanto ri quando a rainha começou a gritar porque espetaria o dedo. Ela gritou e sentiu a dor antecipadamente, prevendo que dali a minutos espetaria o dedo quando tentasse prender o xale. Aí, quando finalmente o previsto aconteceu (algo que poderia ser evitado já que ela sabia que aconteceria.rs) ela nem sentiu nada. Porque já tinha sentido tudo antes e no momento em que a dor realmente deveria ter vindo não tinha mais graça. Que coisa maluca!rsrs 

Em resumo posso dizer que mesmo sendo histórias totalmente doidas vale sim muito a pena ler. Sobretudo para as crianças, nossos filhos, sobrinhos, afilhados etc. Embora eu não veja o livro como um clássico reconheço seu valor e importância para os pequenos. São histórias recheadas de fantasia, do tipo que realmente é capaz de fascinar as crianças, de fazê-las mergulhar no mundo da imaginação e viver aventuras incríveis. 

Ter infância é algo valioso. Viver essa fase tão bonita e inocente, tão cheia de sonhos e ilusões não tem preço. É um direito e, infelizmente, muitas crianças neste mundo são privadas de sua infância e são obrigadas a crescer cedo demais. O livro Alice nos faz pensar nisso. Embora eu tenha dito que a personagem era "maluca" deu para vocês perceberem que eu não falava a sério. Alice era simplesmente uma menininha de menos de oito anos, gente. Sendo criança! Vivendo um mundo de imaginação, criando e recriando, curtindo sua melhor fase. 

Num país onde incentivar a leitura, onde dizer "mais livros e menos armas" é visto como algo absurdo, como uma manifestação contra um determinado candidato, a desesperança aumenta. Temos uma real noção de quanta falta fazem os livros na vida das pessoas. Não apenas falta de leitura dos mesmos, mas de compreensão. Porque de nada adianta lermos se não somos capazes de entender nada. 

No que depender de mim sempre levarei livros às crianças e às outras pessoas. Porque a leitura nos faz seres humanos livres, abre nossa mente contra a manipulação. E eu quero saber que fiz todo o possível para que as crianças da minha família e as outras que conheço tivessem conhecimento. Pudessem mergulhar em histórias que não só as encantariam, mas que abririam portas para a absorvição de conhecimento. 

No início do ano eu escolhi Alice como minha leitura de outubro de propósito. Por ser o mês das crianças. :) Infelizmente, não consegui lê-lo até o dia 12, mas pelo menos foi dentro do mês.kkkkk... 

Enfim... Recomendo muito o livro!

21 de outubro de 2018

Senhorita Aurora - Babi A. Sette

(Editora: Verus
Edição de: 2018)

Nicole é uma jovem bailarina e está prestes a realizar seu sonho: estrear no papel principal em uma peça na Companhia de Ballet de Londres. Tudo estaria perfeito se não fosse pela presença de um dos seus diretores, o temido Daniel Hunter, um maestro prodígio de temperamento difícil, com um humor sombrio e que desperta em Nicole sentimentos contraditórios. 

Quando uma tempestade de neve isola os dois em uma mansão centenária, Nicole e Daniel serão obrigados a encarar não apenas os segredos que atormentam o maestro, mas também uma paixão proibida - e avassaladora - que nasce entre eles. 

Entre a tão sonhada carreira na dança, um amor intenso como ela nunca sentiu e a própria segurança, Nicole se verá diante de escolhas que parecem impossíveis. E caberá a ela resgatar Daniel de seu próprio passado...

Senhorita Aurora é um romance poderoso, tocante e perturbador, que mostra que todos merecem uma segunda chance, até mesmo alguém com fama de monstro.



Palavras de uma leitora...



- Querem a verdade? Pois a verdade é que acho que não conseguirei escrever esta resenha. Ainda estou chorando. Meus olhos estão embaçados e mal dá para enxergar o que escrevo. 

Vocês sabem que odiei profundamente A Promessa da Rosa (e, gente, isso não é spoiler!) e que amei com todo o meu coração O Despertar do Lírio. Assim era minha relação com as histórias da Babi: ódio por uma, amor intenso por outra. E várias pessoas recomendaram que eu lesse Senhorita Aurora. Que era uma história muito diferente das outras duas. Mas aquelas que me recomendaram de maneira mais significativa foram a Flaveth (quem me deu spoiler do segredo do Daniel após eu implorar!kkkkkkkk...) e a Vanessa, que já tinha me recomendado as outras duas histórias que li da autora. E elas me convenceram.kkkkkk... Eu comprei o livro cheia de expectativas e medo também, confesso. E agradeço tanto! Elas me proporcionaram uma leitura maravilhosa, daquele tipo que nos arrebata, que nos envolve por inteiro e nos faz viver com os personagens, sentir absolutamente tudo como se fosse conosco. Em nossa carne, em nosso coração. Meninas, não poderia deixar de lhes agradecer por uma recomendação tão importante! Este livro me transformou. Mudou a forma como eu via muitas coisas. E assim vai ser realmente bem difícil escrever, pois não paro de chorar.kkkkkk Não são lágrimas de tristeza. São daquela emoção boa, sabe? Quando um livro toca um ponto dentro de nós que não sabemos nos expressar de outra forma que não seja através das lágrimas... que tanto falam, que tanto revelam.

- Não pretendo escrever muito para que possam ler a resenha até o fim.rs Quero que vocês sintam a vontade de apostar nesta história. Quero que desejem largar tudo e mergulhar nela. 

Ouço as músicas na minha mente. Vejo os passos de dança, vejo os sorrisos, as lágrimas deles, os abraços nos momentos que mais necessitavam sentir um ao outro, saber que poderiam enfrentar qualquer coisa juntos. Vejo o Daniel sentado em frente ao piano, tocando... e consigo ouvir. E relembrar o quanto aquele momento foi significativo para os dois. Não consigo não me emocionar. 

"Enquanto eu danço, estou em um mundo onde não existem problemas."

Nicole era uma jovem de vinte anos que lutou muito para chegar onde estava: como parte do corpo de balé da Companhia de Ballet de Londres. Quem não conhecesse sua história poderia pensar que foi fácil, que ela provavelmente contara com privilégios, com todo o dinheiro e as oportunidades necessárias. Mas não. Nada foi assim. Sua mãe teve que passar muitas noites em claro, costurando para fora, para que sua filha pudesse realizar aquele sonho. Para que pudesse estudar balé e ultrapassar os obstáculos que insistiram em aparecer. Ser uma das poucas selecionadas foi uma vitória não só para ela, mas também para sua mãe, que jamais tinha deixado de acreditar. Então, pela primeira vez, ela saiu do Brasil para conquistar um mundo de possibilidades que se apresentava. Para ser a protagonista de sua própria história. E nem mesmo o medo do desconhecido a fez hesitar. Conseguiria. Ela só precisava manter a força e a esperança que a impulsionaram ao longo de todos aqueles anos. 

Embora já fosse parte do grupo profissional há dois anos, a maior oportunidade de sua vida surgia com os testes para o papel de Aurora no balé A Bela Adormecida. Seria uma apresentação incrível, de comemoração pelo aniversário do teatro e ela desejava aquele papel mais do que qualquer coisa. Muitas pessoas têm sonhos, uns maiores que outros. Nicole tinha apenas um: dançar sempre. Ser a bailarina que sempre desejou, o anjo da sua mãe. O balé não era simplesmente uma profissão, era toda sua vida. Quando dançava... tudo deixava de existir. Sobre o palco desnudava sua alma. 

"Você dança com o coração e a alma. Isso nenhuma escola, por melhor que seja, pode ensinar. Você nasceu bailarina."

Todavia, ao caminhar para a etapa final que decidiria quem ficaria com o papel de Aurora ela não poderia imaginar como sua vida se transformaria nos próximos meses. Tudo o que se passaria... E como um homem aparentemente insensível e distante a faria compreender que o balé poderia ser parte de sua vida, mas que seu coração queria mais. Queria amar

Seu caminho havia se cruzado com o dele três anos antes, dentro do avião que a levava para longe de casa. Como saber? Que aquele homem arrogante, o mais grosseiro que já conhecera, apareceria novamente em sua vida? Não só como o maestro que regeria o balé para o qual se preparava, mas sobretudo como aquele que a faria descobrir o amor. Daniel era um enigma. Seu comportamento era como muros de defesa contra os outros. Fazendo com que as pessoas o desprezassem. E embora em vários momentos ela até tenha desejado matá-lo algo acontecia quando estavam no mesmo ambiente. Algo que não saberia explicar. E tudo muda e atinge um ponto sem retorno quando ela o escuta... naquele dia... na frente do piano. Ali... naquele instante... ela soube que não voltaria atrás. 

"Alguns segundos mudam o rumo de uma existência inteira."

- Será que existe alguma coerência nesta resenha? Não sei. Estou tentando, gente. Tentando muito colocar em palavras o que sinto. Mas está tão difícil! Eu não consigo controlar a emoção. Simplesmente não posso. Desculpe. 

Bem... Conforme fui conhecendo a Nicole fui ficando um pouco desanimada. A achei imatura para sua idade e comecei a construir "reservas". Só pensava: Cresça, Nicole! Me faça simpatizar com você, algo que ainda não aconteceu. O resultado? Eu me arrependi. Muito. Me arrependi profundamente do quanto desejei que ela crescesse. Porque não parei para pensar que amadurecemos conforme a vida vai nos dando umas quantas porradas. Nada nunca é fácil neste mundo. E o processo de crescimento também não é. Quando aprendi a amar a Nicole aprendi a sofrer com ela também. Cada lágrima que ela derramou eu chorei junto. E eu me apeguei tanto a ela que desejei que ela não tivesse amadurecido. Quis voltar no tempo e impedi-la de sofrer. Mas a verdade é que o mundo não é um conto de fadas, nem mesmo em um livro inspirado por um (A Bela e a Fera). 

- Nicole é uma protagonista que no início não nos diz muito apenas para nos surpreender depois. Não vou negar que no começo vocês talvez não gostem muito dela, mas aguardem... porque depois vão se perguntar como puderam não enxergar tudo o que ela tinha em seu interior. Toda aquela força, a garra que impulsiona a história e transforma a realidade de muitos, principalmente do Daniel. Ela se tornou uma querida para mim. Uma personagem que nunca poderei esquecer. Nem as lições que ela me ensinou. 

"Eu queria ajudá-lo a desenterrar seu coração, que, eu sabia, estava sufocado debaixo daquela culpa. Se fosse preciso cavar com minhas próprias mãos e resgatá-lo, eu faria isso."

Daniel... O que falar dele? Nossa! Se a Nicole me conquistou, ele simplesmente levou meu coração com ele. Não dá para expressar tudo o que sinto por este personagem. Tudo o que provocou dentro de mim. É mais que especial. Ele... me mostrou o quanto não enxergo muita coisa nesta vida. Como existem realidades tão distintas. Pessoas passando por problemas que tornariam todos os meus insignificantes. Ele, como a Nicole, também me ensinou muito. Sobre a vida, sobre eu mesma... sobre o amor. Quando se ama de verdade alguém se faz coisas como o que estes dois fizeram. Você não abandona. Não desiste. Nem mesmo quando o outro faz de tudo para te manter longe. Você não consegue desistir porque sabe que precisam enfrentar aqueles momentos juntos, que não se ama só nos momentos bons. Sabe aquelas promessas: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença? Não são clichês. São a pura realidade. Se pergunte e responda (com sinceridade) se você estaria com alguém em tais situações. Se seu amor suportaria os momentos difíceis e aí saberá se realmente é amor. Senhorita Aurora transborda tal sentimento. Conforme viramos as páginas... nos transformamos. Não temos a menor chance contra esta história.rs Eu me rendi. Nem tentei lutar. Deixei que o livro me levasse até onde desejasse. Me entreguei por completo. E foi uma das melhores experiências de leitura da minha vida. 

"Este é apenas um capítulo triste da nossa história... Eu nunca vou desistir de tentar fazer você virar essa página."

- Não revelarei nenhum segredo do livro. E nem pensem que os personagens só sofrem. Nada disso. O livro é muito bem equilibrado. Existem momentos que nos fazem gargalhar e os personagens sabem fazer piada de seus próprios problemas, o que nos proporciona cenas bem divertidas. Sem mencionar a Natalie, a melhor amiga da protagonista. Ela sempre conseguia me fazer rir.kkkkkk O livro não é recheado de tristezas, ele é cheio de amor isso sim. Mas é uma história próxima da realidade. E a vida não é fácil e ponto. Para ninguém. Temos que superar cada desafio, cada queda, cada momento em que pensamos em desistir. Num dia choramos e no outro sorrimos. Uma hora perdemos e noutra conquistamos. O livro nos mostra isso. Nos dá uns quantos socos no estômago e também nos faz suspirar e sonhar acordados com o amor dos protagonistas. :) Sonho e realidade tudo junto e misturado.rsrs Mas não. O amor não é uma utopia. Ele existe sim... se a espécie humana ainda não conseguiu o grande feito de se destruir é porque ainda existe amor neste mundo. E eu acredito realmente nisso. 

Acho que esta resenha ficou bem confusa e incoerente. Mas só o que gostaria de lhes dizer é que se querem ler um romance daqueles capazes de lhes arrebatar, de fazer com que vocês esqueçam o mundo e vivam a história dos personagens devem apostar neste livro. Nele encontramos de tudo: sonhos, esperanças, perdas, conquistas, amor, paixão, lágrimas e sorrisos... Não posso falar certas coisas para não dar spoilers, mas lhes digo que inclusive encontrarão um tema quase nunca mencionado em livro algum. Eu jamais tinha lido um romance que falasse sobre isso. Preparem seus corações! :) Mas garanto que vão amar! Não consigo imaginar alguém lendo este livro e não se apaixonando perdidamente por ele. É uma história inesquecível. Daquelas joias raras que encontramos quando mais necessitamos. 

"Talvez o segredo não esteja em esquecer uma desilusão, uma perda, um "não" da vida, algo que traz dor, e sim em colocar esperança nos espaços vazios deixados pelo que se foi e, quem sabe, dar outro significado às perdas."

- Embora a autora tenha dito que o livro é uma releitura de A Bela e a Fera, o Daniel, com toda a sua personalidade complexa e sua história de vida, me lembrou muito o meu querido Erik de O Fantasma da Ópera (o filme interpretado pelo Gerard Butler. O clássico que inspirou o filme eu ainda não li). Além disso, ele é um "anjo da música". É um maestro e a música está muito presente no livro. Em várias ocasiões me vi transportada para o filme, embora as histórias sejam realmente bem diferentes. Penso que foi todo o clima, as músicas lindas, as danças e a personalidade difícil do mocinho que me lembraram o filme. 

Por falar em música, cada capítulo é aberto pelo trecho de uma música. Não consegui ouvir todas enquanto lia, mas as que me permiti escutar foram simplesmente belíssimas. Eu me apaixonei por elas. 

"Sabia que nossa história, assim como qualquer outra, não seria sempre perfeita, que ainda existiriam desafios a ser superados, momentos tristes com os quais teríamos de aprender a lidar e lições a serem absorvidas, mas que, no fim, nós faríamos tudo valer a pena. Sim, eu tinha absoluta certeza de que faríamos."

Não li este livro sozinha. O momento perfeito para lê-lo surgiu quando a Vanessa me contou que a autora estava organizando uma leitura coletiva dele no WhatsApp. Vocês sabem que amo isso de ler em grupo, por isso nem pensei duas vezes. A leitura começou no dia 08/10, mas eu só pude iniciar no dia 12/10. E ela se encerra amanhã, dia 22/10, com o último debate. Eu preferi fazer a resenha hoje mesmo, pouco depois de terminar de lê-lo. Mas vou participar do debate amanhã, é claro. :D Foi lindo poder conversar com tantas pessoas ao longo da leitura. Simplesmente maravilhoso! 

É isso, queridos. Peço perdão por não ter conseguido escrever uma resenha digna do livro, mas fiz o que podia. O que a emoção permitiu que eu escrevesse. Vocês só terão uma real noção do quanto este livro é especial quando o lerem. Só lendo poderão compreender. 

17 de agosto de 2018

A Bela e a Fera - Elizabeth Rudnick (Disney)

(Título Original: Beauty and the Beast
Tradutora: Cely Couto
Editora: Universo dos Livros
Edição de: 2017)


Sentimentos são fáceis de mudar
mesmo entre quem não vê que
alguém pode ser seu par...

Bela deseja para sua vida muito mais do que a pequena cidade provinciana de Villeneuve pode oferecer. Lá, ela se destaca da multidão com um ponto de vista único, uma independência vigorosa e um notável amor pelos livros. Ela anseia por viagens e aventuras, por uma vida tão empolgante quanto as histórias que lê, mas, quando seu amado pai é aprisionado por uma fera em um castelo encantado, o destino de Bela muda para sempre. 

Ao arriscar sua liberdade e futuro, ela assume o lugar do pai, jurando-lhe que escaparia em segredo. No entanto, conforme aprende mais sobre a Fera e seu misterioso castelo, Bela descobre que pode haver mais sobre a história dele - e sobre a sua própria - do que ela jamais poderia ter imaginado.



Palavras de uma leitora...



- Como vocês certamente sabem se leram o post Minhas leituras atuais, não estava nos meus planos ler o livro oficial do filme da Dsiney A Bela e a Fera, protagonizado pela Emma Watson nos cinemas. Todavia, minha irmã comprou o box e eu peguei emprestado (sem pedir) e comecei a ler o livro logo no dia seguinte. Foi impossível resistir, vez que se tratava do meu segundo conto de fadas favorito (perdendo apenas para Cinderela).

Logo que iniciei a leitura percebi que se tornaria um dos meus livros queridos da vida! Eu podia já conhecer a história, ter lido o conto, ter visto o filme nos dois formatos, mas nada se compara à experiência de lê-lo em forma de um romance de 204 páginas. Foi mágico! Era tudo como o filme, mas ao mesmo tempo existiam detalhes que apenas compreendemos lendo. Tinha o passado da Fera, o que o tornou o príncipe mimado e egoísta que ele era antes da maldição. Os sentimentos da Bela começando em seu interior, como ela se sentia, o que pensava disso... As conversas sobre livros... Tudo era muito melhor no livro. Eu viajava dentro dessas páginas... ia para um outro mundo. Cheio de magia e amor. De amizade. De recomeço e esperança.

"Os servos deixaram escapar um suspiro coletivo quando as portas se fecharam atrás do príncipe. Pelas horas seguintes, eles poderiam relaxar fora do alcance de seu amo cruel, mimado e grosseiro."

Era uma vez um belo príncipe, que vivia num luxuoso castelo e não se importava com nada nem ninguém além de si mesmo. Ele amava festas e somente aqueles que possuíssem uma consideração beleza mereciam a honra de um convite. A imperfeição jamais era bem-vinda. Gostava de estar rodeado de pessoas como ele e se aturava gente inferior é porque necessitava de alguém para limpar e organizar sua propriedade. Jamais demonstrava sentimentos. E se sorria geralmente era com sarcasmo. Nunca dava um sorriso sincero, feliz

Naquela festa em particular alguém que não fazia parte da lista de convidados teve a ousadia de entrar. Era uma senhora idosa, mendiga, que pediu abrigo da tempestade terrível que se desencadeava do lado de fora. Só por uma noite, ela suplicou. Do lado de fora o frio era cortante. E dentro do castelo, mesmo nos cômodos mais velhos, esquecidos pelo seu proprietário, existia um espaço para ela. Onde ninguém sequer a notaria. Mas o príncipe não se importou. Não tinha piedade. 

"- Você não entende, sua velha? Este é um lugar para a beleza. - A voz dele era fria. - Você é feia demais para o meu castelo. Para o meu mundo. Para mim."

- Só que as aparências podem enganar... Ao perceber que o coração do príncipe não amoleceria, a velha tão humilde resolveu mostrar quem verdadeiramente era. Uma feiticeira belíssima que o havia submetido a um teste no qual ele não passou. E como tudo gera consequência... ele pagaria muito caro pelo seu erro. Pela sua falta de compaixão. De que adiantava ser um ser humano se não possuía humanidade? Talvez fosse melhor consertar as coisas... 

"Eles observavam chocados a transformação do príncipe se completar. Onde antes se erguia um belo homem, agora se acovardava uma fera horrível."

A feiticeira amaldiçoou não só o príncipe, mas os outros habitantes do castelo, transformando-os em objetos e fazendo todos serem esquecidos pelo povoado. Vivendo um eterno inverno, um ciclo de sofrimento que só teria fim se a Fera que agora existia no lugar do homem aprendesse a amar e conquistasse o coração dessa pessoa. Caso contrário, a maldição se completaria e ele seria uma Fera pelo resto de sua vida. 

"Os dias viraram anos, e o príncipe e seus servos foram esquecidos pelo mundo até que, enfim, o castelo encantado foi isolado e trancafiado em um inverno perpétuo. A feiticeira apagou a memória da existência daquele lugar e dos que viviam nele, até mesmo das mentes das pessoas que os amavam."

Do outro lado dessa história temos Bela, uma jovem a frente do seu tempo, apaixonada pelos livros e que sonha em viver num lugar diferente e distante da monotonia daquele pequeno povoado onde morava há tantos anos, mas seguia sendo vista como uma forasteira, uma pessoa indesejada, que não se encaixava. Por mais que tentasse sorrir e ignorar os olhares e comentários seu coração doía. Ali ela não tinha nenhum amigo além do padre Robert, que sempre lhe emprestava um livro novo... embora na verdade ela já tivesse lido toda a biblioteca dele e não tivesse mais nada diferente para ler, tendo que se contentar em reler suas histórias preferidas. Sua única família era seu querido pai, um homem um tanto distraído, mas que a amava com todo o coração. 

Naquele ano, como em todos os outros, seu pai viajaria para vender as caixinhas de música que fazia. Bela se sentia muito solitária nesses momentos, mas ele sempre se recusava a levá-la. Porque, segundo ele, Bela estaria mais protegida ali, em seu lar. E como era costume o pai perguntaria o que ela desejava e ela responderia que queria que lhe trouxesse uma rosa. Só que, daquela vez, as coisas correriam mal. 

Após sobreviver quase por um milagre ao ser atacado por lobos, Maurice, o pai de Bela, acaba encontrando um castelo no meio da floresta... um lugar que ele sequer imaginava que existia. Tudo parecia aconchegante no início, embora um tanto estranho. Mas quando percebeu que o local parecia estar "vivo" ele se assustou e resolveu fugir. No caminho viu as rosas e lembrando-se do pedido de sua filha arrancou uma delas. Foi quando ouviu o rugido. 

Quando o cavalo de seu pai retornou sem ele, Bela entrou em desespero. Sabendo que somente o animal saberia o que havia acontecido, ela o montou e saiu em disparada, deixando-se levar por ele. Ao descobrir que seu pai estava sendo mantido prisioneiro no castelo por uma Fera terrível, ela não hesitou em trocar a sua vida pela dele. 

"Enquanto Maurice ficou obviamente devastado, a Fera parecia confusa. 
- Você tomou o lugar dele? - a Fera perguntou a Bela. - Por quê?
- Ele é meu pai - respondeu ela sem hesitar."

E é a partir daí que nossa história começa...

- Nem sei o que mais eu poderia falar!kkkkkkkkk... Amei tanto!!! E que livro maravilhoso! A autora soube adaptar muito bem a história, fazendo transbordar das páginas toda a magia, todo o amor e a cumplicidade que fazem desse conto tão querido. E sabermos o que tornou o príncipe o homem amargo e insensível que ele era é um diferencial incrível. No livro eu me senti mais tocada, sabe? Quando é narrado o passado dele nós nos emocionamos, conseguimos imaginar a criança que ele tinha sido... e tudo o que perdeu. Acho que no filme também tem a mesma cena (não me recordo), mas no livro é mais real, mais tocante. 

E a maneira como a relação entre a Bela e a Fera se constrói é linda! Claro que no princípio eles se detestavam. A Fera só vivia de mau humor, por motivos óbvios.rs Estava amaldiçoado, seu tempo estava acabando e em vez de procurar amar alguém e ser amado ele já dava por certo que as últimas pétalas da rosa cairiam e ele seguiria daquela forma para sempre. Para que lutar?! Bela também possuía seus motivos para estar furiosa e nem um pouco disposta a tratá-lo bem. Era uma prisioneira naquele lugar. E tudo o que queria era fugir. Só que nem tudo pode ser como desejamos... e uma série de acontecimentos farão com que eles percebam que têm mais em comum do que podem imaginar... e que um sentimento belo pode sim surgir no meio de tudo o que estava errado. 

"Ao fechar a porta, deu uma última olhada na rosa. Enquanto observava, outra pétala caiu. Ela desejou que houvesse algo que pudesse fazer pelas pobres almas ali aprisionadas. Mas parecia uma causa perdida, tão impossível quanto voltar no tempo."

- Bela é uma mocinha maravilhosa! Além de ser uma apaixonada por livros (o que a faz ganhar muitos pontos comigo!kkkkkkkkk...) ela é um ser humano incrível. Bondosa, mas não boba. Carinhosa, mas que tem sua personalidade e sabe explodir quando a outra pessoa merece. Ela não se apaixona pelo lado ruim da Fera. Enquanto ele agia mal apenas a afastava. É somente quando enxerga quem ele verdadeiramente era e tentava esconder que as coisas mudam entre eles. E ela se apaixona. Quando ele muda é que obtém o interesse dela. Ele precisou abrir o próprio coração para conquistar o amor dela. E amar significa deixar a pessoa ir... Porque amor e prisão não combinam. Quando o sentimento é verdadeiro só queremos a felicidade da outra pessoa mesmo que não seja ao nosso lado. Algo que a Fera compreende e por isso abre mão de si mesmo... por ela

"Ele tinha aberto seu coração havia tanto tempo fechado, e qual tinha sido o resultado? Uma ferida mais profunda do que ele era capaz de suportar. Porque ele sabia que a memória de Bela, assim como a maldição, ficaria com ele para sempre."

- Outra coisa que merece comentário é a paixão mútua por livros. Ambos eram loucos por literatura. E isso me proporcionou cenas deliciosas. Que sonho seria ter uma biblioteca como a da Fera! E que sorte da Bela por ter aquele lugar todo para ela! Queria tanto estar em seu lugar!kkkkkkkkk... 

Eu recomendo muito que vocês deem uma chance à história! O fato de já a conhecermos não altera em nada sua beleza. Continua sendo uma leitura maravilhosa! E eu já estou com vontade de reler.rsrs


Bjs!

24 de fevereiro de 2018

Contos de Fadas - Clássicos Zahar

Apresentação de Ana Maria Machado
Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges
Editora: Zahar
Edição de: 2010

Este pequeno livro reúne todas as mais famosas histórias infantis de Grimm, Perrault e Andersen, entre outros, em suas versões originais, sem adaptações. 

Chapeuzinho Vermelho - O Gato de Botas - A Bela e a Fera 
O Pequeno Polegar - A Bela Adormecida - João e Maria
O Patinho Feio - João e o Pé de Feijão - e outros clássicos!

São ao todo 20 contos de fadas, bruxas, princesas, encantamentos e finais felizes! E mais: inclui biografia dos autores e 90 pinturas e desenhos, muitos deles raros, de ilustradores célebres como Arthur Rackham, Gustave Doré e Walter Crane.

Uma charmosa edição de bolso, para acompanhar pais e filhos pelo resto da vida!



Palavras de uma leitora...


- Quem me conhece sabe que sou perdidamente apaixonada por contos de fadas. Eles me encantam! Sobretudo o da Cinderela, naquela versão da Disney. Já assisti inúmeras adaptações deste clássico, li algumas outras e o meu filme preferido é Para Sempre Cinderela, que nos traz uma protagonista forte, inteligente, que luta pelo que deseja, é apaixonada por livros e salva o mocinho de si mesmo. Ela guarda as características principais da Cinderela, mas vai muito além do que o conto diz. Para mim nunca irá existir uma adaptação melhor. Perdi a conta de quantas vezes assisti.rs

E como uma grande amante dos contos de fadas, no ano passado eu resolvi trazê-los de volta para minha vida. Quando somos crianças é bem mais fácil sentar na frente da TV, assistir os filmes da Disney, pegar os livros de contos para ler... Temos tempo. Nada é corrido. Mas aí a gente cresce e a vida passa a exigir mais. Vêm as obrigações: trabalho, faculdade, compromissos e muitas outras coisas que roubam nosso tempo. Às vezes desejamos de volta o sossego da infância, as horas livres, os sonhos... Enfim... O que mais me faz falta é justamente o tempo que eu tinha para assistir televisão.kkkkkkk... Meus filmes infantis queridos e minhas novelas mexicanas. :D

Como não tenho muito tempo livre, para manter o blog e minhas leituras em dia, tive que dar prioridade nos últimos anos aos livros que eram mais urgentes ler. Aqueles que eu queria muito, em detrimento de outros que eu também queria demais.kkkkkkkkk... Para vocês verem como é bem louco isso. Só que em 2017 eu parei para pensar que a vida é curta demais e se quero ler novamente os meus contos infantis irei fazê-lo! Só que inovando um pouco: lendo não apenas suas versões infantis, adaptadas em sua maioria pela Disney, que nos trazem os finais felizes de suspirar e sonhar acordada. Não. Eu iria atrás também dos originais. 

E foi assim que eu esbarrei nesta edição maravilhosa da editora Zahar. Para quem não sabe, tive contato com os livros da editora através de O Morro dos Ventos Uivantes. Como amo muito este livro e quero ter em minha estante todas as edições já publicadas e ainda disponíveis no Brasil (um dos meus maiores sonhos!), fui pesquisar e acabei descobrindo que existia uma edição bem recente e comentada da editora Zahar. Assim que vi o livro, os detalhes preciosos, as cores, o verdadeiro luxo que ele era, quase surtei. Precisava dele para aquele momento. A melhor forma de consegui-lo seria pedindo de presente de aniversário. :D E minha mãe foi quem me fez muito feliz!kkkkkkk... Ainda irei trazer para vocês uma resenha sobre essa edição, pois como eu disse, diferente das outras que tenho, ela (além de ser luxuosa) é toda comentada. Assim que possível sentarei para reler a história (o que não será nenhum sacrifício, pois estou desesperada para relê-la) e todos os seus comentários para poder vir aqui dizer o que achei deles. 

Mas como esta resenha não é sobre O Morro dos Ventos Uivantes... Após descobrir como os livros da editora são lindos (Sério, gente! Vão a uma livraria e peguem um livro dela na mão... É incrível!), eu decidi que investirei são só nos clássicos da Martin Claret (que são lindos quando em edições de luxo), mas principalmente nos da Zahar. E assim, adquiri Alice e Contos de Fadas. Ambos em edição bolso de luxo. Meu sonho de consumo é ter em minha estante todos os clássicos Zahar, não só em edição de bolso como também nas edições comentadas. 


Os preços dos livros tanto nas edições de bolso quanto nas comentadas não são absurdos, embora as edições de bolso sejam mais em conta, claro. Comprei Alice por R$ 30,00 e Contos de Fadas por R$ 35,00 (na Saraiva. Loja física. Pelo site geralmente encontram mais promoções). Parece que os preços aumentaram um pouco (preço de capa de Alice está R$32,90 e de Contos de Fadas R$ 39,90), mas seguem razoáveis. Se vocês pegarem os livros nas mãos verão que é realmente muito em conta, pois as edições de bolso de algumas editoras não costumam ser assim. O preço é quase o mesmo mais a qualidade do livro é muito inferior. Considerando como as edições da Zahar são bem trabalhadas, cuidadosas, com capa dura, ilustrações lindas, folhas amareladas (e não aquelas brancas que machucam meus olhos) e letras em tamanho adequado, os livros estão custando muito barato. Valem mais, essa é a verdade. É por isso que estou tão apaixonada pela editora. Suspiros!

Mas agora... Que tal falarmos do livro propriamente dito?rsrs

- Contos de Fadas reúne aquelas histórias mais conhecidas de autores como Perrault, Grimm (que são os mais famosos) e Andersen. Além de também ter contos de outros autores que mencionarei ao longo da resenha. 

Logo no início temos uma apresentação maravilhosa de Ana Maria Machado, que é uma grande escritora de livros infantojuvenis (embora também tenha publicado livros adultos) e que teve a honra de receber um prêmio importantíssimo: Prêmio Hans Christian Andersen, que é uma espécie de Nobel concedido a selecionados autores de Literatura Infantojuvenil. Mas esse não foi o único prêmio que ela recebeu: foram inúmeros! E ainda faz parte da Academia Brasileira de Letras.

Em sua apresentação, ela nos conta um pouco de como foi sua infância em contato com os contos de fadas, que eram transmitidos como em seu princípio: pela tradição oral. Ela se recorda de como sua mãe, seu pai, avó e tios amavam viajar por essas histórias, encantando a pequena criança com narrativas como de A Bela e a Fera, O Patinho Feio e tantos outros.

"Falar em contos de fadas é evocar histórias para crianças, lembranças domésticas, ambiente familiar. Equivale também a uma filiação ao maravilhoso, em que tudo é possível acontecer." 

Ela menciona ainda algo que eu confesso que não sabia: que existiu um período em que contos de fadas foram marginalizados, olhados com desdém pelas pessoas, recebendo diversas críticas. 

"O gênero era acusado dos mais diversos males: elitismo, sexismo, violência, moralismo, maniqueísmo."

Isso a revoltou e então ela começou uma luta para trazer de volta a essência desses contos e não permitir que eles ficassem esquecidos, tratados com desprezo pelas pessoas. Ela resolveu trabalhá-los, procurando a opinião de especialistas e apoio à sua missão, que era defender histórias que tinham sido eternizadas por séculos, mas que começaram a sofrer ameaças, correndo risco de serem condenadas ao esquecimento. Pelo menos, no Brasil. Ela fala de estudos que surgiram em outros países e foram essenciais para trazer de volta a importância dos contos em nosso país. É muito interessante ler essa introdução antes de lermos os contos em si, pois ela nos situa. 

- Os contos são divididos por autores. Iniciam-se por Charles Perrault, com uma breve biografia dele antes de partir para os contos. Isso acontece com os outros autores também. Antes de lermos os contos ficamos sabendo um pouco sobre cada escritor. 

De Charles Perrault são 6 contos: 

Cinderela ou O Sapatinho de Vidro
Pele de Asno
O Gato de Botas ou O Mestre Gato
O Pequeno Polegar
Chapeuzinho Vermelho
Barba Azul

Aqui não temos as histórias adaptadas com seus finais perfeitos, alterações muito bem-vindas (risos) e uma eterna felicidade. Nem todos os contos reunidos neste livro possuem final feliz, justamente porque são as versões originais. Ou pelo menos, as primeiras versões, vez que nem todos os autores criaram esses contos, mas sim também tomaram conhecimento deles através da tradição oral e fizeram suas próprias versões, séculos atrás. De todos os escritores presentes neste livro, o Andersen é quem realmente podemos dizer que escreveu histórias originais, nunca antes contadas. 

Dos contos de Perrault, os que mais me chocaram foram Pele de Asno, Chapeuzinho Vermelho e Barba Azul. Eu nunca tinha lido Pele de Asno e fiquei realmente muito surpresa ao perceber que a história tratava de incesto e pedofilia, uma vez que nos fala de um rei de um determinado lugar que, com a morte de sua mulher, acaba se interessando pela própria filha, ao ponto de querer se casar com ela. O homem fica totalmente perturbado e faz de tudo para fazer a filha se apaixonar por ele e aceitar o casamento. A garota, desesperada, não querendo desobedecer ao pai, mas sabendo que aquilo era pecado, conta com a ajuda de uma "fada madrinha" para escapar da situação. Ela usa de diversos truques, mas tudo falha. Não tendo outra alternativa, ela foge do reino, trocando a vida de princesa por uma de criada. Há final feliz aqui, pois aparece um príncipe que se apaixona pela mocinha. Mesmo assim, eu fiquei perturbada com o núcleo do conto. Mesmo nos tempos antigos a pedofilia existia. Quantas realidades desconhecemos... Fico pensando nas crianças de outros séculos, quando sequer existiam leis que as protegessem. Ficavam à mercê da vontade de suas famílias que nem sempre cuidavam delas. Muito pelo contrário. 

Chapeuzinho Vermelho me surpreendeu porque eu só conhecia a versão realmente infantil. Aquela em que a pobre garotinha que confiou num estranho (o lobo), ao ponto de dizer para onde ia e desobedeceu a mãe indo por um caminho diferente do que ela mandou, acaba sendo salva por um caçador. Aqui as coisas são distintas. Apesar do conto ter um final cruel, eu não diria que não é recomendado para crianças. Na verdade, seria uma excelente maneira de alertá-las, de fazê-las entender, através de uma historinha, como é perigoso conversar com desconhecidos e desobedecer os pais. Por outro lado, é uma história que também serve de alerta para os pais, pois existem aqueles que não veem nada de mal em deixar seus filhos pequenos soltos pelas ruas, indo fazer isso e aquilo no mercado, padaria, etc, etc, etc. Crianças precisam ser protegidas, não podem se cuidar sozinhas, andar sem a companhia de um adulto por aí. 

Barba Azul me deixou arrepiada. Parecia que tinha sido retirado de um thriller, de algum filme sobre psicopata. Nunca tinha lido versão alguma da história e não sei se existe uma que seja light. Conta a história de um homem que, embora muito rico, não conseguia se casar por conta da terrível barba azul que possuía e também por conta do mistério que rondava suas esposas anteriores. As pessoas não sabiam o que tinha acontecido com elas. Porém, desejando muito uma nova mulher, ele se dispõe a conquistá-la através de passeios, de seu charme e aparente gentileza. Uma moça acaba caindo na armadilha dele e, um mês após o casamento, finalmente descobre quem era o homem que vivia ao seu lado. E ela descobre isso de uma maneira bem traumática. O conto acaba tendo final feliz, para meu alívio!kkkkkkkk...

O interessante aqui é que os contos de Perrault possuem uma moral no final. Gostei da moral de Chapeuzinho Vermelho, mas não a de Barba Azul. Porque o autor diz que não existem mais maridos ruins, que aquilo ficou para trás. É uma mentira, uma ilusão. A violência doméstica existe. E como existe!

De Jeanne-Marie Leprince de Beaumont (Nossa! Que nome difícil!rs) temos:

 A Bela e a Fera, meu segundo conto preferido da vida! Mesmo em sua segunda versão original (estou considerando a versão da Jeanne como original também.rs) ele é maravilhoso! Ainda mais, na verdade!

Jeanne-Marie foi uma escritora do século XVIII, que fez uma adaptação, uma nova versão da história da Bela e a Fera, originalmente escrita por Madame de Villeneuve, também no século XVIII. 

O conto é muito evoluído, na minha opinião. A protagonista, como sabemos da versão que já conhecíamos pela Disney, é uma moça inteligente, culta, que ama os livros. Ver uma mocinha de certa forma tão independente e instruída num conto de três séculos atrás é fascinante. 

Bela possuía cinco irmãos, sendo duas irmãs mais velhas e três irmãos. Seu pai era um negociante muito rico e suas irmãs mais velhas eram umas esnobes, que por serem muito bonitas e ricas, desprezavam as outras pessoas, tendo contato apenas com membros da nobreza. Ricos comerciantes as tinham pedido em casamento, mas elas os olharam com desdém, porque não eram nobres. Bela, por sua vez, era a mais linda de todas, não só fisicamente, mas também porque tinha nela um brilho, uma bondade que todos percebiam. Ela tratava bem as pessoas que não tinham condições financeiras, que eram muito pobres. Era gentil com todos e quando recebia propostas de casamento, não as aceitava porque desejava cuidar do pai. Isso causava maior admiração em seus pretendentes que, mesmo quando o pai dela perdeu toda a fortuna e a família teve que viver do campo, seguiram querendo casar-se com ela. Suas irmãs não tiveram a mesma sorte. Como eram mimadas e interesseiras, logo foram descartadas por não serem mais ricas. A qualidade de Bela ia além de qualquer fortuna. Mesmo pobre seguia sendo o sonho de muitos rapazes. 

Ao ver-se pobre, Bela poderia ter desanimado, pois nada entendia de trabalhos domésticos e no campo. Mesmo assim, ela deu o máximo de si, não reclamando, fazendo o possível para ajudar o pai naquela situação difícil. As coisas não foram simples para ela, mas nada a fazia desistir. E além de todo o trabalho duro ainda era obrigada a suportar a inveja e os insultos das irmãs. 

Eu não irei fazer uma resenha completa deste conto, pois tenho a intenção de adquirir a versão específica dele publicada também pela Zahar. É este livro aqui:


Nele, temos as duas versões originais. A de Madame de Villeneuve e a de Jeanne-Marie. Quando eu ler esse livro aí sim falarei mais profundamente sobre o conto. :)

Só lhes deixo aqui um trecho da versão que tem em Contos de Fadas:

"[...] Diga, a senhorita me acha muito feio?"
"Acho sim", disse a Bela. "Não sei mentir. Mas acredito que é muito bom."
"Tem razão", disse o monstro, "mas, além de feio, não tenho inteligência; afinal não passo de um animal."
"Não pode ser um animal se acha que não tem inteligência", replicou Bela. "Um tolo nunca sabe que é tolo."

- É ou não é uma mocinha admirável?! A inteligência, bondade e independência de Bela, essa força que ela tem, a imensa coragem e garra, a tornam uma protagonista muito além do seu tempo. Aquele tipo de mocinha que gostamos de ver nos livros que lemos. 

De Jacob e Wilhelm Grimm são 5 contos:

A Bela Adormecida
Branca de Neve
Chapeuzinho Vermelho
Rapunzel
João e Maria

- Fiquem tranquilos! Não vou ficar falando de todos os contos do livro.kkkkk...  Sei que a resenha já está muito longa.rsrs Mas é que eu quis escrever algo decente, que fosse digno do livro. 

Os irmãos Grimm não são os autores dos contos acima. Eles os reuniram após pesquisas na intenção de manter a tradição oral, de preservar essas histórias. Mas com o tempo e diversas adaptações, começaram a ter como alvo o público infantil, suavizando tais histórias para se adequarem. 

Vale a pena mencionar que na versão dos Grimm, a história da Chapeuzinho Vermelho tem final feliz. 

De Hans Christian Andersen são 5 contos:

A roupa nova do imperador
O Patinho Feio
A pequena vendedora de fósforos
A Pequena Sereia
A princesa e a ervilha 

- Quem acompanha os posts do blog sabe que Hans Christian é um dos meus escritores preferidos. Eu costumo publicar resenhas sobre os contos que li dele: vocês podem conferir todas elas clicando aqui

Suas histórias são realmente originais, inventadas por ele. E não é à toa que um dos maiores prêmios concedido a escritores infantojuvenis leva o nome dele. Dos contos que já li, o mais triste e também o que guardo com mais carinho no meu coração é A Pequena Vendedora de Fósforos. Chorei horrores quando o li. Nunca o esquecerei. 


De Joseph Jacobs são 2 contos:

João e o pé de feijão
A história dos três porquinhos

Eu me lembro de assistir desenhos sobre esses dois contos quando criança. Eu tinha uma fita (na época não era DVD) e via e revia o filme dos três porquinhos muitas vezes. Amava a musiquinha que tocava e a esperteza do porquinho que construiu a casa de tijolos.rsrs Bons tempos!kkkkkkkk... Nunca fui muito fã de João e o Pé de Feijão.

De um autor anônimo:

A história dos três ursos

Também assisti desenhos sobre essa história, embora não lembrasse muito dela. Confesso que não vejo muita graça nesse conto.rs

- Então é isso, queridos! Espero que vocês tenham lido a resenha até o final (risos) e que deem uma chance ao livro. É maravilhoso! Do tipo que lemos de uma tacada só e que nos desperta uma saudade deliciosa e ao mesmo tempo melancólica da infância. 

Bjs!
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